With the Stars por Alex B
Capítulo 52
Eu apenas assenti com a cabeça o cumprimento.
- Malika me ligou para dizer o que tinha acontecido. Como você está? – Continuou.
- O que você quer, mãe? – Camila foi firme em suas palavras e não soltou minha mão em nenhum momento, ao contrário, manteve nosso aperto forte.
- Como o que quero? – Constance deu mais um passo em nossa direção, sua voz um pouco alterada. – Eu fiquei preocupada com você, quero saber como está.
- Agora a senhora se preocupa comigo?
- Sempre me preocupei, você é minha filha.
- Não parece, não é mesmo?
Camila já tinha os olhos lacrimejados. Um silêncio tomou o ambiente antes que Camz tomasse fôlego e continuasse
– A senhora não respeita minhas escolhas, minhas decisões, e por elas serem diferentes do que você esperava para mim, acabou me afastando de sua vida. Me tratou como se eu não existisse por todo esse tempo. Como acha que me senti? – Ela fez uma pausa, como se estivesse relembrando os fatos. - E agora aparece aqui como se nada tivesse acontecido? Como se não tivesse tomado as atitudes que tomou? Veio me dizer novamente que sou doente por gostar de uma garota? Que preciso de um psiquiatra? – Acusou com certa raiva.
Camila a essa altura já deixava escapar algumas lágrimas. Ela estava em um momento vulnerável e pude sentir que falava como um desabafo. Eu sabia o quanto a falta de sua família machucava minha namorada, que era tão apegada a eles, o quanto ela se sentia rejeitada e como isso a abalava. Ela levou sua outra mão até o rosto e limpou aquelas lágrimas que caiam teimosamente. O aparelho que mostrava seus batimentos cardíacos estava apitando com frequência, o que a fez tirar o objeto de seu indicador.
- Então eu vou perguntar de novo. – Falou com calma e certa frieza. - O que você quer?
Constance vacilou em seu lugar, talvez abalada com aquele comportamento. Ela abaixou a cabeça e suspirou antes de levantar o olhar novamente, dessa vez com lágrimas também. Era a primeira vez que a via tão desarmada, sem qualquer tipo de postura que estava acostumada a ter. Era ali diante de nós, apenas uma mãe.
- Acho que mereço todo esse ressentimento. Você está certa em me dizer todas essas coisas.
Aquela atitude tinha me surpreendido. Na verdade, tudo até ali era nada do que eu esperava.
- Foi bom encontrá-la aqui também, Laura. Até porque gostaria de falar com as duas.
A mãe de Camila se aproximou de uma cômoda do quarto. Havia também um sofá de dois lugares, a poltrona na qual antes eu estava sentada e a cama de Camila. Era afinal, um dos quartos particulares que Malika providenciara.
Ela apoiou a bolsa e retirou um jornal dobrado dela. Com o jornal em mãos se aproximou da filha e o estendeu. Meio em dúvida e com certa desconfiança Camila o pegou. O jornal que era uma edição do Los Angeles Times e estava dobrado em uma reportagem de canto. Camila leu e depois me passou. Era sobre uma escola de ensino primário que havia sido incendiada. Apesar de toda a tragédia um nome se destacava na reportagem. Era um dos bombeiros que havia conseguido retirar a maioria das crianças do prédio, junto com seus colegas. No entanto quando eles pensaram que não havia mais ninguém, uma das crianças avisou que amiguinha ainda estava lá dentro.
Com determinação, o bombeiro retornou ao prédio mesmo em chamas e procurou pela criança. Houve um desabamento. Todos haviam pensado que não existia mais chance de sobrevivente. Foi quando então o bombeiro saiu dos escombros com a criança desacordada no colo, apesar de estar muito machucado. Houve apenas uma morte. A do herói nessa história, que não resistiu aos ferimentos decorrente do desabamento quando protegeu a criança com seu corpo.
A história toda era triste e emocionante, mas ainda assim não entendia o motivo de Constance nos mostrar a reportagem.
- É muito triste essa história. – Comecei. – O bombeiro foi realmente corajoso em salvar as crianças. – Entreguei o jornal a Constance que o pegou. – Por que nos mostrou isso?
- O nome dele era Ethan. – Constance sentou-se no sofá. Colocou o jornal de lado e entrelaçou as mãos. – Nos conhecemos no ensino médio. Ah eu ainda me lembro como se fosse ontem a primeira vez que o vi. Ele era um rapaz muito alto para a idade, jogava no time de basquete da escola e possuía um sorriso e carisma que encantava qualquer pessoa. As meninas sempre o cercavam. E mesmo contra qualquer probabilidade, nós nos apaixonamos.
