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No meio de tudo, Você. por JuliaR

Ver comentários: 4

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Palavras: 3181
Acessos: 5054   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 7

Nem preciso dizer que me encontrava a flor da pele desde o momento em que tinha combinado com Letícia de sairmos juntas à noite, se fosse em outra circunstancia, se não sentisse todo o interesse que de fato degustava, não haveria nada demais em sair com uma ‘tia’ como se fossemos boas amigas.

Mas não éramos amigas, a cada gesto, palavra, olhar que ela me lançava me faziam ter um presságio do que aconteceria horas mais tarde. Já não sentia mais aquela sensação de insegurança, de inocentemente achar que tudo não passava de fantasias minhas, Letícia tinha deixado claro o que queria e não poderia negar para mim que ansiava o mesmo.

Eu queria tanto quanto ela, não vou ser hipócrita ao ponto de me enganar sobre o que sentia, me interessei por ela desde o primeiro olhar, a primeira vista, mas isso não era minha maior preocupação, interesses são naturais da própria essência humana.  O meu verdadeiro receio eram as proporções que aquele ‘’interesse’’ estava tomando, se agigantando em meu coração, ocupando espaços vazios, fazendo-me sentir o que nunca antes experimentei por alguém.

‘’Um alguém que pertencia a outro alguém’’ –pensei

E aquilo martelava em minha mente, saber que no fundo ela era dele, e eu não poderia mudar isso. Estava deitada em minha cama, olhando o teto branco e refletindo sobre as atitudes delas...sobre minhas atitudes diante daquilo. Ironicamente eu que sempre fui tão certa, e reprovava qualquer atitude que fugisse do campo ético e moral, estava cada vez mais envolvida  com uma pessoa comprometida, além de tudo mulher. Mulher do meu tio.

Estar com Letícia, era como estar caminhando em uma linha imaginária entre o certo e o errado, entre razão e coração.

Eu queria, mas não devia.

Ansiava, mas não podia.                                                                                                                  

A tentação de estar ao seu lado, sentindo seu cheiro, ouvindo sua risada rouca era maior que qualquer resquício de racionalidade que poderia ter.

Olhei por relógio e só então me dei conta que já se passavam das 22:00, era hora de me arrumar, já que Letícia tinha insistido que fôssemos a 23:00.

Eu poderia escolher qualquer roupa, uma mais despojada, que não despertasse tanto interesse dela, mas além de não ser meu estilo, ainda queria impressioná-la, queria que ela gostasse de mim, me achasse atraente. Desejasse-me.

Peguei o vestido mais lindo do closet, devo ter passado algumas dezenas de minutos para escolhe-lo, mas tinha a certeza que tinha sido o melhor para a ocasião. Ele era preto com detalhes brancos, o salto era preto agulha, nada muito vulgar, mas era acima do joelho e ficou colado no meu corpo, era um vestido tubinho que realçava meus seios. Nunca tinha me vestido assim, nem mesmo para Bernardo.

Caprichei na maquiagem, escura, mas não tão pesada, o ideal para sair a noite, o cabelo deixei solto, só usei um pouco de fixador para deixar os fios mais comportados.

Para finalizar borrifei um pouco de perfume.

Sai do quarto e nem precisei dar-me o trabalho de ir atrás dela, já que a encontrei no corredor avulsa, parecendo me esperar, o barulho do meu salto enquanto caminhava a fez despertar dos pensamentos e olhar em minha direção.

Sorri para ela, tímida enquanto nossos olhares se fixaram

--Uau! –Ela falou me olhando dos pés a cabeça.

--Oi...

Não podia negar que também estava surpresa em vê-la, estava simplesmente maravilhada com a minha visão, Letícia era tão linda que chegava a me doer o coração. Usava uma saia colada ao corpo branca e uma blusa de seda preta, os cabelos soltos em cascata davam ainda mais charme ao seu look

--Simplesmente linda, sobrinha.

--A senhora também.

--Nossa, me arrumo toda para parecer tão jovem quanto você, e ainda me chama de senhora!–falou fazendo uma cara engraçada

Sorri e ela me acompanhou.

--Vamos?

--Claro.

 

Saímos de casa e fomos em direção a garagem pegar meu carro, destravei a porta para abrir.

