CapÃtulo 8
A viagem
O dia amanheceu Pedro e Lana seguiram viagem, o marido havia optado em ir de carro, uma amiga iria com eles, então revessaria com elas duas o volante para não se cansar tanto no percurso.
Lana seguiu calada, sentia seu coração oprimido como se algo a alertasse de um grande sofrimento e por dentro ela tentava rezar, pedindo a Deus que tudo aquilo passasse logo, que a viagem fosse em paz e que Pedro ficasse logo bem, para que ela pudesse retornar e seguir seus caminhos como ela havia planejado. A imagem de Adriana estava em sua mente e seus olhos sentiam o arder das lágrimas que insistiam em cair e ela controlava, não podia deixar que Pedro percebesse a sua contrariedade com aquele destino. Ele estava doente e precisava dela.
Sandra seguia calada sentada no banco de trás, sabia de toda a mentira de Pedro, sabia que esse pagava um detetive para seguir a esposa dia e noite no seu amor adoecido e possessivo, mas apesar de tudo, nada dizia. Sabia que a doença era uma farsa para afastar Lana do contato com Adriana. Apesar de tudo esperava que um dia ele esquecesse Lana e visse em seus olhos o amor que ela devotava a ele, embora achasse que sua espera fosse inglória. Nada e nem ninguém faria Pedro esquecer a paixão doentia que sentia pela esposa.
Lana sentiu-se mal, sua cabeça doía muito, sentia ânsia de vômito e então pediu para que Sandra trocasse de lugar com ela, pois que desejava deitar no banco de trás e dormir um pouco.
————————————————-
Fazia dois anos, Lana estava morta. Do acidente não havia restado nada, a não serem dois corpos carbonizados e a saudade no coração de Adriana. As notícias do acidente também tinham feito morrer os sonhos de amor nas vidas daqueles dois seres, Adriana precisava seguir seus caminhos sem o amor de Lana.
Nesse instante o toque do celular de Adriana a despertou de suas recordações, era Consuelo.
— Oi minha querida. Estamos aguardando você. Sabrina já está aqui também.
— Minha nossa que horas são?
— Vinte e uma.
— Perdoe-me, estava aqui envolta nas minhas eternas e sofridas recordações, parece que tudo foi ontem e por mais que eu tente esquecer, sinto como se ela ainda estivesse viva.
— Adriana querida, ouça Lana não iria gostar de ver você sofrendo dessa forma, ela está morta e você precisa seguir seu caminho. Venha, estamos a esperar por você, vai ser um lindo natal.
— Não sem ela. – Pensou Adriana, mas não disse nada, todos sabiam que para ela o natal era somente um dia de tristeza e nada mais.
Adriana desligou o celular, abraçou o travesseiro que sua amada usava para dormir e chorou. Quanta saudade sentia. Nada mais restava ali, somente o vazio, a saudade, a dor, Lana estava morta e ela precisava viver, preferia ter morrido também, a vida sem o sorriso de sua amada, ficava amarga, nada tinha encanto. Mas Adriana estava viva e foi isso que o destino havia decidido.
Adriana recordou das notícias na televisão anunciando que o carro havia explodido que o corpo da mulher estava irreconhecível, que o homem era Pedro Solene e que a mulher era sua esposa Lana Solene, pois que os dois seguiam viagem para São Paulo e o carro havia colidido de frente com uma carreta numa curva perigosa.
O funeral foi feito na cidade de Catalão, onde os pais de Pedro moravam e ela nem ao menos havia se despedido de sua amada, a morte não havia pedido a ela seu consentimento para levar aquela que enchia de alegria os seus dias. Nada mais restava a não ser o vazio.
Era Natal de novo e todos seriam assim, tristes e solitários sem o amor de Lana. Mas ela, teria que continuar vivendo, amargando a dor da solidão e do vazio que havia ficado em seu coração, em sua vida e em seu apartamento.
Adriana muitas vezes havia se perguntado onde andava Deus? O que ele fazia que não tinha tirado Lana do carro antes que ele explodisse? Onde andava esse ser tão poderoso? Envolvida em profundo sofrimento ela um dia resolveu buscar o terreiro para aliviar tudo o que parecia não ter fim.
A noite era clara e a lua desfilava no céu a sua beleza, sem se importar com a dor que consumia os dias de Adriana, que achava aquilo tudo desnecessário.
O terreiro estava lotado e Adriana sentia medo, seu coração estava acelerado e ela nada dizia.
Consuelo e Ana Luísa estavam na gira cantando e pedindo a Deus que envolvesse Adriana em paz, compadeciam-se da dor da amiga.
As ervas foram queimadas pelo caboclo que já estava incorporado no médium que era o dirigente da casa umbandista, o cheiro bom que exalava da fumaça, fez Adriana liberar lágrimas que pareciam intermináveis daquela dor que consumia seu coração. O caboclo colocou a mão no seu ombro e seguiu com a defumação.
