With the Stars por Alex B
Capítulo 14
-- Camila, o Henry vai passar ai pra te pegar, tudo bem? – Estava no meu quarto terminando de me arrumar, tinha recebido uma mensagem de Henry e liguei para Camila para falar das mudanças de planos.
-- Por quê? Nós não íamos no seu carro?
-- O Troy não vai mais. Ficou enrolado em um jantar de família. Então nós vamos em um carro mesmo, ao invés de irmos em dois.
-- Tudo bem, Que horas ele passa aqui? – Olhei no meu relógio de pulso.
-- Daqui a pouco. Já está pronta né?
-- Claro que sim.
-- Então... Como foi o trabalho hoje de tarde?
-- Foi tranquilo, adiantamos bastante coisa, ou pelo menos o que deu pra adiantar nós fizemos.
-- Huum entendi. Ficaram muito tempo fazendo? – Sentei na minha cama.
-- Quer saber que horas o Giovanni foi embora, não é? Não foi tarde. Esqueci de te ligar, acabei fazendo umas coisas que minha mãe pediu e não lembrei de te avisar.
-- Só estou perguntando. – Suspirei um pouco mais aliviada e me deitei na cama.
-- Sei, só perguntando. Enfim, Laura preciso terminar de me arrumar, a gente se fala daqui a pouco.
-- Mas você não disse que já estava pronta?
-- É... eu menti. Me processe. – Dei risada. – Faltam alguns retoques e eu ouvi um carro parando aqui, então tchau. Beijos.
-- Tchau, linda.
A ligação foi encerrada e eu estava com um sorriso estampado no rosto. Só de ouvir a voz dela me deixava feliz. Levantei-me e peguei minha jaqueta de couro no closet. Henry passaria por último em minha casa. Arrumei minhas coisas na bolsa e desci pra sala de estar.
Papai e Sean estavam no sofá, minha mãe e Alice na cozinha. Sentei ao lado do meu irmão no sofá e fiquei mexendo no celular. Meu pai puxou assunto sobre os treinos de vôlei e eu disse que só começariam na semana que vem. Alice e mamãe logo apareceram na sala com pequenos sanduíches, colocaram na mesinha de centro que ficava entre o sofá maior e a televisão. Sean mal esperou e já começou a comer. Antes que eu mesma pudesse pegar um, escutei a campainha tocar. Despedi-me dos meus pais com um beijo em cada um e peguei minha bolsa indo até a porta.
-- Pronta, Carter? – Diana quem estava na porta.
-- Eu nasci pronta, Hansen. – Pisquei pra ela.
-- Seus pais estão ai?
-- Estão na sala.
-- Então espera um pouco. – Ela passou por mim e foi até meus pais cumprimentá-los. Se havia alguém que definitivamente ‘era da casa’, esse alguém era Diana. Esperei que voltasse. – Pronto, vamos embora. – Ela passou por mim me puxando pra fora.
Assim que cheguei no carro cumprimentei Henry e Kate. Olhei para Camila e dei meu melhor sorriso.
-- Você está linda. – Ela estava com uma saia preta e uma blusa de alcinha rosa claro.
-- Obrigada. Você também. – Dei um selinho nela e me ajeitei melhor no banco.
-- Então gente. Vamos ver o filme no cinema do centro ou no do shopping? – Perguntei.
-- Acho que em nenhum dos dois. – Henry se virou pra falar com a gente. – Diana quer ver um filme que não está passando nos cinemas daqui. Então pensei em irmos até a cidade vizinha. O Que acham?
-- Por mim tudo bem. – Respondi e Camila e Kate concordaram também. – Dá tempo de chegar na sessão?
-- Se sairmos agora, dá. Pegaremos a última sessão. – Ele se virou novamente e deu partida no carro.
Aproveitei e segurei na mão de Camila enquanto terminava de colocar o cinto de segurança. Peguei o celular para ligar pra minha mãe avisando que íamos ver o filme em outra cidade. Kate começou a comentar com Diana sobre os atores do filme e Henry tentava ligar o som do carro. Puxei Camila um pouco mais para o meu lado e falei em seu ouvido.
-- Maldade você colocar essa saia curta. – Ela ergueu uma sobrancelha, ou pelo menos tentou.
-- Não é curta.
-- Seu conceito de ‘curto’ então é bem diferente do universal. – Dei risada e ela franziu a testa, acabei não resistindo a sua carinha fofa e me aproximei para dar um beijo. Mordi seu lábio inferior e então colei nossos lábios. Mal começamos o beijo e fomos interrompidas.
