CapÃtulo 21 - Sentença alterada
Capítulo 21 — Sentença alterada
Seu patrão havia dado a tarde de folga para Flávia se resolver com o advogado, quando saiu do escritório dele no Centro passava pouco das três da tarde. Vestiu sua jaqueta jeans e ficou um minuto no hall de entrada do prédio com uma felicidade enorme, mas sem saber o que fazer. Tomou o rumo do terminal Ticen, visitaria Juliana em seu trabalho e daria a notícia pessoalmente.
Já em São José, tocou o interfone daquela pequena fábrica que invadira há exatamente um ano, quando a reviravolta em sua vida começou. Um ano! Se deu conta enquanto aguardava alguma resposta.
— Pois não?
— Gostaria de falar com Juliana.
— Quem gostaria?
— Flávia.
— Só um instante.
A auxiliar administrativa voltou a falar.
— Ela pediu para você subir. — A porta se destrancou.
— Você pode avisá-la que prefiro falar com ela aqui fora?
— Só um minuto.
A voz não voltou a falar, um minuto depois a porta se abriu e Juliana a olhou com uma alegre surpresa.
— Amor? O que você tá fazendo aqui essa hora? Entra.
— Acho melhor não.
— Cláudia que mandou você subir, ela já te perdoou.
— Vou entrar, mas não vou subir, pode ser? Ainda não tenho coragem de encarar sua amiga.
— Tá bom. — Deu passagem na porta, fechou e pulou em seu pescoço, naquele corredor que dava acesso à escada estavam sozinhas.
— Meu Deus, como eu gosto do seu abraço... — Flávia murmurou.
— Gatinha, você está descumprindo alguma regra vindo aqui? — Juliana perguntou ainda com seus braços ao redor dela.
— Não, Nick me deu a tarde de folga para ir em Doutor Afrânio, me ligaram pedindo que comparecesse no escritório.
— O que aconteceu?
— Revisaram minha pena, contabilizaram meus dias trabalhados e sairei daqui vinte dias! — Disse com empolgação.
— Sua pena termina daqui vinte dias, ao invés de mais quase três meses, é isso que você está dizendo?
— Exatamente. Estarei livre, Ju, isso tudo vai ser página virada!
— Caramba! — Agarrou novamente Flávia, a esmagando.
— Ai, você tá me estrangulando!
— Vinte dias e liberdade, dona Flávia! Que presente maravilhoso! Você não faz ideia do quanto sonho com isso!
A alegria de Juliana a deixava ainda mais animada com o vislumbre de liberdade, queria tanto um relacionamento normal com ela, fazer de fato parte da vida daquela garota, todos os momentos, bons e ruins, dia e noite. Tinha receio de algo estragar tudo, mas guardava essas inseguranças para si.
— Não sei o que é, mas quero comemorar também. — Cláudia disse descendo as escadas, ganhando a atenção das duas garotas.
— Reduziram a pena dela! Flávia vai sair dentro de vinte dias, Cláudia!
— Que maravilha!
— Acabei de ficar sabendo, vim dar a notícia.
— Oi moça, prazer te conhecer de uma forma decente. — Cláudia a abraçou rindo, Flávia correspondeu envergonhada.
— É um prazer te conhecer, Juliana fala de você com muito carinho. — Disse polidamente.
— Ela é como uma irmãzinha caçula. — Traspassou o braço nos ombros da amiga. — Por isso estou de olho na senhorita, é bom se comportar com ela.
— Estou tentando ser o mais correta possível.
— Relaxa, estou pegando no seu pé.
— Cláudia me disse que já te perdoou. — Juliana confirmou.
— Tá desculpada, você anda fazendo um bem danado a Juliana, isso compensa qualquer coisa.
— Obrigada, e de qualquer forma peço mil desculpas pelo ocorrido, eu sinto muito mesmo, me sinto envergonhada por ter feito tanto mal a vocês.
— Você está terminando de pagar pelo erro cometido, Juliana me fala sobre seu empenho no trabalho e em aprender jardinagem, se ela tem tanto orgulho assim de você, eu acredito nela, sei que você está recuperada e não vai aprontar mais nada.
— Só quero poder ter uma vida honesta e dar tranquilidade para ela. — Disse lançando o olhar para a namorada.
— Só em saber que te verei com maior frequência já fico com o coração saltando do peito. — Juliana respondeu.
— Juli, pegue suas coisas e vá ficar um pouquinho com Flávia, vá comemorar.
— Sério?
— Vai lá, menina. Só volte amanhã.
Duas horas depois o casal descansava sem roupas e entrelaçadas, após um pouco de ação naquela cama de solteiro.
— Está na hora, não está? — Flávia perguntou, não queria que Juliana saísse de seus braços nunca mais.
— Acho que podemos ficar assim mais meia horinha, eu acelero meu Kinder Ovo.
— Não quero você dirigindo em alta velocidade, ok? Em nenhuma ocasião.
— Ok, então vamos ficar assim mais vinte minutos. — Ergueu-se um pouco para poder beijá-la.
— Tá bom.
— Depois que você ganhar a liberdade, como vai ser? Precisa continuar trabalhando na pousada? Tem que morar em algum lugar específico?
— Estarei livre, amor. Posso fazer o que quiser, preciso correr atrás de um lugar para morar, alguma quitinete, algo assim. Quem sabe também um emprego melhor, vou começar a procurar.
Juliana sentou-se, puxando o lençol.
— Como assim? Você não cogita morar aqui?
— Ju, não é o correto, eu estaria te explorando, eu não quero isso, não quero que você me carregue nas costas e...
— Hey, pare de falar. — Juliana colocou três dedos sobre a boca dela, que também já estava sentada na cama. — Escute com atenção: estou te convidando oficialmente para morar comigo, não é um favor nem uma ajudinha.
