CAPÍTULO 31: A chegada ao hospital.

 

 

 

 

Júlia estava uma pilha de nervos, sentia suas pernas tremerem e por esse motivo não parava de se mexer, Amanda estava sentada ao seu lado e ficou em silencio a observando.

 

Tudo já estava arrumado, Olávo e Cecília já estavam avisados, os dois perguntaram como Júlia estava e disseram que iriam adiantar as coisas para poderem ir ao encontro das meninas, que elas avisassem qualquer coisa que acontecesse.

 

Um tempo depois Rachel e Manu adentraram o quarto e logo depois as quatro estavam na recepção encerrando a hospedagem.

Era o dia de folga de Anne e Rachel agradeceu mentalmente por isso, aquela mulher era maluca.

 

Entraram no carro que Rachel ainda estava em posse foram até o chalé de Manuela e pegaram suas coisas, depois de todo o procedimento e entrega do carro, pegaram um taxi que as levou para um aeroporto perto dali.

 

 

 

 

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Júlia estava calada e deixou que Rachel, Amanda e Manuela tomassem conta de tudo referente a ida delas até sua família.

 

Amanda quase não a deixou só, sempre perguntando como a loira se sentia e se queria alguma coisa, enquanto isso Rachel foi acompanhada de Manuela fazer todos os procedimentos para viajarem, conseguiram passagens para um vôo que sairia um pouco depois, teriam que esperar cerca de umas duas horas.

 

 

-- Esta tudo aqui, daqui a pouco a gente embarca – Rachel se aproximou da ruiva e da loira que estavam sentadas – Já avisou seu irmão que estamos a caminho?

 

-- Não – respondeu encarando um ponto fixo no chão.

 

-- Não vai avisar?

 

-- Eu sei qual hospital eles estão, não preciso avisar.

 

-- Como quiser – disse se afastando.

 

 

Sabia que a loira não estava para papo e nem implicar com ela poderia, não gostava dela nem um pouco, apenas estava a ajudando por Amanda e por Manuela. Era isso que tentava convencer a si mesma.

 

 

 

 

 

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Rachel tinha pegado lugares juntos para ela e Manuela assim como para Amanda e Júlia, quando já estavam acomodadas a aeromoça começou as instruções de segurança.

 

Manuela escutava tudo atentamente o que chamou a atenção de Rachel.

 

 

-- Você presta atenção nisso? – perguntou a olhando e a morena não desgrudou os olhos da aeromoça nem um minuto sequer.

 

-- Shii!

 

-- Manu...

 

-- Fica quieta Rachel – disse seria.

 

 

Rachel soltou um sorriso fungado e balançou a cabeça em sinal negativo, era impossível alguém que prestasse atenção as instruções de segurança em um avião.

 

Quando o avião já estava começando a se movimentar Manuela apertou as mãos e fechou os olhos, parecia fazer alguma prece silenciosa, Rachel então sorriu abertamente entendendo.

 

 

-- Tem medo de avião Manuela? – perguntou quando a garota já estava de olhos abertos.

 

-- Medo? – se fez de desentendida.

 

-- Sim, medo.

 

-- Quem disse isso? – perguntou desconfortável.

 

-- Ah para né Manuela – respondeu rindo, provocando uma cara de brava na outra – lógico que você tem medo.

 

-- Eu não tenho medo – falou brava pela goz*ção.

 

-- Ah não? – indagou erguendo as sobrancelhas.

 

-- Não!

 

-- E essas mãos fechadas ai? Teus dedos estão todos brancos de tanto que você aperta.

 

-- Eu não tenho medo, cala essa boca Rachel! – falou irritada virando a cabeça para o lado da janela e fechando os olhos para não olhar o lado de fora.

 

-- Me desculpa – falou pegando uma das mãos da morena e entrelaçando seus dedos – É normal ter medo Manu.

 

 

Manuela suspirou e ainda de olhos fechados apertou a mão de Rachel.

Instantes depois respirou fundo e disse baixinho.

 

 

 

-- Troca de lugar comigo?

 

-- Não quer fechar a janela? – Rachel perguntou ainda segurando sua mão.