-- Opa, opa, opa. Olha eu aqui hein. – Kate balançou a mão. – Sem pegação.
Encostei minha testa na de Camila frustrada, mas logo depois sorri. Uma música agitada começou a tocar e logo Camila e Diana acompanharam a música cantando. A voz de Camila era simplesmente encantadora. Continuei acariciando sua mão enquanto pegava meu celular e comecei a gravar um vídeo. Era bom estar com meus amigos, mas principalmente era bom estar com Camila.
Assim como Henry previu chegamos a tempo de ver o filme. Na verdade até com um tempo de folga para a sessão começar. Como estávamos no cinema do shopping daquela cidade, nos sentamos na praça de alimentação e pedimos um suco enquanto esperávamos a hora do cinema.
Enquanto conversávamos Camila se levantou e pediu licença porque iria ao banheiro, perguntando antes onde ficava. Esperei por alguns instantes e anunciei que também iria. Não sem antes receber um olhar inquisidor de Diana. Enquanto ia até o banheiro, quase escorrei no piso onde uma funcionária acabara de colocar a placa ‘piso molhado’ dei um sorriso sem graça pra ela e segui meu caminho.
Quando cheguei ao banheiro duas mulheres estavam saindo conversando. Dei espaço pra elas passarem e entrei no banheiro. Camila estava lavando as mãos na pia, sorri pra ela e fiquei por trás. Ela levantou o olhar para o espelho e me viu, um sorriso preencheu seu rosto, bem como no meu.
-- Laura. – Ela se virou pra mim. Peguei alguns papeis pra ela enxugar a mão que estava próximo a mim e entreguei. Ela sorriu e eu me aproximei.
-- Eu já disse que você está linda hoje?
-- Huum talvez.
-- Então vou reafirmar. Você está linda. – Coloquei minhas mãos em sua cintura e lhe dei um selinho, percebi que ela ficou tensa. Olhei em volta. – Acho que só estamos nós aqui. – Ela assentiu.
-- Mas alguém pode entrar.
Uma ideia passou pela minha cabeça. Pedi pra que esperasse e sai do banheiro. A funcionária ainda estava limpando o chão próximo dali. Ela estava de costas e no carrinho de limpeza consegui ver uma placa pendurada. Olhei em volta e disfarçadamente puxei a plaquinha. “Em manutenção”. Ótimo. Melhor que encomenda. Voltei para o banheiro e antes de entrar coloquei a placa na porta.
-- Problema resolvido. – Voltei a colocar minhas mãos em sua cintura e sorri.
-- O que você aprontou?
-- Nada. – Comecei a beijar sua mandíbula. – Fique tranquila que ninguém vai entrar aqui.
-- Tem certeza?
Assenti com a cabeça. Puxei seu corpo para mais perto do meu. Olhei em seus olhos, tinha certeza que os meus estavam em um tom mais escuro. Sem esperar mais aproximei nossos lábios apreciando o quanto os de Camila eram macios. Logo já pedi passagem com minha língua, a qual ela concedeu. Meu corpo arrepiou no momento em que nossas línguas se tocaram, e pude ouvir um tímido gemido de Camila. Explorava sua boca enquanto minhas mãos apertavam sua cintura, e como se tivessem vontade própria elas levantaram a blusa que Camila vestida, apenas um pouco, para que eu pudesse sentir sua pele quente em minhas mãos. Eu podia perder o controle rapidamente. Esse era o efeito que Camila tinha em mim. Ela puxou levemente os meus cabelos e dessa vez foi eu quem soltou um breve gemido.
Abaixei os beijos pelo seu pescoço pra recuperar um pouco do fôlego. Dava pequenos beijos delicados para que não ficassem marcas. Subi pelo seu rosto ainda dando beijos, sua mandíbula, bochechas, nariz, neste ultimo ela sorriu. Depois fui para o lóbulo de sua orelha, e percebi um leve tremor por parte dela. Aproveitei para dizer novamente o quanto ela era linda, e minha. Não era minha intenção, mas minha voz saiu rouca. Voltei para seus lábios e dessa vez o beijo foi calmo. Como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Me permiti naquele beijo expor todos os meus sentimentos, e sua retribuição foi igual. Senti meu estômago revirar com tamanho carinho. E sorri internamente por me sentir completa toda vez que estava com ela.
Finalizei o beijo com selinhos e deixei meu rosto próximo ao seu, quase se tocando. Olhava em seus olhos e me permiti memorizar aquela imagem. Seu sorriso que iluminaria qualquer ambiente brincando no rosto, os lábios levemente rosados devido a troca de beijos, e seus olhos com um brilho intenso.
