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A Eleita por Witch Light

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Palavras: 4422
Acessos: 1690   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 1

A escuridão me deixava assim, sem um pingo de sossego! Levantava-me inúmeras vezes à noite, suada, tremendo, coração saindo pela boca, assombrada pelos meus pesadelos. Desde a morte de meus pais nunca mais fui à mesma. Havia momentos em que eu não sabia diferenciar o sonho da realidade. Os sonhos ruins...

Eles me acompanharam por muitos anos, sempre o mesmo sonho. Meus pais me defendiam de algo que nunca conseguia ver nitidamente, lutavam com alguma coisa, as imagens do que era a “coisa” não passava de meros borrões em meus pesadelos.

 A vida seguia, eu crescia, e a incógnita continuava. Quando achei finalmente que estava livre dos sonhos, aquele “ser” apareceu em uma noite de penumbra. Naquela noite minha vida tomava outro rumo. Eu queria ter tido, “essa é a palavra”... Tido a oportunidade de escolha. Infelizmente não foi me dado o direito de escolher e sob a lua cheia, meus olhos renasceram para uma nova vida.

 

Passado distante...

 

Era pequena quando perdi meus pais, mesmo depois de tanto tempo ainda conseguia lembrar um pouco da fisionomia deles, eles se chamavam Arthur e Aramis. Após a morte deles passei a ser cuidada por tia Arfir, ela era a caçula de quatro filhos. Era viúva, só tinha uma filha, Safira, não me recordava muito dela, aliás, nunca a vi.

Minha prima havia sido mandada pelo pai, para um colégio interno, de caráter religioso, o melhor e mais rigoroso de toda província, desde então nunca regressou, nem quando o mesmo falecera. Minha vida era muito boa! Eu não podia reclamar, pois nada me faltava pelo menos materialmente.

Tia Arfir era muito rica, riqueza essa herdada do marido. Ela tentava suprir como podia as minhas necessidades, tratava-me quase como uma filha. Esforçava-se bastante para manter meu bem estar e por mais que tentasse não conseguia me alegrar completamente. Nunca me importei com as coisas materiais com as quais me presenteava, só queria ter tido carinho, amor, felicidade e a oportunidade de conviver com meus pais, essas coisas de família, que ela infelizmente não tinha como dar, não porque não quisesse, mas porque não tinha conhecimento suficiente, nem sensibilidade para tais coisas, pelo menos ao meu respeito.

 Como esperar amor maternal de uma mulher cuja filha lhe foi tirada, com ou sem permissão, tendo que sofrer sua dor calada, trancafiar suas emoções no peito, submetendo-se a tirania do marido? Havia inúmeros segredos a cerca dessa história, nunca compreendi o porquê daquela atitude, em querer “afastar” a própria filha do convívio familiar.

Notava certa melancolia no olhar de minha tia quando falava de Safira. Eu achava que poderia ser saudades ou quem sabe culpa por ter permitido a ida da única filha pra longe de si, até eu descobrir o real motivo tempo depois, quando acabei lendo seu diário sem querer. E meu pensar a respeito dela mudou radicalmente.

Safira era fruto de um romance nada “comum” entre Arfir e Silas. Ela tinha vinte anos quando o conheceu na festa de noivado de sua melhor amiga Islênia, irmã caçula de Silas. Ele era alto, possuía olhos cor de mel, cabelos pretos encaracolados delicadamente, como se fossem feitos um a um a mão, tinha a pele clara que chegava a aparentar palidez doentia, diferente dos outros rapazes que a cortejavam naquela noite ele não se aproximou como ela desejava, apenas ficou a observá-la discretamente.

Silas havia morado fora do país há muito anos e regressava justamente naquele dia. Sempre fora um rapaz belo, amante da arte de conquistar, em seu passado envolveu-se com muitas mulheres sem medir seus atos, partindo muitos corações, mas um dos corações partidos resolveu se vingar planejando uma emboscada, dando-lhe inúmeras facadas e o deixando em um beco escuro para morrer, antes de perder os sentidos totalmente, uma dor fina no pulso direito o fez abrir os olhos.

