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Insurreição por veruskasouza

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Palavras: 4099
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Notas iniciais:

Isabelle recebera a visita de seu amigo william, quando nunca mais pensara encontrar qualquer pessoa vinda da sua terra natal. O desabafo fez ressurgir a estória das grandes batalhas, de um tempo que passou e que jamais fora esquecido.

Capítulo 1

1 UMA VISITA INESPERADA

 

Um inverno rigoroso se instalou nas montanhas de Siang shing, como há muito não se via. A natureza, de uma forma geral, condenava a estonteante diversidade de rios, vales, mata nativa e oleaginosas à uma única imagem, aquela vestida pela branca e  densa camada de neve. No seu contraste, apenas a neblina cinza do céu e a madeira negra das poucas cabanas que ainda não haviam sucumbido à estranha força da natureza naqueles dias.

O uivar do vento forte que, às vezes, convertera-se em severa tempestade de neve aumentava o ecoar dos estrondos produzidos pelos galhos arrancados à força das árvores junto ao som das geleiras se desprendendo das montanhas. O barulho era tamanho que preocupava até mesmo os habitantes mais antigos daquelas localidades, que jaziam trancafiados em suas cabanas com a esperança do retorno da estação mais quente.

Ao norte de Siang Shing, lado sul da montanha Ti Huan, havia uma pequena cabana que resistia fortemente às investidas naturais do inverno. No seu interior, acomodada na cadeira ao lado da lareia, cujo fogo bradava alto, a senhora escondida entre diversas camadas de roupas se preparava para mais uma noite difícil.

Algumas batidas na porta se fizeram ouvir de forma confusa:

-- Hum, realmente será uma noite difícil. O mundo parece estar caindo aos nossos pés!

Pensou em voz alta sem perceber as batidas na porta.

-- Vovó, por favor, abra!

As batidas e os gritos se intensificaram até chamar a atenção da velha senhora que imediatamente pôs-se em pé apoiada à bengala estendida no canto. Dirigiu-se o mais rápido que sua situação lhe permitia até a porta de madeira ao reconhecer a voz insistente.

-- Entrem depressa!

Foi o que disse ao dar passagem aos três homens que rapidamente se introduziram no recinto indo de encontro a lareira.

-- Meu Deus, como conseguiram chegar aqui nesta tempestade?

Questionou a senhora admirada pela audácia dos corajosos homens que se aqueciam e davam pulinhos diante da lareira.

-- Não gostou da surpresa vovó?

O mais novo pronunciou com largo sorriso no rosto.

-- Ora mamãe, a verdade é que já estávamos preocupados com a senhora. Essa tempestade se esticou demais e como não conseguimos ter notícias suas resolvemos lhe fazer uma visita e...

-- Meu filho, é muito perigoso, vocês não deveriam ter arriscado tanto.

-- Também precisávamos trazer o Will.

A voz foi interrompida por outra mais grossa quando o terceiro homem retirou o capuz.

-- Ora, ora, não é que minha amiga Oficial Isabelle não me reconheceu!?

-- Ahn! Mas...quem é você?

Um fio de voz retesou baixo quando por traz das rugas e da idade um pouco avançada conseguiu reconhecer o velho amigo, oficial Willian, que desde a batalha de Windsor não mais vira.

-- Willian, meu amigo, não posso acreditar no que vejo!

Abraçou o senhor caucasiano, grisalho e meio corpulento sem antes conter as lágrimas que insistiam descer pela emoção.

-- Mal pude reconhecê-lo!

-- Mas também, há pelos menos quarenta invernos não nos vemos?

-- É verdade, desde Windsor, depois daquela batalha injusta, quando eu e Victorie fugimos pelo mundo. Enfim, não foi fácil largar tudo, mas infelizmente não tivemos escolha!

Disse a senhora com um pouco de pesar na voz, todavia firme e decidida.

-- Eu me lembro minha amiga, mas sei que foi a decisão correta a se fazer, pelo menos naquele momento.

-- Não tenho dúvidas disso. Mas, sentem-se, vou servir uma sopa quente enquanto conversamos.

A partir de então a conversa se esticou e a alegria se espalhou por todos os cantos da cabana junto aos risos e revelações expostas pelos velhos amigos, fazendo aquele cenário catastrófico de inverno se transformar num dia comum de primavera.

