Capítulo 5- Linda pressa
Larissa
Espreguicei-me na imensa cama, passei a mão em meus cabelos bagunçados, olho a foto na parede e sorrio. Sentia muita saudade deles. E acordar e ver aquela foto me deixa com uma sensação gostosa. Procuro meu celular, ainda é cedo. Resolvo não ficar na cama por mais tempo. Tomo um banho rápido, desço as escadas e vou em direção a cozinha. Susane e Zé estão numa conversa animada. Falam sobre alguém e percebo que eu era esse alguém. Assustam-se ao notar minha presença.
- Bom dia querida, estava ai a muito tempo? Indagou Suse com curiosidade e apreensão.
- O suficiente para saber que falavam de mim. Olho os dois com uma sobrancelha arqueada e cara fechada.
- Ora dona Larissa, estávamos falando de como a senhora parece mais feliz desde ontem. Pronunciou-se Zé em sua defesa.
- Isso mesmo. Falou Susane vindo em minha direção. A mulher me abraça com carinho e segue falando. Talvez sua estadia por aqui consiga colocar aquele brilho em seus olhos mais uma vez.
Dou risada do desconforto do homem ao acreditar que eu estava irritada. Abraço Suse, e digo para os dois:
- Já me sinto um pouco melhor, dormi sem nenhuma medicação. Não sei se as quase duas garrafas de vinho ajudaram nisso. Mas enfim, Milena já acordou?
- Não querida, ainda não vimos sinal dessa maluquinha. Mais conhecendo aquela como conheço daqui a pouco ela aparece por ai varada de fome.
- Verdade. Bom ainda tenho um tempo até o horário da reunião, vou comer algo leve e depois acorda Milena. Afinal depois da noite de ontem acho que ela não vai acordar sozinha.
Comi apenas um pouco de pão de queijo com uma xicara de leite com café. Embora minha adorável governanta tentar a todo custo me fazer comer um pouco mais. Digo a Suse que precisamos contratar funcionários para a casa. Não tinha como somente ela cuidar de tudo. Ela se prontificou a organizar e contratar os funcionários, assim que possível. Subo as escadas em direção aos quartos. Bato na porta do quarto de Mile, e ela não me responde. Resolvo entrar assim mesmo, e lá estava ela toda esparramada na cama, vestida em um micro baby doll de ursinho. E ainda por cima babava no travesseiro. Não me aguento tiro meu celular do bolso do short e tiro uma foto sua naquelas condições.
Ao ouvir os cliques da câmera do celular ela acorda. Me olha com uma cara de indignação e diz:
- Eu amo muito você, mas, juro que se você fez o que estou pensando eu te mato aqui e dou um jeito de esconder seu corpo.
Eu gargalho de sua ceninha boba e ela se irrita ainda mais. Falo:
- Eu sei que você me ama, e sim eu fiz o que você está pensando.
Ela já fazia menção de se levantar e tomar meu celular. Eu me afasto e continuo a lhe perturbar:
- Bem vi você ai com essas pernas lindas de fora, nessa roupa cheia de ursinho, e ainda por cima babando feito criança banguela e pensei bem isso daria uma ótima foto para o contato dela no meu celular.
Ela arremessa o travesseiro em minha direção e grita:
- Larissa Rodrigues, eu juro que se você ousar mostrar essa foto a alguém eu vou postar aquela sua vestida de paquita na minha página do facebook e ainda vou marcar você.
-Ok! Antigamente você tinha um senso de humor melhor. Agora é essa pessoa chantagista. Absurdo. Bom só vim te acordar porque sabia que você não conseguiria sozinha. Já tomei café agora vou me arrumar e em seguida vamos para a reunião. Por favor não nos faça chegar atrasadas. Amo vc. Até já.
- Vou agilizar as coisas para tentar não nos atrasar. Até já.
Depois de arrumar meu cabelo e fazer uma maquiagem leve fui até o closet escolher o que vestir. Coloco uma saia preta que fica um pouco acima do joelho, uma blusa de seda branca, e por cima o blazer da mesma cor da saia. E nos pés um scarpin também escuro. Odeio ter que me vestir dessa forma. Sempre preferia o conforto e nunca a formalidade. Mas essas vestimentas se fizeram necessária em meu guarda-roupa. Seguro a bolsa em uma das mãos e na outra o celular. Desci as escadas e fiquei a espera de Milena que pelo que me parecia iria se atrasar. Depois de quase meia hora ela desce as escadas e saímos rumo a empresa. Resolvo ir dirigindo. Deixei Zé a disposição de Suse, até que conseguisse as contratações dos funcionários.
Prestava atenção ao transito, e Mile parecia ansiosa. Mudava de música impacientemente. Parou ao ouvir a música “Todas as formas de Amor” de Lulu Santos. Começa a cantarolar baixinho. Enquanto eu vou batucando no volante. E de repente já estávamos fazendo quase um show particular. Fazendo caras e bocas enquanto acompanhávamos a letra da música. Já estávamos no estacionamento da empresa e começamos a gargalhar.