Viu uma linda mulher que mais parecia de porcelana, os olhos eram nitidamente vermelhos, sorrindo ao acariciar seu rosto, estava fraco demais para pedir ajuda e simplesmente apagou. Voltou a si após dias, acordou atordoado em um quarto estranho, mal iluminado, procurando as facadas em seu peito, mas nada encontrou, tinha agora a pele estranha, gélida, pálida, os olhos mais sensíveis, brilhantes e mais claros que o habitual, sua audição aguçada, sentia-se estranho, com a boca seca e uma secura na garganta.

Ivine apareceu, explicou cuidadosamente o acontecido, quem ela era e o que havia feito para “salvá-lo”. Sua vida havia mudado para sempre, era um caminho sem volta. Ivine era uma linda vampira, de 400 anos, temperamental por natureza, arisca, forte, possuidora dos mais belos encantos que uma mulher pode receber da divindade, escolheu a vida nômade.

Ela ensinava tudo que era necessário a Silas, principalmente o autocontrole. Logo ela a impaciência e o descontrole em “pessoa”. Ele por sua vez, tentava se acostumar com a nova condição mais aquela sede tirava sua razão, por vezes quase foi pego, por seu descontrole. Ivine era a única vampira que conhecia e por conveniência manteve uma espécie de relacionamento com ela.

Não que Ivine não chamasse a atenção, pelo contrario, ela chamava e muito, o que estava em questão, era que ela não despertava o interesse real dele. O tempo passava, em um belo dia para sua surpresa recebeu uma carta de Islênia, sua irmã, o convidando para seu noivado. Silas foi sozinho, dizendo a “amada” que não demoraria muito tempo, no fundo ele não queria expor pra família sua eterna companheira, logo ele um dom Juan de primeira, a viagem nada mais seria que a despedida oficial da vida humana.

Mas, Ivine não acreditou muito naquela conversa e o seguiu. Já na festa algo tirou sua concentração, melhor dizendo, alguém despertou a sede novamente, de forma impetuosa, temendo ser descoberto e quem sabe perder o controle optou por se afastar da sua provável vítima.

Passou a noite inteira longe de Arfir, mas, em certo momento não teve mais como fugir, foi praticamente forçado a cumprimenta-la. Algo começou ali, os olhos brilhavam como nunca, e sob a lua crescente um romance proibido e explosivo nascia. Naquele momento mal eles sabiam que nas trevas alguém os observava e mergulhava no ódio.

Silas terminou com Ivine, ela repleta de ódio prometeu vingança aos dois. Os apaixonados continuaram a se encontrar sem que as famílias soubessem, até serem descobertos. Os pais de Arfir não aceitaram Silas e para acabar com o romance forçaram-na a se casar com outro homem, Herdon, filho único da família mais rica daquela redondeza e de quebra salvá-los da ruína.Ela não se conformava com sua realidade, amava um homem e se casaria com outro a quem não amava.

Nas vésperas do casamento encontrou com Silas entregando-se mais uma vez, segredando-lhe que carregava o fruto daquele amor. Silas ficou surpreso e não entendia como poderia ter feito um filho, se ele era um “morto vivo”. Os meses passaram, Safira nasceu. Ivine dedicou-se a seduzir Herdon, o que não foi difícil.

Numa noite durante um dos encontros furtivos que mantinham, ela segredou-lhe que Safira não era sua filha. Ele não acreditou a principio, mas, passou dias com a dúvida e finalmente perguntou a Arfir se era verdade. Após ter a confirmação ficou fora de si tentando matar o fruto da traição, e antes que pudesse concretizar seu intento, Silas interveio o matando. Safira que estava no internato, lá permaneceu, pois assim ficaria a salvo, enquanto ele saia pelo mundo à caça de Ivine, prometendo regressar quando “resolvesse” tudo com ela, mas nunca regressou.

Eu já passeava pela adolescência, chamava a atenção dos meninos, notava os olhares de cobiça, mas não me importava com aquilo, não me interessavam. Minha tia já me pegava no pé para arranjar um namorado, falava que a cada dia eu me parecia mais com mamãe. Que era linda... Isso e aquilo outro. Eu fugia desses assuntos, aversão total.

