Olá minhas semidivas "quarentenadas" tudo bem com vocês?! Tentando atualizar aqui as fics um pouco mais cedo.
Esse é mais um capítulo totalmente voltado para ao passado da Clarisse novamente e creio que a partir desse vocês vão começar a entender melhor algumas coisas. Espero que gostem!
Potencial
"Eu não acredito que você me conhece,
Embora você saiba meu nome
Eu não acredito nas faltas que eu tenho
São somente minhas para culpar
Eu não acredito que eu amaria alguém
Apenas passar o tempo...
Mas eu acredito em você"
~***~
Após aquela noite Clarisse e Luke não tocaram mais naquele assunto, La Rue havia deixado bem claro que seria apenas por aquela vez e não voltou atrás. Por mais que a vontade de matar o amigo tivesse durado por alguns dias ela tinha de concordar com uma coisa, a loira arrogante fora uma das melhores noites que tivera na sua vida e como o amigo havia deixado bem claro, ela costumava pagar muito bem.
Algum tempo depois o loiro conseguira uma vaga no local que trabalhava, Castellan estava como substituto da sous chef do local por um curto período e tinha um pouco mais de respaldo com o seu chefe agora, era período de alta estação e estavam precisando de mais pessoal para manter tudo em ordem, já que alguns estagiários saíram devido à pressão. Não precisou de muito para que Paul Williams aceitasse a jovem Clarisse em sua cozinha, ele poderia ser um homem um tanto quanto casca grossa, afinal manter um restaurante estrelado tinha os seus custos, mas fora isso era uma ótima pessoa.
Sabia que sua rotina seria maluca, pois Luke sempre lhe contava muitas histórias, mas La Rue sentira na pele o que era ser pressionada para manter tudo em ordem e decorar onde ficava cada coisa em um curto espaço de tempo. Assumira uma das vagas abertas de plongeur, manteria pratos, talheres e panelas que eram usados nos preparos sempre brilhando para receber novos alimentos, mas a jovem aspirante a chef possuía sonhos bem maiores que aquele e ela se esforçaria o suficiente para ser notada.
Luke nunca vira a amiga tão concentrada e empenhada em algo daquela forma, nem mesmo quando a mesma investia parte do seu tempo em uma possível carreira de atleta na adolescência. Clarisse saía mais cedo que ele e muitas vezes chegava a trabalhar de dezesseis a dezoito horas seguidas sem nunca realmente reclamar de algo, por mais que ele soubesse bem o quão puxado e exaustivo estava sendo. Até mesmo o chef tinha que expulsá-la do local para que ela não virasse um zumbi viciado em trabalho, mas tudo fazia parte do plano de La Rue... Manter a cabeça focada, fazer a sua parte e o principal, aprender e interagir com os companheiros de trabalho que estavam acima dela. Tinha completa noção que se não fizesse certos esforços ela jamais conseguiria alguma notoriedade, então além de fazer o que lhe era incumbido sempre se voluntariava para ajudar terceiros.
Outra coisa que aprendeu a amar com o tempo foram os seus companheiros de cozinha, por quem desenvolvera uma boa amizade e admiração, passavam tanto tempo juntos que querendo ou não eles eram como sua família. Paul, o dono, era um homem alto de barba grisalha bem aparada e careca lustrosa com bondosos olhos azuis cinzentos, sempre procurava tratar todos com respeito e paciência o que era realmente muito raro para um chef do seu gabarito; Mark era um irlandês que adorava farras e mulheres e sempre lhe fazia rir muito quando não estava esbravejando com Chris; Rodriguez era mexicano e já era um bom amigo desde que chegara ao país - ele também começara a trabalhar na mesma vaga que Clarisse, mas tinha um grande talento e logo se destacou - mas mesmo conhecendo bem o seu temperamento ainda conseguia se assustar quando ele e Mark começavam a apontar as facas ou até mesmo panelas um para o outro; Frannie Fabray vinha de uma boa família em Ohio, era sempre educada, reservada e uma mulher muito bonita, do grupo ali presente era a mais centrada em todas as etapas e por último Luigi, ou como sempre gostara de chamar, Lui, vinha de uma família italiana de grande tradição gastronômica, era muito esforçado e estudava juntamente com a maioria ali na Le Cordon Bleu, mas era um rapaz extremamente atrapalhado, principalmente quando se tratava de dividir trabalho com Frannie... De todos era o mais gentil, sempre pronunciava seu nome de forma engraçada e seus cabelos negros e olhos claros lhe faziam lembrar-se de seu irmão mais velho, Percy.
