Capítulo 34 - Vem cá, Luisa
Tentei ficar em casa quieta, mas minha cabeça estava com Luisa. Então…
Ela abriu a porta logo depois que toquei a campainha.
– Oi! Trouxe alguma coisa para você comer – disse, com a marmita na mão.
– Como você subiu sem ser anunciada pelo porteiro? – perguntou ela, parecendo contrariada.
– Desculpe. Posso ir embora – falei envergonhada.
– Não. Só achei estranho – disse ela me convidando para entrar.
– Você pareceu incomodada com a minha presença. Posso ir embora, sem problema, se você preferir – disse eu, sem saber direito o que fazer.
– Não, meu bem. Desculpa, de verdade. Só sou meio desconfiada mesmo – esclareceu.
– Eu disse ao porteiro que era uma surpresa e como ele já me conhece…me deixou subir – expliquei.
– Tudo bem. O que vamos comer? – descontraiu.
– Sushi! – anunciei animada.
– Você adivinha pensamento, é? – perguntou ela, parecendo uma criança trelosa.
– Me esforço – respondi vaidosa.
Comemos, conversamos, mas fui botada para fora antes da meia noite, como se o encanto fosse acabar. Depois desse dia, nos falamos durante a semana, mas não nos vimos. Eu preferi não surpreender outra vez para não parecer invasiva. Me contive, mas confesso que quase morri de saudades.
Não sei se ia aguentar esse jogo duro por muito tempo. Desejava o corpo dela todas as noites e a presença dela o tempo todo. Sentia saudade até de ouvir a voz dela.
Até que no sábado eu fui surpreendida. Estava com Bia em meu apartamento quando a campainha tocou. Eu estava no banheiro e Bia encarregou-se de abrir a porta. Como o porteiro não havia anunciado a chegada de ninguém, não dei muita atenção ao visitante por achar que fosse algum dos empregados do prédio.
Até que fui chamada por Bia
– Carol, acho que é pra você! – anunciou.
Quando vi Luisa na porta, puxei-a imediatamente para dentro. Ela tinha um pacote de pipoca de microondas e uma caixa de DVD nas mãos e olhava para Bia desconfiada, quando esta falou:
– Ah! Então você é a famosa Luisa?
– Sou Luisa, mas não acho que seja famosa – disse sem muita simpatia.
– Pois saiba que seu nome é o mais pronunciado dentro dessa casa – disse Bia com muita simpatia.
Ela sorriu satisfeita, mas ainda parecia incomodada com a situação. Passei o braço pelo ombro dela, com a intenção e deixá-la mais segura e beijei seu rosto.
Bia, que também pareceu perceber o incômodo de Luisa diante de sua presença, disse:
– Carol não fez as honras da casa, mas eu sou Beatriz, muito prazer – apresentou-se estendendo a mão.
Ela apertou-lhe a mão e então Bia despediu-se, dizendo:
– Você continua com bom gosto! – apontando para Luisa.
Me despedi de Bia, que havia ido pegar um pacote de ração e a cama de Bob.
Assim que Bia deu as costas, Luisa explodiu jogando o pacote de pipoca na mesa:
– Acho que não devia ter vindo, vou embora – falou, indo em direção à porta.
Tentei detê-la segurando-a pelo punho.
– Me solte! – falou ela, olhando para a minha mão que segurava seu braço.
Eu não podia perder a calma, que isso visivelmente a deixava acuada e insegura. Também não tinha a intenção de deixá-la com medo:
– Meu beeeem, não faça assim não. Você veio porque queria me ver. Bia veio pegar as coisas de Bob, sobre as quais já tínhamos conversado – expliquei.
– Não entendi que isso significava que encontraria sua ex abrindo a porta da sua casa com tamanha desenvoltura – retrucou.
– Meu bem, eu estava no banheiro quando a campainha tocou – disse, soltando a mão dela.
Parecia, no entanto, que as minhas explicações não estavam sendo convincentes, pois ela continuou caminhando firme em direção à porta de saída. Então resolvi ser mais objetiva:
– Olha, estou te dizendo que a minha história de amor com Bia acabou, continuamos amigas, mas a mulher que eu quero é você – declarei olhando nos olhos dela.
– E ela continua abrindo a porta da sua casa? Daqui a um mês, quando eu chegar aqui, ela vai abrir a porta de calcinha? – provocou.
Mesmo aborrecida, ela ficava linda. Parecia até mais atraente, embora adorasse o sorriso dela.