Na verdade, nem eu conseguia entender o que estava se passando comigo. Sempre me senti diferente das meninas. Aprendi a expor apenas o necessário e não falar muito de mim. No colégio a introspecção foi um obstáculo, diria até uma espécie de defesa. Sabia do falatório as minhas custas, tanto elogiando, criticando e invejando pela beleza, como pela minha falta de entrosamento com os demais.

 Ninguém se aproximava porque eu não permitia intimidades nem liberdades. Sempre ficava pelos cantos, nunca me senti solitária, pelo contrário, eu até que gostava, tinha meu mundo e não permitia a entrada de visitantes. “A natureza lhe foi muito generosa minha filha... Você é uma moça linda! Parece e muito com Aramis! Ádria você não me terá para sempre precisa pensar em seu futuro! Seria muito bom casar-se, o que acha?” Sabia que mais cedo ou mais tarde eu ia escutar aquelas palavras, só não esperava que fosse tão rápido.

 Arfir ficou no meu pé por meses batendo nessa tecla enquanto eu ria e me fazia de desentendida, até ela desistir de vez. Nunca pensei em namoros, pelo menos não até finalmente conhecê-la. Era um dia frio, escuro e chuvoso de inverno quando ela apareceu no portão, vestida com uma camiseta vermelha, calça preta, botas discretas, os cabelos pretos, soltos, caídos na altura dos ombros, olhos castanhos claros, a pele extremamente branca, aparentava fragilidade, trazia consigo algumas malas. Havia algo diferente nela, só não sabia o quê.

 

– Olá! Bom dia! A senhora Arfir se encontra? – Tirando os óculos, sorrindo delicadamente.

 – Oi, bom dia! Ela saiu há pouco tempo, mas não demora a voltar. – Respondi, admirando os olhos daquela estranha.

 – Hummm... – Mordendo os lábios.

– Quer deixar algum recado? – Sorri.

 – Desculpe, nem me apresentei. Safira! Sou filha dela! Você é...?

– Ádria! – Abri o portão com certa urgência, continuei. – Safira, muito prazer! – Estendendo a mão.

 – Ádria? – Franziu o cenho.

– Sou sua prima!

– Verdade!? – Me abraçando.

 – Melhor entrarmos... Chuva! – Apontei para o céu porque começava a chover novamente e estávamos sem guarda-chuva.

 

 Anos depois...

 

Possuí aquela mulher de um jeito único. Mal ela sabia a quem estava dando seu corpo, sua essência. Profanei seu templo, ou melhor, ela me permitiu a entrada. Seu ser vibrava a cada carícia, beijo e sussurro. Em pouco tempo lá estava eu me controlando. Segurando a fera existente no meu interior, a qual insistia em sair. Não podia tirar o que ela tinha de mais precioso... A vida!

Conheci Samantha de forma inesperada, engraçada até, esbarramos uma na outra, durante a festa de São Valentin, padroeiro da cidadezinha onde eu passava uns dias tentando saciar minha sede. Ela carregava algumas sacolas cheias de compras, parecia estar apressada.

 De repente nossos olhos se cruzaram de forma intensa, ela me presenteou com o mais belo sorriso que possuía. Por segundos perdi o foco, mas, voltei a mim pedindo desculpa e a ajudando com as sacolas, a partir daquele dia nossa amizade se estreitaria até se tornar algo mais.

Eu gostava daquela “pequena”, não queria lhe fazer mal. Nunca foi intencional! Juro que tentei sair daquele quarto, mas ela insistia para que eu ficasse. Sei que fui fraca e um monstro! “Ninguém jamais me tocou além de você!” aquela frase não saia da minha mente. Meu Deus! Sim, roguei a Ele naquele momento. Fingi não me importar com os apelos dela.

Quando abri a porta para sair, senti suas pequenas mãos em meu ombro, pediu docemente para que eu não fosse embora dali, que a amasse pela “última vez”. Acho que em seu íntimo ela já sabia o que eu era. Apenas encostei a porta, me virei para ela, e mais uma vez a amei. Dessa vez a fera em mim apareceu, e tudo foi rápido...

Ao voltar a minha consciência, ao meu controle, nada me feriu mais do que ver aquela cena horrível. Samantha morta. Minha “pequena”! Já tinha feito aquilo tantas vezes, jamais sentia a sensação de remorso como naquele instante estava sentindo. Sentei no chão olhando em direção à cama.

