With the Stars por Alex B
Capítulo 22
Estava na mesa da cozinha comendo ovos mexidos, quase queimados, que meu pai tinha preparado. Ele terminou de fazer o suco e colocou um pouco no meu copo, assim que ele subiu as escadas para chamar pela milésima vez meus irmãos para tomar café da manhã eu experimentei o suco e contatei o que já esperava, aproveitei para ir até a jarra e tentar salvar o suco pelo menos.
Minha irmã desceu as escadas como se estivesse indo para o abatedouro. Dei risada e ela se arrastou até a mesa. Olhou para os ovos e depois pra mim.
- Cadê a mamãe?
- Está de plantão. – Respondi enquanto colocava um pouco dos ovos no prato para ela.
- De novo? Ela anda fazendo muito plantão. – Resmungou.
Apenas dei de ombros, o salário da minha mãe não era lá aquelas coisas e ela fazia plantões sempre que possível para ajudar na renda. A loja do meu pai permitia que vivêssemos bem, mas nada que pudéssemos esbanjar. Ainda mais com uma família de cinco pessoas como a nossa.
Meu pai desceu com Sean e terminamos de tomar café da manha em silêncio. Levei meus irmãos até a escola e quando eles saíram do carro peguei meu celular que estava tocando sem parar o caminho todo.
- CADÊ VOCÊ LAURA? SUA DESNATURADA.
- Bom dia pra você também Dih. – Coloquei o celular no viva-voz e dei a seta para sair do estacionamento.
- Não tem nada de bom hoje! Você sabe que estou uma pilha de nervos, Henry está na fisioterapia e você... Bom você eu não sei né, PORQUE ERA PRA ESTAR AQUI COMIGO.
- Calma Diana, em cinco minutos eu chego ai. Relaxa que vai dar tudo certo. Você irá se sair muito bem.
- Se você não chegar aqui em três minutos, sim, eu disse TRÊS MINUTOS. Considere essa amizade terminada e você não terá mais minha benção pra namorar minha prima. – Eu dei risada de seu nervosismo, infelizmente ela escutou. – Não é pra rir, sua vaca! Três minutos, Carter. E já se passou um.
Dito isso ela terminou a ligação. Aproveitei que estava no semáforo e mandei uma mensagem de bom dia pra Camz. Hoje era o exame para carteira de habilitação de Diana. Então iria fazer companhia a ela e tentar deixa-lá tranquila. Camila tinha prova e não poderia ir também.
Olhei para o aglomerado de pessoas em frente ao prédio em que seriam realizados o exame e logo identifiquei Diana andando de um lado a outro com o celular na mão. Olhei para o banco do passageiro e vi meu celular vibrando. Estacionei o carro e peguei o celular guardando no bolso. Me aproximei de Dih que estava de costas e a ouvi resmungando.
- Agora posso ganhar meu “Bom dia”? – Ela virou já me fuzilando com o olhar.
- Você não vai ganhar nada hoje que não seja uns tapas pelo seu atraso.
- Dih, nem começou ainda os exames. Você está muito tensa, tente relaxar que vai dar tudo certo.
- Estou tentando.
- Não, não está. Ficar ai nervosa só vai te atrapalhar.
Conversei mais um pouco com ela tentando acalma-lá. Os exames começaram e Diana seria a oitava pessoa a realizar o teste. A pessoa saia dirigindo de frente do prédio e andava pela cidade na companhia do avaliador.
Um. Dois. Três. Quatro. Todos reprovados. Nesse momento até eu comecei a ficar preocupada. Uma menina chegou até chorando do percurso. Olhei pra Diana e ela faltava comer a mão agora, porque as unhas já tinham isso fazia tempos.
Os dois seguintes foram aprovados. Respirei aliviada. Isso de alguma forma tranquilizava. Ofereci um chiclete pra Diana e assim que pegou senti sua mão fria como gelo.
- Dih, já disse para relaxar. Você Dirigi bem. Vai ser aprovada.
- É fácil pra você falar, já passou no seu.
- Sim, e me manter calma me ajudou muito.
- Tudo bem. Vou pensar positivo, eu sei diriguir e vai dar tudo certo. – Ela falou fechando os olhos e soltando a respiração pela boca.
- Isso ai.
O Avaliador chamou o nome de Diana e ela abriu os olhos me lançando um olhar apavorada. Pronto. Essa menina ia enfartar no meio do teste. Acompanhei ela até perto do carro e desejei boa sorte. O carro partiu sem problemas para a pista.
