Capítulo 27 Só preciso de você
CAPÍTULO 27: Só preciso de você.
Júlia estava de barriga para cima de olhos fechados com seu corpo relaxado as vezes expressava um sorriso de lábios e Amanda ao seu lado apenas a observava querendo saber no que ela estaria pensando, deitou-se mais próxima e encaixou seu rosto no pescoço da loira que permanecia de olhos fechados.
-- No que você esta pensando? – perguntou sussurrado ao ouvido de Júlia e viu seu corpo se arrepiar, deu um beijo e sorriu – adoro ver como seu corpo reage a mim.
-- Ele me denuncia – falou sorrindo ainda de olhos fechados.
-- No que estava pensando? – repetiu a pergunta também sorrindo e mordendo de leve a pele branca do pescoço da namorada mas sem deixar marca.
-- Em você.
-- Em mim? – se aproximou mais e baixou o lençol que cobrir os seios da loira e se ajeitou deitando de uma forma que pudesse observá-la sem o lençol, se aproximou apoiando sua cabeça na posição do pescoço de Júlia onde pudesse deixar beijos – e no que pensava?
-- Em como é gostoso ter você assim comigo – respondeu abrindo os olhos e a encarando – não se afasta mais de mim?
-- Nem se eu quisesse – se ergueu um pouco e beijou-lhe os lábios.
Voltou a se deitar se apoiando no corpo da namorada e começou a passar uma de suas mãos pelo corpo de Júlia, desceu pelo pescoço, ombros e colo, chegou ao seio e viu Júlia fechar os olhos e sorrir.
Continuou passando a mão no seio direito da loira até que sentiu uma cicatriz abaixo dele, era bem na linha divisória, já tinha visto, mas não lembrava se já tinham falado dela.
-- Amor e essa cicatriz? – perguntou ainda com a mão ali passando de leve por cima como se traçasse o caminho daquela marca.
Júlia prendeu a respiração e sua mão foi de imediato ao encontro da mão da ruiva a segurando com delicadeza e afastando um pouco, respirou fundo e abriu os olhos soltando a respiração.
-- É do acidente com o Paul – falou baixo encarando o teto ainda segurando a mão da namorada.
-- Eu não devia ter perguntado, desculpa – se aproximou do rosto da loira e lhe deu um selinho.
-- Ta tudo bem.
Sem que Júlia esperasse a ruiva se baixou até o seio dela e depositou um beijo delicado sobre a cicatriz, logo seguido de outro beijo, e outro.
Sentia o toque dos lábios da namorada sem entender aquele ato, até que teve as mãos dela novamente fazendo o trajeto da marca.
Amanda se aproximou ainda acariciando a marca e encarou seu rosto aproximando as bocas, mas antes de uni-las sussurrou.
-- Dizem que o amor cura tudo, então deixa eu te amar por completo, todas as marcas e cicatrizes – juntou os lábios demoradamente e se afastou a olhando nos olhos – me deixa cuidar de você, deixa eu amar cada marca sua, tanto do corpo como da vida?
Júlia não esperava aquelas palavras, aquele pedido foi tão repentino, aquele carinho que lhe aquecia a alma, ficar junto de Amanda era capaz de curar qualquer coisa, tê-la assim era capaz de fazê-la esquecer de qualquer sentimento ruim.
Balançou a cabeça concordando e aproximou a boca da de sua namorada a beijando, delicadamente sugava os lábios da namorada, um beijo de amor, sem intensificá-lo se afastou e encarou aqueles olhos de tons amarelados e aqueles cabelos ruivos.
-- Deixo – sussurrou bem baixo – você me tem para fazer o que quiser Amanda, eu amo você.
-- Amo você – devolveu o carinho da loira se sentindo completa e retomaram um beijo mais intenso.
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Rachel estava deitada na cama do hotel com as mãos cruzadas atrás da cabeça, seu olhar era fixo em um ponto qualquer do teto. Ela queria esquecer tudo o que estava na sua cabeça a atormentando, queria parar de pensar no que aconteceu naquele quarto com Manuela, no beijo.
Aquele beijo que a fez ficar com vontade de ter Manuela por intero.
“O beijo dela... o beijo é... diferente, tem um gosto estranho, estranho... um estranho muito bom” pensava respirando fundo e fechando os olhos tentando reviver aquele momento.
Levou uma mão até a boca e respirou fundo ainda de olhos fechados.
“Me prendeu só com um beijo, não tive vontade de sair, por mim morreríamos sem respirar assim mesmo, eu tive vontade de fazer amor com ela, eu nunca senti nada por ela, mas aquele beijo... é diferente.”
