Capítulo 34- Discussão
Isabella
Acordar Larissa não foi uma tarefa fácil, no fim das contas acabei por provoca-la, comecei beijando seu pescoço, só assim consegui faze-la despertar. Mas ela já estava acordada até demais, queria algo a mais. Só que não tínhamos tempo para isso. Ela ficou indignada por eu não ceder, no fim das contas acabei indo tomar banho sozinha.
Demorei para me arrumar, quando terminei e já ia chamar Larissa senti que ela estava ali, me virei só para comprovar o que meu corpo dizia. Ela me olhava sorrindo, era impressionante como eu sabia que seus olhos estavam sobre mim. Me elogiou e fez graça por eu estar linda. Tentou em vão me beijar, não iria deixa-la borrar meu batom e além do mais já estava ficando tarde. Foi tomar banho contrariada, eu escutei o barulho do chuveiro sendo ligado e lembrei do que ela havia dito que era torturante ficar só imaginando, antes que minha mente me traísse fui esperá-la na sala.
Quase uma eternidade depois ela surge no topo da escada, tão linda como sempre, acompanhei seus movimentos a cada degrau que era descido. Ela usava uma saia com a cintura alta, que ia até metade de suas coxas, e na parte de cima uma blusa vermelha que me parecia de seda, nos pés usa um scarpin preto. Não me contive e assoviei, fiz piada com o que Amanda tinha dito dela quando nos apresentou.
Hoje diferente das outras vezes que saímos o motorista que nos levou, chegamos rápido ao restaurante. Ruan já se encontrava ali, conversamos sobre tudo, até mesmo de filhos, o que me fez perceber que ele quis dizer que Larissa e eu teríamos juntas. Fiquei sem reação nenhuma, Lari segura minha mão tentado me acalmar, olho para ela e em fração de segundos sinto como se um cometa estivesse vindo em direção a terra. Caminhando em nossa direção vinham John e juntamente com ele Alana.
Não percebi que Larissa olhava para o mesmo lugar que eu, em minha cabeça só consegui pensar no que diabos ela fazia ali. Ela caminhava com um sorriso no rosto que me dava raiva só de olhar. Ruan se levanta e aperta a mão do homem.
- Olá John.
- Como vai Ruan, vejo que bem afinal acompanhado de duas belas mulheres que homem não estaria bem não é mesmo?
- Verdade, verdade, mas a mais bela de todas está esperando-me em casa.
- Sorte sua, deixe-me apresenta-lo a Alana Morais, minha assessora jurídica.
- Claro, muito prazer Alana, essa são Larissa e Isabella.
Ela me estendeu a mão esperando que eu a apartasse, demorei um tempo até que segurei sua mão. Podia jurar que eu estava tremendo, não por emoção ou por ela ainda mexer comigo, e sim pela surpresa dela está ali. Me falou sorrindo:
- Como vai Isabella?
Antes que eu pudesse falar algo John perguntou animado:
- Vejo que já se conhecem.
- Sim, mas é uma longa história. Muito prazer Larissa.
Disse isso já se voltando para Lari, que por mais que tenta-se disfarçar está desconfortável com a situação.
- Muito prazer Alana.
- Bem, vamos nos sentar.
Disse Ruan, John sentou ao seu lado, Alana ficou com a cadeira próxima a minha. Fiquei tensa, só me preocupava com o restante da noite. Larissa parecia em um outro planeta, minha preocupação só aumentou quando pensei se Alana iria comentar que nos vimos na segunda feira e pior ainda se ela tiver morando lá. Tomei o vinho que estava na taça todo de uma vez. Sentia o olhar de Lari em mim juntamente com o de Alana.
- Vocês irão beber algo?
- Sim claro.
Ruan chamou o garçom mais uma vez John e Alana, fizeram os pedidos. Lari segura minha mão e diz:
- Você está bem?
- Sim, claro meu amor.
Sei que ela não acreditou muito no que falei, me deu um sorriso forçado, apertando minha mão. Ruan e John conversavam sobre o projeto, Confesso que não prestei a mínima atenção no que os três conversavam, nem sabia do que se tratava o projeto, Lari sempre atenta a tudo, por fim depois que realmente estavam certos da parceria do contrato John falou:
- Bom, só será preciso montar sua equipe. Larissa, assim que Alana redigir o contrato poderemos marcar uma reunião para que você analise quem ficar responsável pela parte jurídica.
- Claro, na verdade será a Bella a cuidar disso.