Porém se Clarisse achava que aquela seria a parte mais complicada da sua dura rotina, ela estava completamente enganada...
Pouco tempo após a sua admissão no restaurante Paul se afastará por um período indeterminado devido sua saúde e logo a sous chef que estava viajando teve que retomar o seu posto. No exato momento que colocou os olhos naquela mulher novamente ela sabia como Mark ou Chris se sentiam quando apontavam facas um para o outro... Era exatamente o que ela gostaria de fazer com Castellan.
O amigo - se é que ela poderia considerá-lo dessa forma ainda - não havia apenas apresentado sua melhor cliente naquele dia, Luke deixara de lhe informar completamente que a tal loira com quem ela tivera a noite era Cassie Williams, filha de Paul, sous chef do restaurante - promovida provisoriamente a chef - não era apenas um dos maiores nomes da gastronomia como ensinara já em diversas sedes da Le Cordon Bleu.
Apesar de não aparentar, Cassie também ficara suspresa com a presença da garota ali e foi aí que os dias de tortura de Clarisse começaram. A mulher era rígida, até mais que o próprio pai se duvidasse, La Rue começara a ajudar em outros pequenos afazeres dentro da cozinha fora o seu serviço habitual e parecia que a chef queria lhe testar a todo momento.
Já estava virando algum tipo de implicância pessoal, Clarisse notara isso de cara, mas ela não tinha culpa, porém a Srta. Williams não poderia simplesmente descontar em Luke, com quem estava trabalhando diretamente agora, logo sobrara para ela, contudo não entendia o porquê. Ela não queria nada com a mais velha, seja dinheiro ou qualquer outro tipo de relação, deixara bem claro a Luke que fora a única vez que faria aquilo, pelo que soube era uma pessoa que não gostava de amarras e assim como Clarisse, emotivamente complicada, seus relacionamentos eram à base de dinheiro assim como fazia com Castellan ou quando realmente achava que algum de seus pupilos valia a pena.
-O que você quer que eu faça? - a voz de Clarisse saía raivosa apesar de tentar se conter. Havia se recolhido até o reservado quando se cortara acidentalmente com um dos utensílios e com isso discutira com sua superior em seguida. - Quer que eu volte lá e peça desculpas? Eu não vou ser mais um dos capachos dela.
Luke tentara se aproximar para lhe ajudar a conter o sangramento, mas Clarisse lhe olhada daquela forma que servia como um aviso de "não chegue perto".
-Eu não acredito que finalmente você esqueceu a Annabeth. - comentou o amigo realmente não possuindo medo algum de medir suas palavras. - está gostando dela La Rue?! É por isso que está com tanta raiva?
-Vai se foder Luke! - esbravejou de vez, perguntava-se se possuía alguma possibilidade de matar o loiro caso batesse na sua cabeça com o kit de primeiros socorros.
Não demorou muito para que Cassie adentra-se o local, a morena revirou os olhos no mesmo instante, já dissera uma vez e se fosse preciso repetiria que não precisaria de qualquer ajuda que viesse dela. Não careceu mais que um leve gesto com a cabeça para que Luke se retirasse no segundo seguinte, deixando as duas sozinhas.