-- John me contou sobre Victorie...

Silenciou para depois prosseguir:

-- Bem, eu lamento muito.

Os olhos do velho marujo baixaram sem graça.

-- Ora, meu amigo, já faz tanto tempo e além de que, fomos tão felizes que não vejo razão para ficarmos triste neste momento de alegria, ela estaria radiante se estivesse entre nós. Enfim, mate minha curiosidade e diga como nos encontrou?

Interpelei tentando reanimar a conversa.

-- É uma longa história. Assim que deixei o exército acabei me tornando marujo, depois capitão e assim passei a viajar pelo mundo transportando e negociando mercadorias diversas. As viagens acabaram me tornando um homem solitário, por isso não me casei, mas sou muito feliz, embora esteja um pouco cansado!

Tomou uma generosa colherada de sopa.

-- Numa dessas viagens pelo oriente conheci uns viajantes que estiveram por essas terras e coincidentemente me falaram sobre uma antiga senhora que em sua juventude fora oficial e competidora de torneios de jutas, que havia vivido na província de Northeinham e morava por estas bandas. Com essa descrição não tive dúvidas de que se tratava de você, minha amiga e assim que pude vim tentar solucionar esse mistério pessoalmente. Felizmente agora já posso morrer em paz!

-- Não diga uma coisa dessas Will, você ainda tem muitas viagens pela frente e deveria aproveitar para tirar umas férias. Que tal começar ficando um tempo conosco?

Insistiu Isabelle enquanto servia mais sopa quente aos visitantes.

-- Talvez esteja certa, acho que esse velho marujo precisa mesmo descansar.

-- Concordo com minha mãe, senhor!

-- É verdade!

Disse o mais novo engolindo a sopa com rapidez.

Depois do jantar reuniram-se próximos a lareira, cada qual aconchegado sobre o banco escolhido. O vento continuava implacável e o barulho continuava interrompendo o breve minuto de silêncio que se fizera. Vez ou outra podia se ouvir o tilintar de dentes e um suspiro longo, ora pelo cansaço da viagem, ora pela satisfação do exagero cometido no jantar. Todos pareciam extremamente satisfeitos.

-- Então Robert, como está Rynhuan?

Referiu-se a esposa do filho.

-- Mamãe, ela mandou dizer que assim que diminuir as tempestades virá visitá-la. Infelizmente não pudemos trazê-la desta vez.

-- Também sinto falta dela filho. Já faz um bom tempo que não nos vemos.

-- Mas Isabelle, que esconderijo bom arrumar-te, hein!

A voz impressionada do visitante animou aos demais.

-- Não foi exatamente um esconderijo, meu caro, mas garanto que foi a melhor coisa que encontrei na vida. Vivi os melhores anos ao lado de todos que amava neste lugar. Construí minha família e com certeza passarei o resto dos meus dias por aqui.

-- Entendo a dimensão das suas palavras, mas é no mínimo curioso que viva num lugar como esse, afinal de contas, sua vida sempre foi um tanto diferente, ainda que pese o fato de ser mulher, campeã de inúmeros torneios e oficial de prestígio, de longe seria a última pessoa que eu esperava tornar-se uma camponesa com filho e neto!

Uma breve pausa seguiu-se. Após, todos riram em uníssono.

-- Realmente minha vida seguiu diferenciada dos demais e minha história poucos poderão viver.

-- Ah vovó, fale um pouco sobre aquelas histórias, dos tempos dos campeonatos, das lutas... batalhas!

Empolgou-se o mais novo visivelmente admirando a senhora que retribuía com olhar amoroso.

-- É verdade Isabelle, que tal recordarmos um pouco do passado, assim você aproveita pra me contar como veio parar aqui.

Sorriu o visitante com satisfação.

-- Bom...a história é um pouco comprida e se eu for contar devemos começar o mais rápido possível, senão passaremos a noite em claro.

-- Então é melhor começar, mamãe, que este garoto precisa dormir cedo! Interpelou o filho tendo como resposta o clarão ressentido do mais novo.

Os olhos da senhora por um instante brilharam e se direcionaram a um ponto próximo da lareira. De repente, seu semblante se formou numa sobriedade não vista antes, passando a refletir os pensamentos onde as imagens descritas e o som de sua voz poderiam traduzir os caminhos percorridos pela grande viagem a qual fora transportada...