Constance fez uma pausa, parecendo se recordar do passado. Tanto eu quanto Camila prestávamos atenção em cada palavra.
- Papai não foi seu primeiro amor? – Camila perguntou.
- Oh, ah não querida. Entenda, seu pai é um homem extraordinário e eu o amo, mas ele não foi o primeiro homem por quem me apaixonei.
Camila pareceu surpreendida por essa informação. Eu fiz carinho em sua mão e aguardei que Constance continuasse a história.
- Foi como dizem, um amor de verão. Vivemos um romance durante toda as férias. Quando as aulas retornaram, nosso amor continuava forte e Ethan quis formalizar nossa relação. Ele era um homem tradicional e quis fazer tudo conforme os ditames sociais. – Suspirou. - Então ele foi até em casa. Lembro-me que ele estava usando sua melhor roupa. Sentou em nossa sala com meus pais e pediu minha mão em namoro. Ethan estudava e trabalhava para poder ajudar a sustentar seus pais e irmãos. A família de Ethan era pobre. Quer dizer, minha família também o era, mas meu pai era ganancioso. Como eu era a filha mais velha, ele tinha a pretensão de me casar com alguém da alta sociedade. Nessa época, seu pai, Alejandro, já se mostrava um pretendente e meu pai via nele a chance que sempre quis. Acho que você pode imaginar como esse encontro em casa não acabou bem para Ethan e eu.
Eu me recostei na cama absorvendo as informações que Constance falava. Como teria sido viver isso ao qual estava nos relatando?
- O que aconteceu depois? – Perguntei.
- Nós erámos jovens e apaixonados. Mesmo minha família desaprovando nosso relacionamento, nós continuamos e tomamos uma das maiores decisões de nossas vidas. Decidimos fugir. – Ela deu um meio sorriso triste. – Nos fugimos apenas com uma mochila e a roupa do corpo. Apesar de toda a dificuldade que encontramos no caminho, nós nos viramos. Como Ethan trabalhava em uma marcenaria, então ele tinha um ofício. Com o dinheiro que ele conseguia em bicos nós íamos vivendo. E foi assim por um ano.
Constance pegou o jornal novamente e observou a foto de Ethan ao lado da escola em chamas. Ela sorriu e foi um sorriso sincero.
- Depois desse tempo todo sem dar notícias eu resolvi entrar em contato com Malika. E foi ai que tudo mudou. Minha irmã disse que nossa mãe tinha descoberto um câncer de intestino e estava muito debilitada. Falou que já não tínhamos quase nada, pois papai havia vendido o pouco que tínhamos para o tratamento. Muito mal pela doença e pelo meu sumiço que parecia só agravar a situação. Foi então que Ethan e eu resolvemos voltar.
- Ethan voltou com você? – Camila perguntou.
- Sim. Ele me deu todo apoio. Quando voltamos percebi que meus pais estavam afundados em dívidas. O câncer era agressivo e nada parecia ajudar. Com a minha volta a cidade e toda a situação Alejandro se aproximou novamente e se mostrou um grande amigo. Meu pai não me dirigia a palavra e ignorava a existência de Ethan, mas nunca me proibiu de ver mamãe. A situação foi tão desesperadora que terminei meu relacionamento com Ethan. Foi uma época muito difícil. Um tempo depois aceitei o pedido de casamento de Alejandro. Com a situação financeira melhor, pudemos dar ao menos um pouco de dignidade nos últimos meses de vida de mamãe.
As lágrimas desciam livremente pelo rosto de Constance. Estava perdida em recordações. Me afastei de Camila apenas para servir um copo de água e oferecer a Constance.
- Obrigada. – Agradeceu.
Bebeu um pouco da água e eu retornei ao lado de Camila, entrelaçando nossas mãos.
- Cinco meses depois de meu casamento mamãe faleceu. E um ano depois meu pai foi ao seu encontro. Nunca mais tive notícias de Ethan, ele se transformou em uma página do meu passado. Durante os anos eu aprendi a amar o homem maravilhoso que é seu pai e me apaixonei por ele. Depois de um tempo você nasceu e então encheu nossas vidas de alegria e sentido. – Sorriu. - Nós já morávamos em Miami e Malika havia acabado de se mudar para esta cidade com o seu recém esposo e Diana ainda bebê.
- Mãe, eu... eu não sabia dessa história.