--Se preferir, eu posso dirigir...—

--Está insinuando que não sei dirigir?

Ela sorriu entrando do lado do passageiro.

--Imagine, confio em você de olhos fechados.

--Percebi.

--Seu carro é lindo, aliás, é o carro mais limpo e cheiroso que já entrei. –

Ela falou sorrindo para mim enquanto eu tirava o salto para dirigir melhor. Liguei o carro em direção a saída da casa.

--Se importa se eu escolher o lugar para onde a gente vai?

--Depende de qual lugar...

--Segredo!

Letícia logo pegou o celular e foi me dando as coordenadas pelo GPS, dizendo qual caminho deveria seguir, vez ou outra ela dava uma risadinha me deixando mais curiosa ainda sobre os planos que ela teria.

--Sorrindo do quê, posso saber?

--De felicidade, afinal estou feliz por estar saindo com minha sobrinha, não posso?

Quando chegamos não contive a surpresa ao ver o local onde iríamos ficar, olhei incrédula para Letícia.

--Uma boate alternativa?

--O que tem? –me olhou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

--Nunca entrei em um lugar assim.

--Tudo tem sua primeira vez, não é verdade? –falou me olhando enigmática

--Nem tudo...

--Vamos entrar logo, antes que fique lotada.

Descemos do carro após ter sido deixado no estacionamento, fiquei meio desconcertada pois andava ao lado de Letícia, e ela ainda fazia questão de por a mão na minha cintura enquanto caminhávamos em direção a entrada. Já adentrando no espaço percebi que se tratava de um ambiente duplo, em baixo  pista de dança grande e um bar coletivo figuravam, já na parte de cima era uma espécie de camarote bem menos pessoas, com uma pista de dança pequena e um bar e garçons servindo as mesas.

--Quer subir? –Letícia perguntou ao meu ouvido, devido a musica alta

Meneei a cabeça afirmando, ela então me puxou pela mão e falou com o garçom entregando o cartão de crédito, que logo após liberou nossa entrada.

Subimos, e lá de cima vimos que o ambiente era bem mais reservado, eu diria até romântico visto a quantidade de casais que se encontravam lá. Homens dividiam mesas com homens, e mulheres com mulheres. Olhei com estranheza para Letícia enquanto escolhíamos uma mesa.

--Só tem casais aqui...

Letícia ainda olhava concentrada o cardápio, mal ligando para minha observação, só soltou um sonoro:

--Hum, sim. Quer beber algo?

--E você acha isso normal? Nós duas no meio de tantos casais, vão pensar que a gente...

Ela então tirou a atenção do cardápio, e pediu ao garçon dois martinis. E me olhou carinhosa, segurando minhas mãos por cima da mesa e fazendo um carinho gostoso.

--Porque não relaxa um pouco? Estou tão contente por estar aqui contigo. Só nós duas. E não quero que se sinta desconfortável, mas se realmente não tiver gostado e quiser procurar outro lugar ou mesmo ir pra casa, eu vou com você pra onde quiser.

Derreti, né?

Ela sabia como me conquistar, isso era fato. A cada palavra carinhosa, um frio na barriga.

--Quero ficar com você aqui.

Ela me deu um sorriso aberto, me desconcertando. Só então percebi o sentido dúbio di qual ela interpretou o que eu disse.

--Quero ficar aqui em sua companhia, isso que quis dizer

Ela fez um biquinho lindo, o que fez meu coração vibrar ainda mais.

--Já estava ficando feliz.

O garçon logo nos interrompeu colocando sobre a mesa duas taças de Martini.

--Desculpe a indiscrição, senhorita. Mas você é maior de idade? –falou ele olhando diretamente para mim, enquanto Letícia sorria. Debochando.

Não estava acreditando naquilo, mas acabei abrindo minha bolsa e levando a carteira de motorista para ele. Que logo constatou minha idade e se desculpou mais uma vez pela inconveniência.

--Imagine, ela parece mesmo um bebezinho mesmo. –Letícia ria sem parar me olhando divertida.

Se aquela risada não fosse tão gostosa ousaria dar-lhe um tapa, por fazer minha vergonha aumentar. Revirei os olhos, incomodada por ser alvo de tantos risos.

--Ai, não fica brava comigo, vai?