- Então chega de cantoria e vamos trabalhar né?
Disse para Milena que já retocava a maquiagem.
- Claro querida. Vamos sim.
Caminhamos lado a lado em direção a empresa sinto vários olhares em nossa direção. Milena que adora ser o centro das atenções cumprimentava a todos com um sorriso imenso. E eu continuava com minha melhor cara de “tô nem ai”. Logo chegamos a sala de reuniões. Vi que algumas pessoas já estavam ali. Olhei para o rapaz elegante que eu havia visto na noite anterior. Meus olhos correm ligeiros pela a sala a procura da obra prima que não me saia da cabeça desde ontem. Milena já estava de conversa com algumas pessoas. E eu observei o homem caminhar em direção a saída pela terceira vez seguida, com celular nas mãos. Foi então que me lembrei do meu celular e o procurei em todo lugar, não o achei. Me aproximei de Mile e perguntei:
-Milena você ficou com meu celular?
- Não Laris, deve ter ficado no carro.
-Então vou lá buscar rapinho. É o tempo que Ingrid aparece. De ter acontecido algo porque essa mulher nunca atrasa.
Sai em direção ao elevador. Já no estacionamento percebo uma criatura que parecia estar tendo um dia daqueles. Lutava com várias folhas que pareciam ganhar vida e quase correr da pobre mulher. Me sinto um pouco mal por ela e resolvo ir até lá. Quando estou em sua frente ela se vira rapidamente, acaba esbarrando em mim e cai sentada. Percebi que ficou furiosa comigo. E pelo jeito que berrou as palavras em minha direção não havia margens para dúvida. Ela estava imensamente vermelha de raiva. E eu a achei a coisa mais linda. Estendo minha mão para a estranha e ela não aceita, me chamou de maluca, diz que está atrasada e sai caminhando rapidamente em direção a empresa. Observo o corpo da mulher e percebo que era ela a dona da silhueta de ontem. Sorri ao constatar que eu realmente tinha uma queda por mulheres irritadinhas. Ela tinha uns olhos lindos, não soube definir se azul ou verde, pois ela não estava muito afim de me olhar.
E que rebol*do era aquele? Como ela conseguia ficar linda mesmo estando tão irritada? E o que eu tenho na cabeça para ficar encantada com uma mulher tão estressada e mal educada? Sorri mais abertamente ao pensar que todos esses defeitos só a tornavam ainda mais atraente. Com esses pensamentos quase esqueço de voltar para a reunião. Entro no prédio e meus olhos involuntariamente procuram por ela. Sem sucesso pego o elevador e vou pra a reunião. Ao entrar na sala Ingrid vem em minha direção cheia de sorrisos. Me elogia e me apresenta a todos.
- Pessoal essa é Larissa Rodrigues, e essa é Milena Brandão.
Não ouvi nada do que Milena começou a falar, meu olhar estava fixado em uma linda criatura que já parecia bem menos vermelha do que antes. Adquiriu um certo tom amarelado. Parecia sem graça por me ver ali. Eu sendo a dona da empresa e ainda por cima ela tendo me tratado daquele jeito, eu entendia suas constantes mudanças de cor. Mesmo assim não parava de olha-la e sorri. Era impossível parar de sorrir. Como pode uma criatura ser tão linda quanto ela? Seu amigo chamou sua atenção e ela parecia estar em outro planeta. Fiquei um pouco preocupada, só de imaginar que ela iria ter um treco ali. Ela então parece sair de seu transe e adquire uma postura extremamente profissional. Milena olha em minha direção e espera que eu continue algo que ela havia começado a falar. Corei rapidamente pois não prestei a mínima atenção ao que era dito naquele ambiente. Respirei fundo e Milena segura minha mão dando apoio. Sinto o olhar da mulher sobre nós. Olhando para a mão de Milena junto da minha, Levanto-me e começo a falar:
- Sei que vocês devem estar se perguntando o porquê de minha vinda pra cá tão repentinamente. Bem, acho que é apenas do conhecimento de alguns que fechamos um contrato com o advogado Dr. André Fontes, ele é um dos clientes mais antigos da empresa e está prestes a trazer uma nova filial do escritório para esta cidade. Ele estava muito preocupado que não houvesse um acompanhamento adequado para a construção e conclusão do projeto. Como Ruan não poderia se ausentar por tanto tempo de sua família e muito menos traze-los, eu me prontifiquei a tomar conta do projeto. Alguma dúvida?
O homem ao lado da marrentinha diz:
- E porque o cliente não confiou na nossa competência? Eu sou o engenheiro daqui e fiz vários projetos importantes. E em nenhum tive problemas até hoje.
- Como se chama?
- Benjamim Alencar.
Respondeu pausadamente o homem.
