O destino une e separa pessoas...

Ninguém entra ou sai de sua vida por acaso...

Tudo acontece por uma razão...

Frases preconcebidas que para Rafaela não faziam o menor sentido. Meias verdades. Ela aprendera muito cedo que atitudes e escolhas escreviam seu destino. Pessoas sim, iam e vinham, mas só cabia a ela a importância que deveriam ter em sua vida.

E foi numa brincadeira de criança que ela aprendeu a lição. Duas meninas, uma escolha. Cabia a ela a decisão. A primeira mais rápida e esperta, levaria seu time a vitória sem o menor esforço, a outra era Beatriz, simplesmente Beatriz. Qualquer que fosse sua escolha ela sabia que perderia. Porque escolher era perder sempre.

Rafaela inspirou e apertou os olhos, apenas alguns instantes se passaram. Minutos que pareceram uma eternidade. O que estava claro para outros, para ela parecia uma escolha predestinada. Ela olhou o relógio da torre da igreja a sua frente desejando que num passe de mágica os ponteiros marcadores de hora pudessem se mover rapidamente anunciando o término daquele intervalo, então os sons dos sinos ecoariam em seus ouvidos, a imagem de irmã Dulce surgiria na porta gritando para as internas se apressarem, todas as crianças correriam num tumulto alvoroçadas em direção ao refeitório e tudo terminaria bem, sua escolha não teria importância, mas os ponteiros permaneceram imóveis traindo sua expectativa.

- Escolhe logo Rafa! – Não era a voz de sua consciência chamando, era apenas uma criança impaciente aguardando a decisão que aos seus olhos parecia ser óbvia demais.

Rafaela quase podia ouvir o rufar dos tambores. Em seguida o silêncio. Seu coração apertou o ritmo e finalmente sua voz saiu com toda a autoridade de capitã do time:

- Eu escolho você!    

Fim do capítulo