Tirou a mão da boca e abriu os olhos se sentando e balançando a cabeça como se quisesse tirar aqueles pensamentos da cabeça.
“Do que eu estou falando meu Deus?! Foi só um beijo, e eu senti vontade de trans*r com ela, não teve nada de amor, eu estou carente ou louca mesmo, é ainda o efeito da bebida só pode!”
Pensou levando uma mão até sua nuca e massageando enquanto olhava para baixo e balançava a cabeça em sinal de negativa.
Não muito longe dali Manuela também tinha os mesmo pensamentos, com as duas mãos no rosto tentando respirar fundo e esquecer o que tinha acontecido, estava com raiva de Rachel, ela não podia chegar assim e beijá-la, não podia ser essa pessoa que ela estava sendo esses dias a tratando de forma carinhosa, totalmente diferente de como costumava a tratar, sempre implicando consigo.
Ela não tinha esse direito de deixar sua cabeça confusa e a fazendo lembrar-se do gosto da sua boca e da sua pegada.
“Quem ela pensa que é?! Não pode me agarrar desse jeito, eu a odeio! Aquela boca dela, aqueles lábios eles... aff Rachel Lennis você é uma ridícula! Fala serio, eu não acredito que ela fez isso, como pode me agarrar daquele jeito? Me levar pra cama daquela forma e se movimentar daquele jeito, aquela pegada meu senhor, que pegada, o jeito que me apertava e me beijava...”
Suspirou e balançou a cabeça forte se reprimindo por pensar essas coisas, não conseguir tirar a morena da cabeça a deixava mais irritada ainda.
“Você não tem o direito de fazer isso Lennis!”
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Amanda e Júlia depois de um tempo se agarrando decidiram levantar para almoçar.
-- Já era para a turma ter chego, e o Danilo também – Júlia comentou enquanto comiam.
-- É verdade eu também estranhei.
-- Será que aconteceu alguma coisa?
-- Acho que não amor, não se preocupe – disse pondo uma mão por cima da loira e lhe deu um aperto de leve – por que não liga pra ele?
--Tem razão eu irei fazer isso.
-- Tudo bem, mas depois de comermos ta bom?
-- Tudo bem babá – debochou querendo deixá-la brava e a viu semicerrando os olhos e a encarar.
-- Depois vai ver quem é a babá.
Acabaram almoçando rindo e conversando amenidades.
Após o almoço Júlia foi fazer sua ligação.
-- Júlinha onde vocês estão? – a voz de Danilo era um tanto afetada e ofegante.
-- Atrapalho alguma coisa? – perguntou erguendo as sobrancelhas e logo depois balançou a cabeça sorrindo, não queria saber nem imaginar o que ela atrapalhou.
-- Er... então onde vocês estão sua doida? Era pra terem chegado faz tempo.
-- Chegado a onde Dandan, você bebeu? Nós estamos aqui – respondeu confusa e ouviu o amigo dizer para alguém esperar.
-- Desculpa Júlinha, então estão aqui onde criatura? Eu estou no hotel com a turma toda, só faltam vocês.
-- Você deve ta bêbado Dandan, a gente chegou e te procurou como tu veio primeiro mas não te achamos, pensamos que tinha mudado a data da viagem sei la, estamos no hotel.
-- Júlia você ta louca amiga... ai para! Espera um pouquinho! – o rapaz dizia no outro lado da linha – Desculpa Júlia, mas me digam qual o nome do hotel de vocês?
Júlia o informou e o amigou deu risada dizendo que o nome do hotel estava errado, elas tinha feito reserva no hotel errado.
-- Então ta explicado porque a Manuela ficou sem quarto – pensou em voz alta ainda no telefone – vou ir avisá-la e vemos o que faremos, tem como você dar uma olhada ai na recepção se tem quartos disponíveis para nós? Qualquer coisa vamos para ai.
-- Vejo sim amiga, agora eu preciso desligar ta? Beijo se cuidem... ai pronto apressadinho – dizia no telefone devia ter esquecido de desligar e antes que a loira pudesse ouvir qualquer coisa que a deixasse constrangida encerrou a ligação.
Se sentou e teve Amanda que saia do banheiro sentando atrás de si.
-- O que foi amor?
-- Reservamos no hotel errado, a turma e o Danilo já estão todos lá.
-- Como assim? – franziu o cenho confusa.
-- Foi por isso que a Manu ta sem quarto vida, nós reservamos no hotel errado, temos que ir lá avisá-la.
