Depois daquela noite a três anos atrás, as coisas na casa da coronel caminhavam bem. Andressa e Márcia às vezes tinham suas pequenas rusgas, mas logo com uma boa conversa tudo se resolvia. As crianças estavam a cada dia que passava mais espertas. Celina e André já tinham nove anos, estavam estudando no Colégio da Polícia Militar assim como Nicola e Antônia que estavam na idade de oito anos e o pequeno Gabriel que também estava na escolhinha junto com Fernanda a filha da coronel Monteiro, pois ambos tinham cinco anos. A diferença de idade dos dois era de apenas cinco meses. As outras crianças do grupinho também estudavam no mesmo lugar. Imaginem os quatro Mantovani na mesma sala, juntamente com os Garcia, os Monteiro e os Tavares Magalhães. Isso porque quase todos tinham a mesma idade e por isso, ficou mais fácil para as mamães e papais corujas colocarem os filhos na mesma sala. As crianças entravam às sete horas e saiam ao meio dia. Celina estava amando a escola e num dia em que a coronel foi buscá-los falou:

-- Mamãe essa escola é muito legal. O nosso grupo está se dando muito bem, mas o problema é o Nicola.

-- É verdade tia Márcia, o Nicola é muito nervoso! Disse Lorena

A coronel estranhou o que a filha e a “sobrinha” falaram e então perguntou:

-- Porque filha o problema é o Nicola? Disse olhando pelo retrovisor para o filho que só escutava a irmã.

-- Pode deixar que eu mesmo conto para a mamãe suas fofoqueiras. Não preciso de ninguém fazendo fofoca de mim para as nossas mães. Disse o menino que estava bravo com a irmã e a futura cunhada.

-- O que aconteceu filho para a sua irmã e a Lorena falarem isso? Que você está dando problemas?

-- Eu não arrumei nada mamãe Márcia. É que lá tem um menino que fica falando da senhora e da mamãe Andressa e eu não gostei. Da próxima vez, eu vou quebrar a cara dele!

-- Mas o que ele falou filho que te deixou nervoso?

-- Disse que a senhora e a mamãe Andressa eram duas safadas e que eu era filho de sapatão! – Se ele continuar eu vou mostrar o que um Mantovanni é capaz de fazer! – Afinal de contas eu sou um!

A coronel ficou pensando no que dizer ao filho. Em partes o menino em que o filho havia batido tinha lá a sua razão, mas alguém deveria corrigi-lo e ela iria procurar saber quem era o pai ou mãe da criança.

-- Não se preocupe filho, a mamãe vai descobrir quem é a mãe ou o pai desse idiota. Agora eu não quero você e nem os seus irmão procurando briga por causa dessas coisas. Isso é um assunto meu e eu vou resolver.

-- Ta bom mamãe, mas mesmo assim eu bato nele!

-- O moleque danado esse é o tio escrito. Pensou.

Assim que chegaram em casa Celina e André contaram para Andressa o que havia acontecido. Nicola e Antônia ficaram olhando para as mães. O menino estava vermelho de nervoso e Márcia assim que percebeu disse:

-- Bom crianças o almoço está na mesa e eu quero que vocês lavem as suas mãozinhas.

Assim que as crianças saíram da cozinha Andressa perguntou:

-- E agora meu amor, o que você vai fazer?

-- Vou procurar saber quem é o pai dessa criança e conversar com ele. Espero que não seja alguém das nossas relações, porque isso eu não vou admitir. E também vou conversar com o nosso filho. Sabe Andressa eu tinha medo de que quando eles fossem para a escolinha, o Nicola fosse encrenqueiro e eu estava com razão.

-- Mas você não vai brigar com ele certo coronel Mantovanni?

-- É claro que não Andressa, porque não tem o que brigar. Como mães só vamos orientá-los para evitar futuros problemas. E tem mais, eu não estou no quartel para você me chamar assim!

