Capítulo 14
Clara já estava em frente à casa de Thiago buzinando para que este se apressasse.A morena havia caprichado no visual, deixando seus cabelos jogados para o lado e usando um vestido branco com detalhes vermelhos que realçavam sua cor, do jeitinho que Mariana gostava. Enquanto se olhava no espelho do retrovisor, escutou o jovem abrir a porta do carro.
- Ualll Clara... você está muito gata. Se você não fosse minha amiga... tsc tsc tsc - Falou o jovem diante da beleza de Clara.
- Obrigada pelo elogio, mas se você não fosse meu amigo, nem conversar a gente iria. - Clara ria do próprio comentário. - Vamos então?
- Rumm, engraçadinha... vamos!
Durante todo o caminho os jovens foram conversando sobre trabalho e outros assuntos. Porém Clara evitava a todo tempo falar de Mariana, pois temia que o jovem começasse a falar de seu interesse por ela. Quando já estavam muito próximos do local, Clara escutou seu celular tocar. Ao olhar no visor viu que era um número desconhecido, mas mesmo assim decidiu atender.
Thiago ficou olhando para a morena enquanto esta falava no celular. Percebeu que ela ficara extremamente nervosa, pois a sua voz estava exaltada e confusa. Apenas escutou a morena falar:
- O QUE?... VOCÊ ESTÁ MALUCO, HENRIQUE?... ME EXPLICA O QUE ACONTECEU, ONDE VOCÊS ESTÃO?? Ok... Estou indo aí agora!
Thiago viu Clara desligar o celular e murmurar alguma coisa, porém não conseguiu entender.
- Er.. Clara.. o que aconteceu? Fiquei preocupado...
- Thiago... por favor... não me pergunta nada, pois a vontade que estou agora é de matar alguém. - Clara estava com as mãos tremendo de tão nervosa. - Me faz um favor, preciso que você avise para Mari que aconteceu um imprevisto e que não poderei ir ao bar. Apenas te deixarei lá, preciso resolver uma coisa urgente. Mas por favor, não deixe que ninguém saiba que fiquei exaltada desse jeito, principalmente a Mari, entendeu?
- Tá- tá... er... eu aviso. Mas fica calma.. é até perigoso você dirigir desse jeito.
- Não enche Thiago... apenas faça isso para mim.
A morena parou o carro em frente ao barzinho e deixou o amigo sair. Sentiu um aperto gigante em seu peito, pois sabia o quanto Mariana ficaria decepcionada com sua ausência. Porém, Clara não poderia fazer outra coisa, precisava resolver aquele assunto urgente... Esperou Thiago fechar a porta e arrancou com o carro às pressas ao encontro de Henrique.
- Não pode ser.... não pode ser!!! Se esse filho da puta tiver feito algum mal para o meu pai eu mato ele. Aiiii que ódio, que inferno!! - Clara estava tão nervosa que não conseguia parar de xingar. - Onde é a porr* desde hospital??? Aiii Meu Deus... o que será que aconteceu com meu pai? Ai Henrique.... dessa vez você vai me pagar...
Clara respirava rápido, pois sentia que seu coração ia explodir de tanta raiva.
- Calma.... preciso manter a calma ou vou acabar batendo o carro. Vamos lá Clara... o hospital fica na Rebouças... é aqui perto. -Clara encostou o carro e decidiu pedir informação para um rapaz que passava na rua. - Ei, por favor, você saberia me dizer como eu faço para chegar ao Hospital Santa Bárbara?
- É só você fazer o contorno no próximo semáforo e pegar a direita daquela avenida. Fica bem ali naquela rua. -O moço apontava com a mão enquanto explicava o caminho para Clara.
- Ok, muito obrigada! - Clara subiu o vidro do carro e seguiu para o hospital. Ao chegar em frente a ele, estacionou o carro de qualquer maneira e correu para a recepção à procura de Henrique. Logo avistou o jovem sentado na sala de espera de cabeça baixa. A raiva de Clara era tão grande que ela nem se preocupou com o lugar em que estavam, foi logo gritando com o rapaz e o empurrando na cadeira.
- O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU PAI SEU DESGRAÇADO? FALA!!! VOU TE SOCAR HENRIQUE!!
- Calma Clara... deixa eu te explicar... calma... por favor... não foi minha intenção... foi um acidente... me perdoa. - O jovem estava completamente desesperado.