--É um absurdo, primeira vez que isso acontece.

--Posso ver sua carteira?

Entreguei a ela, que parecia observar com atenção.

--Só você mesmo pra sair linda em uma foto 3x4...

--Obrigada.

Bebemos o Martini calmamente, enquanto a musica que soava no ambiente era ótima, alternava entre anos 80 e 90, e eu que apesar de ter estranhado e ficado até desconfortável no inicio começava a relaxar com aquele som que parecia me transportar para décadas atrás.

--Adoro essa, dança comigo?

--Agora não, dança você. Te espero aqui.

Ela foi para pista de dança enquanto tocava Depeche Mode, fiquei observando-a caminhando para a pista de dança, a forma com que ela dançava era sexy demais, charmosa demais, e era uma exímia dançarina.

Em meio as outras pessoas, ela parecia se destacar mesmo alheia a todos, dançando de olhos fechados, estava arrancando olhares não só meus, mas de outros que presenciavam a cena o que me incomodou. Como se sentisse que era observada, virou para mim e abriu os olhos me olhando.

Ela sorriu.

Sorri para ela também.

Ela beijou sua própria mão e assoprou na minha direção, como se ‘’enviasse’’ um beijo. E com um simples gesto desse fez com que eu flutuasse, levando meu pensamento para outra dimensão. E cada gesto tolo, me davam ainda mais vontade de seguir em frente, arriscar. Me deixar levar pelo mar azul dos seus olhos.

Ainda olhando ela dançar, vi que uma morena se aproximava dela, sussurrando algo em seu ouvido e Letícia sorriu para ela.  Senti meu sangue ferver com aquela cena, a morena também sorria abertamente pegando na cintura de Letícia enquanto conversavam ao ‘’pé do ouvido’’.

Raiva era a definição perfeita do que eu estava sentindo naquele momento, a vontade que tinha era de ir lá separar aquelas duas nem que fosse no tapa. Minha raiva ainda aumentou quando Letícia apontou para mim e a morena deu uma risada  e comentava algo em seu ouvido.

Deveria estar caçoando de mim, no mínimo teria dito para ela que eu era sua sobrinha e estava acompanhando, só em pensar naquilo me faz ter um incomodo incomum. Estava chateada com Letícia por estar com ela, não comigo. Por preferir a companhia dela. Não quis mais olhar aquela cena, virei o rosto e pedi um bebida para o garçon que prontamente trouxe. Devo ter bebido tudo num gole só, tamanho nervosismo com a cena.

Demorou pouco e senti um abraço por trás e seu perfume invadiu enquanto sentia seus lábios na minha orelha.

--Dança comigo, meu amor?—falou beijando minha orelha

Não queria transparecer meu desconforto, mas não me contive.

--Chama sua amiga pra te fazer companhia, Letícia.

Ela saiu de trás de mim e se pôs na minha frente, e para minha surpresa sentou nas minhas pernas de lado, fazendo carinho no meu rosto e sorrindo.

--Você faz uma carinha deliciosa quando esta com ciúmes. Dá vontade de encher de beijos.

Fiquei calada diante da investida dela, na tentativa de fingir que era indiferente aos seus toques, Letícia então tocou meus lábios com o dedo indicador e fez todo o contorno, olhando fixamente para minha boca enquanto passava a língua lentamente nos seus próprios lábios.

--Posso te contar um segredo? –me perguntou enquanto mordia os lábios

--Diz...

Ela tirou uma mecha no meu cabelo e sussurrou no meu ouvido:

--To louca pra te beijar. Deixa?

--Aqui não...—falei me arrepiando inteira.

Ela me olhou surpresa.

--Em outro lugar, então...

Apenas balancei a cabeça afirmando, ainda hipnotizada pelo seu olhar. Encantada por cada toque, ela me sorriu enquanto estávamos a centímetros de distancia e deu um beijo na pontinha do meu nariz.

--Agora vem dançar comigo. É um ordem. –Falou me levantando pelas mãos

Suspirei, me sentia tímida dançando com ela. Na verdade nem sabia se era realmente timidez ou receio de perder o autocontrole pela proximidade que meu corpo se encontrava do dela, e ela sabendo do me atingia provocava ainda mais dançando com o corpo próximo ao meu.