-Vai continuar agindo como uma criança mimada? - perguntou de forma levemente dura enquanto via a outra conter o sangue com algumas gazes.
Clarisse travou o maxilar na mesma hora, sabia que se falasse o que quisesse agora colocaria seu trabalho e dedicação de meses em risco. A loira se aproximou mesmo que a contragosto da mais nova e pegou sua mão. A novata poderia até já saber os procedimentos básicos, mas estava com tanta raiva que sequer tinha noção do que estava fazendo.
-O que foi garotinha? Sempre reage dessa forma porque não gosta de receber ordens?! - provocou após rapidamente fazer um curativo decente.
-Vá se ferrar! - soltou entredentes, era o máximo que conseguiria se conter. - nunca fiz nada e você fica me tratando feito porcaria todos os dias, você é maluca!
A chef lhe olhou nos olhos e ela sempre sentia ainda mais raiva, pois os olhos da mulher lhe recordava justamente quem mais queria esquecer. Um pequeno sorriso surgiu no rosto da mais velha e aquilo de alguma forma balançou Clarisse... Seu espaço pessoal foi invadido e o alerta de perigo já soava em sua cabeça, a loira prensou levemente seu corpo contra um dos armários de aço.
-Então esse é o seu problema? - a voz saia quase melódica, como se a explosão da jovem tivesse lhe deixado satisfeita. - adoro essa sua expressão de raiva, te deixa ainda mais sexy.
Os dedos corriam agora pelos botões da dólmã, desfazendo cada um deles, apesar de estar confusa, em um lapso de consciência La Rue segurou suas mãos.
-O que você... - mas o questionamento morreu no fundo de sua garganta ao sentir a outra pressionar a coxa entre suas pernas.
-Sua dólmã está suja de sangue, não vou deixar que volte para a minha cozinha dessa forma. - disse enquanto suas mãos hábeis se livravam da peça superior e seus lábios deslizavam pelo pescoço da garota, sentindo-a tremer. - você pode negar o quanto quiser, mas seu corpo diz que sentiu a minha falta. - sussurrou de forma sugestiva enquanto a mão acariciava o membro por cima da calça.
Ela não poderia estar falando sério, poderia?! Estava com raiva, com receio de que qualquer outra pessoa fosse atrás delas e ainda queria socar a cara de Luke até abrir aquela maldita cicatriz na sua cara novamente. Estava tão confusa que quando caíra em si novamente Cassie já estava ajoelhada a sua frente, sua calça fora desabotoada, e o resquício de racionalidade que acabara de estabelecer se esvaíra por completo ao sentir a boca quente e macia envolvendo o seu membro.
Suas mãos tremiam tentando conter a vontade de puxar os cabelos da mais velha, mas a língua experiente e os movimentos ritmados faziam seu membro pulsar cada vez mais de desejo.
Que o resto se fodesse...
Seus dedos se entrelaçaram aos fios dourados, fechou os olhos, ditando um ritmo ainda mais forte.
Os gemid*s baixos escapavam de sua boca e sabia que a mais velha estava gostando disso, tentou se afastar, sabia que não aguentaria aquilo por muito tempo, mas Cassie lhe manteve no lugar segurando em seu quadril, como se quisesse exatamente o que Clarisse queria evitar... Atendeu então a vontade da chef, forçou um pouco mais sua cabeça e deixou-se liberar na sua boca.
-Boa garota... - escutou a voz sensual e levemente falha da outra enquanto suas pernas ainda tremiam. - escute bem, pois só vou falar isso uma vez. - disse prensando o corpo da morena contra o armário novamente. - sou eu que mando! Não tente passar por cima das minhas ordens e quem sabe você consiga aprender alguma coisa.
~***~
Clarisse não sabia exatamente como conseguiria trabalhar depois daquilo, mas tentou retomar o serviço quando a outra deixou a sala e suas pernas fizeram o favor de lhe responder novamente. Respirou fundo... Tentou colocar as ideias no lugar, voltou aos seus afazeres quase que de forma automática naquele dia, respondia apenas com alguns breves sons e agia como se a outra não existisse, era melhor assim, ela gostaria de manter o pouco da sanidade que ainda possuía.