- ACIDENTE????? FALA LOGO HENRIQUE.. O QUE ACONTECEU COM MEU PAI??? - Clara não parava de sacudir Henrique na cadeira e não demorou muito para vir o segurança do hospital para apartar a briga. Assim que o segurança puxou Clara afastando-a de Henrique, a jovem começou a falar: - Me larga! É aquele maluco que você tem que segurar não eu.... me larga!!!
O segurança largou Clara do outro lado da recepção, enquanto Henrique permanecia sentado com as duas mãos na cabeça em sinal de desespero. A jovem olhou a sua volta e viu que todos a encaravam como se fosse ela a louca da história. Assim, decidiu se acalmar e conversar educadamente com o segurança.
- Olha, me desculpa... sei que estou um pouco exaltada. É por que estou desesperada, pois algo aconteceu com meu pai por culpa daquele ali - Clara apontava em direção ao Henrique. - Não vou mais criar confusão, apenas preciso saber como meu pai está e o que aconteceu com ele.
- Ok, mas a senhora precisa manter a calma, pois está em um hospital e aqui é proibido falar alto. -O segurança olhou de cima a baixo para a morena que estava linda e acabou sendo cordial demais com ela. - Vou procurar informações sobre seu pai. Fique aqui que eu mesmo falarei com aquele rapaz.
- Está bem... eu espero aqui, por que a vontade que eu tenho é de socar a cara daquele idiota.
- Fique aqui... já te trago notícias. -O segurança saiu em direção ao Henrique. Este por sua vez achou que o segurança iria retirá-lo do hospital e foi logo se levantando da cadeira.
- Calma rapaz... só vim saber o que está acontecendo. O que aconteceu com o pai da moça?
- Por favor, me deixe explicar para ela? Não vai haver confusão, mas preciso explicar diretamente a ela. - O rapaz falava com um semblante preocupado.
- Não acho que seja uma boa ideia... ela está muito nervosa e... - O segurança foi interrompido por Henrique.
- Diga que eu estarei lá fora... lá não haverá problema nenhum se ela gritar comigo... contarei tudo para ela. - O jovem saiu para a parte externa do hospital na certeza de que Clara o procuraria.
O segurança nada disse, pôde notar pelo semblante do rapaz que acontecera algo sério envolvendo os dois. Assim, apenas voltou ao encontro da jovem e a avisou que Henrique a esperava do lado de fora do hospital para lhe explicar toda a situação. A jovem agradeceu ao segurança e saiu correndo atrás de Henrique. Ao chegar do lado de fora avistou o rapaz caminhando de um lado para o outro.
- Fala Henrique... pelo amor de Deus... o que aconteceu com meu pai? Por que você está aqui? Me fala logo antes que eu perca a paciência de novo.
- Clara, no começo da noite eu fui até a casa dos seus pais. Queria conversar com eles, mostrar que eu estou mudado e muito arrependido por tudo o que fiz a você. Porém, quando cheguei lá apenas seu pai estava em casa e ele não ficou muito feliz com a minha visita. - De fato, desde que o Sr. Antônio, pai de Clara, descobrira que o Henrique traíra sua filha ele ficou com ódio do rapaz, por ter sido capaz de fazer algo tão cruel a ela. - Então procurei acalmá-lo, disse que fui me desculpar com elese que queria tentar me reconciliar com você. Mas seu pai não quis ouvir nada do que eu estava falando e começou a gritar para que eu saísse de sua casa. Fiquei nervoso com aquela reação do Sr. Antônio e logo nós começamos a discutir. Falei algumas coisas e ele não gostou nem um pouco de ouvir, me mandou calar a boca, disse que eu estava falando besteira e...
- O QUE VOCÊ DISSE PARA ELE HENRIQUE?? - Clara interrompeu o jovem novamente com a voz exaltada.
- Isso não importa agora Clara. Acontece que eu continuei a falar... disse que dava para perceber pelas suas atitudes que você não estava bem... e que tudo isso era por que você ainda me ama. Então, nessa hora o Sr. Antônio veio para cima de mim. - Henrique abaixou a cabeça e falou quase chorando. -só que quando eu fui me defender ele acabou escorregando no tapete da sala e bateu com a cabeça na mesinha de centro. Quando olhei no chão ele estava desacordado e sua nuca estava sangrando muito. Clara, por favor, não tive culpa... eu... eu jamais faria mal para seu pai... er... eu fui logo pegando ele do chão e trazendo para cá. Os médicos já estão cuidando dele, estão fazendo todos os exames necessários.
