Olá minhas semidivas quarentenadas, tudo bem com vocês?
Esse capítulo tem partes do passado, mas como expliquei antes as memórias que não são diretamente do passado da Clarisse como chef vão ser de forma aleatória. Então teremos aqui um capitulo que começa a partir do momento que Annabeth e Piper deixam o restaurante e uma memória relacionada à época de adolescência.
Tem gente curiosa com o passado e alguns querendo Claribeth... Vocês que lutem com a montanha russa a partir de agora rsrsrs...
Boa leitura a todos!!!
PS: Me amem, pois esse cap. ficou enormeeeee... kkkk
Presente de Aniversário
"Mas quando você me amar
Me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo
Tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro ver e saber que eu te amo"
~***~
A volta foi bem mais animada que a ida isso já era mais do que um fato consumado, mas mesmo com ambas querendo prolongar um pouco mais aquela boa conversa bem sabiam que deveriam se preparar para os dias que iriam se seguir. Annabeth teria de se concentrar na reunião que fariam em breve e Piper deveria ficar em alerta caso Quinn Fabray tivesse alguma notícia não muito agradável para sua amiga e autora. McLean gostava de pensar no seu trabalho como uma agente secreta que deveria fazer de tudo por sua protegida, ou algo assim, quando tabloides sensacionalistas resolveram atacar Chase de forma covarde foi ela que fez o possível e o impossível para diminuir ao máximo os danos.
-Promete que vai pensar na possibilidade de ir ao jantar? - perguntou a morena enquanto girava novamente a chave na ignição.
Se encontraria com Jason em pouco tempo, então não poderia se atrasar, mesmo que ficar e conversar também fosse uma alternativa tentadora. A loira mordeu levemente o lábio e suspirou logo em seguida, McLean sabia ser bem insistente quando queria e o pior de tudo era que ela faria o possível para lhe convencer, Piper jamais iria ao tal jantar sozinha.
-Eu prometo, mas não vou garantir nada. - respondeu Chase se apoiando na janela aberta, um pequeno sorriso nos lábios do qual a amiga compartilhou.
-Mesmo que ela não saiba, vai ser algo importante. - deixou claro para que a escritora não acabasse achando que era apenas um capricho seu no final das contas. - Clarisse deu o primeiro passo, está investindo em alguma aproximação... Mesmo que seja apenas por amizade, ou algo mais, nunca se sabe.
-Pare aí mesmo, não me venha com isso novamente, estou muito bem sozinha... Estou cansada de me met*r em confusão. - retrucou de forma um tanto exasperada.
-Interessante, pensei que fosse porque La Rue vai se casar. - ergueu as sobrancelhas de forma divertida. - tem alguma coisa ainda viva aí que você tem escondido da sua melhor amiga, Chase?
-Idiota... Você tem passado tempo demais com o Percy. - Annabeth se afastou do veículo com o sorriso ainda no rosto, apesar de envergonhada.
A morena de olhos caleidoscópicos ofereceu-lhe uma piscadela e um sorriso compreensivo como era de se esperar e partiu, partiu sabendo que havia implantado as dúvidas necessárias o bastante para que Annabeth perdesse as próximas horas pensando nesse assunto, o que para a loira não lhe parecia das alternativas mais agradáveis.
Ao adentrar em sua residência seguiu direto até onde se encontrava a sua fiel companheira - a cafeteira - precisava de um bom café para colocar as ideias em ordem e claro, começar a pensar nas anotações que Piper lhe enviara quando ainda estava no restaurante da família Jackson... Mal concluíram uma maratona exaustiva de trabalho e lá estava ela pensando em ocupar a mente graças a melhor amiga.
Com uma xícara generosa em suas mãos, bebericou o líquido durante o breve caminho até o seu escritório pessoal. Não era lá dos maiores aposentos, contudo a escritora preferia daquela forma, poderia ser um pouco mais compacto do que a maioria realmente gostaria, mas ali tinha tudo ao seu alcance de forma rápida e aquele cantinho possuía um conforto sem igual - mesmo que nos últimos tempos ela passasse mais tempo na cafeteria da rua do que em casa quando precisava escrever de forma mais despreocupada.
