Capítulo 18 - Me liga. Me manda um telegrama. Uma carta de amor. Que eu vou até lá.
No dia seguinte, domingo, Carol foi deixar Luísa em casa. A pouca bagagem fez com que a mudança fosse fácil e rápida. Dez minutos de carro e uma mala de mão depois, estava feito.
E doeu.
Doeu mais do que Carol podia imaginar.
Aquela nova sensação de perda, mesmo que não tivesse recuperado absolutamente nada, doía.
Dessa vez, com um agravante: Carol sabia que Lu ainda não estava bem. Então, o medo vinha como um novo ingrediente para essa receita amarga.
Carol desfez a mala sob as reclamações de Luísa. Organizou uma planilha com os horários das medicações e acomodou Luísa na cama.
- Você tem certeza que vai ficar bem? - perguntou Carol.
- Tenho. Fica tranquila - respondeu.
- Promete que se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, você me liga? - checou.
- Prometo.
- Cadê seu celular?
- Está aqui comigo.
- OK. Quer que eu pegue água?
- Carol, eu vou ficar bem. Qualquer coisa, juro que ligo pra você. - tranquilizou Luísa.
- Então, eu vou indo. Qualquer coisa é só ligar que chego em 5 minutos. - reforçou.
- Pode deixar - respondeu Luísa, paciente.
Carol despediu-se com um beijo na testa de Luísa e desceu as escadas inquieta. Chegando lá embaixo gritou:
- Qualquer coisa é só ligar!
- Eu sei - respondeu Luísa
Ela então bateu a porta.
Ainda demorou um tempo no corredor, sem saber direito o que fazer. Ficou esperando como se a qualquer momento Luísa fosse abrir a porta e puxar-lhe pra dentro.
Até se dar conta que não havia chamado o elevador.
Hora de partir.
Naquela noite, Carol não dormiu. Ligou para Luísa várias vezes. Avisou de todos os horários de remédios. Alertou sobre as horas das refeições. Deu recomendações sobre não fazer esforço.
Viu o sol nascer e com ele a rotina de uma mulher solteira.
E, mais uma vez, teve certeza que não era isso que queria. Que o que queria era estar casada. Na verdade, o que queria era estar casada com Luísa.
No dia seguinte, ligou para lembrar da consulta com o pneumologista dali a dois dias. Ligou para saber se tinha dormido bem, ligou para saber se tinha comido, ligou para saber se sentia-se bem, ligou para saber se sentia sua falta.
Luísa respondeu a todas as suas perguntas, menos à última. Dessa, ela se esquivou. Mas aceitou a oferta de Carol, para acompanhá-la na consulta com o médico.
E assim foram.
As notícias eram boas, em sua maioria. Luísa se recuperava bem, mas ainda existiam riscos de recaída, que precisavam ser considerados. Dessa forma, a indicação era de trabalhar apenas meio expediente no escritório, continuar com os antibióticos e evitar exercícios mais pesados, portanto nada de corridas, só caminhadas curtas.
Luísa não gostou das restrições, sobretudo as que envolviam o trabalho. O escritório sentia a falta dela e ela sentia falta da rotina de trabalho. Embora tivesse uma estagiária à sua disposição 8h por dia, em sua casa, sentia falta de estar lá, dos tribunais.
Ouvindo os argumentos de Luísa, o médico liberou ela para participar das audiências, mas não abriu mão de que trabalhasse apenas meio expediente no escritório durante o próximo mês.
Bom, ela encarou aquilo como uma vitória diante de um juiz.
Saíram felizes.
Quando entraram no carro, Carol a abraçou e disse:
- Que tal se a gente comemorar?
- Comemorar?
- Sim, sua melhora!
- Podemos sair e encher a cara. Vamos tomar todas! Que é que você acha? - disse Luísa irônica.
- Eu topo. Acho que podemos virar a noite tomando chá. E só parar quando não soubermos mais os nossos nomes! - sugeriu Carol.
Luísa respondeu rindo:
- É uma proposta quase irrecusável, mas vai ficar pra próxima. Tenho uma petição pra acabar.
- Eu posso esperar você acabar e pedir alguma coisa pra gente comer...
- Carol, acho melhor não. Posso demorar e não quero que fique esperando. Marcamos outro dia.
- Tudo bem.
Quando chegaram na frente do prédio de Luísa, Carol insistiu:
- Tem certeza que não quer companhia?
- Hoje não - confirmou
- Tá bom - disse Carol, baixando a cabeça e tirando as mãos da direção.
- Ei, a gente marca outro dia - falou Luísa, dando-lhe um beijo de despedida no rosto.
Carol respondeu com um sorriso de canto de boca. Quando Luísa estava saindo do carro, ela segurou sua mão e disse:
- Eu amo você.
- Carol...
- Não fala nada, só queria dizer.
- Tá bom. Obrigada pela companhia.
- Foi um prazer.
Luísa saiu do carro, entrou pela portaria e sumiu no elevador.
Carol ficou ali, observando tudo de dentro do carro. Pensando como seria se pudesse estar com ela, tê-la de volta.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Pryscylla
Em: 28/08/2018
Isso que dá fazer m.... olha ai, agora está sofrendo por não ser fiel.
Bjus
Resposta do autor:
Ne isso mulher?! Tanto que avisei a essa menina: "abre teu olho Carol, para de saliência"! Mas ai, mistura umas cervejas a mais e um rabo de saia, já viu! Preguiça de tentar colocar juízo na cabeça desse povo, viu? Depois sobra pra quem, escutar?
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]