A musica eletrônica facilitava a aproximação de Letícia, que fazia questão de colar no meu corpo, suas pernas expostas pela saia curta se encostavam a minha descoberta pelo vestido, vez ou outra colocava a mão na minha cintura, barriga. Sorria pra mim de forma safada, tentava aproximar sua boca da minha.

Eu desviava. Ela insistia.

Nós duas riamos desse jogo.

--Adoro um doce.

Sorri. E assim se foi com as cinco ou seis musicas que se seguiram, até falar pra ela que estava cansada e queria voltar a mesa.

--Você é muito fraquinha.

--Você que tem fôlego demais.

Sentia meu corpo quente, mesmo com a boate climatizada ainda sentia calor, fiz um coque no meu cabelo enquanto era observada atentamente por ela que me olhava intimamente.

--Que foi?

--O que?

--Me olhando assim.

--Planejando o que farei mais tarde, talvez... – piscou o olho para mim.

A cada investida dela eu bebia um pouco mais, como se aquilo amenizasse minha apreensão.

Um, dois, três goles e quanto mais bebia mais Letícia parecia se divertir.

--Bebendo assim pra criar coragem, é?

Quase pulei da cadeira quando senti  suas pernas encostem as minhas por baixo da mesa, subindo e descendo, fazendo-me arrepiar inteira. As cadeiras por serem altas, e a mesa por ser pequena, facilitavam o movimento ousado, ao mesmo tempo em que suas pernas bailavam junto as minhas, seu olhar permanecia estático diante do meu. Aquele olhar safado me fazia acender inteira.

Fomos interrompidas pelo garçom que trouxe junto com a bebida um bilhete para mim, dizendo ter sido mandada por uma mulher. Li e me surpreendi com o que havia escrito:

Numa multidão de olhares anônimos o seu fascinante me chamou atenção.
Assim é o seu olhar, tem o brilho ofuscante
tem algo de diferente, finge ser indiferente quando cruza o meu.
Me dá o prazer de ver-te de perto?

Por mera curiosidade perguntei quem era, ele logo apontou para uma loira no canto do bar que me sorria simpática, e eu já desconfiava que fosse ela pois desde que adentrei naquela boate ela me olhava fixamente. Era de fato uma mulher linda, aparentemente mais velha, senti meu ego deleitar diante do interesse dela. Porém estava com Letícia e não iria ser deselegante ao ponto de me deixar levar por uma desconhecida que apesar de linda, não fazia meu coração bater como a mulher a minha frente.

Falei no ouvido do garçom para que agradecesse a ela pela gentileza, mas que estava acompanhada.

--Vamos para casa? –Letícia falou com uma voz seca.

--Já? Ainda nem são 3:00 e...

--Estou cansada, quero ir.

--Tudo bem. Vamos.

Pagamos a comanda e antes de sair ainda tive tempo de ver a mulher do bilhete me sorrir e acenar se despedindo, sorri de volta para ira de Letícia. Chegamos ao estacionamento sem dizer qualquer palavra, Letícia apenas bufava e trincava os dente parecendo segurar algum palavrão, não posso negar que aquilo me divertiu, era bom fazê-la sentir na pele o que eu havia experimentado horas mais cedo.

Destravei o carro ela tomou as chaves da minha mão e entrou do lado do motorista,  não me restando outra alternativa a não ser entrar do lado do passageiro, ela bateu a porta com força, arregalei os olhos olhando-a que ignorou totalmente minha surpresa, coloquei o cinto e pedi pra que ela fizesse o mesmo.

--Pra que? –perguntou toda emburrada enquanto ligava o carro

--Pra sua segurança, obvio.

--Segurança é tudo que você não pode oferecer.

Olhei para ela magoada, não gostei em nada do que ela me disse, o tom duro em que suas palavras sairam não lembravam em nada a forma doce da qual ela sempre falava. Eu poderia revidar dizendo que a segurança que ela queria só o meu tio poderia dar, mas optei por ficar calada, não queria prolongar, nem falar algo que pudesse me arrepender depois. Fiquei olhando distraída a paisagem da janela, as centenas de carros passando pelos viadutos, os prédios com as luzes acesas...

--Perdão.

--Ta. O que deu em você?

--Ciúme.

Olhei-a incrédula.

--Ciúme de quê?