 

-- Prefiro trocar de lugar – pediu com a voz mais baixa ainda totalmente desconfortável.

 

-- Tudo bem.

 

 

Rachel se levantou e aguardou Manuela fazer o mesmo, percebeu que a menina fazia tudo lentamente como se tivesse medo de dar um passo errado e o avião cair. Depois de uns dois minutos, o que qualquer pessoa que não tivesse medo teria feito em segundos, trocaram de lugar e dessa vez quem buscou entrelaçar as mãos com a da outra foi Manuela.

 

 

 

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Um tempo depois estavam aterrissando. Qualquer pessoa que parasse para observar veria que a loira não estava passando bem.

 

Manuela se aproximou e perguntou aonde iriam deixando Rachel afastada de Júlia já que sabia que a presença da morena incomodava sua amiga, não precisava que a loira tivesse mais um desconforto.

 

Entraram em um taxi e foram de encontro aos familiares de Júlia.

 

 

No caminho conversaram com Danilo através de mensagem de texto já que o amigo não estava sabendo da repentina viagem delas, quando chegaram ao enorme hospital saíram do taxi e esperaram Júlia fazer o mesmo.

 

 

Manuela se afastou um pouco com Rachel e observaram a loira tomar coragem e ter Amanda ao seu lado.

 

 

 

 

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O coração de Júlia parecia que estava prestes a sair pela boca, sua respiração agora um pouco mais acelerada e pesada denunciavam seu nervosismo, suas pernas tremiam, mesmo ela ainda sentada no banco do taxi podia sentir elas tremerem.

 

 

Sentia que a qualquer momento seu coração daria uma batida errada e esse ato faria com que ela desmaiasse.

 

Seus pensamentos eram em tudo e ao mesmo tempo em nada, o rosto de cada um de sua família vinha em sua mente, tudo o que já viveu com eles, a forma que era a convivência, o dia do acidente com Paul, o dia da traição de Sophia com seu irmão, quando descobriu a verdade sobre seu pai, tudo e ao mesmo tempo nada, essas memórias vinham mas não paravam, ela nem sabia no que estava pensando, apenas sentia medo.

 

 

 

-- Vamos Júlia? – Amanda a chamou em um tom suave e esticou uma mão para ajudá-la a sair do carro.

 

 

A voz da namorada chamou sua atenção para o momento de agora, respirou fundo e pegou a mão da ruiva aceitando sua ajuda, saiu lentamente do carro.

 

 

Podia ver algumas pessoas na entrada do hospital, mas não se ligou a isso, apenas saiu do taxi.

 

 

-- Vai ficar tudo bem amor, eu estou com você – Amanda disse de forma sussurrada próximo ao seu ouvido.

 

 

Quando ela se preparava para fazer suas pernas lhe obedecerem ouviram um grito de uma das pessoas que estavam na entrada do hospital.

 

 

-- UMA SAN’GERMANY! – de imediato um burburinho daquelas pessoas que estavam a frente do hospital começou a se criar, e correram em direção a elas.

 

 

Quando Amanda e Júlia perceberam já estavam bem perto para que elas pudessem fazer alguma coisa.

 

 

-- Droga são fotógrafos – Rachel disse vendo alguns deles que corriam chegar perto da loira e tirarem fotos e mais fotos, alguns tinham gravadores e celulares apontando e fazendo perguntas.

 

 

-- Senhorita San’Germany como esta sua irmã?

 

-- Você já tem noticias dela?

 

-- E o caso do seu novo pai? Foi por isso que você sumiu?

 

-- Poderia nos dizer se realmente é verdade que você é filha de uma das mais prestigiadas famílias alem da San’Germany?

 

-- Trouxeram sua irmã para cá por ser o hospital Sampaio Lancaster da sua outra família? Você já esteve internada aqui certo? Sabia na época que este hospital pertencia a você?

 

 

 

Júlia travou no mesmo lugar que estava e não conseguia se mover, todas as perguntas feitas a perturbavam, estava sem reação, Amanda apertou sua mão e pediu licença a alguns reportes e fotógrafos que pareciam sufocar sua namorada, alguns flashes eram disparados em direção a loira e esta a única coisa que fazia era semicerrar os olhos pelo incomodo que sentia.