Deixou-se relaxar na cadeira espaçosa e confortável, os olhos cinzentos quase que automaticamente se concentrando no quadro de anotações que ficava preso logo a frente da sua mesa... Ali ela possuía pequenas notas, trechos distintos e muitas vezes sem nexo, era a sua "bagunça", seu templo, sabia quando, como e onde aplicaria cada um dos rabiscos presos ali de forma aleatória, mesmo que a maior parte do seu emaranhado de ideias ainda estivesse concentrada apenas em sua memória.
Sorveu o líquido fumegante com os lábios delicados mais uma vez antes de deixar a xícara sobre o apoio enquanto com a outra mão ligava o notebook para uso quase que exclusivamente profissional. O aparelho mostrava ali suas últimas sessões antes de desligá-lo de forma relapsa - o que não era muito da sua personalidade. A tela mostrava apenas um arquivo novo e em branco, nada mais que aquilo, nenhuma palavra, tópico ou uma mísera letra... Havia ali apenas uma "tela em branco" a espera da inspiração genuína de sua artista.
Não estava fazendo aquilo sob qualquer tipo de pressão, seja da editora ou Quinn - que era a editora chefe - e muito menos de sua agente e amiga, elas bem sabiam que Annabeth já estava com trabalho mais do que o suficiente nos últimos meses, porém ela gostava de deixar a imaginação fluir de forma descontraída, sem arreios, sem prazos, sem pressão. Entretanto tudo o que conseguira nos últimos tempos era um arquivo em branco a lhe mostrar o quanto estava presa, dispersa, cansada ou o pior de tudo... Sem a bendita inspiração, nem mesmo a menor fagulha dela.
Soltou mais um suspiro pesado e carregado pela frustração, talvez só estivesse se cobrando demais, talvez só estivesse ainda acorrentada as sensações inebriantes e diferentes que "Perfídia" havia lhe proporcionado e de certa forma ainda estava colhendo os louros do seu trabalho mais recente. Era o pico alto da sua carreira, era sua obra maior até o momento, mesmo que os seus outros livros também fossem recordistas de vendas.
Repousou a cabeça no encosto da cadeira e consequentemente adotou uma postura mais desleixada, sua mãe com certeza lhe repreenderia se a visse daquela forma, mas não era algo que realmente deveria se importar. Seus dedos correram de forma aleatória pelo colar que ainda ostentava em seu pescoço, brincavam com o pequeno pingente em forma de coruja, dourada e delicada... Fora um presente de Clarisse, mais especificamente um que havia recebido em seu aniversário, quando ainda estavam namorando, mas mesmo quando não estavam mais juntas Annabeth nunca deixara de usá-lo.
Porém era difícil vê-lo ou tocá-lo sem de alguma forma repassar as memórias do dia em que recebera o item das mãos da prima. Naquele mesmo dia tivera a sua primeira relação com Clarisse, se quisesse poderia ainda sentir o corpo contra o seu, o toque firme na medida certa, o cheiro sempre presente - aquele que pertencia unicamente a ela... Nunca se sentira tão completa como naquele dia.
"Eu não deveria estar pensando em você dessa forma"
Repreendeu-se mentalmente, estava se deixando levar, estava fazendo justamente o que disse que não faria assim que soube que La Rue estava de volta. Aquilo ficara no passado apenas como a lembrança de algo que um dia foi bom por um tempo, eram pessoas diferentes agora, Clarisse se casaria em pouco tempo e ela em algum momento também deveria seguir em frente, apesar de que até então ficar sozinha vinha sendo uma ótima estratégia.
Mas ela sabia que o coração era uma terra sem lei e como de praxe já estava navegando por memórias de um passado que nunca conseguiria esquecer por completo.
~***~
Quando aquela ideia maluca do seu primo Percy lhe foi sugerida ela inocentemente aceitou, Annabeth não sabia bem o porquê concordara com aquilo, mas deveria ter pensado nas proporções descontroladas que com certeza tomariam as rédeas do seu controle.