Clara levou as duas mãos à cabeça e começou a andar de um lado para o outro.
- Meu Deus... meus Deus.... meu pai... o que você fez com meu pai, Henrique... isso não tem perdão... você é um monstro.... SAI DAQUIII.... SAIII, NÃO QUERO TE VER NUNCA MAIS! -Clara gritava, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Henrique começou a se sentir a pior pessoa do mundo e sem pensar duas vezes, retirou-se de perto de Clara, com a certeza de que agora definitivamente não teria mais chances com a morena. A jovem voltou a entrar no hospital e foi procurar na recepção quem era o médico que estava responsável por seu pai. Logo a funcionária a direcionou para uma sala no interior do hospital e pediu para que esta aguardasse a presença do médico.
Enquanto aguardava Clara decidiu ligar para Manuela e explicar o que estava acontecendo, porém lembrou-se que seu celular havia ficado no carro dentro de sua bolsa. Assim, só restou à jovem aguardar pacientemente o retorno do médico sobre o estado de saúde de seu pai.A morena estava nervosa, temia que algo de gravelhe tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo estava com muita raiva do Henrique. O jovem realmente havia extrapolado todos os limites, fazendo com que Clara sentisse ainda mais repulsa por ele.
-"Como ele foi capaz de ir até a casa dos meus pais para falar merd* para eles?? Ele está completamente descontrolado.... O que ele tanto falava de mim para meu pai??? Aii meu pai... como eu amo ele... sempre do meu lado, me defendendo.... aii pai, não pode ter acontecido nada grave com o senhor." - Nessa hora Clara levantou-se assustada da cadeira - "Meu Deusss... minha mãe.... preciso avisá-la... ela deve estar louca em casa... já está super tarde e..."
Os pensamentos da morena foram interrompidos pelo médico que acabara de adentrar a sala.
- Você é a responsável pelo Sr. Antônio Pinheiro? - Perguntou o doutor olhando para bela morena a sua frente.
- Sim... sim doutor, sou a filha dele... como meu pai está? - Respondeu Clara ansiosa.
- Felizmente seu pai teve sorte e não sofreu nenhuma lesão grave. Fizemos uma tomografia e está tudo certo com o cérebro dele. Foi apenas um susto mesmo, pode ficar tranquila. Ele está acordado e já conversa normalmente.
- Aii, graças a Deus doutor. Muito obrigada! Onde ele está? - Perguntou a morena já com um sorriso no rosto.
- Ele está na enfermaria agora, precisou tomar alguns pontos, pois sofreu um longo corte na nuca... - Completava o médico - me acompanhe que te mostrarei onde é.
- Ah, doutor... antes eu gostaria de saber se tem algum telefone aqui que eu poderia usar para avisar minha mãe. Ela não sabe de nada ainda e deve estar preocupada com meu pai.
- Toma, use meu celular... será mais rápido. - O médico olhou a morena de cima abaixo oferecendo seu celular a ela. Clara pegou o celular das mãos do médico e não pode evitar o pensamento "o que um vestido bonito não faz né?".
- Er... obrigada. - Clara discou o número da casa de sua mãe e rapidamente escutou-a atender.
- Alô, Antônio é você?
- Oi Mãe.. é a Clara... estou ligando para avisar a senhora que estou com o pai aqui. Ele sofreu uma queda, mas está bem, não aconteceu nada grave... estamos no Hospital Santa Bárbara, mas acredito que dará para ir para casa já já. - Clara falou a última frase olhando para o médico, que balançou a cabeça afirmativamente.
- Filha como assim, o que aconteceu com seu pai? Ele foi para o hospital sozinho?
- Não mãe... mas fica tranquila, pois ele está bem e quando chegarmos aí te explico o que aconteceu. Agora preciso desligar, pois não estou no meu celular.
- Está bem filha, mas você não está me escondendo nada não né? - Falou a Sr.ª Ana ainda preocupada
- Não mãe... agora está tudo bem, fique tranquila. Em casa te explico melhor... Beijo... até já.