-- Laur, temos que ir. O filme já deve estar pra começar. – Ela colocou a mão em meu rosto e acariciou. Fechei os olhos enquanto ela fazia isso.
-- Sim, claro. – Entretanto nenhuma de nós deu indícios de se mover.
E não teríamos dado por um bom tempo se a porta não tivesse sido aberta bruscamente. Por reflexo me afastei rapidamente de Camila e olhei em direção a porta. A funcionaria que estava limpando o chão havia entrado com uma expressão de confusão no rosto. Olhei para Camila e ela estava totalmente corada, com as mãos na pia e sua respiração levemente alterada. A funcionária estava com a plaquinha em uma mão e na outra um esfregão enquanto olhava pra gente. Tossi e abaixei minha cabeça. Peguei na mão de Camila e a puxei para fora junto comigo. Assim que saímos e já estávamos um pouco distantes eu parei e olhei pra Camila, ela ainda estava corada. Eu não aguentei e comecei a rir. Ela me olhou incrédula.
-- Ah foi legal.
-- Legal Laur? Não, não foi legal.
-- Admita, foi sim. - Ela olhou pra mim e eu ainda ria. Balançou a cabeça e começou a rir também. – Essa foi por pouco. Vem, vamos voltar logo.
Assim que chegamos na mesa, Diana já mexeu com a gente.
-- Que demora vocês hein? Não sabia que o banheiro era tão longe. Opa. Ele não é mesmo. – Apenas revirei os olhos pra ela.
-- Vamos logo então, se não perdemos o começo do filme. – Disse enquanto ainda segurava na mão de Camila, como estávamos em outra cidade, podíamos ter esse tipo de liberdade.
O filme era do gênero de ação. Diana gostava desse tipo de filme porque só assim ela conseguia ficar acordada, com tanto barulho e explosões. Henry era outro fã de filmes assim, por isso combinavam tanto. Eu preferia mil vezes os de terror e suspense, com toda aquela tensão e adrenalina de que algo pode acontecer a qualquer momento. Não me importava de ver filmes como esse que estávamos assistindo. Mas entenda, Camila estava do meu lado, toda aquela proximidade e seu perfume perto de mim, era impossível prestar atenção na tela. Infelizmente Camila não pensava como eu e parecia estar bem concentrada no filme. Depois do terceiro fora que levei por tentar dar um beijo nela e um “Sossegue Laur. Presta atenção no filme” autoritário, eu simplesmente bufei e me recostei na poltrona. Recebi uma risada sarcástica de Kate que tinha presenciado a cena. Aproveitei e roubei sua pipoca já que a minha e de Camila havia acabado. Sem mais o que fazer, comecei a assistir o filme.
Quando a sessão terminou Henry e Diana saíram na frente conversando empolgados sobre o final do filme. Eu estava de mãos dadas com Camila e ela e Kate conversavam sobre o ator principal. Terminei de beber meu suco e joguei no lixo a copo.
A praça de alimentação ainda estava aberta, então aproveitamos para comer alguma coisa antes de fazermos a viagem de volta. Camila quis uma salada de um restaurante, por isso essa menina era tão magra. Resolvi acompanhá-la na escolha, levantei-me e fui até o restaurante pegar nossos pedidos e pagar. Kate optou por tacos mexicanos e Henry e Diana pelo tradicional Burger king. Confesso que escolheria pelo Fast Food também, mas não estava muito bem do estômago.
Terminamos de comer e o shopping já estava praticamente vazio. Quando entramos no carro acabei ficando no lugar do meio. Odiava o lugar do meio. Camila sentou-se atrás de Henry. Já era quase uma hora da manhã quando entramos na rodovia.
-- Pessoal, uma caloura do meu time vai dar uma festa no sábado de noite.
-- Você quer dizer hoje? – Diana me interrompeu atentando pra fato de já termos passado da meia noite.
-- Sim, tanto faz. Enfim, a festa é aberta. Eu e Camila estamos pensando em ir, vamos também?
-- Você ta falando da festa da Alexa Ferrer?
-- Isso mesmo, Henry. Já ta sabendo?
-- Claro que sim, ela chamou a escola toda praticamente.
-- Troy não comentou nada comigo. Mas de qualquer forma essa eu vou passar. Vai ter um encontro de jovens na igreja e eu quero ir.
-- Certeza Kate? Vai ser bem legal. – Me virei para olhá-la. Ela assentiu. – Bom, e vocês dois o que acham?
-- Ah não estou muito animada também não, mas a gente vê isso depois, tem tempo ainda. – Assenti para Diana.