Assim que saiu de vista peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem de Camz me desejando Bom dia e dizendo que falava comigo depois da prova. Olhei para meu relógio de pulso e constatei que a essa altura ela já estava fazendo a prova.
O tempo parecia não passar, agora que Diana estava fazendo o teste me permiti ficar apreensiva, se demonstrasse que também estava nervosa perto dela não ajudaria nada.
O Carro da auto escola apareceu. Ela estacionou o carro e pegou a folha com o resultado, olhou e não demostrou nenhuma emoção. Prendi minha respiração. Ela saiu do carro e foi até onde eu estava.
- E ai Dih, qual foi o resultado?
- O que você acha, Laura? – Eu suspirei totalmente perdida.
- Não sei, diz logo.
- EU PAAASEI!! Ta pensando o quê? Aqui é diretoria, baby!
Eu dei risada e ela me abraçou, na empolgação me levantando do chão. Dei parabéns e soltei a famosa frase do “eu já sabia”. Diana estava tão feliz que faltava ficar dando pulinhos. Pegou o celular e foi para o lado oposto ligar pra Henry para contar a novidade. Esperei que fizesse a ligação e assim que terminou fomos até uma lanchonete comemorar. No meio do caminho saiu ligando para a lista de contatos para falar que tinha passado. Kate disse que nos encontraria na lanchote assim que acabasse a aula que estava assitindo.
- Você vai levar todo mundo pro mal caminho, Dih! Fez eu matar aula, a Kate e só não esta importunando Camila porque ela ta em prova.
- O que você acha de virar piloto de fórmula1? Porque você sabe que sou fera no volante, acho que posso fazer isso pelo resto da minha vida.
- Menos Dih, beeem menos.
Ri de sua empolgação. Logo Kate chegou e se juntou a nós na comemoração. Passamos o resto da manhã conversando. Depois deixei Kate em sua casa e Diana na casa de Henry. Fui correndo pra minha almoçar e depois voltar para a escola para o treino de vôlei.
Assim que cheguei no ginásio recebi uma ligação da treinadora dizendo que teria que cancelar o treino. Avisei as meninas o mais rápido possível para que não perdessem tempo indo até o ginásio. Depois de resolver tudo olhei para o celular e vi que tinha algumas horas livre antes de ir para a loja. Não pensei duas vezes antes de entrar no carro e dirigir até a casa de Camila.
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Estacionei o carro em frente a sua casa. Peguei só meu celular, deixando minha mochila com as roupas do treino e a do trabalho no carro. Bati duas vezes na porta e esperei. Bia me recebeu.
- Olá menina Laura! Como vai a senhorita?
- Vou muito bem, bia! Obrigada por perguntar. E a senhora?
- Bem também dona Laura. – Bia era uma mulher de meia idade, muito simples e que trabalhava na casa dos Foster’s durante a semana e nos fins de semana fazia bicos em organizações de festas para crianças. Viúva cedo, cuidava sozinha dos seus três filhos.
- Já disse que não precisa me chamar de dona, Bia. – Ela assentiu e eu dei um sorriso. – Camila está?
- Ela estava ensaiando no piano, mas acabou de subir para o quarto.
- Tudo bem, eu vou até lá. Obrigada.
Ela me deu espaço e eu subi quase que correndo as escadas, louca de saudades para ver Camila. A porta do seu quarto estava entreaberta. Empurrei devagar para me deparar com a cena da minha namorada deitada de barriga na cama, virada de costas para a porta enquanto escrevia em algumas folhas de papel e balançava os pés distraidamente. Fechei a porta fazendo o mínimo de barulho possivel. Assim que fechei olhei para ver se ela tinha percebido. Ainda escrevia concentrada.
Me aproximei calmamente e assim que estava próximo o bastante agi rápido. Segurei seus pés e a virei de frente. Camila gritou a alma no susto. Não dei tempo para ela pensar e logo já estava em cima dela beijando-a anciosamente.
Demorou um pouco para Camz se situar, mas assim que o fez correspondeu o beijo com a mesma volúpia que eu. Segurei firmemente em sua cintura enquanto aproximava nossos corpos e deixava que se tocassem por completo. Quando me separei dela, quebrando o beijo, a olhei admirando-a. Camila estava com os lábios vermelhos pela força do beijo, sua respiração estava descompassada e seus cabelos levemente bagunçados. Estava perfeita.
- Oi! – Falei abrindo um grande sorriso. Ainda com minha mão esquerda em sua cintura e a direita acariciando seus cabelos.