- Tchau filha, Deus te abençoe. - Sr.ª Ana ainda tinha o hábito de abençoar os filhos quando se despedia.
Assim que Clara desligou o celular, devolveu-o ao médico e seguiu com ele para enfermaria onde estava o Sr. Antônio. Ao avistar o pai, a morena saiu correndo e o abraçou forte, sentindo-se em parte também culpada por vê-lo ali.
- Pai... que bom que o senhor está bem... que susto eu passei. - A morena continuava abraçada ao pai.
- Oi minha filha... nem sei como cheguei aqui, mas estou bem sim. Será que podemos sair deste hospital? Não me agrada nada esse clima de doença... - Falou Sr. Antônio um pouco sem graça ao perceber que o médico que lhe atendera estava ouvindo seu comentário.
- Vamos sim pai... o doutor er... Desculpe, qual o seu nome? - Perguntou Clara olhando para o médico.
- Gustavo, e o seu? - Também perguntou o médico todo simpático.
- Me chamo Clara, doutor. - Respondeu a morena retribuindo a simpatia ao médico. - Bom... então pai, o Dr. Gustavo disse que o senhor já pode ir para casa. Vou levá-lo... e não se preocupe, pois já avisei a mamãe que o senhor está bem. Vamos então?
- Ai, que bom filha... vamos. - Disse o Sr. Antonio já se levantando. - Dr. Gustavo, muito obrigado pelo atendimento.
- Não precisa agradecer Sr. Antônio, esse é o meu trabalho. -Disse o médico estendendo a mão para se despedir do pai de Clara. - Procure tomar os remédios nos horários certos, ok? Qualquer coisa que o senhor sentir é só retornar aqui.
- Obrigada Dr. Gustavo. Onde devo ir para pagar os exames e o atendimento? - Perguntou a morena.
- O rapaz que trouxe seu pai já arcou com as despesas, vocês não precisam se preocupar com mais nada. - Clara ainda assim não conseguia se livrar da raiva que sentia por Henrique, mas para não aborrecer seu pai preferiu nada comentar.
- Ok então Dr. Gustavo, obrigada e tenha uma ótima noite de trabalho.
Clara saiu da enfermaria com o Sr. Antônio, sentindo em suas costas o olhar do médico a lhe devorar por completo.
- "Homens... são todos iguais mesmo!" - Pensou rindo.
Quando chegaram ao carro, Clara decidiu perguntar para o pai o que tinha acontecido, pois queria confirmar a versão de Henrique.
- Pai... o que aconteceu de verdade? Er... foi o Henrique, pai? Me fala a verdade, ele que te machucou?
- Não filha... ele foi lá em casa para pedir desculpas e também para pedir minha ajuda para tentar fazer vocês voltarem. Só que você sabe que não gosto nem um pouco desse sujeito... ele quebrou minha confiança, pois te fez sofrer demais. Isso não tem perdão para mim. - Clara ouvia tudo atentamente e sentia o coração se encher ao ver o amor de seu pai para com ela. - Depois nós acabamos discutindo por que ele começou a falar umas mentiras sobre você... foi então que parti para cima dele e na confusão eu acabei escorregando... só me lembro de acordar aqui no hospital, com o Dr. Gustavo me examinando.
- Pai... er.. que mentiras ele estava falando sobre mim? - Por um momento Clara pensou na possibilidade de Henrique ter visto ela com Mariana, porém achava que não teria sentido nenhum ele falar isso para seu pai e não falar para ela.
- Ah filha, falou que você ainda o ama e que ele percebeu o quanto você anda agindo estranho e que certamente é por conta desse amor.
- Pai, ele está maluco... o senhor acredita que ele estava me seguindo?
- Então isso é verdade mesmo? - Pergunto Sr. Antônio pensativo.
- É sim... Por quê? Ele te falou isso?
- Er... ele comentou sim filha... mas vamos esquecer isso. - O pai de Clara tentava fazer com que a filha mudasse de assunto. - Me diga, eu atrapalhei sua noite de sábado, não é?
- Imagina pai... jamais deixaria de estar com o senhor em uma situação dessas. Te amo paizinho, quero ver o senhor sempre bem. - A jovem falava com o pai de forma muito carinhosa.
- Eu também te amo filha. Agora já estou ótimo. Mas me diga, onde estava? Por que você está toda arrumada... estava em uma festa né?