-- Quer que eu vá? – perguntou sabendo o desconforto que a loira ficava ao ver Rachel.
-- Eu vou junto.
-- Tudo bem, então vamos – disse se levantando e esticando a mão para a namorada pegar.
Um tempo depois de saírem chegaram ao quarto de Rachel, Amanda bateu na porta.
Rachel deu praticamente um salto da cama se levantando apressada pensando ser Manuela que se arrependera e voltou, mas assim que abriu a porta sua feição se transformou em decepcionada.
-- Oi? – Amanda perguntou confusa encarando sua expressão.
-- Oi, entrem. -- Se afastou da porta deixando as garotas entrarem.
Júlia que não queria ficar próxima da morena logo se adiantou para poder sair dali o mais rápido possível.
-- Onde esta a Manuela? Preciso falar com ela.
-- Sua amiga não esta – respondeu com o mesmo desgosto que a loira sentia, sem sombra de duvidas sentia o mesmo desconforto que Júlia.
-- Sabe onde ela foi? – a expressão de Júlia era dura mostrando que não gostava nem um pouco de Rachel.
-- Não, ela pegou as malas dela e saiu por essa porta pra só onde Deus sabe.
-- O que aconteceu Rachel? – Amanda perguntou o que Júlia também queria saber – por que ela foi embora do quarto?
-- É que nós... bem, nós... – pensou rápido e levou uma mão ate sua nuca em sinal de nervosismo o qual a ruiva sabia – nós discutimos e ela saiu irritada dizendo que procuraria outro lugar para ficar.
-- O que você fez pra ela Rachel?! – Júlia elevou a voz e se aproximou a encarando com os olhos cerrados.
-- Eu não fiz nada, sua amiga que é uma maluca, e quem você pensa que é pra falar comigo nesse tom garota? – Rachel devolveu em sua arrogância habitual, sabia que a loira não a suportava e não iria fingir que seu sentimento não era recíproco.
-- Escuta – Júlia venceu a distancia que ainda tinham e pegou na blusa da garota a olhando mais nos olhos como se aquilo intimidasse a morena e revelasse sua ameaça diante esse ato.
-- Solta ela Júlia! – Amanda tentou se intrometer colocando as mãos em um dos braços de Júlia que ainda segurava a blusa de Rachel, mas não surtiu efeito, foi completamente ignorada pela loira.
-- Se você fez alguma coisa com a Manuela eu acabo com você, entendeu?
-- Eu não fiz nada agora me solta – Rachel disse sustentando o olhar verde a sua frente sem se deixar abalar, não tinha medo das palavras da loira, levou suas mãos ate as da loira que a segurava e tirou de si – podem ir embora, procure sua amiga em outro lugar, aqui ela não esta.
-- Estamos indo Rachel, me desculpa – Amanda disse puxando Júlia pelo braço que ainda encarava Rachel com a expressão dura.
Rachel viu as duas saírem pela porta e assim que esta foi fechada se sentou na cama ainda com a expressão fechada, era claro que Júlia a tirava do serio.
“Vai se ferrar garota!” pensou irritada, se sentia irritada por tudo o que aconteceu aquela manhã.
Por Manuela, por Júlia, por si mesma.
Sentiu sua respiração ficando alterada e o ar entrar com um pouco de dificuldade, então foi ate sua mala pegar sua bombinha.
Sua nécessaire não estava lá, lembrou que quando Manuela lhe dava banho tinha escovado os dentes então foi ate o banheiro tentando controlar sua respiração e procurou.
Uma nécessaire preta estava na pia do banheiro o que a deixou aliviada, sua respiração pareceu voltar ao normal sem mesmo ter usado a bombinha só por saber que estava ali na sua frente, mas por precaução iria usá-la.
Abriu a nécessaire e viu uma escova de dente diferente da sua, estranhou e olhou mais alguns objetos que estavam lá dentro e constatou que nada era seu.
Onde estava sua bombinha? Aquela não era sua nécessaire!
-- Droga Manuela! – exclamou pondo as mãos na pia e puxando o ar com força – Você levou a minha nécessaire e deixou a sua.
“E se eu tiver uma crise? O que eu faço? Ai meu Deus eu acho que estou tendo uma crise!” pensava de forma apressada pegando uma calça e um casaco e os colocando para sair.
Logo saiu do quarto apressada em direção a recepção, alguém lá devia saber onde Manuela estava.
-- Olá Rachel – a recepcionista disse lhe lançando um sorriso safado, o qual a morena ignorou.
-- Você sabe onde a garota que estava no meu quarto foi parar? O nome dela é Manuela.