— Mas não quero ser um fardo para você, nem tirar sua liberdade e privacidade.
— Flávia, você ainda não entendeu? Eu quero que você more comigo como minha mulher, não como inquilina.
— É um passo enorme.
— Pra quem?
— Pra você.
— Isso importa? É o que mais quero, ter você debaixo do mesmo teto, dormir e acordar com você, eu nunca dormi com você, tem ideia disso? Eu sonho acordada com isso.
Flávia esboçou um sorriso, estava surpresa.
— É isso que você quer, fofinha?
— Eu não tenho dúvidas, mas e você? Prefere ficar sozinha um pouco? Se for isso eu vou entender, eu prometo.
— Não, minha vontade é vir correndo pra cá quando ganhar a liberdade.
— Pois venha, essa é sua casa. — Disse com firmeza.
— Mas racharemos as despesas.
— Detalhes... Detalhes... — Segurou seu rosto e deu um longo beijo. — Agora temos que ir, nada de advertências e punições, estamos entendidas?
— Sim, senhora.
***
Era a última sexta-feira de Flávia no albergado, sairia dali em uma semana, estava contando os dias para finalmente ficar livre daquele prédio velho e malconservado, a convivência com baratas e infiltrações estava minando sua saúde. Sexta que vem sairia pelo portão da frente para nunca mais voltar.
Como todas as noites, tentava dormir, mas a conversa das colegas de pavilhão não dava trégua, estavam mais falantes aquela noite, para aborrecimento dela. Já passava da meia-noite quando viu algumas mulheres correndo para as pequenas janelas gradeadas, largou seu livro e foi ver o que acontecia: havia vários pontos de clarão do lado de fora, vindo de dois prédios diferentes.
— A cadeia vai virar! A cadeia vai virar! — Uma das detentas gritava empolgada se balançando com as mãos nas grades.
— O que está havendo? — Flávia perguntou para uma das garotas menos baderneiras dali.
— Rebelião, dona. Daqui a pouco o fogo chega aqui.
Mal teve tempo de ouvir a resposta e viu as mulheres empilhando colchões num canto do grande quarto.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/12/2022
Misericórdia
Zaha
Em: 30/04/2018
Quando li o título meu coracao doeu e permaneceu assim até a penúltima frase do cap...sabe que sinto agora??Taquicardia...eu sabia q teria q esperar mais..tava bom demais pra ser verdade! 20 dias acabou!! N sei se te dou comida cheia de tempero sem liquar, se jogo cerveja em vc...realmente n sei!kkkkkkkkkkk
De bicu!!!rum
Beijaooo
Resposta do autor:
E o próximo título então? FOGOOOOOOOOOOOOOOOOO
Corre, Bino!
20 dias de trevas e FOGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
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DriiH Rossi
Em: 02/05/2018
Tá pegando muito no pé da Flávia! ;)
Resposta do autor:
Ela foi eleita meu saquinho de pancadas :)
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Mille
Em: 01/05/2018
Olá Cris
Jogou água fria nas esperanças da Flávia e Juliana para logo ter a vida de casadas. E tudo pode acontecer na rebelião torcendo para que tudo dê certo.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
SE eu posso atrapalhar e adiar, eu farei... rs
Olha, essa rebelião vai ser fogo.
Bjão!
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perolams
Em: 30/04/2018
Eu lendo e imaginando que o ex de Juliana ia ferrar com as expectativas das duas, aí vem a falta de sorte de Flávia e faz o serviço.
Resposta do autor:
Você me deu uma ideia otima, vou trazer o Anderson para atormentar um pouco mais a vida delas... brinks
Eu não ia deixar Flávia sair em liberdade assim tão fácil né? hehhehe
Bjos!
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Alyadv
Em: 30/04/2018
Sabe aquele ditado "alegria de pobre dura pouco? Pois é Flávia, vamos para a sessão do descarrego, porque a zica tá feia guria. Já estava esperando por mais um revés na vida da Flávia, autora.
Torcendo para que nessa rebelião, nada de grave aconteça com ela.
bjs e bom feriado!
Resposta do autor:
Poderíamos adaptar o ditado para "alegria de Flávia dura pouco"
Quem diria que eu pegaria a assaltante como saquinho de pancadas né?
Tá pagando pelos crimes de todas as encarnações.
Nada de grave vai acontecer nessa rebelião, ela só vai quase morrer.
Bjos, moça!
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Sem cadastro
Em: 30/04/2018
Quando li o título meu coracao doeu e permaneceu assim até a penúltima frase do cap...sabe que sinto agora??Taquicardia...eu sabia q teria q esperar mais..tava bom demais pra ser verdade! 20 dias acabou!! N sei se te dou comida cheia de tempero sem liquar, se jogo cerveja em vc...realmente n sei!kkkkkkkkkkk
De bicu!!!rum
Beijaooo
Resposta do autor:
E o próximo título então? FOGOOOOOOOOOOOOOOOOO
Corre, Bino!
20 dias de trevas e FOGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
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Srta Petrova
Em: 30/04/2018
Ah não.....pensei que era o fim.....mas para o meu desespero .....acho que só está começando o carnaval todo kkkkkk.....
Bjs tá maravilhoso.
Resposta do autor:
Tá quase no fim, bora passar por uma agonia básica antes.... hehe
Olha, até que vc me deu uma ideia viu? Inventar mais uns 20 capítulos de ação e drama....
Bjão!
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Kim_vilhena
Em: 30/04/2018
Sabia que ia ter alguma treta, pqp kkkkkkkk
Resposta do autor:
Tretinha de leve, pra não perder a prática ;)
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