Me olhou como se esperasse que eu me pronunciasse.
- Claro, talvez nem seja necessária uma reunião podemos tratar de tudo por e-mail.
- Ou posso simplesmente subir um andar e te entregar Isabella, já que estamos morando no mesmo prédio.
Larissa arqueou uma sobrancelha me olhando com uma cara nada amigável. Virei meu rosto em direção a ela, que desviou o olhar do meu. Tomou um demorado gole de seu vinho e ficou brincando com a taça em cima da mesa. John falou:
- Bom, já sabemos que meios de se comunicar não vão faltar. Proponho um brinde.
Levantou o copo, seguido por todos. Larissa não mais esbanjava aquela alegria, seus olhos estavam como quando eu a conheci, sem brilho nenhum.
- Que esse projeto seja um sucesso.
- A sua volta ao Brasil.
- Aos reencontros.
Alana falou tocando sua taça na minha, Larissa não deu uma palavra durante todo o restante do jantar, parecia perdida em seus pensamentos. Na mesa só se ouviam as vozes de Ruan, John e Alana. Conversando animadamente sobre várias coisas, depois de uma pequena discursão sobre quem pagaria a conta John acabou vencendo. O homem disse:
- Bem, foi ótimo conhecer vocês, melhor ainda ter fechado negócio.
- O prazer foi todo nosso.
Larissa disse em um fio de voz. Apertando a mão do homem, que me sorriu e disse de forma bem humorada:
- Foi ótimo conhece-la Isabella, espero arrancar da Alana a tal longa história.
Sorriu largo, logo depois Alana falou.
- Não se preocupe não direi nada.
- Ora Alana, não seja uma amiga que esconde as melhores histórias dos amigos. Bom foi um prazer pessoal, mas precisamos ir agora, ainda vamos a uma inauguração da uma boate de uma velha conhecida, estão convidadas para ir meninas, Ruan sei que não aceitaria.
Tudo o que menos queria era ficar mais tempo na companhia de Alana, por um momento pensei que Larissa iria aceitar o convite, ela disse com a voz suave.
- Agradeço o convite, mas tive um dia longo, tudo o que quero agora é minha cama.
- Nossa tão novinha e tão velha. E você?
Falou apontando para mim. Respondi segurando a mão de Lari.
- Obrigada, mas vou fazer companhia a minha namorada.
Sorri para Lari, que apesar de parecer triste me sorriu de volta.
- Bem, acho que seremos só nos dois Alana. Bem gente, manteremos contato. Até mais meninas, Ruan.
Nos despedimos do homem que deu alguns passos, Alana permanecia no mesmo lugar. Falou com Ruan, apertou a mão de Larissa, quando veio falar comigo deu um abraço que pega de surpresa acabei retribuindo sem entusiasmo, disse depois de me soltar.
- Foi ótimo te encontrar. Até mais pessoal.
E saiu rebol*ndo, não sabia decifrar o olhar de Larissa, ela parecia calma, não deixava transparecer seus sentimentos, Ruan pareceu perceber o clima que ficou depois que Alana me abraçou, disse tentando nos fazer sorrir:
- Bem eu preciso ir porque tenho dois pestinhas e uma donzela sozinha tomando conta deles.
Beijou Larissa no rosto e disse algo em seu ouvido, apertou minha mão e se retirou. Assim que estava distante me virei para Larissa tentando falar algo, o que foi cortado de imediato por ela.
- Agora não. Vamos embora.
Caminhou na minha frente, o motorista já nos aguardava, entramos no carro, ela manteve uma distância entre nós, fazendo com que eu sentisse um peso em meu peito. Percorremos o caminho inteiro em silencio, demoramos mais que o normal para chegar em casa, o trânsito estava infernal. Chegamos seguimos para a casa, ela se dirigiu ao bar, serviu uma dose de whisky, bebendo-a de um só gole em seguida. Se serviu de mais uma, só que dessa vez um pouco mais generosa.
Seu silencio estava me matando. Preferiria que ela estive gritando comigo do que ficar naquele silencio tão mortal. Passava os dedos na borda do copo, fitando o liquido que ali se encontrava, até que falou em um fio de voz:
- Quando você ia me contar.
- Lari eu...
Tentei uma aproximação que foi interrompida por um acenar de mão e logo depois falou:
- Eu posso ouvir você falar daí.
Engoli em seco, ela nunca tinha sido grossa comigo em nenhuma circunstância, me sentei onde estava antes, ela ainda mantinha os olhos fixos em sua bebida.