– Não, Lu. Eu espero que daqui a um mês quem abra essa porta de calcinha seja você – eu disse, puxando ela pelo braço e empurrando a porta que ela havia aberto.
Aproveitei a deixa e fui em frente:
– Vem cá, Luisa, você quer namorar comigo? Estamos há um mês nesse chove não molha, gostosíssimo, diga-se de passagem, mas acho que toda essa insegurança é fruto da falta de um compromisso, que embora exista individual e silenciosamente, não é oficial nem público. – falei, enquanto abraçava ela pela cintura.
– Quero – respondeu ela, para a minha grata surpresa. E você? quer mesmo namorar essa mulher insuportável, que sou eu? – perguntou ela mal humorada.
– Você não é insuportável, só está insegura. Mas, agora sou sua namorada, devo satisfação a você e vou ter toda a paciência para conquistar a sua confiança – falei, tirando o cabelo dela dos olhos.
Ela me abraçou com tanta força que, confesso, se tivesse sido uma estranha teria sido bastante desconfortável. Mas, nesse caso, foi o melhor abraço dos últimos tempos.
Quando ela me soltou, foi a minha vez de pegá-la pela nuca, com as mãos por entre seus cabelos e dizer-lhe:
– Eu estou completamente apaixonada por você. Não quero te machucar.
Sentia a necessidade de dizer a ela e talvez a mim mesma o quanto era bom tê-la comigo. Queria dividir aquela sensação com ela.
– O que vamos ver? – perguntei apontando para os DVDs.
– Filmes açucarados – disse ela, mostrando os títulos.
– A pipoca pode deixar que eu faço – me ofereci, pegando o pacote na mesa.
– É de microondas! – ela disse.
– Quero dizer que sua namorada é a melhor fazedora de pipoca de microondas em linha reta do mundo – eu disse vaidosa.
Fazia tempo que não me divertia tanto com um programa daqueles. Rimos bastante, vendo as comédias românticas que ela trouxe. Todas pareciam tê-la como personagem principal e ela achava graça de me ouvir repetindo que ela era muuuuito ‘mulherzinha’.
Esperei o último filme acabar, puxei-a para minha cama e perguntei baixinho:
– Vamos fazer amor pela primeira vez como namoradas?
De novo, para minha surpresa, ela não respondeu. Apenas tirou a camiseta azul que usava e colocou a minha mão no peito dela.
Era apenas o começo de uma noite que entrou pela madrugada, intercalando cochilos e toques cheios de paixão.
Fim do capítulo
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brunafinzicontini
Em: 04/02/2018
Ah... Hoje é domingo. E a promessa de postar todo domingo?
brunafinzicontini
Em: 04/02/2018
Bem, autora! Fiquei metade do tempo com raiva de Luísa, por ser tão chata e desconfiada. Depois, quando ficou tudo bem, a Carol dá essa desafinada tão grosseira? Pois agora estou com raiva da Carol! Por que levou a coitada da Luísa a acreditar em seu amor para, levianamente, cometer uma traição desse tamanho, como um cafajeste qualquer? Um comportamento inaceitável, mais comum entre homens machistas sem caráter.
Furiosamente,
Bruna
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Nocturne
Em: 30/01/2018
Estou adorando essa história.
Tão lindo o amor delas. Gostando muito de analisar os fatos sob a perspectiva da Carol, mas ainda sem compreender o porquê da traição. Mas estou no aguardo. Sei que a explicação virá, mas se será perdoável ou não, só caberá à Lu decidir.
Continue, autora! Obrigada.
Resposta do autor:
É isso ai. Carol vai se explicar em breve, agora, se Luísa vai perdoar, só o tempo dirá. Ou melhor, só as páginas do nosso próximo livro revelará.
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rgaguiar
Em: 29/01/2018
Autora,
Acho que você está nos enrolando. Está contando a história por outro ângulo, para dar tempo da gente acalmar o coração e perdoar a traição.
Fique sabendo quê ainda não está funcionando. Continuo com raiva da Carol. Muita sacanagem dela trair a Luiza.
Vamos la... Tô esperando uma explicação rsrsrs.
Resposta do autor:
Enganar minhas leitoras????? JAMAIS! Mas se der para dar uma acalmada marota no coração, vai ajudar (kkkkkkkkkkk).
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NovaAqui
Em: 29/01/2018
Carol, você só complica sua situação. Vamos ver se você vai conseguir me fazer ficar ao seu lado. Você deve ter alguma carta na manga, assim espero
Abraços fraternos procê!
Resposta do autor:
Eita, que o Team Luísa só cresce!!! Alguém torcendo por Carol por ai?
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