--De você.

Ela falava apertando as mãos no volante, seu olhar ganhou tons avermelhados, parecia exasperada, descontrolada, tensa. Falava mecanicamente, e eu tentava absorver aquelas palavras com dificuldade.

Não dissemos mais nada no trajeto até minha casa, o silencio imperava em meio ao barulho das rodas sobre o asfalto e as buzinas dos outros carros, liguei o som e por um segundo quase me arrependi, ao ouvir a musica. Fiz menção de desligar, quando Letícia pediu docemente:

--Deixa.

(...)

So good on paper/É tudo tão bom na teoria

So romantic/ Tão romantico

But so bewildering/ Mas tão assustador

 

I know nothing stays the same/Eu sei que nada permanence a mesma coisa

But if you're willing to play the game/ Mas se você estiver com vontade

It's coming around again/ Tudo pode acontecer novamente

So don't mind if I fall apart/ Então não se importe se eu cair aos pedaços

There's more room in a broken heart/ Pois há mais espaço num coração partido

 Carly Simon – Coming Around Again

Ela acompanhava a musica cantando baixinho, sua voz era ainda mais linda quando cantava, de certo deveria ter feito aulas de canto, pois seu cântico era de uma entonação ímpar.

 

Chegamos e Letícia pôs o carro na garagem sem nada dizer, estacionou. Seu olhar agora era triste e olhava fixamente para a direção, no fundo eu sabia que era para não me olhar, e eu não queria tornar aquele momento mais constrangedor fiz menção de sair quando senti sua mão segurar a minha, me puxando delicadamente.

--Não suporto a idéia de você se interessar por outro alguém.

Ela disse isso me olhando, eu via sinceridade em seus olhos, que apesar de tristes estavam mais lindos ainda, a simples idéia de que  me quisesse somente para ela fazia subir um frio na barriga, uma sensação gostosa de ter um sentimento recíproco. Olhar naqueles olhos. Ver aquela boca vermelha entreaberta implorando pela minha.

Precisava senti-la.

Segurei sua face delicadamente entre minhas mãos enquanto a fitava intensamente, aproximei os meus lábios do seu queixo e depositei um beijo carinhoso, sentindo-a suspirar densamente, ansiosa para saber até onde eu iria.

--Não existe ninguém no mundo que me interesse mais que você...

E beijei aquela boca, que há tanto tempo ansiava sentir na minha, que ambicionava sentir o gosto.

E pela primeira vez em toda minha vida, não me arrependi de ter seguido meu coração.

 

 

** *

No nosso amor, tu dás-me a mão e eu coro; convidas-me para sair e eu hesito; brincas com os meus caracóis e eu gosto; bebemos chá e ficamos ébrios; passeamos à beira-rio e pode ser que nos beijemos. No nosso amor, não somos só amantes, mas somos cúmplices. E companheiros. Olhas para mim e lês-me nas entrelinhas. Olho para ti e sei-te de cor. Sorrio e mergulhas nesse sorriso. Abraças-me e absorves-me inteira. Dizes-me «amo-te» e eu acredito.

O amor que me ensinaste é puro, é natural, é biológico, sem corantes nem conservantes. Mas deixa-me contar-te um segredo: nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; o nosso amor, ainda encanta!

 

 

Ana Rita da Silva Freitas Rocha, em 'Textos de Amor – Museu Nacional da Imprensa'

Fim do capítulo


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Comentários para 7 - Capítulo 7:
rhina
rhina

Em: 23/12/2016

 

Estou pegando fogo.....que delícia 

ciúme na pitada certa. ...flertes......Caracas

rhina

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 02/11/2015

Ai 'gesuisssss', que lindas gente, que lindas! Esse ciúmes é gostoso de sentir em alguns momentos, com a pitada certa. Dá até um gostinho bom na relação e com as duas não e diferente. Essa tia é tudo! 

Responder

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NayGomez
NayGomez

Em: 29/09/2015

A lele com Ciúmes é um perigo neeh?! Mais o mais engraçado foi o garçom pedindo a identidade da Alice kkkkkkk que foda mew issookkk

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Maria Flor
Maria Flor

Em: 29/09/2015

Perfeito!!!!

Adorei tudo no capítulo! 

Muito bom!!!

Responder

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