Era quase final do expediente naquele dia e havia apenas alguns poucos pedidos pendentes quando um verdadeiro estrago acontecera. Precisavam entregar duas sobremesas, no entanto em um descuido nada comum, Castellan acidentalmente derrubara parte da torta de limão.
Eram os últimos pedidos... Não tinham como refazer a receita... Não tinham unidades para repor. O loiro olhava da torta parcialmente no balcão e parcialmente no prato, Cassie lhe olhava daquela forma indecifrável e seu rosto empalideceu no mesmo momento.
-O que vamos fazer? - tentava pensar em alguma solução assim como a sua superiora, mas nada lhe vinha à mente.
-Com licença, chef. - Clarisse se aproximou dos dois sem saber se seria realmente algo prudente, mas enxergara ali o lampejo da chance que tanto aguardara. - posso?! - perguntou apontando para as duas sobremesas.
A chef estreitou os olhos cinzentos e Luke prendeu o ar nos pulmões como se temesse uma nova explosão ou discussão entre as duas, porém a mais velha apenas fez um breve sinal positivo... O estrago já estava feito, então agora a possível solução estava nas mãos de uma garota.
Clarisse não perdeu tempo e tentou se desprender da atenção que com certeza estava voltada para ela, analisou os dois pratos por poucos segundos e um pequeno sorriso de canto surgiu em seus lábios. Não tinham tempo para refazer uma sobremesa, e nem teria como consertá-las, mas e se no lugar de "consertar" ela simplesmente deixasse as duas iguais como um acidente proposital?!
Cassie lhe observava ao seu lado, quase podia sentir a sua respiração enquanto pegava novos pratos e espalhava por ele o zabaione de limão como uma pintura, quando se espalha tinta de forma acidental ou aleatória em uma tela branca, continuou a montagem com o creme e por cima colocou os pedaços levemente quebrados da massa, fez o mesmo com a outra pequena massa que estava intacta, deixando-a no mesmo estado que a primeira.
-Onde você se escondeu esse tempo todo, La Rue? - perguntou a loira pela primeira vez sorrindo sem malícia ou zombaria.
Luke suspirou aliviado, o sangue quase que automaticamente voltando a circular por seu rosto quase moribundo. Apressou-se em levar as sobremesas antes que a chef se lembrasse de gritar com ele por sua falha.
-Clarisse... - a voz da mais velha chamou-lhe novamente a atenção quando já se encaminhava para o seu posto. - na semana que vem você começa a entrar mais cedo, seria um desperdício de talento continuar no posto em que se encontra.
-Sim, chef. - confirmou com um breve aceno de cabeça.
~***~
Por mais que Cassie fosse uma pessoa às vezes difícil de lidar, Clarisse não poderia negar que a mais velha era um gênio. Passaram os meses seguintes se encontrando antes do expediente e com isso conseguira evoluir muito em pouquíssimo tempo. A chef poderia ser muito exigente, mas compensava com a sua paciência, não sabia se ela era assim com todos que ganhavam a sua atenção, ou se tentava ser mais maleável com a garota por estar aprendendo muitos processos em pouco tempo fora a jornada diária, contudo La Rue não acreditava muito na última opção.
Clarisse tinha muita noção de processos básicos, para quem nunca havia trabalhado na cozinha antes, Luke provavelmente lhe ensinava algumas coisas com o tempo, mas apesar de demonstrar não se importar, sabia que havia não só empenho por fora da cozinha do restaurante, mas também havia amor e muita atenção compartilhada com os seus companheiros de trabalho.
