With the Stars por Alex B
Capítulo 35
Entrelacei nossas mãos e levei até meus lábios para beijar seus delicados dedos. Seu corpo recostado no meu, meu rosto apoiado em seu ombro e meus braços circulando sua cintura. Aspirei seu pescoço absorvendo o máximo do seu suave cheiro floral.
-- Faz cócegas. – Ela riu.
Olhei para frente observando o pôr-do-sol. O tom alaranjado misturado com amarelo. Estávamos sobre o capô do meu carro, em uma área um pouco distante da cidade. Um lugar tranquilo. Precisávamos desse momento sem que os problemas aos quais estávamos enfrentando nos atingissem.
O Vento suave do fim de tarde balançou nossos cabelos e Camila fechou os olhos aproveitando o momento. O Fim de novembro já se fazia presente. O Outono começava a se despedir e o inverno estava chegando para fazer sua vez.
Virei a palma da mão de Camila e fiquei observando as linhas, passando meu polegar sobre elas. Sua mão era macia e sempre estava quente, aconchegante.
-- Vai ler minha mão? – Perguntou risonha.
-- Eu sei ler, não te contei? – Ela sorriu e fez que não com a cabeça. Tomei um ar sério e continuei. – Vou fazer uma consulta pra você estão. Vou ler seu futuro.
-- Huum, isso vai ser interessante.
-- Muito bem. – Olhei sua mão e passei o indicador sobre uma linha qualquer. – Vejo que você vai se casar com uma mulher muito bonita de olhos verdes. Você teve sorte porque ela é realmente gostosa. – Camila riu.
-- Boba. – Me deu um leve tapa.
-- Não terminei. – Ri também. Peguei sua mão novamente e continuei. – Vejo que vocês são muito felizes e completamente apaixonadas uma pela outra. Vocês têm três filhos. Uma menina linda de três aninhos de idade e dois menininhos recém-nascidos.
-- Como eles são? – Os olhos de Camila estavam brilhando.
-- A menina tem cabelos castanhos claros que vão até um pouco abaixo do ombro, as pontas com leves ondulações. Os olhos são castanhos escuros, são muito expressivos. Ela irradia confiança e determinação. Mesmo sendo muito pequena, desde cedo já mostrou ser muito inteligente. Ela é responsável e tem um senso de proteção muito forte.
-- E como ela se chama?
-- Huum quem deu o nome foi você, não consigo ver.
-- Sarah. Ela se chama Sarah.
-- Isso. A pequena Sarah. Tem uma personalidade muito forte essa menina.
-- Ela puxou a minha mulher. – Eu sorri pra ela. - E os garotos, como são?
-- Ah eles são lindos. Os cabelos são negros como o seu. Os olhos de um tom esverdeado que nunca vi antes que transbordam carisma. São engraçados e sorriem pra tudo. É impossível não se apaixonar por eles. São simpáticos e brincalhões. Eles têm o seu magnetismo, amor.
-- Quais são seus nomes?
-- O mais velho, por vinte minutos, se chama Augusto. E o mais novo se chama Nicholas.
-- Vinte minutos? Porque essa diferença tão grande?
-- O pequeno Nicholas estava muito confortável no seu útero, não queria sair não. Travesso do jeito que é ele se enrolou no cordão umbilical e tiveram que fazer uma cesárea em você. Mas tudo correu bem, como disse, eles são brincalhões.
-- Eu tenho uma família muito linda. – Sorriu pra mim.
-- Sim, tenho que concordar. E vocês vivem em uma casa de dois andares com um quintal muito grande. O Bairro é um lugar tranquilo, os vizinhos são amigáveis. Há uma varanda que circula toda a casa Na frente da casa a grama é bem cuidada e tem uma árvore muito grande onde fica um balanço. No quintal tem um pequeno canto onde se cultiva flores, mas é um pouco difícil elas vingarem porque a pequena Jujuba não deixa.
-- Quem é Jujuba?
-- É uma filhote de Labrador caramelo. Sua esposa foi buscar a Sarah na escolinha e no caminho encontraram essa cachorrinha machucada na sarjeta. Sarah fez parar o carro na hora para poder ajudar. Então levaram no veterinário e quando foi mais tarde naquele dia, a nossa família tinha ganhado mais um membro.
-- Nossa família? Então eu me caso com você?
-- Ah sim, claro que é comigo. É seu destino ficar ao meu lado. Não seriamos felizes com mais ninguém. – Ela levou a mão até meu rosto e acariciou.
-- Acho que tenho que concordar com você. – Dei-lhe um selinho.
-- Seguindo em frente na leitura. Nós temos um gato também. Ele é todo rajado em tons laranja. Ele apareceu no nosso quintal muito novinho. Parecia destinado a nossa família. Sarah o chamou de Faísca. No começo você não gostou muito, não queria mais um bichinho de estimação, mas só bastou algumas horas com o faísca para que você se apaixonasse pelo gatinho.
-- Pelo visto Sarah tem um grande coração, puxou isso de você. E com tanto amor pelos animais, acho que será veterinária.
-- É uma grande questão isso, porque ela herdou o seu talento para as artes. Vamos ter que esperar ela crescer mais. – Nós rimos.
-- Sabe, isso não foi bem uma leitura. Você descreveu uma cena. É isso o que imagina pra nós?
-- Exatamente isso, meu amor. Uma família feliz e você ao meu lado.
-- Três filhos lindos, uma esposa incrível, uma casa adorável e dois animalzinho de estimação.
--Adorei esse futuro ao seu lado, Laura. Mal posso esperar para viver isso.
-- Eu também, meu amor.
Beijamos-nos apaixonadamente. Uma troca completa de sentimentos, com muito amor e carinho. Levei minha mão até seu rosto fazendo um leve carinho. Mordi seu lábio inferior e uni novamente nossas bocas em um beijo cúmplice que só os apaixonados entendem. Separamos-nos lentamente, trocando um olhar carinhoso e ainda sentindo o sabor doce do beijo trocado.
-- Amor. – Ela levou sua mão até meus lábios, circulando eles.
-- Oi. – Respondi.
-- Já que estamos falando em futuro. Eu meio que já decidi o que quero fazer quando terminarmos o último ano.
Afastei-me um pouco para olhar em seus olhos. Vi um pouco de medo e insegurança neles.Apertei nosso abraço.
-- E o que você decidiu?
-- Julliard. Quero estudar música na Julliard. – Eu demorei um pouco para assimilar e Camila ficou inquieta.
-- Julliard em Nova York? Há três mil quilômetros de distância daqui?
Ela assentiu. Oh God! Nova York? Estudar em Nova York? Era muito longe. Longe demais daqui. Seria o que? Um dia e meio de viagem? Era uma grande decisão. Uma escolha que muda totalmente o rumo de uma vida. Em nenhum cenário que eu tinha imaginado, e eu tinha imaginado muitos, eu pensei em fazer faculdade em uma cidade tão longe. Longe da minha família. Dos meus amigos e da cidade em que fui criada. Eu nem sabia se meus pais tinham condições de me bancar em uma cidade grande como Nova York.
Mas Camila queria estudar lá.
-- Amor, é só uma ideia. Julliard é muito difícil de entrar, eu nem sei ao menos se vou conseguir uma audição. Acho que é mais um sonho e eu não devia ter falado, esquece o que eu disse.
Eu ainda estava com o olhar vago. Eu podia voltar a trabalhar. Mesmo sem saber o que eu queria ainda, eu podia trabalhar em Nova York caso eu não conseguisse entrar em uma universidade por lá. Eu sei que daria conta. Venderia meu carro antes de ir e trabalharia, se preciso, nos fins de semana até me formar. Isso já ajudaria. De qualquer forma meus pais tinham um fundo para os estudos também. E eu jogo vôlei, poderia conseguir uma bolsa integral.
-- Amor, fala alguma coisa. Me desculpa, eu sei que é uma decisão muito grande e que a gente deveria ter discutido isso antes. Eu só falei que é uma ideia, na verdade é bobeira. Esquece tudo o que disse. Mas fala algo, Laura! Por favor.
Foquei minha visão em seu rosto e pude perceber que Camila estava com os olhos marejados.A ausência de resposta deve ter dado uma impressão ruim.
-- Tudo bem. – Respondi tranquila.
-- Tudo bem o que? – Perguntou confusa.
-- Nós vamos para Nova York.
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Cheguei em casa e por ser domingo de manhã ainda, encontrei minha mãe e meu pai na cozinha, preparando o almoço. Deixei minha bolsa na sala e me dirigi para lá. Peguei uma maçã na fruteira e me sentei-me à mesa depois de cumprimenta-los. Comi a fruta em silêncio pensando na conversa que havia tido no fim da tarde com Camila no dia anterior. Muitas coisas poderiam me impedir de ir estudar em Nova York, dinheiro, distância, o fato de eu ainda nem saber qual graduação fazer, e ainda, a possibilidade dos meus pais não permitirem. Suspirei. Uma hora essa conversa teria que acontecer.
-- Pai, mãe, eu gostaria de conversar com vocês por um minuto.
-- Pode dizer, querida. – Minha mãe respondeu enquanto terminava de cortar uma cenoura.
-- Eu decidi onde quero fazer faculdade.
Meu pai se virou para mim e minha mãe parou o que estava fazendo. Eu tinha a atenção dos dois nesse momento. Eles sempre foram do tipo compreensivos, e eu sabia que se vissem o quanto eu queria ir para NY, eles fariam de tudo para que eu pudesse estudar lá, inclusive passar dificuldades financeira. Tudo o que eu menos queria era meus pais e irmãos passando dificuldades por minha causa.
-- Estamos escutando Laura. – Meu pai disse com a voz tranquila. Tomei um pouco de ar antes de dizer.
-- Eu quero ir estudar em Nova York.
Esperei a reação deles. Entretanto nenhum deles mudou a expressão de tranquilidade. Só se entreolharam.
-- Não é um pouco longe, Laura?
-- Eu sei, mãe. Mas eu realmente quero ir para lá.
-- Já escolheu a universidade? – Meu pai perguntou.
-- Não sei, talvez se eu conseguir ser admitida na New York University...
-- Laura, suas notas sempre foram excelentes, você sabe que isso não será problema. – Minha mãe me interrompeu e foi até mim, passando a mão pelos meus cabelos.
-- É pela mensalidade não é? – Meus ombros caíram. – Mas eu vou tentar uma bolsa de atleta.Acho que se ganharmos as nacionais esse ano, será muito bom para o meu currículo.
-- Não vamos mentir para você. – Papai começou. – Manter você em uma cidade grande como Nova York, tão longe de casa, não vai ser fácil. Mas eu e sua mãe sempre economizamos para o estudo de vocês. Então eu acho que se conseguir a bolsa de atleta, você pode estudar lá.
-- Pai eu não quero que passemos dificuldade por causa disso, eu posso muito bem trabalhar lá também.
-- Eu sei que pode, filha. Foi o que disse, temos que ser realistas também, sem a bolsa de estudo, talvez nós não conseguiremos bancar as despesas, seus irmãos logo também vão para uma universidade.
-- Eu sei disso, por isso vou me empenhar muito para conseguir essa bolsa, e assim que me mudar pra lá, eu procuro um emprego também. – Minha mãe sorriu pra mim.
-- Seu pai e eu agrademos todos os dias por termos filhos tão bons, você e seus irmãos são tudo para nós. Faremos o que pudermos para que você estude lá, querida.
-- Obrigada, mãe. Eu amo vocês. – Estava sorrindo.
-- Laura, entenda que a parte da bolsa é fundamental.
-- Eu sei pai, entendi.
-- E que curso vai querer fazer? – A pergunta foi feita pela minha mãe.
-- Ah, sobre isso, bom... ainda não me decidi. – As expressões se tornaram confusas.
-- Se ainda não decidiu-se pelo curso, então porque escolher Nova York?
-- As melhores universidades estão lá, mãe.
-- Mas há muitas outras universidades tão boas quanto e que são mais perto daqui, querida.
-- Entendo, só que já me decidi. – Meus pais se entreolharam de novo.
-- Camila tem algo haver com essa escolha? – Meu pai perguntou.
-- Talvez. – Suspirei. – Ela também quer ir pra lá.