-Precisamos fazer alguma coisa. - comentou a loira observando o pandemônio que se espalhava pela casa.
Era pra ter menos de dez pessoas na sua casa, era pra ser apenas uma reunião simples com os seus amigos mais íntimos, jogos, conversa fiada, algumas poucas garrafas de bebida, mas não... Sua casa havia sido abarrotada por adolescentes quase tão rapidamente como em uma invasão zumbi.
Clarisse lhe deu um sorriso tranquilizador, antes de lhe abraçar com um pouco mais de firmeza pela cintura e selar os seus lábios, deixou-se levar pelo beijo calmo até suspirar brevemente contra os lábios da morena... A mais alta levantou gradativamente a sobrancelha escura, como se perguntasse se havia algo errado, mas a verdade era que estava sendo difícil manter o controle dos hormônios perto dela.
Escutaram o barulho de algo se espatifando no chão próximo a elas e Chase começaria as orações para qualquer deus que lhe atendesse para que o item avariado não fosse referente a nenhum da coleção especial de seus pais, bem sabia como alguns deles valiam pequenas fortunas.
-Clarisse La Rue... - a voz um tanto quanto incisiva saía de sua boca diretamente contra pele da namorada. - acho bom você começar a dar um jeito nisso, tipo agora mesmo.
-Pode deixar, vou usar minhas habilidades secretas, sabidinha. - rebateu na defensiva enquanto encarava de forma maliciosa os belos olhos cinzentos, era melhor realmente tomar alguma providência.
-Tipo +10 em chutar traseiros com +2 de bonificação por adversários embriagados? - brincou a loira lhe mordendo de leve o queixo.
-Nerd. - foi tudo o que La Rue conseguiu dizer, enquanto mantinha os olhos fechados e contava mentalmente até cinco, era máximo que conseguia, ela não queria apressar as coisas com Annabeth. - vou reunir o "time de elite" para resolver isso. - selou uma última vez seus lábios aos da loira antes de começar o trabalho.
Annabeth tentou manter a postura rígida, mas acabou sorrindo ao ver a morena se afastar a passos lentos, sem nunca desviar do seu olhar.
-Tenha uma boa sorte guerreira, quem sabe você mereça um prêmio no final da sua campanha. - viu a namorada sorrir abertamente com a proposta.
Também tratou de fazer alguma coisa antes que os rapazes do time de natação derrubassem mais alguma coisa... Percy ainda lhe pagaria com juros e correções monetárias por aquela pequena amostra grátis de inferno.
Era seu aniversário, seus pais não estavam em casa, ambos haviam deixado a filha naquela data especial devido um congresso onde ambos seriam representantes dos projetos de pesquisa que coordenavam na universidade. Seus amigos tentaram compensar com uma festa surpresa ou quase isso, já que não teriam como fazer algo sem o aval da loira. Estava tudo indo bem a princípio, poucas pessoas, música tranquila, bebida de forma moderada, estava feliz, seus melhores amigos estavam ali, ela e Clarisse seguiam firme, mesmo que para surpresa da maioria... Contudo havia dois fatores que ela sabia bem que não poderiam andar de mãos dadas, "pais fora de casa" e "festa de adolescentes". Se havia algo que pudesse juntar mais jovens do que uma festa sem supervisão ela ainda desconhecia.
A princípio tentou ficar calma, a maioria ali eram pelo menos seus conhecidos, Annabeth era uma garota popular, estava mais para nerd do que para a garota metida sem conteúdo, mas mesmo assim era destaque em tudo aquilo que fazia. Porém a bebida - que se multiplicará absurdamente -, a música alta e com certeza os entorpecentes por debaixo dos panos eram o suficiente para transformar aquilo em um culto a Dionísio... Ela só esperava não encontrar ninguém trans*ndo em seu quarto, ou pior, no quarto dos seus pais.