Logo depois as crianças, as mães e os avós estavam almoçando. A coronel havia chamado os pais e os irmãos. Logo a bagunça estava formada. Depois do almoço todos foram para a sala e foi ai que a coronel contou o que havia acontecido. O velho logo tomou as dores do neto e disse:

-- Ele está certo, Mantovanni de linhagem é assim mesmo. Orgulho-me muito de todos os meus netos. Vejam por exemplo o Samirzinho é filho de libanês, mas não esquece que tem o nosso sangue. E a Meire naquele episódio do tal Neguinho? –Te enfrentou, bateu o pé e disse que ia com você naquela loucura. E quase que perco minha neta. Sem contar a Carmela e os outros que são pavio curto.

-- Mas papai isso não é certo! Exclamou a coronel.

-- Ah é? – E o que é certo então? – Trazer desaforos para dentro de casa? – Engolir sapos?

-- Giuseppe isso não é modo de se falar. Assim você só está incentivando ás crianças a se tornarem gladiadores mirins. Eu sei que certas coisas não devemos engolir, mas bater fogo com fogo sempre alguém sai machucado e eu não quero nenhum dos meus doze netos machucados e nem meus bisnetos.

-- Ora Carlota os tempos são outros e esse mesmo tempo acaba engolindo a todos.

-- Não adianta mamãe, esse é o jeito de pensar do papai e ele vai ser sempre assim. Em sessenta e três anos de casados a senhora ainda não se adaptou ao gênio do velho carcamano! Falou Marcelo.

-- Olhe aqui seu moleque você me respeite que eu ainda sou o seu pai. Não se esqueça nunca disso. No dia em que eu morrer vocês podem até sambar em cima do meu caixão, mas enquanto eu estiver vivo exijo respeito!

-- Vai Marcelo você gosta de provocar o papai, podia ir dormir sem essa! Respondeu Gênova.

Vendo que não tinha saída o irmão da coronel resolveu se aquietar. Marieta e Thesca estavam comentando sobre o pai e esse logo falou:

-- E vocês duas? – Estão falando o que suas bocas de caçarola!! Fechem a matraca e vão cada uma cuidar dos seus maridos.

-- Nossa marcinha o Marcelo tirou o papai do sério!

-- É Gênova ele conhece muito bem o papai, fica fazendo gracinha porque quer. Já falei para ele tomar cuidado que o velho ainda vai dar um murro nele!

Depois que a tempestade passou as coisas voltaram a ficar animadas. Os familiares e amigos da coronel foram embora  quase que a noite e como as crianças não tinham nenhuma lição para fazer, descansaram, jantaram e depois de tomarem banho foram para sala assistir televisão. A coronel havia comprado quatro computadores para cada um dos filhos e um tablete infantil para o pequeno Gabriel e ele se divertia a valer com as ilustrações. Um belo dia Celina estava no computador e de repente chamou a mãe. Andressa assim que chegou ao quarto das meninas, viu que elas estavam apavoradas e Antônia chorava muito.

-- O que foi minhas princesas?

-- Mamãe tem um bicho aqui e ele disse que vai pegar eu e a Tônia.

Andressa se aproximou da tela e percebeu que havia um link estranho no computador e chamou Márcia. Assim que a coronel entrou e olhou para a tela, viu que o site era de pornografia infantil e lá aparecia um rosto todo deformado oferecendo um dia no cinema para quem acessasse o site sem contar outras coisas horríveis que eram mostradas. . A coronel pediu que a esposa fosse até o quarto dos meninos e lá não foi diferente. Logo a perícia estava na casa de Márcia. Os drives dos computadores foram retirados e levados para uma perícia e em menos de um mês elas  estariam concluídas. Restava agora esperar. Enquanto isso os irmãos da coronel estavam se preparando para  comemorar os dez anos e casada de Márcia e Andressa. É claro que a esposa da coronel sabia e estava adorando a idéia.

Fim do capítulo