Seu maior erro foi amar a quem não merecia, a mim! Roubei a vida de uma garota apaixonada! Apaixonada por mim! A partir, daquele dia tudo mudou. Minha vida tomava outro rumo. Sai daquele quarto sem olhar pra trás, decidida no caminho que escolhia.

 

Presente...

 

Eu a amava com paixão... Não com amor! Despi seu corpo deliciosamente perfeito, a joguei na cama, e a mordi inteira. Ela retribuía minhas “gentilezas” com gemidos, sussurros e inúmeros palavrões. Ch*pei em desespero aqueles lindos, rosados e macios seios, que balançavam freneticamente devido aos movimentos de vai e vem dos meus dedos em seu sex*.

Ela me arranhava por completo, pedia para que eu a penetrasse profundamente, mas eu relutava, queria “judiar” com ela. Massageava seu clit*ris freneticamente e quando o prazer se aproximava eu parava. Desci até sua pelve, beijei, lambi, mordi, abri suas pernas e entrei em sua gruta secreta.

Minha língua navegava naquele ser e o néctar que escorria dela me enlouqueceu. Depois de tanto “judiar” com ela, acabei recompensando com múltiplos orgasmos. Viramos a noite, entregues ao desejo de se amar. Entregamos nossos corpos, não nossas almas! Aliás, acho que nem tenho uma alma! Amanheceu!

Fiquei sentada em um móvel de frente para a cama, pensando nos séculos que eu carregava, e o que havia aprendido neles, o controle foi o mais importante. Eu observava ela dormir envolta em seus lençóis de seda. O corpo dela me atraía indiscutivelmente e eu não negava esse fato. Mas, ela não possuía outro atrativo, que não fosse apenas o “sex*”. Sua personalidade mimada me fazia às vezes sumir por meses. Como já havia feito em outras ocasiões. Ela era filha de um dos maiores executivos do país, um bom vivant, arrogante, oportunista, que acreditava ser o dono do mundo. Nanda era o bibelô da casa, mimada por todos em sua volta, menos por mim.

Acho que era isso que a deixava frustrada no final das contas. Fernanda queria mandar em mim, mas infelizmente, ela não conseguia e nem outro ser havia conseguido esse feito. Eu fumava um cigarro vagabundo, absorta em meus pensamentos. Olhando para as marcas que havia deixado naquele corpo, ao qual, havia amado na noite anterior. Ouvia nitidamente as batidas compassadas de seu coração.

Ela ainda estava totalmente entregue nos braços de Morpheus, e não seria eu a “criatura” que a tiraria de seu descanso. Fui ao banheiro, que mais parecia outra suíte pelas dimensões, tomei um banho, me vesti e sai dali sem olhar pra trás. Mesmo sendo um ser que não precisava daquilo, eu fazia por conveniência, precisava parecer o mais humana possível. Ainda pensativa, desci a escada.

Quando já me aproximava da porta, ouvi vozes que vinham da cozinha, não resisti e fui até lá. Apesar da minha “condição”, parecia que eu ainda trazia em meu íntimo algo ainda humano, a velha curiosidade!

 

 – Quem será a de hoje, hein Vivian?!

– Sei lá filha!

– A cada noite é uma diferente em sua cama...

– Shiiiiii... Menina! Pare dessas coisas, isso não é problema seu! Aliás, vamos trabalhar que ganhamos mais.

– Tá bom Vivian. Entendi o recado! Afff... Nada de fofocas.

– Ainda bem que entendeu. Cuide em arrumar os quartos, vá!

 

Ouvi o breve diálogo antes mesmo de entrar naquele espaço. Bati na porta delicadamente, abri, pedi licença, dei bom dia e perguntei se podia entrar. Fui recebida por uma senhora corpulenta, de traços finos, olhos brilhantes, simpática até, e uma moça linda, mais que isso, era perfeita! Retribuíram ao cumprimento, deixando-me a vontade. Fiquei sem palavras ao ver aquela moça. Ela me trouxe a lembrança de Safira.

 

– Pois não. – Disse a senhora.

– Poderia me servir um café? – Sorri.

– Sim. É pra já senhorita...

A moça se despediu e saiu da cozinha. Tentei perguntar alguma coisa, mas neste instante Nanda apareceu na porta.