Não demorou mais do que meia hora para que mais da metade da escola deixasse finalmente a sua residência, Clarisse inventou algum boato de que haviam denunciado o som alto e a polícia estava a caminho, Percy reforçou o comunicado e assim só restava a pior parte de uma festa para eles se "divertirem", limpar e arrumar toda a bagunça. Após se livrarem dos adolescentes bêbados, Clarisse, Annabeth, Luke, Thalia, Nico, Percy e Piper se dividiram na limpeza e em jogar fora qualquer evidência de uma festa... Na verdade todos menos Luke, o loiro estava chapado demais para fazer qualquer tarefa que com certeza acabaria em algum risco a sua vida, Jackson também não ficava muito atrás, mas sentia-se culpado afinal a ideia grandiosa partiu do ilustre cabeça de alga.
-Clarisse... - a morena estava terminando de juntar alguns cacos do objeto que havia se estilhaçado quando escutou a voz da amiga. - como você está?
A morena de olhos verdes retribuiu com um pequeno sorriso enquanto Thalia se abaixava para lhe ajudar. Tinha aquele olhar preocupado que sempre lhe dirigia quando algo anormal acontecia, os olhos azuis elétricos, os cabelos pretos e curtos, o visual punk, chegava a ser engraçado como aquele conjunto muitas vezes não combinava com a forma nada agressiva que ela reservava aos amigos.
-Esquece isso, foi só uma torção de leve. - já havia perdido as contas de quantas vezes tranquilizara Thalia naquela semana. - vai melhorar a tempo para a competição. - concluiu confiante enquanto observava a mão da outra sobre a proteção em seu pulso.
Fazia uma semana que haviam se envolvido em uma briga quando retornavam de um pequeno show que fizeram em uma festa extremamente maluca na casa de um mauricinho farreiro da escola. Nico se encarregou de proteger Annabeth e Piper no momento enquanto Percy, Clarisse e Thalia tentavam espantar os valentões, mas La Rue acabara se machucando para ajudar a aspirante a rock star.
-Não te vi bebendo hoje, aceita? - ofereceu uma das duas garrafas de cerveja que trouxera até o local.
-Deixa para a próxima, estou tentando maneirar um pouco, sabe como Quíron fica quando extrapolo antes das competições. - suspirou encolhendo um pouco os ombros, mas de certa forma estava bem, era o dia de Annabeth e ela realmente preferia compartilhar daquele momento em total sobriedade.
-Compreendo. - acenou de leve com a cabeça, lhe dando um sorriso de canto. - assim sobra mais pra mim. - concluiu piscando para a amiga.
Percy acenou do fim do corredor apontando para a pilha de sacos de lixo já lacrados, Clarisse e os outros fizeram o último mutirão para espalhar alguns sacos nas lixeiras de outros vizinhos, assim levantariam menos suspeita quando os Chase chegassem.
-Tudo pronto irmãzinha. - Percy comemorou após descartarem a última sacola de lixo. Passou o braço por cima dos ombros da morena enquanto caminhavam pela brisa noturna, a fala era alegre e pastosa devido a quantidade de álcool ingerida. - aquela bruxa má nunca vai desconfiar que estivemos aqui. - concluiu com um sorriso convencido e orgulhoso ao lembrar-se da figura imponente e às vezes assustadora de sua tia.
A mais nova apenas o acompanhou com um sorriso e passou o braço por sua cintura, mesmo que não fosse lá de grandes demonstrações de afeto. O irmão olhou para os lados para ter certeza que estavam sozinhos, os outros já haviam retornado para o interior da residência enquanto os dois estavam ali fora.
-Eu já combinei com todo mundo para ir embora, assim vocês podem passar um tempo sozinhas. - a animação em sua voz era inversamente proporcional ao olhar aterrorizado que Clarisse lhe lançou. - acho que você vai precisar disso bem mais do que eu. - completou olhando para os lados mais uma vez e colocando um pacote de preservativos no bolso traseiro da calça da morena. - aquele outro lá dentro não vai levantar nem o mindinho hoje e do jeito que estou mais fácil enfi*r o pinto no ouvido de alguém.