Depois que terminou o ritual da defumação, todos foram convidados para esperar numa sala, enquanto os médiuns se organizavam para o início dos atendimentos.
Adriana sentou-se e ficou a olhar a lua como se buscasse a imagem de Lana nela, a mulher amada ficava hora olhando pela janela do seu apartamento aquele astro. Mas Adriana não via sua amada, onde ela estaria?
Nesse momento uma moça a chamou e ela adentrou o terreiro, sentia seu corpo trêmulo, o caboclo estendeu as mãos e ela colocou as suas sobre as dele, que as apertou com firmeza e carinho. Adriana chorou. Uma moça entregou a ela um lenço e um copo com água. Ela respirou profundamente.
— O que a trouxe aqui filha?
— A dor senhor Caboclo. Há dois anos perdi uma pessoa que eu amei muito, ela morreu num acidente de carro e hoje o que me restou foi à dor.
O caboclo tomou a mão de Adriana e disse:
— A morte não existe filha.
— Consuelo também me fala isso, mas a verdade é que para mim ela existe e é inexorável me privando do amor e da alegria do sorriso de Lana, então Caboclo, essa morte aparentemente inexistente é muito mais cruel do que se imagina.
O caboclo pediu que aplicasse em Adriana um passe e assim dois médiuns o fizeram. Ele voltou a tomar suas mãos e perguntou:
— O que te diz teu coração em relação à morte de tua companheira?
— Eu não entendi Caboclo, o senhor me pergunta se meu coração acredita que ela está morta?
— Sim filha, o que ele fala para você? Ele sente que ela está morta?
— Meu coração diz que em algum lugar ela está viva, mas, a verdade é que eu queria que ela estivesse viva, aqui, senhor caboclo, o senhor entende? Viva aqui na terra, ao meu lado, esse era o meu desejo.
— Sim filha eu entendo. Olha bem o que vou lhe falar e guarde bem aqui. – Disse o caboclo apontando para o coração de Adriana.
— O que te custa se você filha seguir um pouquinho o que ele te diz? Eu vou explicar melhor. Teu coração te manda ir naquela cidade não é verdade? Na cidade em que a moça foi enterrada, ele quer fazer a despedida dele, quer chorar ao lado do túmulo da moça e você filha não atende ao pedido dele.
— É verdade, caboclo, eu já senti muita vontade de ir lá, para ver o túmulo, fazer a minha despedida dela, mas tenho medo, acho que quero acreditar que ela ainda está viva.
— Não tenha medo Adriana, eu sei que você já passou coisas muito mais dolorosas do que essas dessa vida, vá filha. Vá até a cidade da moça e faça a sua despedida dela, deixe que as coisas voltem para onde tem que voltar.
— Eu acho que o senhor tem razão. Não posso mais seguir assim, preciso me desvencilhar dessa dor, seguir meu caminho e deixar que ela siga o dela também.
— Olha Adriana vou falar mais uma coisa para você guardar no coração e na cabeça. Tu sabes filha que o velho pai João te acompanha não sabe?
— Sim caboclo, eu sei e sou muito grata a ele por isso. Tenho muito amor a ele e sempre o escuto me chamando para fazer essa viagem, o ouço aqui no meu coração.
— Então filha, ouça o velho. Confia no que ele te diz, segue nessa viagem, deixa o velho te intuir, não tema a nada e nem a ninguém, confia no que o velho te fala. Abra teus olhos de ver e teus ouvidos de ouvir, deixando que o velho te guie, não perca o contato com ele, hora alguma. Confia filha. É isso que tenho para lhe falar, confia no velho.
Adriana recordava ali a fala do caboclo. Nunca tinha ido até a cidade em que Lana estava enterrada, mas naquela noite de natal sentiu que não poderia mais conviver com esse impasse, precisava fazer algo. Pensando assim levantou-se de uma vez da cama, foi para o banheiro, o calor da água fez seu corpo estremecer e ela mudou a estação do chuveiro, terminando o banho, ela untou seu corpo de creme, sua pele estava ressequida, havia descuidado nesses últimos dias. Colocou um vestido verde, de alças, colocou um casaquinho preto por cima, calçou um sapato de salto e pegou a chave do carro, precisava ir, estava no seu limite de atraso.
Era noite de natal, mais uma noite de natal sem Lana e ela iria para a casa de Consuelo e Ana Luísa com quem havia estreitado seu laço de amizade, depois da morte de sua amada. Sabrina também já estava lá, era uma amiga de Consuelo com quem ela insistia que Adriana namorasse, achava que já estava na hora. Adriana achava aquilo engraçado, Sabrina era uma mulher bonita, inteligente e ela até achava que depois que Lana morresse dentro dela, pudesse se permitir a namorar, com ela. Mas, agora o que queria fazer era cear e voltar para casa, arrumar suas malas e assim que pudesse, seguiria viagem.