-- Hm aquela menina veio ate aqui perguntar se tínhamos quartos disponíveis mas eu informei que não tínhamos, então ela foi embora.
-- Embora? Como assim embora? – dizia já se desesperando e tentando manter sua respiração que já estava difícil de entrar em seus pulmões – Pra onde ela foi Anne?
-- Calma querida porque esta desse jeito? Brigaram? Não me diga que ela era sua namorada Rachel – dizia sorrindo e depois se fingindo de inocente – Eu não acredito que saiu comigo sendo que namorava aquela garota.
-- Eu preciso dela Anne... eu... to passando mal... ai! – dizia puxando a respiração mais forte e se apoiando sobre o balcão da recepção.
Anne a encarou assustada percebendo que a menina realmente não estava legal, rapidamente se levantou de sua cadeira e deu a volta no balcão alcançando a morena e a apoiando.
-- Calma Rachel, respira fundo, vem vamos sentar – disse a abraçando e sustendo seu peso, pegou uma das mãos da garota que ainda estava no balcão, afim de levá-la para sentar-se.
-- Eu não... posso... a Manu... onde ela ta?
-- Calma Rachel, respira. – pediu vendo a morena respirar com mais dificuldade até que um homem se aproximou delas.
-- Moça essa garota Manuela, acho que foi a mesma que eu levei até uma pousada perto daqui – a voz de um senhor que devia ter por volta de seus 70 anos disse vendo o estado que a garota se encontrava – ela disse que se chama Manuela e estava cheia de malas, mas aqui não tinha um quarto para ela, se você quiser eu posso levar você até lá.
-- Por favor – pediu com a voz baixa e se afastando de Anne.
A recepcionista tentou contestar, mas Rachel não lhe deu ouvidos e seguiu o senhor.
Entrou em uma caminhonete, sem se importar com o fato de estar pegando uma carona com um completo desconhecido em outro país, porem tinha que encontrar Manuela e logo.
Estava encostada do banco do carro e respirava fundo procurando a respiração a qual não vinha, o homem a olhava preocupado, viu ela levando uma mão ao peito e apertando a própria camisa como se ela estivesse a impedindo de respirar.
-- Moça a senhora esta bem? Não vai morrer no meu carro não é? Pelo amor de Deus, não faz isso não moça! Não quer que eu a leve a um hospital?
-- Pra... Manuela... por fa...vor – disse entre respirações e soltou tudo de uma vez o ar, e ele parecia não ser suficiente.
-- Nós já estamos chegando – disse estacionando o carro na entrada da pousada e saindo do carro para abrir a porta para Rachel a ajudando a sair – Eu vou perguntar em qual quarto ela está, ta bom?
A garota acenou com a cabeça e se apoiou na parede da pousada tentando ainda respirar, o tempo estava extremamente frio, e alguns flocos de neve caiam.
Suas pernas quase não sustentavam o peso do seu próprio corpo, já sentia dor de tanto tentar respirar e acabar tossindo, a forma que puxava o ar com força a fazia tossir.
O senhor voltou para o seu lado e apontou para um chalé logo ao lado da pousada, informaram a ele que a garota que ele tinha levado até lá mais cedo estava hospedada no chalé e passaram o numero para ele, já que havia mais alguns.
-- Ela esta hospedada naquele chalé ali – apontou na direção – quer que eu te leve?
Rachel balançou a cabeça concordando e o senhor a apoiou e andou de forma lenta com a garota até chegarem de frente ao local indicado pela recepção da pousada.
-- É aqui moça, quer que eu chame? Posso te levar ao hospital se quiser.
-- Ta tudo bem – disse de forma baixa e se apoiou na porta – obrigada.
-- Eu vou indo, melhoras.
O senhor se afastou e Rachel encostou a testa na porta, deu uma batia que saiu fraca, onde estavam suas forças se ela quase não conseguia se manter em pé?
Mais uma tentativa e essa batida foi mais audível porem se Manuela estivesse fazendo qualquer coisa lá dentro com certeza ela não teria escutado.
Sorte dela que não estava.
-- Já vai – a voz de Manuela soou um pouco distante mas logo a porta foi aberta – Rachel?
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Manuela estava deitada e pegou seu aparelho de musica para escutar quando ouviu batidas, se levantou dizendo que já estava indo e quando abriu a porta deu de cara com Rachel encostada na porta.
Não pode evitar a expressão de espanto, jamais imaginaria a morena ali na sua frente, não agora, não depois dela ter saído de lá após o beijo.
-- O que faz aqui Rachel? Como me encontrou?
-- Manu... – Rachel chamou tentando se aproximar mas Manuela não deixou.
-- Fique ai! – pegou na maçaneta da porta na intenção de fechá-la.
-- Manu... minha... nécessaire – falou e começou a tossir.
Cada vez que puxava mais o ar mais tossia, doía seu peito, levou as mãos até ele novamente já não se agüentando mais de pé e ali mesmo na porta do chalé caiu sentada.
-- Rachel?! – Manuela disse assustada e se abaixou para ajudá-la.
Mais de perto pode perceber como a garota estava pálida, seus lábios levemente arroxeados, e ela estava bem gelada.
Seria do frio aquela temperatura e cor dos lábios?
-- O que você esta sentindo Rachel? – perguntou se desesperando de ver a garota tossir e puxar o ar com força, e viu a garota inclinando o corpo para trás na intenção de deitar ao chão – O que esta acontecendo Lennis?! – perguntou quase gritando preocupada com a garota que nada falava.
-- Asma – foi a única coisa que conseguiu dizer e se deitou no chão ainda segurando sua própria camisa ao peito e a puxando tentando respirar.
Sentiu as mãos da morena sobre as suas.
-- Asma? Como assim Rachel? Pelo amor de Deus respira!
-- Nécessaire – falou baixo quase fechando os olhos, sentindo uma moleza no corpo todo.
-- O que tem a nécessaire Rachel? Porr* responde! – estava nervosa a garota estava praticamente desfalecendo a sua frente, se levantou apressada em um impulso e foi na direção de suas malas procurar sua nécessaire.
Não entendia o que a garota quis dizer com nécessaire, mas levaria até ela, talvez algo que estivesse lá a ajudaria e acalmaria.
Não sabia o que fazer apenas pegou a nécessaire e correu até a porta se ajoelhando e tocando na garota que tinha os olhos fechados e ainda tentava respirar.
Abriu o zíper do objeto que estava nas mãos e estranhou o que tinha nele, nada era seu, então se deu conta de uma pequena bombinha lá dentro.
Não estava entendendo nada, mas pegou aquele objeto.
Levantou a morena que estava deitada ao chão, a colocando sentada e apoiando suas costas no batente da porta e deu alguns tapinhas no rosto de Rachel a fazendo abrir de leve e com dificuldades os olhos, assim que teve a morena a olhando levou a bombinha ate a boca dela.
-- Vamos... Puxa o ar Rachel – apertou a bombinha e viu Rachel tentar puxar o ar.
Com um esforço sobre humano Rachel conseguiu levar uma de suas mãos para cima da mão que Manu segurava a bombinha.
Em um leve aperto fez menção que Manuela apertasse novamente a bombinha, e ela assim o fez.
-- Mais uma vez, vai Rachel agora com calma, por favor, vai ficar tudo bem ok? – falou tentando acalmar a garota que tinha levemente os olhos abertos a encarando.
Apertou novamente a bombinha e viu a garota puxar o ar mais uma vez, e pareceu ter surtido efeito, pois o chiado que vinha do peito da garota diminuiu apesar dela ainda buscar o ar com um pouco de força e rápido, parecia que dessa vez o ar já alcançava os pulmões da garota que o prendia um pouco mais antes de solta-lo.
-- Isso, se acalma anjo – disse acariciando os cabelos de Rachel que ainda estava encostada no batente da porta toda mole e com os olhos quase fechados – Vem vou te levar pra dentro.
Manuela ia guardar a bombinha de volta na nécessaire mas teve a mão de Rachel encostando levemente na sua, como se quisesse impedi-la de fazer aquilo.
Pegou com carinho a mão da garota e pousou a bombinha nela e a viu fechar as mãos.
-- Esta tudo bem, vem – se levantou pegando um dos braços de Rachel e pondo envolta de seu pescoço, enlaçou com os braços a cintura da garota que continuava toda mole e a puxou levantando.
Os olhos de Rachel pareciam querer fechar, o toque de Manuela parecia acalmá-la mas a sensação de cansaço ainda continuava assim como o peito que descia e subia varias vezes seguidas buscando o ar que já parecia a alcançar.
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Rachel se levantou com a ajuda de Manuela sentia seus joelhos cederem e colocou o peso todo na morena que lhe segurava forte.
-- Desculpa – disse de forma baixa e puxou mais um pouco o ar, a respiração estava quase voltando ao normal – me senta no chão... eu não consigo ainda.
-- Eu te levo não se preocupa – respondeu a encarando e apertando de leve em seus braços, a segurando firme.
