E como prometido duas da tarde Eduardo chegou em meu escritório na escola, era bom ver um rosto amigável, familiar. O abracei estava realmente com saudades dele, ele é o mais próximo de família que eu tenho hoje em dia, os de sangue moram todos nos Estados Unidos ou Brasil. Ele se sentou na poltrona de frente comigo.

– Então virou a chefe agora, que tipo de diretora você é? A brava ou a boazinha?

– Nenhum delas, não sou diretora estou aqui apenas para acompanhar as coisas de perto, mas o trabalho burocrático. Ah e antes que eu me esqueça tenho que ver uma coisa. Me levantei e fui em direção a porta, Eduardo me seguiu.

– Ande está estacionando o carro?

– Lá na frente!

E lá estava ele, fui olhando enquanto passa as mãos na lataria, abaixei e olhei as rodas. Tudo aparentava estar em ordem.

– Eduardo preciso te falar duas coisa.

– Meu saco escrotal está à salvo?

– Sim e você tá precisando tomar um banho, vai para minha casa tomar um banho e descansar, quero sair hoje a noite com você, o que me diz? Reservei um jato, vamos para Oslo.

– Só se você nunca mais ameaçar minhas bolas novamente.

– Combinado, então vai descansar.

O voo saia somente as 11, as 8 estava em casa no banheiro do corredor vi Eduardo se barbeando só de toalha pelo espelho do banheiro, ele era tão magro que parecia um rato de laboratório e quando estava barbudo, parecia que a barba carregava ele e não ao contrário.

– Cheguei , estou indo me arrumar.

–Ok , vê se não demora estou quase pronto.

Entrei para o meu quarto, tomei um banho , hidratei meu corpo, me sentei de frente para penteadeira e comecei me maquiar ainda de roupão, um make bem carregado noite, balada tudo a ver. Bato vermelho forte, sombra esfumaçada marrom, escolhi um vestido preto de couro, ele era aberto nas laterais, cacheei as ponta dos cabelo. Me olhei no espelho do closet e adorei o resultado do look.

Desci as escadas e Eduardo me esperava com uma taça de vinho na mão.

– Uauuuu Aggy, está linda – Peguei a taça da mão dele bebi um gole.

– Que bom que gostou, você também está lindo – O celular tocou­.

– Senhorita Agnês?

– Sim , sou eu, quem fala?

– Aqui o comandante do seu vôo rumo a Oslo, sinto informar mas tivemos um problema com a aeronave, não vamos poder decolar hoje. Gostaria de estar remarcando para amanhã?

– Não tem outra aeronave disponvel?

– Infelizmente não, pedimos Mil desculpas por isso.

– Ok – Desliguei.

– Hei amiguinhos, vamos ter que cancelar a noitada, deu problema no avião!

– E desperdiçar essa roupa maravilhosa? Negativo, vamos sair aqui mesmo, é sexta – feira, nós não ficamos em casa em plena sexta.

– Então vem cá, deixa eu te mostrar uma coisa – Fui puxando ele até a garagem– Fecha os olhos– Ele fechou – e o fui levando até a Gallardo – Tirei as mãos dos olhos dele– Por alguns intantes ele ficou sem palavras.

– Me desculpa falar Aggy, mas seu Quattroporte fica parecendo uma carroça velha perto desse carro, puta que pariu uma Aventador..só tinha visto pela internet.

– Poisé, meu pai nem dirigiu direito, tem pouco Km rodados.

– Não é à toa que ele morreu de infarto aos 60 anos, eu também teria se dirigisse uma nave dessa.

Fui até a sala peguei minha bolsa e a chave do carro, voltei para garagem e joguei a chave para Eduardo.

– Essa noite ela é toda nossa!

Ele parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um brinquedo novo, Acionei o alarme a porta abre por cima. Tive que ensinar como dava ignição, era tanto botão que ele ficou perdido.

Fomos até o centro da cidade, estava bem movimentado, vários pubs e escolhemos o mais agitado. Todos ficaram olhando o magrelo com o carrão e a gostosona do lado, Eduardo toda hora olhava para mim com vontade de rir. Fomos até o balcão e pedimos umas bebidas, sentamos em uma mesa mais reservada. Acendi um cigarro enquanto bebia uma Vodka Skyy90 com frutas vermelhas. A música não estava tão alta o lugar era agradável, gente bonita, Talvez Trondhein não seja tão ruim assim final de contas. Eduardo estava de conversa com uma garota ruiva, a cara dele: Me deixar sozinha nas baladas, eu dancei com alguns caras, alguns deram uma investida mas nenhum me agradou.Era quase duas da manhã, a Vodka subiu rápido , já estava bebada.

– Aggy é melhor a gente não aprontar aqui – E ria que nem um demente mental.

– Por quê está dizendo isso?

– Aqui é um reduto de policiais, tem um monte sentando lá na entrada tomando cerveja.

– Eu já estou bem bebada, é melhor irmos embora.

– Eu também estou, bêbado e cansado.

Quase na saída ouvi um grito.

– Traz o violão, a policial mais gata da Noruega vai fazer um ao vivo pra gente.

– Para Kolbein – Respondeu a voz feminina grossa e rouca, familiar.

O barman veio com um violão e entregou para a mulher..''A salvadora de gatinhos''.

Eu e Eduardo ficamos parado , as pessoas se aproximavam em volta da roda de policiais; enquanto ela afinava o violão, ela ergueu os olhos e me viu.

Não conseguia mover um músculo, fiquei cúriosa para ver ela cantando e pelo olhar Eduardo também ficou bem cúrioso de ver aquela policial ( ela estava fardada) cantando. Arrumaram um banquinho para ela...Ela começou

L'amour, hum hum, pas pour moi
Tous ces "toujours"
C'est pas net, ça joue des tours
Ca s'approche sans se montrer
Comme un traître de velours
Ca me blesse, ou me lasse, selon les jours (…)

Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons, de caresses, de pauvres promesses?
A quoi bon se laisser reprendre
Le coeur en chamade
Ne rien y comprendre
C'est une embuscade.

Enquanto ela cantava, me encarava profundamente... A voz dela era linda, o francês impecável, e eu adoro essa música da Carla Bruni. Acompanhei a letra junto e ela percebeu. Ela terminou de cantar, as pessoas aplaudiram, e eu segui rumo ao carro, olhei para trás Eduardo estava beijando uma garota, dei sinal e ele disse que eu podia ir.

Quando eu ia abrindo a porta do carro, senti uma mãe no meu ombro, me virei era ela.

– Você não pode dirigir bêbada.

– Eu não estou bêbada – Disse enquanto o salto virou, e eu dei uma risada, tipico de quem bebeu 12 doses de Vodka.

– Vem eu te levo pra casa.

Ela me levou em rumo o seu carro, um subaru 86 que se pegava tétano só de olhar.

– Ei salva gatos, isso aqui ainda anda?

– Entra e não reclama, senão você vai a pé.

Fim do capítulo