– Ádria, ia embora sem se despedir? – Já me enlaçando em seus braços.

– Não... Apenas desci para tomar um café. Algum problema? – Me soltei dos seus braços.

– Não há problema algum minha querida. – Disse secamente, se afastando de mim.

 

Ainda pude ver os olhos daquela moça observando-me de longe. Depois ela sumiu nos recônditos daquela mansão luxuosa. Permaneci por algum tempo na cozinha, agradeci à senhora pelo café, em seguida sai sem me despedir de Nanda, que por sinal estava furiosa comigo, por não ter retribuído ao seu gesto de carinho.

Peguei minha moto e cantei pneu sem olhar para trás. Mais podia sentir que alguém me observava e não era a Nanda. Já fazia mais de uma semana que eu não ligava para Nanda, mas ela não parava de ligar. Minha secretaria eletrônica estava bastante abarrotada de recados melosos. “Preciso de você amor! Estou com saudades do teu jeito de amar! Amo você! Liga pra mim!”. Infelizmente nada daquilo me animava.

Pelo contrário, me afastava. Sempre prezei minha liberdade, e Fernanda queria me podar, aprisionar minha alma, se é que ainda tenho uma! Os momentos a dois com ela eram perfeitos, tinham sua magia, o problema era a brevidade da magia. Após tanto tempo nessa “nova vida”, minhas expectativas de um bom relacionamento limitavam-se apenas a uma boa relação íntima. Eu sabia muito bem o que eu era e para o quê havia sido criada...

Para destruir, viver dos outros, de sua força, suas energias, seu sangue, sua vida. Eu não passava de uma vampira solitária, rancorosa pelo passado, não expressava afeto por ninguém, cheia de conflitos, procurando apenas “viver” de uma melhor maneira. Resolvi sumir por uns meses. Nanda estava me deixando louca, e eu não aguentava mais as birras dela.

Era noite, me preparava para sair, quando apertaram a campainha. Olhei pelo “olho mágico”, mas não tinha ninguém, apenas um envelope e uma rosa vermelha no chão. Sentei no sofá, abri o envelope e um leve perfume de sândalo deu-me as boas vindas, li o poema.

 

Manda-me um recado, um sinal de tal querer.

Deixa-me subir ao céu entregue aos teus carinhos.

Pronuncia meu nome docemente e lá estarei.

Segreda-me o teu corpo quente, teu templo santo.

Beberei o néctar do teu prazer.

Permita-me conhecer-te, achar tua real essência.

E assim tê-la eternizada em meus braços ansiosos.

 

 Perfume de sândalo.

 

Fiquei surpresa, pensei em Fernanda, mas desisti do pensamento. Ela é “vazia” demais para escrever qualquer coisa de autoria própria. A curiosidade assolou-me, insisti no pensamento de que só poderia ter sido Nanda a autora do poeminha. Ela poderia ter pegado qualquer livro de poema vagabundo e ter me mandado tal bilhete. “Droga! Ela me encontrou de novo!”, aquele jogo de gato e rato começava a irritar-me, liguei para ela com certa urgência. Fui direto ao ponto, sem nenhuma gentileza.

 

– Por que você nunca se cansa, hein?

– Olá! Boa noite pra você também meu anjo! Quanto tempo? Do que esta falando?

– Da rosa e desse poema? E de como me caça!

– Que rosa e poema? Não estou entendendo!

– Das coisas que você me enviou! Quem você pagou dessa vez para me achar?

– Eu não te mandei nada, muito menos paguei detetives para dar seu paradeiro! Você realmente é louca! Passa meses sem dar noticias e quando finalmente manda um “oi”, me acusa de ter mandado sei lá o quê?!

– Mais se não foi você...

– Olha, realmente sou muito ligada em você, mas não se preocupe, pois de hoje em diante não te procuro mais Ádria!

– Nanda... Desculpa! Foi mal, só achei...

– O seu erro é esse, achar, deduzir demais. Depois nos falamos tenho que sair agora.

 – Nanda?!

– O quê?

– Deixa eu te ver hoje? Por favor! Quero me desculpar pessoalmente com você!

– Acho que não é uma boa ideia.

– Por favor, Nanda!

– Onde?

– Que tal no italian?