 

 

-- Rachel a Júlia esta mais pálida do que quando chegou – Manuela disse sem saber o que fazer vendo a situação em que a loira estava, aqueles fotógrafos e reportes estavam fazendo um verdadeiro circo na calçada do hospital.

 

-- Vamos tirar ela dali – falou puxando Manuela pela mão.

 

 

Chegaram próximo onde Amanda tentava abrir passagem pedindo licença.

 

 

-- Ela não vai responder nenhuma pergunta de vocês. – Rachel disse alto com sua fisionomia seria – nos dêem licença por favor!

 

-- A senhora seria o que da jovem Júlia? – a voz de um dos reportes perguntavam apontando-lhe um gravador, e logo ouviram mais perguntas de outros.

 

-- Uma nova namorada talvez?

 

-- Apenas conhecida – respondeu de forma seria – agora nos dêem licença, ela não ira responder nenhuma pergunta.

 

 

Foi ajudando Amanda abrir caminho entre diversos fotógrafos e jornalista, Manuela ajudou as duas e a ruiva puxou Júlia pela mão, esta parecia assustada e seguia a namorada, fazia tudo no automático.

 

 

Ao entrarem no hospital a loira ficou mais gelada ainda, sua respiração já era suspensa seus olhos verdes pareciam vidrados na cena.

 

Viu cada um da sua família ali naquela sala de hospital, alguns pareciam não ter percebido ainda sua entrada, já outros a olhavam devido ter tido sua atenção chamada pelo barulho e burburinho que tinha se formado do lado de fora, queriam ver quem seria a pessoa a chamar a atenção dos fotógrafos que antes pareciam montar guardar para captar qualquer deslize deles, pensavam ser alguém muito importante para chamar a atenção.

 

De fato era, quando alguns da família a viram entrar perceberam, e a encarando de forma calada, não dava para saber o que estava ocorrendo, apenas o silencio deixava o ar com uma espécie de julgamento, só não era possível dizer se era bom ou ruim.

 

 

 

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Quando enfim Júlia despertou a atenção de todos daquela sala o silencio foi maior ainda.

 

Elisabeth a olhou de forma assustada, não sabia o que fazer ou dizer, não imaginava que sua filha já soubesse o que tinha ocorrido e nem que chegasse tão rápido assim.

 

Bryan foi o único que instantes depois expressou alguma reação e correu de encontro a irmã a abraçando apertado e deixando algumas lagrimas escorrerem.

 

 

-- Que bom que você veio – disse ainda no abraço que dava na loira, o qual demorou para ser correspondido.

 

-- Estou aqui – Júlia disse de forma baixa para somente ele ouvir, depois de um tempo no abraço.

 

Ele a soltou de vagar e a olhou, percebeu a vendo como sentia falta daquela menina rebelde, já sabia que sentia saudades, mas agora percebeu que era bem mais do que sentia e do que imaginava sentir antes.

 

-- O que esta menina esta fazendo aqui?! – uma voz se fez ouvir.

 

O maxilar de Júlia travou, um frio na sua barriga a atingiu fortemente, sentia como se fosse vomitar qualquer coisa que pudesse estar no seu estomago, sua pressão devia ter caído porque se antes ela estava gelada, agora estava mais ainda, suas pernas estavam fracas e sua cabeça era como se tivesse uma compressão de ar dentro fazendo ela ficar alta e pesada ao mesmo tempo.

 

 

-- Eu perguntei o que esta menina esta fazendo aqui?! – a voz se fez ouvir novamente, era Otton.

 

-- Eu a chamei – Bryan respondeu com uma expressão indecifrável, não era possível saber se ele sentia medo ou se estava seguro – ela também é irmã de Rebecca, merece estar aqui.

 

-- Quem te deu permissão moleque?! – Otton aumentou um pouco mais o volume de sua voz.

 

-- Eu.. eu pensei que... não sabia se precisava de permissão... eu... – Bryan de repente começou a gaguejar mostrando seu nervosismo.

 

-- VOCÊ PENSOU? – novamente Otton disse com uma expressão de raiva e com a voz mais alta.

 

-- Parem com isso! – Elisabeth disse alto para que todos ouvissem.

 

-- Elisabeth... – Otton tentou dizer mas foi cortado novamente.

 

-- Eu disse para parar Otton – disse ríspida e com a voz gélida – Bryan tem toda a razão, Júlia é irmã de Rebecca, tem o direito de estar aqui como todos nós, então chega desse assunto.

 

 

Elisabeth surpreendeu Otton e todos seus filhos inclusive Júlia que não pensou que a mãe ficaria a seu favor, apoiando sua presença ali, mesmo sem dizer com todas as palavras porem ela apoiou a decisão de Bryan em lhe chamar e isso já era o bastante.

 

 

 

 

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Amanda, Rachel e Manuela observavam tudo um passo atrás da loira, e percebiam o clima pesado. Podiam agora ver o tanto de apreensão que Júlia carregava ao encarar sua família, eles não pareciam nada hospitaleiros, exceto o Bryan, mas mesmo assim perceberam que ele era um tanto “receoso” para não dizer medroso mesmo.

 

 

-- Como ela esta? – Júlia perguntou baixo para Bryan que ainda estava ao seu lado, o olhar de todos da sua família ainda estavam em si, tinha olhares surpresos, outros de raiva, e isso estava a incomodando.

 

-- Ainda não sabemos, parece que é bem delicado a sua situação, esta em cirurgia agora, ainda não nos avisaram nada.

 

Júlia assentiu com a cabeça e fechou os olhos conseguindo respirar sem tanta dificuldade como quando tinha entrado no ambiente.

 

Um tempo depois Amanda se aproximou dela tocando de leve seu braço lhe chamando a atenção, disse de forma bem baixa e em português para que ela escutasse.

 

-- Você esta bem amor? Quer alguma coisa?

 

-- Ta tudo bem, só fica aqui comigo – pediu segurando a mão que estava em seu braço.

 

-- Estou aqui.

 

 

Passou algumas horas e nenhuma notícia foi dada, todos aguardavam naquela sala de cores claras, Júlia se mantinha afastada de todos da sua família porem o olhar deles estavam grudados nela e isso a deixava extremamente desconfortável, sentia-se sufocada.

 

 

 

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-- Pelo amor de Deus que droga de hospital é esse que não nos da notícias?! -- Otton perguntou na recepção exaltado.

 

 

A verdade é que sentia irritação pela presença de Júlia ali com eles e precisava descontar de alguma forma.

 

A forma que achou de descontar sua raiva foi sendo grosseiro com a recepcionista, a moça tentou acalmá-lo informando que a jovem estava nas mãos dos melhores médicos do país e que assim que fosse possível lhe dariam notícias. 
Ele continuou discutindo com a moça da recepção e esta tentava manter a calma, tentando entender a suposta preocupação de um pai com sua filha, porem não estava ali para ouvir desaforos e mesmo assim manteve a educação.

 

 

-- Papai deixe a moça -- Daniel se aproximou tocando seu ombro chamando sua atenção -- ela não tem como fazer nada, o que podemos fazer é aguardar, procure ficar calmo.

 

-- Sai de perto de mim Daniel!

 

 

O filho se afastou percebendo que seu pai tinha uma irritação fora do comum, não seria bom contrariá-lo.

 

 

Manuela e Rachel se sentaram em um pouco afastadas da família e próxima onde Júlia estava, apesar da aparência da loira não ser muito boa ela permanecia de pé e a ruiva estava ao seu lado, trocavam algumas palavras baixas, parecia que Amanda queria chamar sua atenção para deixá-la menos deslocada.

 

 

-- Amor você precisa comer alguma coisa, desde ontem você ta sem se alimentar direito.

 

-- Estou sem fome – sua voz era triste, apesar de tentar permanecer com sua postura de forte inabalável sua voz e olhar um tanto perdido a denunciavam.

 

-- Mas precisa se alimentar Júlia – Amanda insistia – só um pouquinho amor.

 

-- Amanda por favor não insista, estou sem fome.

 

 

Amanda balançou a cabeça contrariada e se calou.

Fim do capítulo