- Não teria como, querida. – Ela se levantou e ficou do lado da cama. – Ver essa reportagem, a foto de Ethan, me fez lembrar tudo isso que eu vivi. De como era aquele amor avassalador e jovem. Me fez lembrar de uma outra Constance, uma que acreditava em sonhos e na pureza dos sentimentos. Tudo isso me fez reavaliar minhas atitudes. Como eu estava sendo imatura diante dessa situação. E então eu recebi o telefonema de Malika de que você estava aqui.
Ela limpou seu rosto e fungou antes de prosseguir.
- Eu só gostaria de pedir o seu perdão minha filha, estou envergonhada das coisas que lhe disse e do rumo que essa situação levou. Você nunca deveria ter saído de casa, lá é seu lar, junto com seu pai e eu. Eu tenho muito orgulho da pessoa que você se tornou, por lutar por seus ideais e por permanecer forte no seu amor. Eu compreendi que o amor é puro, não importa de que maneira ele se manifeste.
Constance pegou a outra mão de Camila e a beijou.
- Eu te amo, minha filha. Do jeito que você é, porque você é perfeita. Perdoe por eu só compreender que estava errada agora. Eu não tenho o direito de afastar duas pessoas que estão apaixonadas. – Constance beijou a testa de Camila que já chorava livremente, e até mesmo eu tinha meus olhos marejados diante daquela cena. – Eu me preocupo com você. Quero sempre o seu bem e prometo remediar esse tempo em que estive cega. Você, para seu pai e eu, é o ser mais precioso de nossas vidas.
Ela então se virou para mim.
- Eu também lhe devo desculpas, Laura. Não devia ter te tratado como te tratei, eu estava errada.
- Constance, eu... – ela me interrompeu.
- É necessário que eu me desculpe com você sim. E eu também queria agradecer por ter ficado esse tempo todo ao lado da minha pequena. Você, diferentemente de mim, lhe deu apoio e suporte. Qualquer um pode ver como vocês se amam. Obrigada por estar ao lado dela. Você é uma pessoa boa e eu posso ver o quão bem faz a minha filha. Eu confio em você para cuidar de Camila.
Eu apenas assenti, incapaz de dizer algo no momento. Estava emocionada.
- Camila, as portas de casa estão abertas. Não quero forçar nada, sinta-se a vontade para tomar qualquer decisão. No fundo, eu espero que volte para casa, mas tudo ao seu tempo.
Ela olhava intensamente para Camila, que até o momento permanecia em silêncio. Pude ver a hesitação em uma aproximação da filha, toda uma vulnerabilidade diante do momento.
- Bem... – Afastou-se lentamente. – Eu... eu vou embora. Pense nas coisas que lhe disse, foram sinceras. Eu gostaria de reconhecer meus erros e começar de novo.
Constance foi até sua bolsa e a colocou no ombro. Olhou apreensiva para a filha, como se sua última esperança tivesse caído por terra. Com os ombros baixos ela se dirigiu a porta, colocando a mão na maçaneta para abri-la.
- Mamãe. – Camila chamou.
Ela se virou e seu rosto estava apreensivo. Seus olhos se encaravam com intensidade, cheios de emoção. Ficaram assim por um tempo, analisando uma a outra. E então Camila abriu os braços a chamando. Constance não aguentou e explodiu em lágrimas se aproximando da filha para abraça-la, chorando uma nos braços da outra.
- Obri... obrigada mãe, por me aceitar como sou. Você não faz ideia de como isso é importante para mim.
- Eu te amo pequena. Minha lindinha pequena.
Camila soltou uma risada feliz. Como eu não a via em muito tempo, sem nenhum peso em seus ombros. Apenas o amor de mãe e filha.
- Eu posso voltar para vê-la? – Constance perguntou.
Camila assentiu. A mãe a beijou no rosto e limpou as lágrimas do rosto da filha.
- Sei que recebe alta amanhã cedo, eu venho vê-la então. Seu pai está em Miami e deve voltar semana que vem. Ele também está louco de saudades suas.
Ela se despediu de nós e partiu. Camila estava muito sensível. Me chamou para subir na cama e me abraçou com toda sua força.
- Ela me ama, Laur. Minha mãe me ama.
Chorou em meu peito libertando todos seus sentimentos enquanto eu acariciava seus cabelos. Beijei o topo de sua cabeça e a apertei mais forte em meus braços.
Fim do capítulo
Oláa Meninas!!
Como estão??
Olha só! Nem dois dias direito e já saiu o prox capítulo hahaha
É tipo um recorde tratando-se de mim kkkkk
Como havia falado, se desse ia escrever no feriado, e foi o que fiz!
Espero que gostem!
Um graande abraço para cada uma de vcs!
Bjooos
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