- Oi. – Me respondeu ainda atônita. Eu passei meu nariz no dela e então acordou do transe. – Você não tinha que estar no treino? – Perguntou confusa.
- Tinha, mas foi cancelado. Então ao invés de ir trablhar resolvi fazer uma surpresa pra minha namorada que anda reclamando muito ultimamente por atenção, sabe?
- Sei não. – Respondeu fazendo charme.
- Ahh sabe não né? – Dei risada. – Então desculpa moça, errei de namorada, porque a minha anda fazendo muito drama, se não é você, então vou procurar ela. – Falei já me levantando da cama.
- Paara Laura! – Ela me puxou de volta enquanto ria. – Boba. – Me deu um selinho. – Não faço drama.
- Claro que não minha linda. – Beijei seu pescoço para enconder meu sorisso. – O que estava fazendo antes de chegar?
- Estava praticando no piano, ai subi para mexer um pouco nas partituras, organizar melhor. Estou tentando músicas novas.
- Vou querer ouvir todas depois. – Me ajeitei melhor na cama e a puxei para se recostar em meu ombro. Beijei o topo de sua cabeça.
Ela pegou algumas folhas e escreveu algumas coisas. Eu queria manter segredo sobre a viagem, mas não sabia até quando dava pra manter, então simplesmente resolvi falar logo, assim Camila entenderia melhor o porquê da minha vida estar uma correria.
- Camila, o motivo para eu estar trabalhando na loja do meu pai todos os dias é porque eu comprei uma viagem pra nós. – Camila se afastou um pouco de mim e me olhou confusa.
- Como assim?
- Nós vamos viajar dentro de duas semanas. O Lugar vou manter surpresa, mas vamos passar três dias por lá e posso adiantar que faz muito frio.
- Uma viagem? Só nós duas? Laura, como assim? – Ela me olhava surpresa e já sorria abertamente.
- Isso mesmo, linda. Uma viagem por três dias apenas nós duas. Vai ser... digamos que nossa comemoração um pouco adianta de cinco meses de namoro, o que achou?
- Eu achei perfeito, Laura! – Ela levou seu rosto ao encontro do meu e me beijou apaixonadamente. – Isso é muito romântico! Vai ser perfeito.
- Concordo, vai ser perfeito! – Eu sorri pra ela.
- Me desculpe por reclamar por atenção... eu não sabia... e... é que sinto sua falta, Laura. Você não imagina o quanto.
- Eu sei, linda. Está tudo bem! – Beijei sua bochecha. - Só vou ficar no emprego até a viagem, ok? Depois tudo volta ao normal.
Ela sentou de joelhos na cama e me olhou intensamente. De repente seu olhar tomando um olhar de seriedade. Ela pegou minha mão e começou a fazer carinho nela.
- Laura... – Começou devagar.
- Diga. – Ela me olhou nos olhos e tomou um pouco de ar.
- Eu te amo.
Meu mundo parou.
Foi como nos filmes. Eu senti meu coração bater descontrolado no meu peito. Eu olhei em seus olhos e mais nada existia além de Camila. Não é exagero dizer que por mim, o mundo poderia acabar naquele instante, porque tudo que me importava estava bem a minha frente. Meu sorriso preencheu o rosto e eu ainda tentava assimilar aquilo. Ela me amava. Céus, ela me amava.
Sem esperar mais eu me aproximei dela, ainda com um sorriso enorme, e segurei seu rosto entre minhas mãos. Olhei em seus olhos e a beijei. Beijei-a como se não houvesse um depois. Beijei-a com meu coração que no momento transbordava de alegria. Uma felicidade que eu nunca poderei descrever em meras palavras. Porque não há nenhuma palavra que consiga compreender e expressar esse sentimento em sua plenitude. Ela era incrível. Perfeita. Era minha namorada. E me amava.
Para mim, isso bastava.
Comecei a destribuir diversos beijos pelo seu rosto. Ela ria. E aquele era o melhor som do mundo. O som da sua risada.
- Eu te amo, Camila. Eu te amo com toda minha alma e essa é a única certeza que tenho na vida.
A essa altura Camila já estava com os olhos marejados segurando as lágrimas, sempre muito emotiva, e posso garantir que minha situação não era muito diferente. Eu a apertei em meus braços tentando passar neste gesto toda confiança e segurança que ela precisasse. A afastei delicademente e juntei nossos lábios em um beijo calmo. De muita entrega e claro.
De muito amor.
Fim do capítulo
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