Internet
São Paulo, 6 de fevereiro de 2016. 14h35min
Alguém já te deu o conselho: “não leia os comentários”?
Quando você é diagnosticado com algum transtorno, tudo o que você mais quer é informação. Você navega na internet desesperado atrás de artigos que te ajudem a entender o que você tem.
Leva tempo até que você entenda que você não é o transtorno e, sim, que você tem ele.
Nas vezes em que eu estou muito triste ou com medo do futuro, eu corro para essas páginas na esperança de encontrar alguma fórmula mágica que me cure apesar de já ter lido quase todas elas.
Mas hoje eu cometi um erro.
Estava relendo um texto sobre o transtorno de personalidade borderline, tentando encontrar alguma revelação nas entrelinhas, e rolei a página até o fim. Até os comentários.
Eu ignoro os que dizem que somos preguiçosos, acomodados, que só queremos chamar a atenção. Com esses, já me acostumei.
O que me pegou desprevenida foi um em que um rapaz exaltava qualidades na doença.
Certo, nós somos muito emocionais. Realmente daríamos ótimos atores, escritores, pintores... Se nos sobrasse força para levantar da cama na maior parte dos dias.
É claro que existem relatos de melhora... Os sintomas diminuem com o passar dos anos, mas até lá deixamos rastros de danos atrás de nós.
Com 25 anos, minha trilha de problemas e lágrimas já é considerável.
Eu poderia ser uma boa atriz se não estivesse ocupada tentando consertar as coisas que eu estrago pelo caminho.
Não gosto que romantizem o meu sofrimento. Não há nada bonito nas coisas que eu sinto.
Se escrevo coisas bonitas enquanto sofro, imaginem o que eu poderia escrever se estivesse feliz? Eu quero melhorar. Eu vou melhorar.
Não é possível que alguém ache certo exaltar qualidades na dor do outro. Não é aceitável que alguém diga que nos prefere aos sãos porque não gostam de pessoas “muito certinhas das ideias”.
Tudo o que eu quero é ser certinha.
Por isso, é sério: não leia os comentários.
Fim do capítulo
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Ana_Clara
Em: 20/03/2016
Estou lendo uma outra história e lá foi relatado um pouco sobre esse transtorno e por muita curiosidade fui pesquisar um pouco mais sobre ele e me lembro que na época comentei com a minha namorada o quanto deve ser difícil para a pessoa conviver com este problema. E agora sabendo que a Betina sofre do transtorno de boderline me sinto mais emocional referente a ela. Como a ficção podemos mudar tudo, então que a Betina melhore profundamente a sua vida e a sua alma. Torço muito por ela!
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