Ainda consigo me lembrar de muitas coisas que faziam parte de minha infância: a casa sempre organizada; o cheiro doce do leite fervido que vinha da cozinha; a mansidão da voz do meu pai e seus olhos cansados após a extensa rotina de trabalho no campo; o carinho da minha mãe e a sua paciência no cuidado do lar e da família.

Meus pais eram filhos únicos e cresceram na mesma vizinhança do condado de Northeinhan. Casaram-se muito cedo em conformidade com a cultura local, onde os pais determinavam o matrimônio e escolhiam os noivos para os filhos. Felizmente a empatia dos dois fora simultânea e tiveram um bom relacionamento até Deus levar minha mãe quando eu tinha seis anos, vítima de uma febre que dizimou metade da população do condado.

Depois da morte de minha mãe as coisas ficaram difíceis lá em casa. Meu pai trabalhava duramente com rotinas cada vez mais longas de trabalho e, na maioria do tempo, eu o acompanhava para onde fosse. Por essa razão, acabei sendo criada num ambiente longe dos cuidados femininos, sem vaidades crescia e aprendia a fazer de tudo, desde o serviço braçal do campo, plantando ou cuidando de animais até os serviços gerais da casa, cozinhando, lavando e cuidando das vestes da família.

A infância com outras crianças praticamente não houve. Lembro-me de acompanhar meu pai nas feiras do condado de Lion onde observava as crianças sempre limpas e bem arrumadas, as meninas e os seus vestidos cheios de laços correndo pela rua enquanto eu ficava sentava nos sacos de trigo com minhas calcas e botinas velhas ouvindo meu pai negociar com os feirantes.

Após a venda, meu pai comprava os mantimentos que faltavam e algumas roupas, na maioria das vezes, grosseiras e, pela sua ingenuidade ou não, muitas vezes acabava me vestindo como um garoto, comprando roupas masculinas julgando que iriam durar mais e que seriam mais úteis para o trabalho.

Dos cinco aos nove anos minha vida foi trabalhar junto ao meu pai no pequeno sítio arrendado do senhorio Knithly, que por anos fora bom para nossa família, até que uma situação inusitada deu um novo rumo em nossas vidas. Uma lei instituiu a posse de quase todo Condado de Northenhan ao Conde Trevus M. Windsor, que imediatamente expulsou os antigos senhorios, instituindo pesados impostos para os arrendatários e vassalos.

Para não perder tudo meu pai, que era homem livre, passou aceitou ser arrendatário do Conde Trevus passando a ver as economias de uma vida indo embora nos meses que seguiram, principalmente em decorrência da colheita prejudicada diante da escassez das chuvas no último ano.

As coisas ficaram tão feias que no prazo de um ano a nossa própria subsistência estava comprometida. À exemplo da maioria dos vizinhos, meu pai resolveu entregar o arrendamento e procurar uma vida melhor noutro condado, mas um fato novo acabou mudando o percurso da história.

Uma tentativa de golpe no império levou ao inevitável, uma guerra civil entre os condados amotinados do sul e os condados do norte que atuavam em defesa do reino, dentre os quais estava o Condado de Northeinhan.

Meu pai acabou sendo obrigado a participar na defesa do Reino por ordem do Conde Trevus onde se tornou um dos principais combatente a evitar a invasão e tomada do condado pelos amotinados.

Em agradecimento, ao fim da guerra civil, o Conde, agora nomeado Duque de Northeinhan, resolveu por manter os fieis “voluntários” da disputa do antigo condado, dentre os quais estava meu pai que muito se destacou. Como prêmio os combatentes obtiveram diversos benefícios, tais como, a diminuição do custo dos impostos e do arrendamento das terras.

Para minha surpresa, meu pai também fora chamado para fazer parte da guarda pessoal do Duque onde iria exercer a função de cocheiro da carruagem oficial.

Com sua nova função acabamos nos mudando para os arredores da residência principal do Duque, numa cabana que ficava perto dos estábulos, cuja área era rodeada por pomares e um lago que dividia o acesso aos fundos do enorme jardim do palácio.

E assim comecei a nova rotina, passando a ajudar meu pai com os cavalos e, também, plantando para nosso sustento numa pequena área nos fundos da cabana.