- Não pai, na verdade eu estava indo para festa de uma amiga, a Mariana. Então o Henrique me ligou no meio do caminho e eu corri para o hospital.
- Mariana? Eu acho que não conheço essa sua amiga. - Perguntou o Sr. Antônio, querendo saber um pouco mais sobre a amiga de sua filha.
- É pai, eu a conheci há pouco tempo... ela é muito legal pai... tem sido muito especial na minha vida. - Clara não conseguia se referir a Mariana de outra forma e acabava deixando escapar o quanto gostava dela.
- Hum... que bom, filha, quem sabe um dia você não a leva lá em casa para conhecermos?
- Com certeza pai... a levarei sim.
Os dois continuaram a conversa o caminho todo até chegarem à casa de Sr. Antônio. Logo que entraram em casa, Clara e seu pai passaram por um interrogatório da Sr.ª Ana, que queria saber todos os detalhes do acidente.A morena explicou todo o ocorrido para ela e em seguida deixou os dois conversando na cozinha e seguiu para a sala... sentou-se no sofá e ficou a pensar em Mariana.
- "Ai Mari... você deve estar super chateada comigo há essa hora." - Clara olhou no relógio e viu que já eram 3 horas da manhã. Pegou seu celular e viu que tinha cinco ligações de Manuela, porém, já que estava tudo bem preferiu deixar para avisar a irmã no dia seguinte. O que ela queria naquele momento era explicar tudo a Mariana e dizer o quanto sentia por não ter conseguido ir a sua comemoração. Então decidiu ligar para a loira... selecionou seu número e deixou o celular chamar, porém Mariana não atendia. Ou ainda estava no bar e não escutara o celular chamando, ou então estava muito chateada com ela e nem ao menos quis atendê-la.
Clara se deitou no sofá triste por imaginar que havia magoado Mariana.
-"Não acredito que estraguei seu dia Mari.... ai, o que eu faço? Mas hoje que é o aniversário dela... posso muito bem compensá-la." - Clara se sentou rapidamente no sofá ao ter uma ideia. - "Já sei o que fazer... amanhã vou te mostrar o quanto me importo com você Mari... me espera loirinha... não me esqueci de você não."
--------xx--------
A ansiedade de Mariana para ver Clara novamente continuava a mesma. Ora ou outra escutava de Fred um "calma mulher"... de tanto que olhava para porta de entrada do bar na esperança de avistar Clara chegando. Viu Manuela e Guilherme chegarem, alguns outros amigos da faculdade, mas nada da morena aparecer, até que pela milésima vez olhou para porta e avistou Thiago chegar, então imaginou que Clara viesse logo atrás. Porém, percebeu que o jovem estava sozinho e, ficou tão desapontada que nem se lembrou de continuar guardando o lugar para a morena ao seu lado e o jovem se aproveitou para sentar lá.
- Mariii, nossa você está linda demais! Parabéns gata! - Disse Thiago abraçando a loira.
- Obrigada Thiago... er.. você veio sozinho?
- Er... Mari... na verdade não, eu vim com a Clara. - Thiago se lembrara da recomendação da morena para que Mariana não ficasse sabendo que ela estava com problemas, por isso tentou falar de forma natural. - Ainda bem que você perguntou... ela pediu para te avisar que não poderá vir, pois ela recebeu uma ligação e precisou ir em algum lugar encontrar com um carinha.
- O que?? Ela... ela não vai vir? Vai se encontrar com um carinha?? - Mariana sentiu um aperto muito forte no coração.
- É... ela recebeu uma ligação do ex dela Mari... mas não se preocupe, deve ser confusões entre ex... acho que eles estão voltando. - Thiago tentava parecer tão natural que acabou complicando toda a situação.
- Como assim... o ex? - Mariana perguntava mais uma vez na esperança de ter entendido errado e procurando a todo custo disfarçar o quanto aquilo estava lhe doendo.
- Isso... o Henrique que ligou para ela... mas enfim... depois ela te explica. Agora quero aproveitar a noite, ao lado da loira mais gata deste bar.