– Ok. Te encontro lá.

– Certo.

 

Cheguei e fiquei a espera de Nanda. O italian era um famoso restaurante, como o próprio nome já denunciava, era peculiarmente italiano. Eu amava aquele lugar, lembrava um pouco o meu passado, os meus momentos de quando ainda era “humana”.

 

– Demorei muito Ádria?

 

 Quando a vi na minha frente perdi o foco novamente. “Droga, de novo não”, pensei. Ela estava deslumbrante em um vestido preto com um decote em “v”, ela era tão branca como a neve, possuía cabelos castanhos bem compridos e lisos, os lábios carnudos rosados, agora traziam um vermelho vivo, os olhos verdes inebriantes, cheios de vida, e seu corpo bem esculpido pela natureza tirou-me a paz pela centésima vez.

 

 – Não!

– E então, o que quer?

– De braços cruzados, lançando um olhar nada inocente.

 – Não quer sentar-se? – Fiquei de pé.

– Não precisa.

– Olha, antes de qualquer coisa... Desculpa! Fui rude com você... – Peguei sua mão e beijei no dorso.

– Foi sem classe, mal educada, isso sim! Mais, o que esperar de uma criatura como você, não é Ádria? – Com um sorriso sarcástico.

 

Quase perdi a paciência, tudo bem que ela tinha razão dessa vez, mas não ia deixá-la me insultar. Se quiçá imaginasse que com um simples golpe eu a mataria, talvez escolhesse bem as palavras. Mas, dessa vez o assunto era outro, eu tentava manter a calma para continuar a conversa numa boa.

 

– Tudo bem... Você tem razão! – Suspirei.

– Aaah, agora eu tenho é?! Faz-me rir...

– Por favor, Fernanda, se senta e deixa de sarcasmo! Preciso falar com você, dá pra fazer isso, ou é tão difícil assim? – Puxei a cadeira e a sentei quase a força.

– Grossa! – Metralhando-me com o olhar.

– Que gentil de sua parte me elogiar! Obrigada por se sentar! – Sorri ao ler seus pensamentos, cada um pior que o outro.

– Não agradeça! Saiba que para mim não é um prazer!

– Certo! Bom... Serei breve com você, já que minha presença a incomoda tanto assim.

 – Espero...

 

Após inúmeras perguntas, não obtive nada de concreto, li cada pensamento de Nanda e não encontrei nada que me trouxesse respostas. E a partir dali meu humor só piorou. Cheguei mais irritada do que nunca em casa, quase arranquei a porta fora, felizmente só foi à maçaneta. E a sede por sangue aflorou com mais força do que nunca, precisava bebê-lo, saciar aquela sede, mas, sabia que jamais saciaria o desejo por sangue, aquilo era eterno assim como a minha condição.

 

De repente a campainha tocou, tentei ouvir algo do outro lado da porta mais nada escutei. Levantei a contra gosto do sofá vermelho, olhei pelo olho mágico, tinha esperanças de ver alguém, mas, não havia ninguém, abri a porta e encontrei apenas um envelope bem perfumado no chão endereçado a mim.

 

Procura-me!

Mas, não me encontra.

Perde tempo, em querer encontra-me nos teus devaneios.

Conheço tua alma, o que restou dela...

Deixa-me curar tuas dores...

Cuidar do teu templo...

Se quiseres me encontrar...

Pare apenas de me procurar...

 

Perfume de Sândalo

 

Ali fiquei parada por segundos com o poeminha nas mãos, quando fui tirada dos meus pensamentos por outros pensamentos nada puros. Era Lavínia, minha ex ficante e infelizmente atual vizinha. Ela vivia me procurando, aliás, me caçando como a Nanda. Elas eram semelhantes, belas mulheres, ricas, e acima de tudo fúteis. Foi sorte ela não ter descoberto o que sou.

Em uma noite em que nos amávamos desesperadamente, quase perdi o controle, por pouco ela não virava minha sobremesa. Depois disso preferi me afastar, não era seguro ficar por perto. Mesmo após tanto tempo, aquela ânsia por sangue ainda estava presente como na primeira noite, quando despertei para as trevas.

 

– Boa noite, Ádria! – Mordendo o lábio inferior discretamente.