Acabaram por desenvolver algumas receitas juntas durante esse período, como Paul ainda se encontrava afastado, cabia à filha não apenas manter o estabelecimento funcionando, mas melhorar a parte criativa para manterem as estrelas que o mesmo possuía. Ficaram mais próximas... Talvez fosse inevitável, mesmo com o gênio forte de ambas, mas querendo ou não estavam envolvidas de alguma forma que só daria certo por saberem exatamente o que queriam. Não queriam laços afetivos, se encontravam algumas vezes - mas desta vez não envolveria dinheiro - mas estavam livres para se envolverem abertamente com outras pessoas.
~***~
Clarisse estava com uma ressaca terrível quando sua chefe lhe telefonara em um horário nada agradável, na verdade mal chegara em casa quando recebeu a chamada. Era final de semana, se dera ao luxo de virar a noite farreando com Castellan e Mark, contudo quando Cassie lhe chamava, não tinha exatamente como dizer não.
Teve que tomar um banho gelado para conseguir acordar realmente, mesmo que não fosse das alternativas mais agradáveis, invejou o amigo jogado no sofá e bagunçou-lhe os cabelos loiros, ele murmurou algo incompreensível, mas sabia que estava chapado demais para ter entendido que não estaria em casa quando acordasse. Preparou um café forte enquanto esperava, o sol sequer havia dado o ar da sua graça ainda, o veículo que pertencia ao restaurante estacionou pouco tempo depois, o som da buzina lhe irritou, mas logo Lui saiu do banco traseiro para lhe receber com o sorriso amigável de sempre.
-Bonjour, Clarisse! - acenava ele animadamente enquanto falava com o sotaque carregado e engraçado de sempre, o sorriso ainda maior em seu rosto. - vamos!
Ela não entendia como o amigo, em um final de semana, àquela hora, poderia estar tão animado, mas apenas correspondeu ao sorriso antes de terminar seu café rapidamente. Não demorou muito para entender que a cara de animação do italianinho era quem lhe acompanhava no banco traseiro do carro, Frannie Fabray, a loira de intensos olhos verdes com quem trabalhavam, mas Clarisse não deixou de rir da cena ao entrar no veículo, cada um sentado em uma ponta do banco, Lui tinha o rosto vermelho como de um tomate e a mulher em sua postura impecável e séria de sempre.
-Sua cara está terrível. - comentou Cassie em forma de provocação.
Mas Clarisse estava tão cansada que só resmungou alguma coisa não muito humana e colocou os óculos escuros, aproveitaria o trajeto para poder dormir um pouco. Demoraria pelo menos uma hora até chegarem ao destino, era a primeira vez que iria até a fazenda que pertencia ao tio de Lui. Era um local extremamente especial, pois comprariam um queijo muito específico, na verdade era a única localidade com condições climáticas fora da Itália onde conseguiriam comprar o item.
Assim que chegaram ao local Lui às conduziu pela fazenda, enquanto esperavam seu velho tio e seu primo que lhe ajudava com os negócios. Passaram pelas vacas, onde o mesmo brincou com algumas como uma criança e lhe acariciou a cabeça, havia ali pelo menos quatro espécies diferentes do animal para que pudessem fazer a combinação perfeita do leite.
Clarisse parecia uma criança em uma loja de doces, nunca vira tantas prateleiras com enormes peças de queijo, o cheiro ali era realmente incrível e ali havia peças de dois até vinte anos de maturação.
-Sono belissimi, no?! - comentou Lui passando o braço por cima dos ombros da amiga, também estava encantado.
-Os queijos ou... - Clarisse completou com um breve aceno para onde estavam Frannie e Cassie. O pobre amigo retomou a coloração de tomate novamente o que fez a morena sorrir. - tome coragem homem, fale com ela, antes que outro faça isso. - completou de forma sincera. - só você não percebeu a forma que ela te olha.