- Benjamim, ele tem todo direito de desconfiar e querer que esse projeto seja meticulosamente verificado. Não pense que por ele pensar assim, eu também desconfio da capacidade e competência de vocês. Sinto-me segura em saber que a empresa caminhou tão bem todo esse tempo. Mesmo sem minha presença constante aqui, Mais alguma dúvida?
- Dra. Isabella, quanto tempo será a duração desse projeto?
Sorri para a mulher agora sabia seu nome. E como era Bela, pensei e dei meu melhor sorriso em sua direção. Porque diabos eu não parava de sorrir pra ela? Respondo sua pergunta
- Dra. Isabella o contrato está previsto para ser executado dentro de um prazo de seis meses. E como com a senhora é do jurídico me prontificarei que receba o contrato para analisar.
Depois de mais alguns assuntos, a reunião foi encerrada. Todos saiam da sala e meus olhos seguiram a mulher de corpo escultural, que era acompanhada por Benjamim, por um momento fiquei triste e me perguntava se eles estavam juntos, Se eram um casal.
- Amiga, disfarça a mulher está acompanhada.
Milena sempre atenta a tudo e a todos.
- Olha sei que nem preciso gostar da coisa para reconhecer que a mulher é um monumento. Mas faça-me o favor, você só faltou despir a coitada aqui mesmo.
Dou risada e digo:
- Mile eu juro que despiria ela em qualquer lugar.
Ela arregala os olhos e aperta o botão do elevador, coloca a mão na minha cabeça e diz:
- Quem diabos é você? E o que fez com minha amiga que a mais de um ano está puritana? Já sei quando você foi buscar o celular foi abduzida por uma nave extraterrestre e ele fizeram uma lavagem cerebral em você. Só pode!
Dou risada de seu exagero e conto que esbarrei em Isabella no estacionamento. E ela acha engraçada a história. Nos despedimos, pois ela iria ficar por ali e resolver algo no RH. Depois que terminasse Zé viria busca-la. Saiu da empresa rumo ao estacionamento e me deparo com uma cena ainda mais cômica do que a de mais cedo.
Isabella estava chutando o pneu do carro que parecia furado, caminhei em sua direção e disse calmamente:
- Olha não sou expert em trocar pneu, mas, acho que não é bem assim que se faz.
Ela olhou em minha direção e percebi seu olhar de fúria. Me arrependi de ter implicado com ela. Ela já parecia com problemas demais para me aturar com piadinhas. E qual não foi minha surpresa ao vê-la sorrir pela primeira vez. Senti um misto de alivio e alegria. Admirei as covinhas em suas bochechas e seus olhos que se apertavam cada vez que ela abria mais o sorriso. Ela em resposta a minha provocação disse:
- Na verdade estava fazendo isso para chamar atenção de alguém que prontificasse a trocá-lo pra mim.
E sorriu pra mim mais uma vez.
- Olha não posso me prontificar a trocar o pneu afinal de contas não sou especialista. Mas, se você quiser me prontifico a lhe dar uma carona.
Vi que ela ficou vermelha de novo, mas dessa vez não por raiva e sim por minha proposta.
- Dona Larissa, desculpe por meu comportamento mais cedo, como pode ver estou tendo um dia daqueles. Desde a hora que acordei. Já liguei pro reboque e eles estão vindo para buscar. Não precisa se preocupar, mas, mesmo assim obrigada.
- Olha posso até desculpar se esquecermos essa história de dona. Não gosto de tanta formalidade. Sinto muito por seu dia difícil. E em relação a carona não seria incomodo nenhum. E não acho certo você ficar aqui esperando tanto tempo. Tranque seu carro e vamos comigo que te deixo onde você quiser ficar.
Olhei pra ela com a esperança de que aceitasse.
- Tudo bem. Eu aceito, mas fico te devendo uma. Ok?
- Claro, então vamos?
Ela me acompanhou até o carro caminhava ao meu lado podia senti uma felicidade por saber que estaria em sua companhia por mais um tempo. Entramos no veículo e ela se acomodou ao banco. Parecia tensa. Não sei se por estar em minha companhia ou por vergonha da situação em si.
- Preciso que me mostre o caminho, não estou acostumada ainda e como você pode ver não uso GPS.
- Tudo bem, não tem problema. Ela sorriu pra mim e pareceu mais relaxada.
Liguei o som do carro e os primeiros acordes da Música ‘’True Love’’ do Coldplay começa a tocar. Observo que ela sorri. Acho que gosta da música. E sigo o caminho que ela vai me indicando querendo ao máximo prolongar aquele momento.
Fim do capítulo
Correção twitter @maktube15
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jakerj2709
Em: 25/10/2022
Olá autora comecei a ler agora sempre tive curiosidade de ler ,porém prefiro as estórias finalizadas ,bom desde já estou adorando....
Rumo aos próximos capítulos...
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