-Que merd* você acha que está fazendo? - a pergunta saiu entredentes, Percy apenas sorriu, sabia que ele havia notado que estava com vergonha mesmo que a iluminação noturna não fosse das melhores.
-Ah irmãzinha, você sabe muito bem para que serve isso... Eu sou muito novo para ser chamado de titio, por mais que um bebê de vocês seja algo muito bonitinho de se imaginar. - brincou de forma maliciosa, deixando-a ainda mais envergonhada, mas antes de entrarem ele parou novamente, escorou a irmã contra a porta e lhe olhou um pouco mais sério. - trate bem a minha prima ok?! Ela não é como as outras garotas.
Clarisse concordou freneticamente com a cabeça, tudo o que queria no momento era que o seu irmão calasse a boca. Ela sabia que Annabeth era especial e jamais faria algo proposital para lhe machucar.
***
Thalia ficou como a motorista da vez, mesmo insistido para que permanecessem na residência dos Chase pelo resto da noite. Porém como era a única que não havia bebido até esquecer o próprio nome, ficou encarregada de levar Piper - que se aconchegou de forma desleixada no banco da frente - e no banco traseiro Nico se espremia de braços cruzados e rosto vermelho entre o quase desacordado Luke e Percy que vez ou outra brincava com uma mexa do seu cabelo e murmurava coisas incoerentes.
-Desculpe pela bagunça, realmente não achávamos que teria essa proporção. - disse voltando a atenção à namorada assim que se despediram dos amigos, estava mais tranquila por Grace estar no comando do volante, poderia ter bebido duas ou três garrafas, mas era sempre a mais responsável depois de Annabeth.
-Tudo bem, não precisa se desculpar. Se não fosse por vocês teria sido o aniversário mais sem graça da minha vida. - entrelaçou seus dedos aos de Clarisse e se aconchegou em seu ombro. - vamos entrar, o tempo está esfriando muito rápido nos últimos dias.
Annabeth foi até a cozinha pegar um pouco de água enquanto Clarisse tentava não parecer à criatura mais ansiosa da terra. Elas não tinham muitas oportunidades de ficarem sozinhas e bem... Ela estava tentando se "comportar" ao máximo com a loira, mesmo que fosse muito difícil algumas vezes, não queria fazer nada errado.
Escorou na bancada longa, ali havia alguns rascunhos a punho e desenhos, alguns eram apenas esboços bem simples, outros ligeiramente bem acabados, Annabeth era boa com desenhos, era boa em praticamente tudo que fazia.
-Você deveria investir em um livro infantil. - comentou enquanto analisava os papéis com um sorriso no rosto. - as ilustrações estão realmente bonitas, imagino como vai ficar quando finalizadas.
-É apenas um passatempo. - a loira se aproximou um pouco sem graça enquanto terminava de tomar o líquido no copo. - mesmo assim obrigada.
Clarisse deixou os papéis de lado, sabia que estava entrando em um assunto delicado. Annabeth tinha seus sonhos, suas vontades, mas em contrapartida havia Athena, que queria que a filha cursasse arquitetura. Afagou o rosto da loira que colocou a mão por cima da sua, retribuindo o afeto de olhos fechados.
-Você vai ser uma escritora incrível Chase. - disse com sinceridade. - não deixe que sua mãe arbitre sobre as suas escolhas.
Annabeth suspirou pesado antes de lhe beijar a palma da mão que ainda lhe afagava o rosto. La Rue era a única pessoa que conseguia ler a sua alma, jamais chegou a pesar que encontraria tanta gentileza no coração daquela garota reclusa e coberta pelas próprias cicatrizes.
-Quer me falar alguma coisa? - a voz da loira lhe tirou de seus pensamentos confusos. - você estava diferente hoje, não que seja algo ruim. - completou rapidamente enquanto Clarisse desviava os olhos para os próprios pés. - só diferente.