A casa de Consuelo estava ricamente decorada, na sala um papai Noel que estendia os braços com um presente, o qual Ana Luísa pegou e o entregou a Adriana assim que ela entrou. Na área da cozinha uma mesa enorme com pratos variados, vinhos, champanhes em baldes com gelo. O cheiro do lombo invadia o nariz de Adriana, era seu pecado.
Sabrina veio em sua direção, trajava um vestido longo azul de cetim, com mangas soltas e abertas dos lados, parecia uma fada, - pensou Adriana, que a esperou para o abraço. O cheiro do perfume que Sabrina usava fez o corpo de Adriana estremecer, era o mesmo que Lana usou no primeiro natal que elas se conheceram na loja. Ela não disse nada, não poderia ser indelicada daquela maneira, sabia do amor que Sabrina estava devotando a ela e sorriu.
Consuelo a tomou num forte abraço e disse:
— Que bom que veio amada, eu a esperava, ansiosa.
— Fico muito agradecida pelo convite, é bom está aqui.
A noite estava amena, havia chovido mais cedo e o calor tinha cedido seu lugar para um friozinho gostoso. Chegaram mais dois casais de amigas de Consuelo e o jantar foi servido, sem que esperassem a meia noite. O pernil estava delicioso, o gosto da cachaça ouro velho, sobressaia e o bacon completava o sabor. O arroz colorido, com a farofa de frutas com castanhas ia sendo o mais escolhido. O chester trazia o gosto de abacaxi com azeitonas, o salpicão com maçã verde e tudo ali estava delicioso.
Adriana jantou. Sabrina estava ao seu lado sem dizer nada, sabia o que era tudo aquilo para ela, dentro de seu coração pedia a Deus que um dia ela esquecesse o que havia sido todos os outros dias de Natal e que ficasse em sua mente, somente o que elas vivessem dali em diante, mas... No fundo não acreditava nas suas orações. Sentia em algum lugar de seu coração, que Adriana nunca mais amaria outra pessoa, que Lana mesmo morta, seria seu amor eterno.
Sabrina nunca havia falado nada para ninguém, mas no terreiro que ela frequentava uma preta velha tinha dito para ela que a moça Lana ainda vivia dentro de Adriana e Sabrina percebeu nas entrelinhas o que a velha quis dizer, ela não sabia como, mas sentia que a Lana estava viva.
Consuelo levantou-se e Adriana a seguiu até a cozinha ajudando com as louças.
— Consuelo...
— Diga amada.
— Eu vou viajar amanhã ou depois, não sei ao certo.
— Vai viajar, para onde vai? Vai com Sabrina?
— Vou sozinha. Vou à cidade onde Lana foi enterrada, vou fazer minha reverência a ela, depois do que conversei com o caboclo, pensei melhor. Na verdade eu tenho sentido muito forte a presença de pai João e sinto cada dia mais essa vontade em mim. Quero dizer adeus a ela, olhar onde ela foi sepultada, você entende?
— Sim minha amada eu entendo e acho que está corretíssima. Ir até lá poderá ajudar você entender que Lana está morta e que você continua viva, entende?
— Sim. Eu vou até lá e quando eu voltar eu quero seguir minha vida sem essa dor que está acabando comigo.
— Lana vai gostar de ver você tentando ser feliz de novo, onde ela estiver está feliz com sua decisão.
A conversa mudou o rumo e elas terminando a louça voltaram para onde estavam as outras amigas e a noite foi passando.
Era dia vinte e oito de dezembro e Adriana seguia pela estrada indo rumo a Catalão, Consuelo havia dado a ela um endereço da tia de Pedro que era quem tomava conta da loja desde morte de Lana.
A música que tocava era de Enya e Adriana dirigia pedindo a pai João que velasse por ela, que a ajudasse naquela empreitada. Ir ao cemitério, ver onde Lana havia sido enterrada, tudo isso a fazia sentir imensa vontade de chorar. Mas precisava fazer isso.
A cidade estava agitada e Adriana se acomodou no hotel no centro. O horário do almoço já havia chegado e ela se dirigiu ao salão e comeu.
Já eram quinze horas quando ela foi até a casa da tia de Pedro, depois que apertou a campainha uma jovem abriu a porta e ela entrou.
— Olá... – Disse uma mulher que devia contar uns cinquenta e oito anos, Adriana estendeu a mão e cumprimentou a senhora, que se sentou indicando a ela que fizesse o mesmo.
— Eu sou amiga de Lana e bem... Eu gostaria de levar umas rosas até o cemitério, então se a senhora puder me fornecer o endereço do túmulo.