Acabei fazendo minhas primeiras amizades com o restante dos empregados que moravam perto de casa e que se mostravam sempre prestativos e solidários para com a nossa família, principalmente sabendo-se que não tínhamos uma esposa e mãe para ajudar na rotina da casa.

Quando eu tinha dez anos uma grande festa fora realizada na propriedade do Duque. De repente, diversos homens chegaram e cercaram uma área que sediaria um grande evento.

Meu pai me explicou que ali seria realizado o primeiro Torneio de Justa de Northeinhan.

Nunca havia visto algo parecido na vida, a Arena se ergueu como num passe de mágica, o vai e vem de cavalos, cocheiros, pessoas das mais diversas origens e profissões agora montavam acampamento.

Do outro lado do rio, carruagens suntuosas chegavam a todo o momento, conduzindo a alta nobreza que iria se instalar diretamente no palácio do Duque. Os cavaleiros e competidores, participantes do evento, vinham de comunas instalando-se próximo ao local das competições.

Meu pai havia me alertado diversas vezes para os cuidados durante o evento, a fim de evitar acidentes no meio de toda aquela confusão, ficando em casa e saindo só na companhia dos demais empregados.

Cada vez eu me encantava ao observar a disposição de todos, da alegria que se formava na diversidade de rostos espalhados pela multidão.

De noite acabei saindo na companhia da Sra. Grisham, com a autorização do meu pai, para a festa de confraternização que seria realizada no acampamento em homenagem ao primeiro torneio de Northeinhan.

Como presente, o Duque enviou vários cordeiros, galinhas e porcos que foram preparados pelos acampados e servidos com vinho durante toda a noite.

A festa iniciou com um pequeno grupo tocando gaita de foles, violino e tamborim. Logo se amontoaram pessoas formando os pares que começaram a dançar ao redor da fogueira.

Sentei-me próxima a Sra. Grisham e algumas senhoras que batiam palma e conversavam alegremente.

De repente sinto alguém tropeçando no meio da pequena multidão. Desengonçada, a pequena criatura cambaleante quase caiu aos meus pés. Era Irving, um garoto da minha idade filho do ferreiro Jonhanson, que estava dentro de uma armadura que mal podia sustentar, estendida ao longo do seu franzino corpo infantil.

-- Isabelle, olha só o que meu pai me deu de presente! Quando crescer serei um grande cavaleiro e irei disputar o torneio de Northeinham.

Sorrindo disparei sem querer:

-- Se você aguentar o peso da armadura quem sabe até tenha alguma chance.

O garoto fuzilou-me com os olhos ao baixar a sobrancelha e responder com irritação:

--Você está é com inveja porque não vai poder usar uma dessas.

Com um pequeno sorriso continuei querendo encurtar o papo:

-- Então é melhor ir treinar que ainda falta um longo caminho...

--Vou mesmo! Hoje eu vi os cavaleiros e percebi como eles fazem. Não é tão difícil!

-- Eu não posso dizer nada porque nunca vi nenhum treino, mas meu pai falou que é muito perigoso.

-- Depende - Continuou o garoto dando uma de expert - Quanto a mim, pode-se dizer que continuava alheia àquela conversa, preferindo observar os fatos ao meu redor, o baile e as demais novidades que jamais havia visto.

De repente o garoto empolgado enfatizou:

-- Fui com meu pai no palácio hoje. Ele foi buscar a armadura de um cavaleiro para arrumar. Se você visse a festa que eles estão realizando por lá, não iria acreditar. É muito diferente daqui e todos os cavaleiros estarão lá com o Duque e a nobreza.

-- Sei...

Respondi desinteressada.

-- Eu tenho um amigo lá, o filho do guarda Hodcking, ele disse que eu poderia ver a festa de um esconderijo que só ele conhece e que dá pra ver tudinho bem de perto.

-- Duvido, meu pai disse que o salão é vigiado e que nenhum desconhecido anda por lá.

-- Quer apostar?

Virou-se decidido.

-- Apostar o que, eu não tenho nada pra apostar!

Respondi sem motivação.

-- Então vamos lá falar com meu amigo, ou você não tem ao menos coragem?

-- Coragem eu tenho, mas a Sra. Grisham não vai me deixar sair daqui.

-- Então deixa eu falar que a gente vai na minha casa buscar alguma coisa, ela não vai se importar.

-- Não sei se é uma boa ideia.