A aproximação dos rostos estava agora quase tirando o ar de Manuela, ela então balançou a cabeça e levou a garota até a cama a sentando e logo depois a ajudando se deitar e tirou seus sapatos.
-- Pode me dar água? – Rachel pediu bastante baixo fechando os olhos já conseguindo controlar a respiração.
-- Já volto.
Manu se afastou e foi buscar a água para a garota.
“Eu vou te matar Amanda, como me deixa ficar no quarto da sua amiga e nem me avisa que ela tem asma? Ela devia ter me avisado! Você também Rachel.” Pensava pondo a água no copo e indo levar para a morena.
“Eu não sabia que ela era asmática, a garota quase morreu na minha frente e... que diabos eu estava fazendo com a bombinha dela? Alias aquela nécessaire não é minha... droga Manuela você pegou a nécessaire errada, aquela era da Rachel... eu não acredito que eu fiz isso”
Seguiu pensando até entrar no quarto e ver a garota que ainda tinha um semblante pálido.
Aproximou-se e sentou na beirada da cama.
-- Sua água.
-- Obrigada – agradeceu se levantando um pouco e pegando o copo que era oferecido.
Bebeu devagar a água de olhos fechados e quando os abriu viu Manuela sentada do seu lado que lhe observava.
Respirou fundo sentindo um frio na barriga.
-- Eu não sabia que você tinha asma – Manuela disse assim que a viu terminar de beber a água e já respirar mais suave – se sente melhor?
-- Sim, obrigada – devolveu o copo – quase ninguém sabe.
-- Você me assustou, devia ter me contado, sei lá todos devem saber para caso aconteça isso com você possam agir rápido – dizia com a voz calma a observando.
-- Não, por favor, não conta pra ninguém.
-- Qual o problema de saberem? – Manuela perguntou sem entender vendo o semblante da garota que se assemelhava a amedrontado.
-- Não preciso que saibam que sou doente Manuela, por favor não fala nada – pediu com a voz baixa e sem encarar a morena – por favor.
-- Não vejo nada demais Rachel... – ia falando quando viu o peito da garota de cabelos castanhos se elevar mais como se ela quisesse começar a buscar o ar – Eu não vou falar nada esta bem? Se acalme.
-- Obrigada, me desculpa por te assustar.
-- Tudo bem, agora descansa, você ainda esta pálida – deixou o copo ao lado da cama e pôs a mão no rosto de Rachel a observando – sua boca não esta roxa como antes.
-- Eu estou melhorando, só sinto moleza.
-- Então descansa, eu vou ficar na sala – disse se levantando da cama e pegando o copo, por impulso deu um beijo na testa da garota em um gesto de carinho como se já se conhecessem e tivessem algum apreço uma pela outra – qualquer coisa me chama.
Quando ia se afastando sentiu seu braço ser segurado.
-- Não me deixa aqui não, por favor – Rachel pediu fazendo uma carinha que apertou o peito da morena – fica aqui comigo Manu, por favor... eu não quero ficar sozinha.
-- Vou levar o copo e já volto.
Manu saiu deixando Rachel ali a olhando, não entendia o porquê de Rachel a querer por perto, elas se odiavam certo? Ela devia é pedir para que ligasse para Amanda, ou até mesmo para a recepcionista... aaah a recepcionista, sentia raiva quando lembrava daquela mulher, dizia a si mesma que o motivo era ela ter lhe negado um quarto no hotel.
Afastou os pensamentos deixando o copo na pia e voltou para o quarto.
Rachel tinha os olhos fechados e apesar de ainda estar um pouco pálida sua feição era melhor, ela parecia uma criança, pareceu mais uma criança indefesa quando a pediu para ficar no quarto com ela, não pode deixar de sorrir ao se lembrar da carinha que a garota fez.
Se aproximou devagar para não fazer barulho caso ela estivesse dormindo, se sentou do outro lado da cama.
-- Deita aqui – Rachel chamou com a voz baixa batendo ao seu lado.
Sentiu Manuela se deitando e se aproximou com seu corpo a abraçando, pouco se importava se seria repelida ou que Manuela não quisesse aquele contato. Ela precisava de Manuela próxima de si, isso a acalmava, assim como lhe ajudou com a crise.
-- Me deixa ficar aqui – falou passando um braço pela cintura de Manuela e encaixando seu rosto no pescoço da morena. E escutou uma resposta baixa.
-- Fica
Manu começou a acariciar com uma mão de leve o braço que lhe envolvia a cintura, e com a outra mão os cabelos castanhos de Rachel que escondia o rosto em seu pescoço.