Mariana nem sequer ouviu o final da frase de Thiago, simplesmente parou de prestar atenção ao ouvir o nome do ex-namorado de Clara. Sentiu uma dor horrível no coração, algo que nunca havia sentido antes. Pela primeira vez teve vontade de chorar por alguém... Fred olhou para a amiga e percebeu que algo estava errado e sem pensar duas vezes chamou a loira para ir do lado de fora do bar com o pretexto de que queria mostrar algo. Mariana apenas acenou com a cabeça concordando e saiu com o amigo. Já do lado de fora Fred perguntou:
- Mari... o que aconteceu? Por que você está com essa carinha?
- Ai Fred, me abraça! - A loira abraçou o amigo e não mais segurou o choro.
- Meu Deus minha linda, o que aconteceu? - Fred ficara assustado ao ver a amiga daquele jeito.
- A Clara, Fred... ela... ela me enganou esse tempo todo. - Mariana mal conseguia falar de tanto que chorava. - Ela saiu com o ex dela... o Thiago acabou de me contar.
- Como assim Mari? Não faz sentido isso que você está falando.
- Fred, o Thiago disse que eles estavam vindo para cá, mas então a Clara recebeu uma ligação do Henrique e foi atrás dele... ela me enganou Fred... me enganou - Mariana chorava copiosamente fazendo com que até o coração de Fred doesse.
- Mas Mari, você não pode chegar a essa conclusão assim... vai que aconteceu alguma coisa... a Clara não parece ser uma pessoa que brincaria assim com seus sentimentos.
- Ai Fred, nem adianta você vir com o seu otimismo... ela me enganou sim.
- Mari, como ela te enganou se na verdade ela estava vindo para cá? Presta atenção, ela provavelmente teve algum imprevisto e não pode entrar no bar. - Fred como sempre conseguia enxergar além das aparências.
- É, o imprevisto que apareceu foi o ex dela Fred... você que não entende... ela preferiu ir se encontrar com ele do que ficar aqui comigo, na comemoração do meu aniversário. - Mariana tentava conter o choro limpando suas lágrimas.
- Mari, não fica assim... espera até amanhã antes de tirar conclusões a partir do que o Thiago disse. Olha para mim. - Fred segurou a amiga pelos braços fazendo com que esta olhasse em seus olhos - Hoje estamos comemorando seu aniversário, todo mundo lá dentro te adora. Não deixe que uma especulação dessas afete seu dia. Você não merece isso minha flor... vem, limpa esse rosto e vamos voltar para lá e esquecer isso tudo, pelo menos por essa noite. Combinado?
- Ai Fred, não sei... olha minha cara... todo mundo vai perceber que algo está acontecendo... a irmã da Clara está ai também... como vou conseguir disfarçar isso? - Mariana estava de fato com um olhar triste. Seus olhos estavam até inchados de tanto que chorara.
- Vamos dizer que você recebeu uma ligação de alguém da sua família e que ficou emocionada, pronto, está decidido... mas daqui você não sai tão cedo. - Disse Fred todo convicto, procurando animar a amiga.
- Está bem... até por que não quero ter que ir para casa e ficar pensando nisso tudo. - Mariana abraçou o amigo mais uma vez. - Obrigada Fred... te amo amigo... só você para me segurar nessas horas em que não sei como agir.
Os dois voltaram para o bar e felizmente as pessoas nem notaram que Mariana havia chorado. Estavam tão concentrados nos papos engraçados puxados por Pedro que apenas sorriram para os jovens quando eles retornaram à mesa. Logo os dois adentraram nas conversas, mas Mariana continuava com aquela dor no coração por acreditar que Clara estava naquele momento com o seu ex.
Durante toda a comemoração a jovem procurou disfarçar o quanto estava chateada, mas foram poucos os momentos em que as pessoas conseguirama fazer rir. Por sorte a maioria das pessoas já estavam bêbadoso suficiente para repararem nela. Na verdade, era Mariana quem estava reparando em Manuela, que não parava de mexer no celular, como se estivesse preocupada com algo. A loira pensou consigo:
- "Provavelmente ela já ligou para Manu para contar as novidades... como pôde me deixar aqui, na virada do meu aniversário? " - A loira precisou engolir o choro novamente para não ter que sair da mesa.
Quando deram 2 horas da manhã Mariana pediu a Fred para deixá-la em casa. Sentiu-se aliviada por Thiago estar a pé e não ter tentado nada com ela, pois certamente iria ser muito grossa com ele. Assim os dois saíram do bar deixando apenas os mais animados à mesa. Durante o caminho Fred tentava animar a amiga, mas sabia que não seria nada fácil... com certeza Mariana teria uma noite longa.