Juntaram-se às outras duas logo em seguida. Nicolai e seu velho pai já haviam separado algumas peças para analisarem. Como eram peças de maturação longa a única forma de saber se estavam em perfeito estado era através do som, Lui pegou um pequeno martelo e começou a bater delicadamente em diversas partes da peça, escutando atentamente o som que produzia e sorrindo conforme achava que estava tudo bem.
Após a inspeção minuciosa, seu tio Carlo abriu cuidadosamente uma das peças, Nicolai o ajudara fincando cuidadosamente as espátulas nas ranhuras que o experiente senhor fizera. Retiraram pequenas lascas e distribuíram entre os presentes... Clarisse achou que sentia um pedacinho do céu na sua boca, era realmente algo inexplicável, era uma mistura extremamente equilibrada entre salgado, doce, herbal e amendoado, sua textura dura por fora e granulada por dentro. Dependendo do tempo de envelhecimento poderia ter o cheiro mais frutado e sabor mais adocicado ou mais salgado com toque de passas e noz-moscada.
Passaram boa parte da manhã naquele tour gastronômico e as peças escolhidas foram levadas até o carro adaptado para compras especial como aquelas. A volta fora mais animada que a ida e os quatro conversavam sobre a experiência que tiveram. Cassie deixara Lui e Frannie em suas respectivas residências primeiro e seguiu por um caminho diferente com Clarisse, porém a mais jovem não se importou com o destino incomum.
-Quero te levar em um lugar especial... - confessou a loira fazendo um breve carinho em sua perna. - você precisa ver uma coisa.
~***~
Clarisse pensou tudo, menos que Cassie lhe levaria a uma exposição de arte, estava acontecendo a bienal de Paris. Ela não sabia exatamente o que a chef queria lhe levando naquele local, não combinava com La Rue, ela sequer entendia alguma coisa de arte, mas não questionou, permaneceu calada e atenta como fizera nos últimos e longos minutos até ali.
Chegaram a um pavilhão onde havia várias artes importantes, porém a loira lhe guiara para uma em especial, não havia quase ninguém ali, mas das demais artes aquela era um tanto inquietante.
-O que você vê? - perguntou a chef colocando as mãos em seus ombros.
-Aqueles pombos, não deveriam estar ali... - comentou La Rue olhando mais para o alto, após analisar a pequena sala.
Cassie lhe guiou até um ponto específico e apontou para as aves que a mais nova mencionara.
-Esses pombos estão aí de propósito, fora o próprio artista que os colocou naquele lugar. - comentou com um pequeno sorriso no rosto ao ver La Rue erguendo a sobrancelha aos poucos. - bem como pintou eles defecando em outra obras de arte.
Clarisse abriu a boca como uma criança que faz uma descoberta incrível, a loira olhou para a obra mais uma vez e depois fixou os olhos nos verdes a sua frente.
-Eu sou como aqueles pombos, eu quero mudar a gastronomia, mas isso só pode acontecer quando se vê as coisas de cima, desconstruir as amarras da geração anterior a minha. - explicou fazendo um breve afago no queixo de Clarisse. - eu vi isso em você no dia que você recriou uma sobremesa dada por perdida, eu vi que você era muito mais que aquilo que mostrava... Sei que você tem todo o potencial para chegar longe, eu acredito em você Clarisse.
No momento seguinte Cassie tocou seus lábios com os dela, pela primeira vez pode sentir que havia algum carinho ali, que não era apenas atração sexu*l* ou desejo, segurou na cintura da loira trazendo para o seu espaço pessoal... Sentiu algo estranho no peito, mesmo sabendo que entre as duas jamais teria um espaço para sentimentos mais complexos.
Fim do capítulo
E então minhas queridas o que acharam?
Aqui é a autora a mais de duas semanas presa no buraco da vergonha e não sei quando vou sair pelo visto kkkkk...
Um grande abraço e se cuidem! Vejo vocês nos comentários!
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amoler
Em: 12/07/2020
Leitura é um bagulho muito louco e individual.
Vários comentários achando incrível. Enquanto eu estou completamente perdido.