-- Larga de ser boba, vai ser rápido! Daí você vai acreditar em mim quando eu tiver falando as coisas pra você.

-- Bom, então tá, mas você pede pra ela!

-- Tudo bem, espere um momento!

O garoto aproximou-se da Sra. Grisham meio sorrateiro e disse sem cerimônias:

-- Sra Grisham, a Isabelle pode ir comigo lá em casa me ajudar a trazer umas caixas?

-- O que menino?

Perguntou a senhora que não estava nem um pouco interessada em dar conversa ao garoto.

-- Ir lá em casa Sra, Grisham, eu chamei a Isabella pra me ajudar a trazer umas caixas, ela pode ir comigo?

Ele falou quase desenhando no ar, enquanto atrapalhava a vista da senhora em direção as pessoas que iniciariam a dançar no baile recém-formado.

-- Olha garoto, não é pra vocês ficarem rodando por aí à toa. Vão logo e tratem de voltar rápido. Nada de dar confiança pra estranhos!

Respondeu a velha senhora totalmente envolta a festa e as senhoras da sua roda.

-- Anda, vamos logo boba, antes que ela mude de idéia!

 Irving voltou-se pra mim já meio nervoso.

Saímos num passo só, seguindo rápido no meio da multidão.

Atravessamos o acampamento indo pela direção norte entrando num pedaço da mata que eu ainda não havia passado. Estava escuro e eu mal podia enxergar a trilha que se expandia mata adentro.

-- Nossa isso aqui está ficando perigoso, eu não estou enxergando nada.

-- Larga de ser medrosa, eu passo por aqui direto, já está perto.

Resmungou Irving sem paciência.

De repente o caminho se abre e a iluminação da lua dá lugar a uma linda nascente. Várias pedras cortavam o riacho fazendo uma trilha por onde atravessávamos sobre a água.

Saltamos a última pedra e contornamos o riacho seguindo por um caminho de onde dava pra ver a iluminação do palácio.

Entramos por uma portinha minúscula sobre o muro que jazia em nossa frente. De repente um medo me invadiu a cabeça quando por alguma razão acabei me lembrando que eu poderia ser severamente penalizada por meu pai se o mesmo me descobrisse em tais circunstâncias.

-- Irving, meu pai vai me matar se ele me vir aqui!

-- Fica calma ele fica lá do outro lado e meu amigo deve estar por ali. Olha lá ele!

Correndo viu o garoto que o reconheceu de imediato.

-- Ah, você teve coragem, hein!

O menino sardento falou com surpresa.

-- E ainda trouxe uma amiga que queria ver também.

Entusiasmou-se ao se referir sobre Isabelle.

-- Oi.

Eu cumprimentei timidamente e o garoto balançou a cabeça positivamente.

-- Venham por aqui e não saiam de perto de mim.

Disse o garoto com certa cautela.

-- Tudo bem!

 Irving respondeu por nós dois quando passamos a seguir o garoto que saiu rapidamente entre um canteiro e outro do palácio.

Entramos por uma outra portinha lateral que dava para um enorme corredor onde vários empregados circulavam levando bandejas de bebidas e alimentos dos mais variados possíveis.

-- Rápido, é por aqui!

Ele dizia enquanto atravessamos no meio daquela pequena multidão rumo ao outro lado do corredor onde o garoto abriu uma porta que dava acesso a uma estreita escada.

Subimos a escada até adentrar numa saleta cujo teto, mais baixo que o normal, inclinava-se até uma janela estreita.

O garoto encostou-se até a altura da janela nos convidando a fazer o mesmo.

Ao aproximar-me tive uma visão que certamente jamais esqueceria na vida:

Era um salão gigantesco lotado de pessoas que se misturavam numa verdadeira algazarra entre conversas, risos e sons. Da mesma forma, tudo se fazia brilhar dentro daquele recinto onde roupas, louças e enfeites se misturavam num colorido jamais visto pelos meus olhos. As paredes e até o teto demonstravam a grandiosidade dos detalhes inéditos que reluziam no mármore do piso. A música, diferente da que horas antes havia ouvido, era executada por dezenas de instrumentos, ainda estranhos ao meu ouvido. Da mesma forma, não ficara de fora a organização das mesas decoradas pela prataria que reluzia como espelhos d’água, guardando as bebidas e os alimentos, tudo muito organizado.