Chegando à casa da loira os amigos se despediram e a jovem apressou-se em entrar, pois estava com o choro entalado e não queria que Fred a visse chorando novamente. Assim que entrou, correu para o banheiro e tomou um banho, deixando a água do chuveiro se misturar com suas lágrimas. Logo que saiu do banho percebeu que seu celular estava tocando... quando foi olhar no visor, descobriu que era Clara. Sentiu novamente um aperto no coração... queria atender o celular, mas preferiu ignorar a morena, pois não queria mostrar para ela o quanto estava chateada. Se Clara estava agindo com indiferença, seria exatamente assim que ela também iria agir. Desligou o celular e deitou-se na cama, procurando entender o porquê daquele comportamento de Clara.
- "3 horas da manhã?? É esse o horário que ela resolve me ligar? Não acredito nisso... por que ela fez isso comigo... justo no meu aniversário? " - Mariana abraçou o travesseiro e sentiu novamente as lágrimas rolarem em seu rosto. - "Ai, como fui ingênua de acreditar que ela também estava apaixonada por mim... na primeira oportunidade que aparece de voltar para seu ex ela vai logo correndo atrás dele... Primeira oportunidade???? Quem disse isso??? Com certeza ele já apareceu antes... eu que sou idiota mesmo de acreditar que poderíamos ter algo mais sério... eela ainda teve a coragem de me falar que nunca mais tinha o encontrado".
Mariana não conseguia parar de chorar. Tinha em sua mente os piores pensamentos em relação à Clara com Henrique, poisestava certa de que havia feito papel de idiota ao acreditar que o sentimento entre elas era recíproco. E foi nessa tortura que se seguiu o restante da noite... até que finalmente a loira conseguiu dormir, colocando uma reticência em todo aquele sofrimento.
--------xx--------
Clara tentou ligar mais uma vez para Mariana antes de se levantar do sofá. Porém, percebeu que a loira havia desligado o celular.
- Ai Mari... você deve estar me odiando agora...
- Por que ela te odiaria filha? - Perguntou o Sr. Antônio ao ouvir a filha se lamentando.
- Er... oi pai.. que susto... não vi que o senhor estava ai.
- Vim te avisar que você dormirá aqui essa noite... sua mãe já te proibiu de sair daqui a essa hora. - Disse o pai se sentando no sofá.
- Ai pai... já imaginava mesmo que a Dona Ana não me deixaria sair daqui hoje. - Respondeu Clara desanimada.
- Mas me responda filha... por que a sua amiga estaria te odiando agora?
- Ai pai, ela deve estar achando que não quis ir ao aniversário dela, pois não tive tempo para explicar tudo o que aconteceu. Tentei ligar agora, mas ela desligou o celular, ou seja, não quer falar comigo.
- Você gosta bastante dessa moça, né? - Perguntou o pai encarando a morena.
- Er... er... gosto... gosto sim pai, é uma grande amiga. - A pergunta de Sr. Antônio pegara Clara de surpresa.
- Filha, fica tranquila... amanhã você explicará tudo para ela... tenho certeza de que ela também tem a mesma estima por você, assim te perdoará. Até por que você realmente teve um imprevisto... -Sr. Antônio deu um beijo no rosto da filha - ela te entenderá. Agora vou me deitar, pois minha cabeça está doendo um pouco.
- Doendo??? Doendo como pai? - Perguntou a morena preocupada.
- Calma filha, o Dr. Gustavo alertou que talvez ocorressem algumas dores de cabeça. Mas nem acho que seja por causa da pancada e sim por causa do sono. Você já viu que horas são?
- É verdade pai, já vi sim... vai deitar então, pois o senhor precisa descansar. Onde está a mamãe?
- Ela está lá no seu quarto arrumando a cama para você.
- Meu quarto é? - Clara riu do comentário de Sr. Antônio, pois mesmo não morando mais naquela casa, eles continuavam se referindo àquele quarto como se fosse dela.
- Claro filha, o quarto sempre será seu. Ou você acha que eu e a sua mãe vamos arranjar mais filhos?
- Aii pai, o senhor realmente bateu forte com a cabeça, não está falando nada com nada. - Clara ria do pai. - Vamos deitar então Sr. Antônio.