No início tu gastou capítulos desenvolvendo todo o lance da cozinha e do cunhado. A sinopse não falava nada disso, então fiquei na dúvida de "até onde isso é relevante?". Eu lia, mas não sabia se devia ou não prestar atenção.
Sobre detalhes. Eu acho que tu solta muita coisa que é meramente curiosidade sobre os personagens. Não é algo necessário para a trama. Assim como o momento dos flashbacks. Eu sou MUITO hater de flashback. Quando eu vejo a indicação que vai ter um, eu pulo. E em 99% das obras, NUNCA faz falta. Eu acho que autores em geral não sabem fazer flashback ou fazem quando não precisa.
Tipo. Tu está nos apresentando os personagens, ainda não nos deixou curiosos o suficiente para justificar um flashback.
NA MINHA opinião, é mais fácil fazer um adendo em um parágrafo relembrando alguma situação muito específica que vá fazer diferença para a trama.
Eu tô lendo tua obra e tals, ai... PAAAAAH!!! Toma flashback na cara! Capítulo inteiro. Sem conexão alguma com o anterior. Sei lá. Talvez tenha, mas é que para mim está tão confuso que não consegui fazer a ligação.
Eu amo ler desenvolvimentos lentos, muitos dramas, coisas pesadas e tals. Mas o autor tem que fazer eu me importar com o que tá sendo apresentado. A MINHA percepção foi que tu anunciou algo na sinopse e entregou algo diferente na obra. A parada de escritora e atriz, sei lá, não aconteceu. Entrei num mundo de drama na cozinha. Sei lá. Eu acho que preciso reler do início e prestando atenção nas coisas que eu considerei inúteis, talvez então eu vá compreender as outras leitoras que estão achando a sua obra maravilhosa. Porque para mim só é confusa.
Resposta do autor:
Olá, bom dia. Realmente, leitura é algo muito individual e até a minha por ter uma visão mais geral da história, talvez meu grande "problema" seja esse, mas vamos lá, vamos vê se consigo apresentar meu ponto de vista de forma coerente.
Bem, como você salientou, eu apresentei algo na sinopse e o desenvolvimento meio que seguiu de forma diferente. Como tecnicamente os leitores não conhecem os personagens eu não quis e dificilmente alguma história minha terá personagens jogados de forma aleatória. Ou seja, começar uma história com apenas nomes sem personalidade não é meu estilo. Eu iniciei tudo com Annnabeth, Piper, Clarisse e Percy, as personagens principais e de apoio e fui aprofundando eles. Quem são? O que gostam? O que faziam na época de adolescência que foi quando Annabeth e Clarisse se envolveram e depois se separaram para em seguida cada uma trilhar seu caminho.
Quanto a cozinha você provavelmente deve ter se perdido se não leu os capítulos de flashback, pois como disse eles são importantes, não falei nada sobre cozinha na sinopse por ser algo justamente relacionado a Clarisse e como ela é uma personagem que estava fora a sete anos eu quis mostrar o que levaria alguém que se empenhou para ser uma atleta/lutadora à uma chef de cozinha... Era um elemento surpresa. Eu gosto de dar detalhes que sustentem meus personagens e não apenas um "colocar por colocar".
Todos os meus flashback tem ligação com algo que vai acontecer no capítulo e sendo a Clarisse uma personagem cheia de complexos, eu quis mostrar isso, quis mostrar quem é ela, afinal a história se monta com o amor que foi vivido entre ela e Annabeth.
Sandra Bruna
Em: 01/07/2020
Passando para dizer que a história é fantástica!! Tô amando muito! Adoro as suas histórias.
Continua ♥ï¸♥ï¸
Resposta do autor:
Opa, Olá querida, bom te ver por aqui. Fico feliz que esteja gostando!
Obrigada por comentar, em breve trarão mais capítulos, prometo!
Abraços â¤ï¸
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