-Tenho algo pra você. - rebateu quase em um fôlego só. A loira lhe sorriu daquela forma bonita que fazia seu peito bater de forma diferente. - eu não sou boa com...
Annabeth colocou dois dedos sobre os lábios da morena, a mais alta parou de falar automaticamente, sempre achava fofo quando a "inabalável" Clarisse começava a tropeçar nas palavras quando ficava sem jeito.
-Espero que goste. - retirou uma caixinha pequena do bolso, poderia ver a curiosidade despontar dos olhos cinzentos. - Sally me ajudou a escolher... Acho que combina com você. - retirou o colar com o pingente dourado de uma coruja. - significa sabedoria e inteligência.
-É lindo! - o sorriso genuíno voltou novamente a brincar em seus belos lábios. - obrigada é realmente incrível.
Clarisse se aproximara um pouco mais para colocá-lo em seu pescoço. Aquela era sempre a melhor sensação de todas, poderia apenas viver para ver aquele sorriso todos os dias da sua vida.
-Está ficando tarde... - comentou enquanto acariciava os fios loiros e depositava um beijo demorado em sua testa.
Chase sabia o que significava aquelas palavras, que não cabia a La Rue a decisão de ficar ou não, sabia que se ficasse estariam descumprindo pelos menos uma dúzia de regras impostas por sua mãe Athena, mas ela não se importava com aquilo, não agora.
Deslizou as mãos por dentro do casaco de Clarisse, lhe afagando as costas e subindo até os ombros, distribuindo um leve carinho na região. A morena lhe enlaçou a cintura de forma cuidadosa, seu olhar era diferente e bem sabia que isso era uma resposta ao que deveria estar transparecendo com o seu também.
Beijaram-se sem pressa, sem medo, diferente da primeira vez, diferente de todas as vezes que já haviam se beijado, os toques um tanto tímidos e desajeitados encontravam os encaixes perfeitos... Mas estava sendo insuficiente, muito pouco para algo que crescera como uma avalanche dentro delas, precisavam e queriam muito mais do que aquilo.
Annabeth lhe guiou pelas escadas que levavam até o quarto, sem nunca se apartar uma da outra, nem mesmo em meio aos pequenos deslizes entre os degraus que se seguiram, não queria dar vazão a qualquer dúvida ou receio. Clarisse já estava sem a parte superior que cobria seu corpo, as peças espalhadas pelo chão do recinto; a morena lhe colocou sobre a mesa de estudo, afastando os poucos itens que ali haviam sem muito tato para tal, a posição favorecia o encaixe perfeito entre o seu quadril e o da namorada... Podia sentir o volume entre as pernas da atleta reagir a todos os estímulos sensoriais até agora e aquilo lhe causava uma combustão ainda maior, já acontecera outras vezes, mas La Rue sempre se freava ou se sentia constrangida quando infringiam ao poucos os limites.
Suas mãos apertaram a cintura de Clarisse procurando por um pouco mais de contato até que sentiu algo no bolso da mesma, a morena estava tão distraída que sequer se lembrara do "presente" do irmão.
-Então... O que temos aqui?! - a voz saiu melodiosa ao ver o rosto cada vez mais corado de Clarisse quando lhe mostrou o que tinha na mão.
-Eu posso explicar, foi o Percy que colocou isso no meu bolso. - tentou falar da forma menos culpada possível, mas Annabeth não aparentava estar realmente com raiva ou decepcionada.
-Percy? - ela repetiu com um sorriso malicioso. - me lembre de agradecê-lo então. - voltou a distribuir beijos pelo pescoço e colo da namorada que deslizava as mãos por suas coxas, apertando-as com cuidado.
-Annie, você tem certeza que quer isso? - a pergunta saiu mais como um gemid* ao sentir os dentes da loira roçar cuidadosamente contra o seu mamilo antes de capturá-lo. - podemos esperar... Não quero que se sinta forçada a nada.