-- Aah pessoal, acho que não contei pra vocês como eu a Camila ficamos juntas não é? – Perguntei sorrindo e olhei para Camila.
-- Eu já to sabendo como foi, mas pode contar de novo porque minha prima detonou.
-- Pois bem, você sabia que a Camila tocava piano Kate? – Camila já estava vermelha de vergonha a essa altura. – Não precisa ficar assim, linda.
-- Você diz isso porque não é com você.
-- Como assim a Camila toca piano? – Kate perguntou.
-- Justamente. Ela tinha me mandado uma mensagem pra ir na casa dela conversar. A gente teve uma pequena discussão até ela mandar eu calar a boca e ficar quieta pra ela fazer o que tinha planejado. – Apertei sua mão na minha. – Então ela começou a tocar "Fallin’ For You” no piano.
-- Ai que lindo!! Eu amo essa música.
-- Sério Camila? Que piegas. – Henry brincou.
-- Cala a boca, Henry! Foi muito legal. – Diana disse.
-- Enfim, depois a gente se beijou e ela disse que estava apaixonada por mim.
-- Que romântico, Mila! – Kate estendeu as mãos para apertar as bochechas de Camila.
-- Fala sério, isso é cena clichê de filme romântico água com açúcar. – Henry falou. Camila já estava roxa de vergonha, e eu não consegui parar de rir. Diana deu um tapa na cabeça dele.
-- Hey, cuidado mulher! Homem dirigindo aqui. Atenção.
-- Henry fala assim, mas só pra não dar o braço a torcer. Ou você se esqueceu de como me pediu em namoro, querido?
-- Ok, parei. Pode parar.
-- Ah não, vamos relembrar. Como Foi mesmo, Laur? – Diana se virou para trás.
-- Se eu bem me lembro, Dih. Seus pais estavam viajando. E com minha ajuda e de Kate ele entrou na sua casa, encheu a sala com pétalas de rosa.
-- Por favor, não esqueça das velas. – Kate lembrou.
-- Isso, verdade. Com pétalas e velas. Além de um buque. – Continuei.
-- Quando eu entrei na sala eu levei o maior susto. Então ele colocou uma música pra tocar e me chamou pra dançar. No final ele se ajoelhou, fez um discurso e me pediu em namoro.
-- Ah céus, acho que vou vomitar arco-íris. – Brinquei enquanto as meninas davam risada e Henry ficava totalmente sem graça. – Acho que temos um vencedor. Henry, o perfeito romântico clichê.
-- Ta, parou a palhaçada hein.
-- Viu quem é o romântico daqui? Então não fale da Camila. – Passei minha mão pelo ombro dela e dei um selinho.
-- Henry, eu achei fofo. Diana no dia seguinte ligou e me contou, ela mal tinha palavras. – Camila falou enquanto colocava a mão no ombro dele.
-- Obrigado pelo fofo, eu acho...
Eventualmente Kate e Diana pegaram no sono. Eu e Camila conversávamos com Henry. Era uma hora e vinte de viagem basicamente e já estávamos quase chegando. No meio do caminho em diante acabamos pegando uma chuva. Henry tinha diminuído a velocidade. Enquanto subia um morro, eu senti aquele arrepiou novamente. E tudo aconteceu muito rápido depois disso.
Eu segurei na mão de Camila enquanto via um carro com os faróis em luz alta invadirem a pista em que estávamos. Fechei meus olhos pela claridade. Camila gritou. Henry conseguiu virar o carro pra direita, mas isso não impediu que o outro carro batesse na lateral do nosso. Do lado do motorista. Senti toda a força da batida, jogando meu corpo pra frente, sendo impedido de sair voando graças ao cinto de segurança. O impacto fez com que rodássemos na pista molhada. O carro entrou em hidroplanagem e só parou quando ele encontrou uma cerca fora da pista. Novamente do lado do motorista. A segunda batida jogando nossos corpos com violência para a esquerda.
Tentei focar minha visão e olhei para Camila, vi sangue. Entrei em pânico. Ela e Henry estavam desacordados. Me virei para ver como Kate e Diana estavam. Diana olhou pra mim e eu vi uma única coisa em seus olhos. Medo. Ela se virou para Henry e começou a chamá-lo. Kate tentava tirar o cinto de segurança. Até ouvirmos os gritos de Diana. Soltei meu cinto e vi Diana segurando os ombros de Henry, com as mãos cheias de sangue. Passei a mão pelo meu rosto tirando os cabelos que estavam grudados. Oh meus Deus, o que tinha acontecido?
Fim do capítulo
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