De longe comecei a perceber as pessoas, e lá no alto de um pequeno palco montado verifiquei uma figura conhecida, o Duque, sentado na sua cadeira com a esposa ao lado e três crianças que por vezes revezavam no seu colo.

Eram dois garotos com idades de seis a sete anos e uma garota com oito anos que se mantinha encostada na mãe com olhar enfadonho.

-- Olha lá o duque! Irving mostrou-me.

-- Eu conheço os sobrinhos e já vi a filha dele! Disse Tales entusiasmado.

-- Conversei com o Tomas, o menor deles.

-- Que legal e como eles são? Perguntou Irving interessado.

-- A menina não olha pra ninguém e já se acha uma rainha. O outro garoto do meio não presta atenção em quase nada, parece bobo e o menor é o mais educado dos três, conversa e trata bem a todos, inclusive aos empregados.

Eles pareciam encantados com a conversa enquanto eu prestava atenção milimetricamente em todo o ambiente com meus olhos que não se cansavam de ver tamanha beleza. Por um instante desejei estar ali um dia.

De repente, a porta se abre e uma voz masculina assusta a todos os curiosos da sala:

-- Tales, já falei pra você não vir aqui direto senão vamos ter problemas. Desçam antes que vejam vocês por aqui!

-- Já vou John. Eu só vim ver um pouco a festa com meus amigos! Vamos que já está na hora de ir!

Agradecemos e saímos correndo em fila da mesma forma que entramos.

A correria foi tamanha, que por um minuto acabei me perdendo dos meus colegas entrando na porta errada depois do corredor quando um empregado carregando uma enorme bandeja de frutas passou na minha frente me desviando atenção.

De repente entrei num corredor comprido. Assustada antecipei o passo atravessando a primeira porta que encontrei pela frente entrando num lindo jardim.

Sem pestanejar continuei caminhando ressabiada a procura de uma saída que pudesse me levar pra casa. A essa altura do campeonato desejava dar uma coça no Irving e suas ideias mirabolantes. Já podia ver a expressão de raiva e decepção no rosto do meu pai quando de repente, um esbarrão me fez apagar da realidade por alguns instantes.

Ela me olhou com o mesmo olhar assustado. Ficamos paradas por alguns segundos que me pareciam eternos.

Olhamo-nos encabuladas, administrando uma curiosidade inexplicável. Da minha parte nunca havia visto uma criança tão linda em toda minha vida. Os olhos azuis profundos eram como o céu do verão, que de tão límpido poderia exibir algumas estrelas antes mesmo do anoitecer. Um arco refletia a cascata do ouro angelical encobrindo os ombros, cujas madeixas compridas revelaram o perfume de jasmim que levemente espalhava-se no ar, como os primeiros orvalhos da alvorada em dia de primavera. A luz que iluminava o recinto demonstrava a palidez da sua tez denotando a natureza rija e inerte pelo frio do inverno, mas que se deixava revelar como o sol reluzente nas paredes brancas do meu quarto de manhã, durante as primeiras semanas do outono. Em alguns segundos consegui me transportar às quatro estações de um mundo recém-descoberto. Era realmente uma princesa adornada com toda seda e renda que o dinheiro podia comprar e surgiu trazendo um amontoado de emoções estranhas, as quais não chegariam perto de entender tão cedo.

Assustada, só me lembro de correr muito pelo imenso jardim, tanto que nem me recordo como consegui identificar o corredor que levava a ponte onde atravessei sem medo de ser reconhecida. Chegando ao acampamento acabei me esgueirando numas árvores. Estava realmente cansada. Ao voltar ao normal percebi que havia rasgado o meu simples e único vestido de festa e isso me deixou terrivelmente triste.

Consegui caminhar pela multidão encontrando a Sra. Grisham na mesma posição de antes, conversando alegremente com suas conhecidas amigas, não se dando conta do tempo que havia passado.

Sentei-me e continuei viajando com aquele turbilhão de informações invadindo minha mente.

Voltei pra casa já muito tarde acompanhada da Sra Grisham, meio alegre pelo consumo exagerado de vinho.

 

Adormeci e acabei sonhando com a festa e o encontro inusitado com aquela pequena princesa durante toda a noite.

Fim do capítulo

Notas finais:

Gente, olha eu aqui novamente. Minha primeira estória de época, espero dar conta do recado. Um grande abraço, Deus abençoes a todos!