- Eu não sabia que ela estava morando lá. Só vi ela carregando umas caixas, que poderiam ser muito bem de outra pessoa. Na segunda quando ia deixar Nikki com a minha mãe nos esbarramos no elevador, estava com pressa para pegar a estrada.
- Por que não me contou quando chegou aqui?
Dessa vez ela me olhou nos olhos, de uma forma que me deu até arrepios.
- Por que não tinha e nem tem importância. Eu estava mesmo era querendo matar minha saudade de você.
- Serio? Como assim não tem importância. ISABELLA VOCÊ MUDOU DE COR QUANDO VIU ELA, QUASE QUEBRA MINHA MÃO DE TANTO APERTAR, E AGORA VEM COM ESSE PAPO DE QUE NÃO TEM IMPORTANCIA. ME POUPE.
Seu tom de voz denunciava o quanto estava irritada.
- Meu amor, ela não representa nada para mim, acredite. Só fiquei surpresa por ela está ali e...
- Com medo que ela comentasse que agora são vizinhas?
- Linda não é bem assim, eu ia te contar, só precisava ter certeza de que ela realmente iria morar ali.
- E COMO VOCÊ PRETENDIA DESCOBRIR ISSO? EIHM ISABELLA? NÃO, NÃO, JÁ SEI. VOCÊ IA BATER NA PORTA DELA E PERGUNTAR, ENTRAR E COLOCAR O PAPO EM DIA.
- Não claro que não. Na verdade não pensei em como descobriria isso.
Baixei a cabeça olhando para minhas mãos, ouvi o barulho do liquido sendo derramado mais uma vez no copo, logo depois ela bateu a garrafa com uma certa força na mesa. Caminhou lentamente até a janela, com uma das mãos na cintura deu um sorriso sarcástico.
- Sabe, me lembro bem de todas as coisas que você me disse quando eu não falei sobre Bianca tentar me beijar, seu show, suas grosserias, suas palavras que me magoaram. Sai da casa de seus pais decidida a não te procurar mais, não mesmo.
Ela deu uma pausa tomou um gole do whisky, eu sabia que ela tinha razão em ter ficado com raiva, eu deveria ter contato que tinha encontrado Alana, maldita hora para essa mulher reaparecer. Claro que eu não sentia mais nada por ela, agora precisava fazer Larissa acreditar nisso.
- Agora eu me pergunto se fosse você que estivesse no meu lugar hoje, o que você faria?
- Meu amor...
Se virando para mim ela falou com aspereza.
- Não precisa responder, eu tenho a resposta para essa pergunta. Bem, você me xingaria de várias coisas, falaria que eu não presto, que menti para você. Que sou igual a Alana. E me mandaria embora.
Já não havia mais nada em seu copo, ela sorri com tristeza e caminha em direção ao bar mais uma vez, já sentia uma certa dificuldade ao caminhar, o efeito do álcool era evidente. Tirou os sapatos com certa dificuldade, se serviu mais uma vez.
- Eu sempre fui sincera com você, não só com você, mais com todas as pessoas. Tive paciência fui devagar, assim como você me pediu, e agora cá estamos nós. Discutindo por conta de uma ex que se eu me lembro bem você ainda tem uma foto de recordação, e que para meu azar, se muda para o mesmo prédio que você.
Sabia que ela tinha visto a foto, não a guardei como uma recordação dela, e sim do dia em que adotei Nikki. Que por sinal foi a única fiel a mim. Não sabia o que falar, nem sei se devia já que sempre que tentava ela me cortava. Estava conhecendo um novo lado em sua personalidade, ela era um poço de paciência, mais quando estourava parecia uma pessoa diferente.
- Agora me pergunto, o que você quer de mim afinal? Se no fundo ainda vejo que Alana continua mexendo com você, se prefere esconder as coisas de mim, se não está sendo honesta comigo. Isabella preciso entender o que você quer de mim, o que você espera desse nosso relacionamento. Por que eu quis você desde que te vi de longe, te amei desde que você foi grossa comigo, preciso ter certeza que estamos querendo coisas iguais. Então o que você quer de mim?
Ela estava com a voz embargada, senti meu peito doer ao vê-la assim, não queria que ela duvidasse do meu amor, pensei então em como foram perfeitos esses dias que passamos juntas, no quanto ela me encantava ainda mais. Em como me senti feliz e amada ao seu lado. Caminhei em sua direção decidida em mostra-la o que quero para nós.
Fim do capítulo
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