A resposta não veio por meio de palavras, Chase desceu da mesa, por mais que se sentisse bem confortável daquela forma, mordeu brevemente o lábio inferior de Clarisse e lhe empurrou com leveza contra a cama... Os olhos verdes intensos acompanhando seus movimentos enquanto retirava a blusa e o sutiã em seguida ficando apenas com a calça. Clarisse lhe respeitara de todas as formas possíveis até aquele momento, nunca lhe forçou a nada, nunca apressou etapas, tinha certeza do que queria e de que queria com a outra.
Sentou sobre o quadril da mais alta e lhe beijou com carinho, queria lembrar-se de cada detalhe daquela noite com perfeição. Projetou seu corpo contra o da La Rue que apenas deixou-se render pelos toques inebriantes... Queria-lhe totalmente a sua mercê. Os dedos longos vagavam pela linha da sua coluna e percorriam padrões desconexos por seus braços enquanto os lábios exploravam o queixo, pescoço, descendo até os seios, a morena mantinha os olhos fechados e a boca entreaberta enquanto Annabeth deixava o seu rastro com beijos e leves ch*pões, com certeza deixaria marcas e queria deixar bem claro que aquele território era seu, sempre foi seu. Seguiu a linha do abdômen firme e bem desenhado, distribuindo ali pequenas mordidas e mais beijos, queria provar cada pequeno pedaço de pele que permeava seus desejos mais insanos.
Refez o caminho, dessa vez Clarisse lhe recebeu com um beijo mais urgente, enquanto involuntariamente a loira movia o quadril contra a ereç*o. Suas mãos focaram em desabotoar a calça da morena enquanto sua boca registrava mais uma vez o sabor da pele, trocou um olhar cúmplice como se pedisse permissão para continuar e o que recebeu foi amor, desejo e liberdade para que pudesse fazer o que bem quisesse.
Estaria mentindo se dissesse que não estava nervosa - já estivera com uma ou duas garotas, mas aquilo era diferente, Clarisse era diferente - se deixou guiar pelos instintos, os gemid*s emitidos por La Rue foi o suficiente para saber que estava no caminho certo quando começou a masturbar a garota de forma quase torturante, os gemid*s se tornaram mais altos, agradeceu mentalmente por seus pais não estarem em casa.
-Annabeth...
Seu nome saiu de forma baixa, seus dedos exercendo uma pequena pressão enquanto exploravam a pele delicada e morna. Os dedos da morena se fecharam sobre a colcha quando seus lábios e a língua exploraram toda a extensão para por fim deslizar no interior quente da sua boca. Sentia seu próprio centro queimar com a necessidade de ser tocada.
Clarisse lhe puxou novamente para cima, afagou o rosto delicado lhe beijando os lábios com uma devoção que sequer pensou que algum dia teria por alguém, aproveitou-se da oportunidade e inverteu as posições... Annabeth lhe olhou de uma forma tão intensa que seu corpo inteiro se arrepiou.
Fez o mesmo caminho que a namorada percorrera, a pele macia em brasa como se estivesse com febre, aproveitou cada centímetro, o aroma, os gemid*s contidos ao lhe morder na altura das costelas, a pele contrastada com a tatuagem que a garota vinha escondendo já a alguns meses dos pais. Desfez-se da calça jeans da garota com destreza, porém sem nunca apressar as coisas, cada segundo ao lado da loira era precioso demais para ser descartado de forma repentina e sem zelo. Voltou a lhe beijar abaixo das costelas, o ventre e a parte interna das coxas, causando mais suspiros pesados de uma Annabeth que ansiava por um contato mais íntimo.
Trocaram um olhar demorado que fora o suficiente para que continuasse, Clarisse ficou de joelhos, lhe admirando por alguns instantes, o sorriso bonito, porém cafajeste, o olhar de intenso desejo. Não sabia quando havia perdido a total racionalidade, se fora ali, se foi quando "magicamente" a morena lhe retirou a peça íntima sem ter notado, ou quando a mesma lhe agraciou com sua boca e língua onde mais necessitava de seus carinhos... Clarisse era boa no que fazia e duvidava muito que qualquer outra pessoa algum dia pudesse entender seu corpo e suas vontades tão bem como ela. Fechou os olhos e forçou um pouco mais lhe segurando a nuca quando foi tomada pelo êxtase.