Podia sentir a respiração da garota em seu pescoço, era uma sensação gostosa tê-la assim sem arrogância, sem brincadeiras de mau gosto, sem gracinhas ou ironias. Simplesmente assim, sem armas.
Rachel também aproveitava as sensações que Manuela lhe causava, jamais poderia se imaginar sentindo essas coisas que estavam a perturbando, por que estava se sentindo tão bem assim ao lado da morena ao ponto de querê-la perto... bem perto?
Se fazia essa pergunta mas não encontrava a resposta, só sabia que não se privaria de se sentir assim.
Se sentir bem ao lado da morena.
Sentia cada toque em seu braço e a leve caria em um cafuné em sua cabeça.
Sentiu a mão de Manuela que acariciava seus cabelos descer um pouco próximo sua nuca e sentiu de imediato um grande arrepio em seu corpo todo, o que a fez fechar as mãos em um punho e apertar seu corpo mais ao da morena e soltando a respiração que prendera assim que sentiu o forte arrepio.
-- Você quer que... – Manu ia dizendo quando se travou.
Manuela ao sentir a respiração forte de Rachel no seu pescoço próximo ao seu pé do ouvido também se arrepiou e recebeu o aperto que Rachel lhe deu.
-- Quer que eu ligue para a Amanda? – terminou de fazer a pergunta querendo disfarçar o arrepio que sentiu.
-- Não! – respondeu rápida e com a voz elevada, se aproximou mais do pescoço de Manu quase roçando a boca nele e baixou a voz – não preciso da Amanda.
-- Não? – perguntou também com a voz baixa sentindo o calor da boca da morena em seu pescoço.
-- Não – respondeu subiu um pouco a boca para perto do ouvido de Manuela que estava imóvel, até a caricia que recebia em seu braço a morena tinha parado, então falou de forma sussurrada – só preciso de você.
-- Eu... eu to aqui – Manuela disse em um suspiro e afastou um pouco a cabeça para que a boca de Rachel não encostasse em seu ouvido, aquilo seria demais.
Rachel percebendo a sua resistência se abaixou um pouco mais e voltou a posição anterior ainda escondendo o rosto no pescoço da morena, mas sem encostar sua boca nele.
Um tempo depois quando ambas estavam em um silencio incomodo Rachel tentou quebrá-lo puxando qualquer assunto que fosse.
-- Pegou um quarto com cama de casal sendo que só ficaria você, ou pretendia trazer alguém? – acabou perguntando por impulso e viu Manuela abrir um sorriso divertido e acabou sorrindo também reparado como sua pergunta tinha saído.
-- Eu gosto de espaço, em camas de solteiro eu sempre acordo no chão.
-- Hum então você é espaçosa? Eu não percebi quando dormimos juntas.
-- Ah claro que não, você é mais espaçosa que eu – zombou – sem falar que me espremia assim como esta fazendo agora.
-- Eu não... – ia dizendo quando percebeu que realmente estava espremendo a garota já que seu corpo estava praticamente sobre o dela – desculpa, eu nem percebi.
Fez menção de se afastar mas foi impedida por Manuela que segurou seu braço a mantendo naquela posição.
-- Fica assim, esta gostoso – falou de repente e quando percebeu o que tinha dito abriu a boca de leve sem saber o que falar para consertar.
-- Gostoso? – Rachel gostou do que ouviu e sorriu de boca aproveitando para implicar com a garota e deixá-la sem graça – quer dizer então que esta gostoso ter meu corpinho assim com o seu dona Manuela?
-- Aff fica quieta Rachel, eu... eu me expressei mal, foi isso.
-- Hmm sei – zombou rindo, aproximou mais o rosto do pescoço da garota e respirou o perfume que vinha dali – também acho gostoso Arisa.
-- Para de me chamar assim.
-- Desculpa – disse quando percebeu a voz chateada da morena – não te chamo mais assim.
Manuela voltou a acariciar o braço que envolvia sua cintura e os cabelos castanhos da garota.
Nenhuma das duas podia negar que aquele contato era gostoso, ficar somente as duas assim era muito bom, mas por que isso?
Ambas se faziam essa pergunta sem conseguir respostas.
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Amanda saiu do quarto de Rachel praticamente arrastando Júlia, esta se soltou do aperto em seu braço e viu a ruiva a encarando.
Amanda começou a andar sem falar nada e foi para o quarto sendo seguida por Júlia. A loira sabia que a namorada estava brava consigo por sua reação com Rachel, mas foi mais forte do que ela.