— Oh sim! Mas acho que não é ela quem está lá.
— Não entendi senhora, como assim?
— Não é nada, acho que são coisas da minha cabeça, acho que não me conformo com a morte dela, é isso.
O café foi servido e Adriana depois que tomou seguiu para o mini shopping que havia na cidade, queria dar uma volta, sentiu vontade e como havia prometido que seguiria seu coração, seguiu.
Andou muito e voltou para o hotel.
Já fazia duas semanas que Adriana estava na cidade e ainda não tinha ido ao cemitério. Mas todo o dia ia ao shopping, não sabia por que, mas não queria questionar nada. Todas as noites quando deitava ela rezava, pedindo a Pai João que estivesse com ela, que ela estava ali, inteira e confiante. Sabia que algo iria acontecer, não sabia o quê era, dizia a ele toda noite que tomasse conta dela. Fazia um ano que Adriana participava do terreiro e aprendia cada dia mais sobre a fé, a esperança. Dizia a ele em suas orações que ficaria ali até sentir vontade de ir ao cemitério e que todo dia iria para onde ele a mandasse, para onde ela a intuísse.
O dia amanheceu, Adriana levantou, tomou café e seguiu para o shopping, entrou numa loja, estava absorta olhando um brinquedo, relembrando do natal em que havia conhecido Lana, que a tinha ajudado a escolher os brinquedos para seus sobrinhos.
De repente uma voz pergunta:
— Posso ajudar senhora? – Silêncio total. O corpo de Adriana gelou era a voz de Lana era ela. Meu Deus, o cheiro do perfume invadiu o nariz de Adriana e ela ficou petrificada ali, sentiu tremores. De novo a voz invadiu o ar chegando aos ouvidos de Adriana a certeza de que era Lana.
— Senhora se eu puder ajudar...
Adriana se virou para a voz. Era a sua amada. Os olhos verdes, os cabelos longos estavam presos no alto da cabeça pelo coque, dando a ela um ar de mais velha, o sorriso se abrindo nos lábios, o cheiro do perfume... Era ela, sua amada estava ali na sua frente.
— Lana?! Minha nossa senhora o que houve?
— Desculpe-me senhora. Meu nome é Sandra.
Adriana ficou perplexa, Sandra? Nunca! Era Lana quem estava ali, ela não sabia o que havia acontecido, mas aquela mulher que estava ali na sua frente era Lana Solene, sua amada.
— Desculpe-me, não sei o que está acontecendo, mas você é Lana, Lana Solene.
O nome pronunciado por Adriana fez o corpo da mulher estremecer, ela saiu pedindo licença e voltou minutos depois dizendo.
— Podemos tomar um suco ou um café? Preciso entender algumas coisas.
Os olhos de Lana estavam fixos nos de Adriana. Seu ser sentia-se preso na energia daquela mulher desconhecida, ou não era desconhecida?
O cheiro do perfume de Adriana trazia imensa perturbação aos sentidos de Lana ou da jovem Sandra, que era o nome que ela julgava ter.
Sentadas olhando nos olhos uma da outra, depois que o suco havia chegado o garçom se retirou e Lana perguntou:
— De onde você me conhece? Sinto agora, como se eu também a conhecesse, mas não sei de onde.
— Nos conhecemos sim, somos amigas. Mas me fale do acidente. Como foi que aconteceu, porque nas notícias, você morreu.
Adriana falava tentando controlar a emoção que enchia seu peito, falava tentando controlar a imensa vontade de tomar sua amada em seu abraço e falar para ela da dor, da saudade, do vazio que havia ficado sua vida sem ela. Mas respirou profundamente, precisava entender o que havia acontecido. Lana estava esquecida dela, havia se esquecido do seu amor e então precisava ter calma para entender tudo o que tinha ocorrido.
— Não sei bem explicar como foi, acordei no hospital três meses depois de um coma que aparentemente não havia explicação médica para ele. Então... Saí do hospital depois que foi comprovado uma amnésia dissociativa ou psicogênica. O médico explicou da seguinte maneira que a amnésia dissociativa se divide em duas categorias principais com base na extensão da perda de memória. A amnésia dissociativa global afeta as informações autobiográficas obtidas durante um longo período, enquanto a amnésia dissociativa circunstancial envolve as memórias de acontecimentos traumáticos específicos, como um acidente de carro ou um crime violento. Os dois são consequência dos efeitos de estresse extremo no cérebro. Explicou também que pode ser mais longa ou mais curta, dependendo de cada pessoa.
— Entendo. Então... Foi isso o que aconteceu você perdeu a memória e como veio parar aqui na cidade?
O coração de Adriana estava acelerado, Lana a olhava, buscava dentro de si de onde conhecia aquela mulher, que tantas e tantas noites, havia povoado seus sonhos.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: