Capítulo 2
Mariana olhava no relógio, já eram 20h30m e nada do Pedro chegar, não suportava atrasos, sempre fora muito pontual, independente se era para trabalho, estudo ou diversão. Já estava pegando o celular para ligar quando a campainha toca.
- Finalmente seu tratante! Já viu que horas são? - Disse, tentando parecer mais brava do que realmente estava.
- Calma Mari, tive uns contratempos no caminho, me perdoa. Vamos? Cadê a Duda? Não vai com você? - Perguntou olhando para dentro da casa.
- Calma menino, quantas perguntas. A Duda vai sim, ela vai nos encontrar lá no Ted's. Agora vamos logo por que não poderei ficar muito tempo lá, ainda tenho que estudar. - Foi empurrando o Pedro em direção ao carro. - Ah, esqueci de deixar um bilhete para o meu pai, vai ligando o carro que já volto. - Mariana voltou correndo em casa, escreveu um bilhete para o pai, avisando que chegaria tarde, depois voltou para o carro.
Chegaram ao bar e logo encontraram Duda que esperava impaciente na porta de entrada.
- Não acredito que vocês me fizeram esperar 1h aqui! - Disse ríspida
- Pode brigar com o Pedro Duda, ele chegou super atrasado lá em casa - Mariana apontava para Pedro e este por sua vez lançava um olhar fuzilador para Mariana. - Mas chega de perder tempo, vamos entrar.
- Precisava começar queimando meu filme assim com a Duda?? - Cochichou Pedro no ouvido de Mariana. Esta nem se deu ao trabalho de responder.
Entraram no bar e escolheram um lugar em que dava para ver o palco onde as pessoas se arriscavam no karaokê. Eles já tinham costume de ir nesse bar e se divertiam com as performances das pessoas. Depois de algumas bebidas até eles se aventuravam no karaokê, arrancando vaias e aplausos do público. Porém nesse dia o trio de amigos preferiu ficar "de plateia". Tudo estava muito divertido, Pedro não parava de olhar para Duda, que logo foi correspondendo seu olhar. Não demorou muito e os dois já estavam ficando. Mariana olhou para os amigos e falou:
- Pronto, agora estou de vela, era só o que faltava! - Seu comentário saiu em tom de brincadeira, mas no fundo ela não estava gostando de ficar sozinha com o casal. Novamente não conteve o pensamento e lembrou-se de Clara. Não sabia explicar, mas pensar naquela morena trazia um sentimento de ansiedade, tinha vontade de vê-la, de estar com ela. Mais uma vez balançou a cabeça e levantou-se da mesa, avisou os amigos que iria ao banheiro e seguiu em direção ao toilet. Saiu por entre as mesas, com o olhar distraído, quando de repente sentiu alguém lhe puxar o braço, olhou para trás e se deparou mais uma vez com aquele lindo sorriso... era ela... era Clara.
O coração de Mariana disparou, jamais imaginou que encontraria Clara naquele bar. Não conseguiu disfarçar o olhar para o sorriso da moça, era de fato lindo.
- Mariana, tá lembrada de mim? Que coincidência encontrá-la aqui no Ted's. - Clara abria um sorriso ainda mais lindo.
- Er.. me lembro sim, Clara né? - Disse Mariana tentando ser indiferente a presença da moça, mas sabia que não havia conseguido, seu olhar para a morena era de surpresa. - Sempre venho aqui com meus amigos.
- Nossa, que legal, engraçado nunca termos nos encontrado por aqui, também sempre venho aqui, mas nunca tive coragem de ir ao karaokê, minha voz é horrível - Falou Clara rindo do próprio comentário. Mariana também achou graça e ficou ainda mais encantada diante da simpatia da outra.
- Eu e meus amigos sempre nos arriscamos no karaokê, mas só depois do quinto chopp - Mariana falou meio tímida, mas conseguira arrancar mais um sorriso da morena.
- Onde estão os seus amigos Mariana? Chama eles para se sentarem conosco. - Disse olhando para os lados.
- Eh.. bom... acho que eles não vão querer vir não - Mencionou Mariana apontando para a mesa onde Duda e Pedro estavam aos beijos. Clara olhou e logo começou a rir.
- Vou te salvar então Mariana, fica aqui com a gente, vou te apresentar o pessoal. - Nessa hora Mariana já até havia esquecido que queria ir ao banheiro. Puxou uma cadeira e sentou-se à mesa onde Clara estava, aliviada de não precisar voltar para sua mesa e bancar de "vela" para os amigos. Mas outra coisa a deixava ainda mais feliz... a presença daquela mulher. Não conseguia explicar, mas ao lado dela Mariana se esquecia das outras coisas, conseguia viver apenas o presente.
- Nossa, você apareceu na hora certa Clara - Brincou Mariana, já se sentindo mais à vontade diante da morena.
- Deixa eu te apresentar a galera. Esse é o Guilherme, namorado da minha irmã Manuela - Foi apontando para os dois que estavam sentados de frente para Mariana - Esse é o Thiago e essa é a Laura, eles se formaram comigo em Direito, são advogados bons de lábia. - Falou mais uma vez soltando um sorriso que iluminava o ambiente.
- Que isso Clara, assim sua amiga vai pensar o que de mim? - Disse Thiago, tentando mostrar um ar de indignação ao mesmo tempo em que contemplava a beleza da loira.
Mariana cumprimentou todos. Já se sentia mais solta e estava feliz por conhecer pessoas novas. Logo os assuntos começaram a surgir, Mariana quis saber o que eles estavam comemorando e quando ficou sabendo que era por causa de Clara, seus olhos brilharam. Parabenizou-a dando-lhe um abraço. Aquilo lhe causou uma sensação estranha. Sentiu uma onda de frio e calor ao mesmo tempo percorrer seu estômago até chegar no coração.
Respirou o perfume de Clara que permanecia em sua cabeça desde o momento em que a morena saíra da agência. Foi um abraço rápido, porém no momento em que Mariana sentiu a pele de Clara tocar a sua, tudo a sua volta parou. Um sentimento de paz tomou conta do seu coração, ficaria a noite inteira naquele abraço. O momento foi interrompido por Pedro e Duda que chegaram à mesa reclamando a ausência da amiga.
- Sua louca, sai e esquece de voltar para os amigos é? Achei até que tinha se perdido no banheiro - Disse Duda, zombando da amiga.
- Não se preocupem, eu que chamei a Mari para sentar com a gente, vi que vocês estavam muito ocupados na mesa - Clara olhou para Mariana e piscou para ela como que a defendendo.
Mariana sentiu novamente a onda de frio e calor percorrer o corpo. Ouvir Clara chamando-a de Mari lhe deixou toda boba. As pessoas sempre se referiam a ela dessa forma, mas ouvir o apelido pela boca de Clara teve um efeito totalmente novo para ela.
- Nossa, você não é a moça que esteve lá na agência hoje? - Perguntou Pedro surpreso.
- Olá, sou sim. Você também trabalha lá? Acho que não te vi, estava correndo tanto naquela hora. - Clara realmente não tinha reparado em Pedro. Quando entrou na agência avistou logo a mesa de Mariana e foi direto até ela, sem olhar para os lados.
- Trabalho sim, sou o Pedro e esta é a Duda, ela estuda com a Mari.
- Sou Clara, muito prazer! Sentem-se conosco, o papo aqui está bem animado.
- Na verdade só viemos chamar a Mari para ir embora - Disse a Duda olhando para a amiga. Seu olhar já dizia que estava na verdade querendo ir para a casa de Pedro. Clara, percebendo as intenções da amiga de Mari disse:
- Ah, que isso Mari, você não pode ir embora agora, ainda quero te ouvir no karaokê. Fique conosco e depois eu deixo você em casa. - A morena esboçou seu sorriso para Mari. Esta por sua vez, não soube dar outra resposta, aceitou o convite de Clara.
Duda e Pedro se despediram do pessoal e foram embora. Já Mariana não conseguia parar de pensar no que estava acontecendo. Ela estava ali, com aquela mulher que ocupara todo seu pensamento durante a tarde e à noite. Em nenhum minuto se lembrou que teria prova no dia seguinte. Ninguém tinha esse poder sobre ela, apenas Clara. A noite seguiu muito divertida, os amigos de Clara eram animados e sempre brincavam com alguma situação.
Mariana rapidamente ganhou liberdade para brincar e falar bobeiras com eles, até que Manuela e Guilherme decidem ir embora, deixando apenas Clara, Thiago, Laura e Mariana na mesa. Thiago não parava de olhar para a loira e ora ou outra deixava escapar alguma cantada, porém percebeu que Mariana não estava lhe dando bola e decidiu ir embora, chamando Laura para ir com ele. As duas de despedem deles e antes que Mariana pronunciasse qualquer palavra Clara diz:
- Nem pensar, não vamos embora ainda, você não me mostrou seu talento no karaokê - Disse Clara com um olhar que deixava Mariana sem graça.
- Nem pensar Clara, não subo naquele palco sozinha de maneira alguma. Você vem comigo! - Disse com a voz firme, surpreendendo Clara e a puxando para o local onde se escolhe as músicas.
- Ai meu Deus, você tá maluca Mari??? Minha voz é horrível, vamos espantar todo mundo daqui do bar!
- Não quero saber, a ideia foi sua - Mariana se divertia com a situação. Pela primeira vez viu os papéis se inverterem, Clara estava nervosa e Mariana achava graça de sua timidez.
- Tá bem, tá bem, não precisa cantar, era brincadeira - Clara já estava mais do que tensa, sua voz saía rápida e afobada, segurou o braço de Mariana e a abraçou novamente. - Por favor Mariiii, prometo ficar comportada agora, vamos voltar para a mesa, vamos??
Aquele abraço derreteu Mariana novamente. Ela já começava a ficar preocupada com essas sensações que a morena lhe causava. Pensava em como era maravilhoso o cheiro de Clara, definitivamente queria ficar mais naquele bar conversando com ela.
- Tudo bem, mas agora você já sabe que não subo naquele palco sem você. Vamos voltar para mesa então. - De forma espontânea, Clara dá um beijo no rosto de Mariana e a puxa para mesa. Mais uma vez a jovem deixara-se levar pelas maravilhosas sensações que aquela morena lhe causava.
Chegaram à mesa e sentaram-se novamente. O bar permanecia lotado e as pessoas arriscavam-se cada vez mais no karaokê, alguns eram ovacionados, já outros recebiam vaias em tom de brincadeira da plateia do bar. Clara aproximou-se do ouvido de Mariana para iniciar uma conversa.
- Então Mari, você disse que já trabalha há alguns meses lá na agência, né?! Você faz qual curso? - Sua boca estava bem próxima do ouvido de Mariana, fazendo com que esta se arrepiasse.
- Eh... eh.. isso mesmo, já tem um tempo que trabalho lá, eu faço Turismo e me formo agora no final do ano. - Respondeu como que no piloto automático. Na verdade, só conseguiu se concentrar na respiração de Clara e em seu cheiro quando se aproximava de seu ouvido para responder suas perguntas. - E você é uma advogada boa de lábia também?
- Ahhh, digamos que eu sei defender minhas convicções. - As duas riram da resposta de Clara e por um momento Mariana pode perceber que a morena olhava fixamente para seus olhos.
- Nossa, seus olhos são lindos, acho que nunca tinha visto olhos com esse tom de verde. - Falou Clara um pouco sem graça, mas não tão sem graça quanto Mariana, que sentiu suas bochechas corarem.
- O.. Obrigada! - baixou o olhar para mesa.
- Er.. mas me diga Mari, o que você gosta de fazer? - Rapidamente mudou de assunto, percebendo o clima estranho que se instaurava no lugar. Mariana voltou o olhar para os olhos de Clara:
- Eu gosto muito de ver filmes, ouvir uma boa música, ficar diante de uma boa companhia jogando conversa fora. Ah, também gosto muito de viajar é claro, não foi à toa que escolhi meu curso. - Dessa vez foi Clara que teve uma sensação estranha. Aquele olhar conseguia prender sua atenção, se sentia à vontade diante da loira e começou a admirar sua simplicidade.
- Eu também amo fazer essas coisas, inclusive estou louca para tirar minhas férias e finalmente ir para Natal, mal vejo a hora de estar naquelas praias maravilhosas. E por falar nisso, amanhã sem falta passarei lá na agência para tentar fechar a viagem com vocês mesmo. - Falou com voz empolgada.
- Verdade Clara, já separei os valores para você dar uma olhada, tenho certeza que você fechará o pacote de 7 dias. - Por um momento Mariana lembrou que Clara havia pedido o pacote para duas pessoas. Sentiu um aperto no coração, não entendia por que estava se importando tanto se ela iria ou não acompanhada. Não resistiu e perguntou:
- Er, Clara você vai viajar acompanhada né?
- Vou sim Mari, vou levar uma pessoa que eu amo demais e que sempre quis ir para Natal comigo. - Mariana sentiu uma inquietação tomar conta de si. De repente quis ir embora, tentou disfarçar, mas acabou sendo bem direta. - Ai Clara, é melhor irmos embora, já está tarde né... e eu ainda terei que repassar a matéria da prova de amanhã. Se importa se a gente for?
- Vamos sim Mari. Tá tudo bem? Você parece que ficou preocupada de repente.
- Não.. tá tudo bem sim. É por que só agora me lembrei dessa prova. Me desculpe, vamos? - Disse já levantando da cadeira.
- Vamos. Deixa só eu pagar a conta - Fez sinal com a mão em negativa ao perceber que Mariana já estava procurando sua carteira - Não.. não, hoje é por minha conta ok?!
Assim que chegaram ao carro de Clara, Mariana não conseguiu conter sua curiosidade mais uma vez.
- Clara, você tem namorado né? Imagino que deva ser ele a pessoa que você levará para Natal... Ele não pôde vir hoje para o Ted's comemorar com você? - Mariana fez a pergunta, mas logo em seguida se arrependeu, teve medo de estar sendo invasiva. Isso fez com que sua voz saísse insegura no final da pergunta.
- Mari, não tenho namorado. Vou levar a Manu comigo. Minha irmã me ajudou muito nos últimos meses, tive alguns problemas pessoais com meu ex-namorado e ela foi fundamental para a minha volta por cima, digamos assim. - Fez um gesto com a mão ao mencionar "volta por cima".
Mariana percebeu que deixara Clara um pouco pensativa, se arrependeu ainda mais de ter feito a pergunta, mas não podia negar que seu coração se alegrou ao saber que Clara estava solteira.
- Clara, me desculpe. Não tive a intenção de resgatar lembranças ruins. Bom, vamos mudar de assunto. Se importa de dizer quantos anos você tem?
- Nossaaa, achei que você estava querendo me deixar animada, agora quer saber minha idade?? - Clara começou a rir ao ver que tinha deixado Mariana sem graça novamente - Não faça essa cara Mari, estava brincando com você, não tenho problemas de falar minha idade. Tenho 24 anos. Agora que falei minha idade, pode falar a sua!
- Ok, ok, uma resposta em troca de outra né? - riu para Clara - Tenho 21 anos, faço 22 no mês que vem. Mas muitas pessoas acham que eu tenho mais que isso, pois sempre trabalhei e desde a morte da minha mãe assumi as responsabilidades de casa.
- Nossa, que barra né... e você é filha única?
- Humm, se eu responder essa pergunta terei o direito de fazer uma pergunta também? - Olhou para Clara com um olhar brincalhão.
- Combinado, responderei a pergunta que você quiser também - Respondeu Clara se rendendo ao jogo de perguntas e respostas de Mariana.
- Sou filha única e moro apenas com meu pai. Mas ele está namorando e pretende se casar. Até lá, se tudo der certo, já estarei no meu próprio apartamento.
- Então você não se dá bem com a namorada dele? - Mariana virou-se para Clara assustando-a
- Nãooo vale, você me fez duas perguntas, se eu responder essa terei o direito de duas respostas sua - lançou um olhar esperto para Clara.
- Combinado! Responda-me mais esta pergunta e ficarei lhe devendo a resposta de mais duas perguntas que você me fizer. - Piscou o olho para Mariana, que sorriu envergonhada.
- Eu gosto muito dela, ela realmente tem feito meu pai feliz, mas acho que quando eles casarem, me sentirei melhor morando na minha própria casa, sempre quis ter um espaço só para mim, e acho que esse será o momento certo para isso acontecer. Bem, agora que já respondi suas perguntas, quero saber...
Não deu tempo de fazer as perguntas, elas notaram que duas pessoas brigavam muito próximas ao carro de Clara. Ambas ficaram com medo de alguém estar armado. Sem pensar duas vezes, Clara liga o carro e acelera em direção oposta à briga. Depois que já estavam longe as duas começaram a rir da situação.
- Nossa, você fez uma cara de medo. Acho que fiquei mais assustada com sua cara do que de fato com a briga. - Gargalhou Clara
- Quem saiu fritando pneus não fui eu não mocinha - Retrucou Mariana, ainda rindo do acontecido. - Mas falando sério agora, a cidade de São Paulo está muito perigosa Clara, não podemos dar sopa ao azar como diz meu pai. Acho melhor irmos mesmo, já está bem tarde.
Mariana explicou o caminho para Clara. Não podia deixar de repara-la dirigindo. Continuava linda, sempre sorrindo. Logo foram percebendo que tinham mais afinidades do que imaginavam, conversaram o tempo todo até que Mariana aponta para o local onde se encontrava sua casa. Clara estaciona o carro, desliga o motor e pega na mão de Mariana. Em seguida olha nos seus olhos:
- Mari, gostei muito mesmo de te conhecer. Quero repetir programas assim com você. Acho que temos muito em comum. Você é uma fofa sabia? - Disse isso sem compreender ao certo porque estava expressando aquelas palavras, não era de fazer elogios para as pessoas.
- Também gostei muito de te encontrar lá no Ted's Clara. Descobri que além de linda por fora, você também é linda por dentro. - Mariana ficou totalmente vermelha. Não acreditou que aquelas palavras saíram de sua boca. Mas ela havia sentido algo tão forte enquanto Clara lhe dirigia a palavra, que não conteve a frase. - Obrigada pela noite Clara, com certeza iremos repetir.
Mariana beijou o rosto de Clara sem perceber que também havia despertado uma sensação nova nela. Já do lado de fora, inclinou metade do corpo para dentro do carro novamente e disse:
- Não esqueci que você está me devendo duas respostas. Vou guardar as perguntas para o momento certo - Piscou o olho e saiu correndo em direção ao portão. Depois que já estava dentro do quintal de sua casa notou que Clara permanecia olhando para ela. Acenou com a mão e esperou a bela morena arrancar com o carro. Nunca em sua vida havia sentido coisas tão forte como sentiu naquela simples noite, diante da mulher dona do sorriso mais lindo já visto por ela. Correu para dentro de casa e foi direto para o chuveiro, antes de pegar os livros para revisar a matéria da prova...
Clara arrancou o carro tentando entender o que era aquela sensação que envolvia seu corpo. Quando Mariana saiu do carro simplesmente não conseguia parar de olha-la. Pensava consigo: "Nossa, como ela é linda, é uma beleza que vai além da aparência. Meu Deus, que olhos eram aqueles?? Quero ficar mais tempo com ela.. a agência... isso.. a agência! Amanhã sem falta passarei lá. De repente ela até aceite fazer alguma coisa depois do expediente." - Parou seus pensamentos repentinamente - "Mas, o que é issooo Clara?? Ela é uma mulher, o que eu estou falando? Calma... fica Calma, isso é apenas amizade.. isso mesmo.. sinto que seremos grandes amigas, me identifiquei com ela. Amizade!!" - Estacionou o carro, subiu para seu apartamento e procurou não pensar mais no assunto. Porém, aqueles olhos verdes não saiam de sua cabeça. Preferia pensar que tudo era questão de afinidade. Elas se deram muito bem, e não passava disso. Tomou seu banho, deitou na cama e dormiu com aquele olhar na cabeça.
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Mariana já estava com os livros abertos em cima de sua escrivaninha, porém não conseguia desviar o pensamento para a matéria. Ao contrário de Clara, ela não quis fugir dos fatos e começou a conversar baixinho com os livros:
- Meu Deus, que sentimento é esse que estou sentindo pela Clara? Desde que a vi não paro de pensar nela. Como pode uma pessoa ser tão linda assim? E como se não bastasse isso ela ainda é simpática, atenciosa, divertida. Aiii, não pode serr.. Meu Deus, diz que isso não está acontecendo comigo! Não posso estar interessada em uma mulher. Sempre fiquei com homens, por que isso agora?
Tentou começar a ler a matéria. Mas foi em vão, aquele sorriso continuava tão nítido em sua mente. Voltou a falar baixinho:
- Que cheiro maravilhoso você tem Clara - Foi até a cama, onde estava a blusa que havia usado. Lá ainda estava o cheiro de Clara. Deitou-se na cama, sabia que não conseguiria estudar. Rendeu-se àquele aroma maravilhoso que havia se impregnado em sua blusa. - Ai o que está acontecendo meu Deus, o que faço agora?
Demorou bastante para pegar no sono. Mil coisas passavam pela sua cabeça, sabia que fugir dos seus sentimentos não resolveria nada. Mas ao mesmo tempo se sentia perdida. Nunca sentira algo tão forte por alguém em tão pouco tempo. E para piorar ela era uma mulher.
Mariana cresceu em uma família católica e muito tradicional, por isso sempre teve em sua mente que isso era errado. Porém, quando entrou para a faculdade, sua opinião sobre esses assuntos havia se transformado radicalmente. Inclusive, um de seus grandes amigos era gay, o Fred. Aprendeu a respeitar as diferenças, mas nunca imaginava que isso poderia acontecer com ela. De repente pensou em algo que a deixou ainda mais aflita. Clara! Ela certamente não gostava de mulher, lembrou-se dela contando sobre seu ex-namorado. Sentiu uma pontada no coração. Já conseguia prever que as coisas não seriam fáceis.
- Calma Mariana, calma. Acabei de conhecer a menina e já estou com todos esses pensamentos. Preciso deixar as coisas acontecerem naturalmente, devo estar carente. Vou provar para mim mesmo que isso é carência, é só afinidade mesmo. Seremos amigas, grandes amigas. - Falava para si mesmo numa tentativa de se convencer com as próprias palavras. Mas no fundo ela sabia que sentia algo muito forte por Clara. Pegou novamente a blusa e finalmente adormeceu com o aroma amadeirado deixado pela morena.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Hanna Stark
Em: 16/06/2016
Ahhhh começo de romance, como é bom. Delicioso reler esses capítulos, Mari e Clara são encantadoras!😉😘😘😘😘
Resposta do autor:
Obrigada, de coração!!
Um beijo carinhoso!
rhina
Em: 15/06/2016
Gi.
"Não se esqueça que vc está me devendo duas respostas.... "
Aparti desta frase eu teria minha primeira pergunta.
Beijos.
Resposta do autor:
Ei Rhina,
Acho que conheço esse jogo de perguntas, rsrs
Fique à vontade para perguntar o que quiser, minha querida... Sou muito reservada, mas o que puder, responderei com prazer.
Um beijo!
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Anabela N
Em: 20/02/2016
Ah Gi amo suas personagens. A Mari é apaixonante e cativante, já a Clara é envolvente mesmo com todos seus medos. AMO ESSA HISTORIA!!
Resposta do autor em 06/03/2016:
Ei Ana,
Obrigada pelos elogios... que bom que gosta das minhas personagens...
Beijinhos
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Glaucia
Em: 29/12/2015
Gio minha querida tudo bem?Espero que sim !!
Haaaa Gio como é bom vir aqui nos coments,e ver essa áurea de amor que tá exalando nesse lugar é assim de uma atmosfera que contagia qualquer um.
O amor tem disso ne, além de se apossar do coração e da cabeça tem que também exalar pelos os poros como se quisesse dizer "cheguei pra ficar".kkkk
Parabéns meninas e tão bonito de se ver o quanto estão fazendo bem uma a outra.Desejo felicidades millllllll.
Bom vim aqui fazer meu coments do capítulo 2 então Ler's go favorita authoress.kkkkkkk
É minha cara autora esse danadinho do amor é coisa que nem Freud explica.kkkkk Ele vem tão inocente como quem não quer nada,meios que conhecendo e avaliando o campo onde vai pisar,ai vai chegando,chegando e pronto,ai não adianta mais negar nada pra ele só apenas segurar em sua mão e deixar ele te levar a onde quiser.E é isso que está acontecendo entre Mari e Clara o amor tá chegando devagar mais avassalador.Em meio a muitos olhares e sorrisos.Como é bom essa faze ne Gio.O início.Tudo vai vai tomando forma vai se encaixando a cada dia onde o pensamento fervilha e o coração acelera.Relendo esse capítulo lembrei de uma música que AMO MUITO que é Dona da minha cabeça(Geraldo Azevedo):
"Dona da minha cabeça.
Ela vem como um carnaval.
E toda paixão recomeça.
Ela é bonita,é demais.
Na força dessa beleza é que
Eu sinto firmeza e paz
Por isso nunca desapareça
Nunca me esqueça,eu não
Te esqueço jamais".
Tá vendo Gio quando eu digo que o amor contagia não to brincando não.kkkkk
Qualquer forma de amor vale a pena,qualquer forma de amor vale amar e é nessa forma de valer a pena e valer amar que estou redescobrindo o gosto que ele tem.kkkkk(como diz lá no meu nordeste pense num gosto bom.kkkkk)
Gio minha querida firme e forte para chegar aos 1000 coments.kkkk no que depender de mim é mais de 1000.kkkkk
Beijos fica com Deus e vamos que vamos aos próximos 41 capítulo que faltam eu comentar.🙏😘
Resposta do autor em 12/02/2016:
Ei Glaucia, minha querida
Estou demorando tanto para responder, não é mesmo? Espero que você me perdoe por isso, mas leio com atenção e com muito carinho tudo o que você escreve.
Ah, realmente é sempre maravilhoso ver a áurea do amor à nossa volta. Fico feliz em contribuir de alguma forma para que isso aconteça... eu realmente aprecio os sentimentos mais simples e que são passados de maneira sincera...
Suas reflexões estão certíssimas, minha cara... de fato o amor é imprevisível e tem seu tempo próprio... pode ser rápido, ou devagar, pode ser avassalador ou manso. Porém, quando ele tem que acontecer, não há escapatória, rs... Por isso, sempre é válido viver o hoje e se entregar sem reservas. Sem dúvidas que para a Clara e Mari o amor veio como um furacão, rsrs
Adorei a música, viu...
Hummm, acho que a senhorita tá amando hein, rsrs....