-- Amor?... amor! Amanda não faz assim – pediu pegando em seu braço e a fazendo encará-la – me desculpa eu sei que exagerei, mas sua amiga me tira do serio.
-- Isso não é desculpa Júlia, se pudesse você tinha batido na garota mesmo sem ela ter te feito nada.
-- Ah sem ter me feito nada? Isso é uma piada? – a encarou e perguntou como se zombasse.
-- No momento ela não te fez nada Júlia.
-- Ela esta se aproximando da Manuela para me irritar Amanda, ela sabe que eu não gosto dessa aproximação das duas, faz só para me irritar, e deve ter feito algo para a Manu ter deixado o quarto.
-- Para de paranóia Júlia! – disse se afastando – Manuela é bem grandinha e não precisa que você fique a defendendo, se Rachel esta se aproximando é porque ela esta deixando, não tente tirar a culpa da sua amiguinha pois se a minha amiga tem culpa a sua também.
Sentou na cama ligando a televisão e cruzou os braços olhando para frente, mas não estava prestando atenção em nada do que estava passando, apenas queria controlar sua irritação e não discutir mais com a loira.
Júlia escutou o que a namorada falou e ela realmente tinha razão, se Rachel estava se aproximando de Manuela era porque sua amiga estava dando abertura, mas mesmo assim ainda achava que Rachel não prestava para a sua amiga, não podia deixar de querer defende-la.
O silencio entre as duas era incomodo, a ruiva tinha a expressão fechada e mantinha os braços cruzados sem a olhar nem uma vez sequer, como ela se levantou para ir ao banheiro e voltou sentando no meio da cama ainda sem olhar a loira, Júlia aproveitou e subiu na cama, sentou-se atrás de Amanda se encaixando nela e levando os braços na cintura da namorada para que ela não saísse.
-- Não vamos ficar assim vai?
-- Eu não quero falar com você agora Júlia – disse ainda de braços cruzados, mas deixou-se ser abraçada.
-- Ta, não fala então, mas me beijar será que rola? – perguntou sorrindo e se aproximando um pouco mais beijando o pescoço da ruiva.
-- Não rola – disse ainda seria.
-- Poxa, ta bom então, não me beija, deixa que eu te beijo.
Dizendo isso deitou puxando a ruiva que ainda estava de costas para si, mas esta se soltou levantando e sentando de novo.
-- Eu disse não. – continuou seria e sentou novamente na cama cruzando não só os braços como também as pernas na forma de índio.
Júlia levou as mãos até o rosto prendendo sua irritação, isso tudo por causa da Rachel.
Respirou fundo e tentou novamente.
Se aproximou e sentou perto da namorada dessa vez ao lado dela.
Devagar foi se aproximando até chegar seu rosto no pescoço da ruiva.
Amanda via aquela aproximação e não fez nada, queria ver até que ponto a garota seria insistente, já tinha dito que não queria nada, ainda continuava irritada, mas deixou a aproximação da loira.
-- Amor? – Júlia chamou com a boca bem próxima ao ouvido da namorada que continuava irredutível sem lhe olhar.
-- Hum?
-- Olha pra mim.
-- Estou ocupada vendo TV.
-- Não ta não, vai – se aproximou mais e deixou um beijo molhado no pescoço da ruiva.
-- Estou sim, deixa de ser insistente.
-- Tenho esse defeito você não sabia? – ao falar se levantou e sentou no colo de Amanda enlaçando sua cintura com as pernas.
-- Júlia sai, eu estou assistindo televisão!
-- Prometo não atrapalhar – disse se fazendo de inocente – só deixa eu ficar assim.
Aproximou mais a boca do pescoço da ruiva e a viu dar espaço inclinando um pouco a cabeça de lado, mesmo que ela dissesse que não, seu corpo falava sim.
Passou a língua do pescoço indo para a orelha, percebeu ela prendendo a respiração, então com uma das mãos prendeu os cabelos ruivos entre os dedos e deu um leve puxão a fazendo inclinar mais a cabeça e dando espaço para sua exploração do pescoço e orelha, logo puxou mais o cabelo dela para que a encarasse a aproximou as bocas.
Sua outra mão foi para debaixo da blusa que Amanda usava e começou a passear por la devagar.
-- Júlia... – já dizia baixo e entregue, sem esperar a boca da loira se encaixou na sua em um beijo longo e desejoso, ela quase a engolia.
O beijo foi ficando mais intenso junto das caricias, quando foram interrompidas pelo toque de um celular.
Fim do capítulo
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