– Boa... Lavínia! – Com o papel em uma das mãos.

– Somos vizinhas há tanto tempo e dificilmente nos vemos!

– Verdade!

– O que tem feito? Conquistando muitas meninas por ai? – Me encarando.

– Que nada! Tenho me ocupado em outras coisas... E você? – Suspirei ao ler um pensamento, em que ela lembrava uma noite de “sex*”. Porque aquilo nunca foi amor!

– Pensando em você! Desde a última vez em que estivemos juntas não paro de pensar em tudo que vivemos! – Se enlaçou no meu pescoço.

– Lavínia, melhor parar com isso! – Desvencilhei-me dela.

– Por quê? Qual o problema de falar o que sinto? Você sabe que a culpa não é minha por não estarmos juntas até hoje.

– Eu sei. Eu sei... Mas, essa não é a hora e nem o lugar para falar desse assunto.

– Nós é que fazemos a hora e o lugar! Você bem que podia me deixar entrar e dai poderíamos conversar, que tal?!

– Desculpa mais não vai dar! Tive um dia daqueles e também porque estou muito cansada e preciso descansar... Acordar cedo... Trabalho... Você entende, não é?

– Tranquilo.

 

Fechei aquela porta o mais rápido possível, ainda lendo os últimos pensamentos de Lavínia, onde os quais não eram nada amigáveis, muito menos comportados, o fato foi que deixei mais uma “refeição” ir embora, não queria ter complicações por ali, não mataria ninguém por aquelas bandas, pois levantaria suspeitas a cerca de um novo serial killer, eu já sabia bem como era esse inferno e pretendia ficar bem longe dele dessa vez.

Jogada no sofá alimentava meu mau humor, a frustração, a raiva por não saber quem era a “pessoa” que me enviava aquilo e acima de tudo a sede... A maldita sede que me perseguia por séculos! Por dentro o que me “matava” mesmo, “se é que havia alguma vida em mim”, era a minha condição.

Ser um monstro sugador de vidas não era nada honroso pra mim, na verdade o que eu mais desejava era voltar a ser humana, passar por todas as etapas da vida, e finalmente morrer, mais isso pra mim não podia ser, pois jamais voltaria a ter vida, ser uma simples humana. Parecia estranho desejar a morte, se eu a havia propiciado a tantos seres, mas, eu estava cansada da eternidade, de perder todas as pessoas que mais estimava.

Nem sempre tive problemas em me relacionar, tudo aconteceu há tempo atrás, quando meus olhos renasceram para outra vida, ou para a morte mesmo. Já tinha quase quatro séculos, e nesse tempo todo já havia vivenciado situações diversas, mudava sempre de país, isso pra mim era o pior.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 1 - Capítulo 1:
Witch Light
Witch Light Autora da história

Em: 08/10/2015

Olá meninas!

Muita luz pra vocês! 

Agradeço ao carinho.

Esse conto foi uma promessa... 

Um trabalho começado há anos atrás. ... 

 E hoje comecei a realizá-lo...

Obrigada! Aaah.. postarei mais em brevemente

Namastê!

 

 

Responder

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Nay Rosario
Nay Rosario

Em: 06/10/2015

Buenas noches, Bruxinha do Bem rsrs

Deves estar a pensar no porquê da minha demora em vir ter contigo. Bem sabes que não sou fácil de se encontrar. Mas não poderia deixar de te parabenizar pelo romance, pelos poemas, pela inspiração que tens e que és. 
Nem diga que é bondade minha, que estou exagerando ou coisa parecida. Sabe que não é nada disso. Sempre disse-lhe que gostava dos teus escritos e incentivava-te para que revelasse ao mundo(lesbico) seu talento. 
Tú és especial. Tens um dom que pouquissimos tem e muitos queriam ter. Quando me pediste para revisar teu escrito senti-me honrada,pois era um desejo antigo meu ver-te alçar voo.
Tú dizes ser minha fã, pois agora tens uma fã.
A autora que vos escreve.

Beijos em seu coração.

Responder

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 02/10/2015

Uma história super interessante de acompanhar! Adorei os mistérios que permeiam a vida da Ádria. Confesso que nos meus devaneios imagino que a Vivian possa ser a Sáfira. rsrs

Já quero ler os próximos capítulos!

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