Beijos, obrigada por mais esse comentários!
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Anastacia
Em: 26/12/2015
Ei, Gi!
Reler esse capítulo foi uma delícia... esses sentimentos desconhecidos, confusos, pertubadores, angustiantes, e ao mesmo tempo que nos faz bem, aquece o coração de uma forma diferente, desperta tantas sensações novas...
Nessa fase, não sabemos distinguir a emoção que nos aflora. Mas não podemos negar que é algo muito intenso, que por mais que tentemos evitar, nos invade, se faz presente e por mais que neguemos, não conseguimos fugir...
Está sendo tão bom fazer essa viagem de novo! E hoje, sob outra perspectiva...
Rumo aos 1000 comentários!
Beijos,
Anastácia Salles.
Resposta do autor em 04/02/2016:
Ei, Anastácia!
É muito bom quando relemos algo com a oportunidade de lançar um novo olhar, uma nova perspectiva. Nessa nova viagem enxergamos coisas que antes não víamos, compreendemos algumas coisas que pareciam absurdas e muitas vezes sentimos algo intenso como se estivessem narrando nossa própria história. Eis a riqueza maior da leitura: sempre se renova, ainda que seja o mesmo livro, a mesma história. Nossa perspectiva sempre muda... essa é uma faceta da vida que muito me encanta.
Que bom que gostou de relembrar esses momentos... a fase incial, onde os sentimentos se escondem, se turvam, ao mesmo tempo em que as sensações são tão claras e inevitáveis. Ah, como é bom sentir aquele calor no coração, aquele frio na barriga... tudo isso pode ser confuso, mas é maravilhoso quando conseguimos nos entregar sem reservas. Melhor ainda é ficar sonhando com um novo reencontro, para que os olhares voltem a se cruzar e os corações voltem a se aquecer... acho que foi isso que tentei passar nesse começo de história.
Amando os comentários.
Beijos,
Giovanna
P.S. Ah, esqueci de colocar na última resposta, mas a terceira parte do conto será postada assim que eu terminar de responder todos os comentários, rsrs... Espero fazer isso o mais rápido possível ;). Obrigada pelo apoio, sempre!
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Carol M
Em: 22/10/2015
Realmente é uma história viciante. Cada linha te prende e me faz querer mais e mais. Mas eu gosto de ler devagar, degustando cada capítulo.
Irei comentando no decorrer da leitura. Obrigada por compartilhar essa obra!
Um abraço!
Carol Marques
Resposta do autor:
Ei Carol,
Primeiramente quero te pedir desculpas, pois li seu belíssimo comentário lá no meu conto mas ainda não respondi. Irei fazê-lo em breve, perdão, viu?!
Que bom que está gostando da história, fico feliz em estar te prendendo com minha escrita, espero que seja assim até o final.
Aguardarei seus novos comentários.
Obrigada.Beijos!!
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Sem cadastro
Em: 09/09/2015
Genteeeee vamos comentar muito, essa historia merece ter todos os comentarios que tinha la no abcles. Enredo pefeito, autora maravilhosa e encantadora. Vamos dar o devido apoio
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Maria Flor
Em: 08/09/2015
Boa noite, Giovanna!
Como é gostoso presenciar o começo de uma história de amor. Mesmo que, nesse caso, ainda exista muita dúvida e incerteza sobre a real razão de um sentimento tão forte.
Já tinha lhe dito reservadamente, mas repito o que disse: sua narrativa flui tão facilmente que, ao final de cada capítulo, só me importa ir para o próximo e continuar lendo, lendo e lendo.
Obrigada por nos presentear com a sua história.
Beijo grande
Resposta do autor:
Esse início sempre é muito gostoso né...
Fico muito feliz em saber que minha narrativa tem essa fluidez. Isso realmente é uma conquista para mim, me deixa com a sensação de trabalho cumprido, ou pelo menos que está no caminho certo, rsrs
Muito obirgada, viu!
Beijos
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