-Eu poderia passar o resto da minha vida assim... - comentou contra o seu pescoço, lhe causando tremores involuntários.
Buscou os lábios de La Rue sentindo o próprio gosto impresso, se achava que lhe daria total controle da situação lhe mostraria que estava enganada. Mesmo que seu corpo ainda estivesse entorpecido ela inverteu a posição empurrando os ombros da morena que não demonstrou qualquer resistência, sentando sobre o seu quadril novamente. Ajudou Clarisse com o preservativo, mas lhe deixou presa à cama, moveu-se contra o membro da morena lhe provocando um pouco mais, mas bem sabia que não aguentaria aquilo por muito tempo.
-Annie... Por favor. - as mãos de Clarisse seguraram em seu quadril com um pouco mais de força, o membro roçando contra a entrada quente e úmida.
Annabeth deixou-se envolver pelos braços fortes, suspirou cravando as unhas nos ombros da outra ao sentir lhe preenchendo lentamente. Esperou alguns instantes se acostumando à sensação de dor e prazer, mas ver a outra a sua mercê e a expressão de desejo lhe fez mover os quadris gradualmente levando as duas a um estado pleno de entrega, levou a mão trêmula de Clarisse até o seu seio o toque mais firme lhe levava a insanidade.
Seus gemid*s se misturaram aos da morena que inutilmente tentava lhe conter toda vez que impunha um ritmo cada vez mais intenso, por mais que também quisesse prolongar aquele momento pelo máximo de tempo que conseguisse seu corpo implorava para ser consumido.
-Clarisse... - gem*u deitando contra o corpo da morena e beijando-lhe de forma intensa, sua mente ficando completamente nublada.
La Rue lhe acolheu contra o seu corpo, parou de se mover aos poucos prologando ainda mais a sensação de prazer entre as duas, a respiração forte enquanto trocavam pequenos beijos, seus dedos trêmulos afastaram uma mecha molhada de suor do rosto da loira com muito carinho.
-Eu amo você sabidinha irritante... - seu coração batia de forma tão desregulada que chegava a doer.
A loira sorriu, ainda ofegante, mas sorriu... Sabia que Clarisse não estava dizendo aquilo da boca pra fora ou apenas pelo momento que dividiram ela podia ver em seus olhos que estava se declarando de forma verdadeira.
-Eu também amo você, sua guerreira estúpida. - disse encostando a testa na da amada que lhe beijou novamente.
Fim do capítulo
Aqui é a autora falando novamente do buraco da vergonha, ainda tenho suprimentos, mas não sei por quanto tempo, meu café já acabou... Brincadeiras a parte espero que tenham gostado.
Um leitor em especial perguntou o motivo para a Clarisse e a Annie terem se separado, eu não deixei isso muito explicito porque escrever certos assuntos me deixa muito sensível ou pra baixo. Eu meio que ainda vou entrar mais a fundo nesse assunto - talvez, não tenho certeza - mas com o tempo é que vamos entender mais sobre o que se passou com a nossa chef. Mas pelo que eu já soltei foi algo envolvendo drogas, depressão dentre outras coisas.
Um grande beijo e vejo vocês nos comentários!!!
Comentar este capítulo:
Manuella Gomes
Em: 09/07/2020
O enredo é bem interessante e intenso. Eu irei acompanhar o desenrolar da história.
Sobre a separação das duas(seu comentário acima), a forma como você abordou até agora foi legal, deixando suspensa, e entendo que a forma mais explícita seja revelada mais pra frente.
Resposta do autor:
Olá, muito obrigada por comentar, fico feliz que tenha se interessado.
Que bom, eu meio que tive receio das pessoas realmente não gostarem disso, ou do desenvolvimento não ficar bom como eu realmente gostaria, mas fico feliz que esteja indo até então em um caminho certo.
Mais uma vez obrigada por comentar e acompanhar.
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