Clara acompanhou o pai até seu quarto e depois seguiu para o seu, onde sua mãe ainda estava a arrumar a cama.
- Mãezinha, sinto saudades da senhora sempre arrumando a cama para eu dormir. - Disse Clara beijando o rosto da mãe.
- Oh minha filha, eu também sinto. Depois que você e sua irmã saíram de casa aqui ficou tão vazio.
- Ai mãe, mas a gente sempre vem visitar vocês. - Falou Clara com um aperto no coração ao ver o quanto sua mãe sentia a falta delas. - Agora deixe de nostalgia e vai lá cuidar do seu marido que está com dores de cabeça.
- O médico falou se isso é normal, filha?
- É sim mãe, não se preocupe. Mas o pai acha que está com dor de cabeça por que está com sono, então, vai lá cuidar dele, pois ele não dorme enquanto a senhora não estiver na cama também. Boa noite mãe.
- Boa noite filha, dorme com Deus.
Dona Ana saiu do quarto deixando Clara novamente imersa em seus pensamentos.
- "Mari... queria tanto estar com você agora... por que você desligou o celular? " - Clara tentara ligar mais uma vez para a loira e acabou tendo a confirmação de que Mariana havia desligado o celular. - "Aii... preciso manter a calma... amanhã tudo será resolvido, meu pai está certo... a Mari vai me entender. Agora preciso de um banho... ".
Depois de ter ficado pelo menos meia hora no banho, Clara voltou para o quarto e abriu uma cômoda antiga ainda da época que morava lá. Viu que ainda tinha roupas suas guardadas e pegou uma camiseta comprida para vestir. Depois se deitou na cama e não demorou muito para conseguir dormir, afinal sua habilidade para controlar pensamentos era muito boa.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Anastacia
Em: 21/06/2016
Ei Gi,
Embora a causa da ausência da Clara no niver da Mariana seja perfeitamente justificável, ela vai precisar se desdobrar um pouquinho para compensar a loira, né? Em um momento especial como este sempre queremos ter a nossa pessoa especial ao nosso lado. E a ausência até então não esclarecida gera uma reunião dos mostrinhos da insegurança em nossa cabeça. Sempre pendemos por acreditar no pior e não ponderamos que pode ter ocorrido algo realmente grave num contexto como esse.
Mas certamente elas resolverão esse mal entendido (isso não é spoiler,hein? é apenas a constatação que tive lá trás). Os obstáculos reais serão outros...xiii, tá bom, sem spoiler...rsrs
Beijos, Gi!
Até breve. Beijos, MUITOS
Anastácia Salles.
Resposta do autor:
Olá Anastácia,
Sempre fico muito feliz quando entro no Lettera e vejo um comentário seu. Obrigada por continuar vindo aqui alegrando meus dias.
Essas falhas de comunicação em um relacionamento sempre geram confusões e desentendimentos. Embora o motivo da Clara seja plausível, realmente ela vai ter que se desdobrar para compensar a ausência no niver da Mariana... mas sabe, acho que essas coisas só deixam a relação mais gostosa. É sempre bom fazer as pazes, mostrar para o outro o quanto ele é importante em nossa vida... seja através de uma noite especial ou de algo até mais simples, como uma mensagem e um carinho *-*
No final, acho que a Clara compensou bem, né... Ih, também estou soltando spoiler? rsrs...
Vamos para o próximo capítulo. rsrs
Muito bom tê-la aqui... Um beijo carinhoso!
Lana queen
Em: 17/04/2016
Ai Clara porque não pediu pra avisar que aconteceu algo com seu pai, coitada da mari como recebeu a notícia, o Thiago ainda diz que está voltando co o Ex, coitada, morrendo de sono mais vou ter que ler o próximo né...bjs
Resposta do autor em 02/05/2016:
Viu só como a vida é cercada de mal-entendidos? Um recado que poderia ser dado e não foi, uma informação passada de maneira incompleta, uma interpretação equivocada... Eh, não é fácil... por isso é sempre melhor procurar entender primeiro o que aconteceu antes de tentar deduzir os fatos.
Beijinhos
[Faça o login para poder comentar]
Clara Fontana
Em: 14/09/2015
Meninas, podem contar com minha ajuda para deixar essa história nos Top Tens!
Resposta do autor:
Vocês são muito fofas
Que carinho gostoso.
Obrigada!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]