-- Laura, é seu futuro e iremos apoiar você qualquer que seja sua escolha, só queremos que pense bem antes de decidir-se, tudo bem? Queremos apenas sua felicidade. – Eu assenti para meu pai, sentindo a mensagem por trás de suas palavras. Para que eu não me deixasse levar por um namoro.
Eles só não entendiam que para sermos felizes, temos que seguir nosso coração.
E o meu estava indo para Nova York.
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Coloquei meus óculos de sol e avistei Troy e Kate sentados nas escadas. Esperei Camila descer do carro e dar a volta até mim, enquanto Diana fazia o mesmo. Fomos até eles e o cumprimentamos. Dih sentou ao lado de Troy e eu coloquei minha mochila no seu colo, preferindo ficar em pé. Estávamos conversando quando percebemos um certo murmurinho perto de nós, seguimos os olhares das pessoas e entendemos o motivo.
Um rapaz com cerca de 1,85 desceu do carro com um aluno do terceiro ano. O Aluno eu conhecia, era um dos atletas de futebol americano, se eu não estivesse enganada se chamava Collin. Agora quem era que estava com ele?
Com um ar totalmente imponente, desceu do carro e tirou a jaqueta de couro que vestia. Barba por fazer e óculos de sol no rosto, tirou do bolso um maço de cigarros e acendeu um. Collin se despediu dele com um toque de mão e seguiu para a entrada da escola. Percebendo que praticamente toda a escola olhava pra ele, deu um sorriso de lado. Cruzou os braços e guardou o maço novamente
no bolso. Vestia um calça preta justa e botas de combate.
Olhei para Diana e seu olhar estava vidrado no cara. Assim como todo o resto, incluindo Camila. Bufei. Estavam assim porque claramente ele não era da cidade, já que nunca tinha visto antes. Voltei meu olhar pra ele e já sem óculos de sol, que agora descansava pendurado em sua blusa branca, seu olhar estava voltado para a direção de onde estávamos. Mais especificamente na exata direção de Diana e Camila. Franzi a testa em desaprovação, não gostando daquilo. Por instinto fiquei do lado de Camila, tampando-a propositalmente. Camila percebeu o que fiz e riu.
Olhei mais atentamente e vi que o olhar dele era pra Diana. Daquilo eu gostei. Primeiro porque ele não estava olhando para minha namorada, e segundo que como ele não desviava o olhar da minha amiga, todos a estavam olhando também, e isso a estava deixando morta de vergonha.
Ele apagou o cigarro e antes de entrar no carro, piscou. Levantei as sobrancelhas em surpresa e ri com aquilo. Entrou no carro e deu partida cantando pneus. Minha atenção se voltou para Diana e esperei uma reação. Ela já estava praticamente roxa e suas mãos cobriam o rosto.
-- Muito bem Hansen, você nos deve explicações sobre o mega gato que estava te olhando. – Foi Kate quem disse.
-- Sim, porque a tensão dos olhares trocados, deu pra sentir de longe. – Completei.
-- Eu nunca vi ele, é a primeira vez, não sei o que foi isso.
-- Acho que ele gostou de você. – Troy disse rindo.
-- Tem certeza que essa é a primeira vez que viu ele, prima?
-- Ok, eu já disse que é a primeira vez. Tô tão surpresa quanto vocês com que aconteceu.
O sinal bateu anunciando o começo das aulas. Diana ainda ouviu Troy e Kate brincarem com ela até o momento que entrou na sala. Acompanhei Camila até sua aula e depois me dirigi para a minha. Collin fazia essa matéria comigo. Aproveitei para me sentar do seu lado. Ele estranhou o gesto já que nunca trocamos mais do que algumas palavras. Dei um sorriso determinada a descobrir tudo sobre quem era o cara misterioso que chegou com ele.
Fim do capítulo
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Ana_Clara
Em: 08/11/2015
Decisão difícil essa de mudar de cidade para cursar uma faculdade que ela nem sabe qual será o curso. Mas se a Laura tem tanta certeza de que a Cam é o amor da vida dela, então simplesmente deve seguir o caminho que a leve para junto de seu amor. E sobre esse rapaz misterioso, pensei que fosse uma famoso jogador de futebol, afinal todos estavam hipnotizados pelo cara. kkkkkkk Será que ele será a salvação da tristeza da Di?! Torcendo!
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