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Comentários para 1 - Capítulo 1:
CarolVitoriah
CarolVitoriah

Em: 28/09/2015

REALLY <3 

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CarolVitoriah
CarolVitoriah

Em: 28/09/2015

TO AMANDO SUA HISTÓRIA,POSTA MAIS CAPITULOS,POOOOR FAVOR,NÃO DESISTE DESSA HISTÓRIA,MELHOR HISTÓRIA DOS TEMPOS ANTIGOS EVER <3 

Responder

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CarolVitoriah
CarolVitoriah

Em: 26/09/2015

Ta Muitooo bommm,adoreeei,por favor não para,continua postando <3 Você escreve muito bem,cada palavra,cada detalhe tudo muito lindo *u* 

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Don Carrijo
Don Carrijo

Em: 15/09/2015

Estou gostando. Porém, tenho a sensação de que eu já sei o que vai acontecer. Deste modo, eu sugiro que você inclua um certo desfio de caráter em uma das personagens, talvez de Carol, que está muito "boa moça". 

Bem, como Helena não perdeu a memória como eu previa, talvez Carol pudesse ter uma espécie de fetichismo ou então ser cleptomaníaca ou psicopata.

Poderia frequentar a casa de Helena e ter um caso com o marido dela. Claro, depois de ter um romance escondido na própria casa de Helena. 

O marido pode chegar de Cuiabá e se interessar por Carol. E ela ter um caso com ele. 

Não esqueça de deixar Helena bem apaixonada por Carol. No entanto, seria interessante você nos fazer crer que Carol ama Helena, mas sua doença não permite que ela deixe de ser má. 

Claro isso porque ela teve uma infância muito difícil e ter sido estuprada pelo próprio pai quando ela ainda tinha 3 anos. Abuso que durou por 10 anos, até que ela resolver contar e a mãe não acreditou ou não quis acreditar nela. 

Então, ela fugiu e foi morar na rua. Foi criada em um abrigo, se formou em arquitetura, e se tornou bem sucessidade. Mas, o despreso familiar a fez não se permitir amar e ser amada, tentando matar em seus amores (mulheres) a imagem afetiva da mãe (de ódio e abandono) que projeta em cada uma delas. 

Só acho. (risos)


Resposta do autor:

Caro Don Carrijo,  simplesmente...instigante a sua proposta!!!

Suas dicas são absolutamente valorosas, principalmente, acerca dos desvios de conduta dos personagens. No caso das nossas protagonistas, isso torna-se uma opção perturbadora e até mesmo interessante, desde que seja logo após a fase da conquista, onde os defeitos começam a aparecer, considerando o efeito natural "erga omnes" das possibilidades do mundo real..rssrs...mas na realidade dos sonhos que fazem a maioria das leitoras viajarem e se sentirem elas mesmas parte do proprio conto de fadas, acho que correrei o possivel risco de colecionar um certo grau de impopularidade e chuvas de questionamentos exigindo que elas sejam boazinhas e que tudo termine bem! Em todo caso vejamos o que podemos fazer, minha garrinhas já estão de fora! kkk   

 

Responder

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Heloisa
Heloisa

Em: 15/09/2015

Amei sua estória!

Quantas vezes por semana você pretende postar?

Abraços...


Resposta do autor:

Boa tarde Heloisa,

 

Pretendo postar mais um capitulo hoje...no mais vai ser uma vez por semana, se der postarei mais de uma..beijos

Responder

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pamelaadriana
pamelaadriana

Em: 15/09/2015

Anciosa pelo proximo capítulo rsrsrsr

Gostei muito da maneira que você escreve :D 


Resposta do autor:

BOm dia pamela adriana

 

Espero que você continue apreciando a nossa estória. Muitissimo obrigada por acompanhar. Beijos no coração

Responder

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Maria Flor
Maria Flor

Em: 15/09/2015

Olá, Veruska.

Estou curiosa pra saber o desenrolar dessa história. Sou apaixonada por histórias épicas.

Beijo grande!


Resposta do autor:

Bom dia Maria Flor,

 

Que bom que você gosta de histórias épicas porque eu adoro, elas são bem mais sensíveis. rsrsr...muitissimo obrigada pelo seu apoio, estou muito feliz, viu!

beijossss

 

 

Responder

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