Parte 1: O diário
Quando cheguei ao hotel, fui direto tomar um banho. Estava cansada, após me trocar, caí na cama tentando dormir. Tarefa impossível, pois Hellena não saía de meus pensamentos.
Pensava em como era linda e em como ainda mexia tanto comigo, mesmo depois de doze anos sem nos vermos.
Jogada na cama, observava a noite através da janela que havia deixado aberta. Um vento frio invadiu o quarto, trazendo o cheiro de terra molhada antes dos pingos da chuva começarem a tocar o teto do hotel. Os céus pareciam estar chorando as lágrimas que havia muito tempo secaram em mim. Olhei para o relógio em meu pulso. Era um pouco mais de seis da tarde.
Fechei os olhos e, como se o tempo não houvesse passado, as lembranças me assaltaram com impetuosidade.
Me vi sentada no banco da praça com meu diário em mãos. Escrevia um poema para ela, para Hellena. Ela sempre foi linda desde a infância e quando cresceu e o seu corpo tomou as formas de uma mulher, havia muito tempo meu coração já sabia que a amava, não apenas por sua beleza, mas por seu olhar, por seu coração, por sua doçura.
Nunca tive muitos amigos. Na verdade, naquela época, só tinha o Rick. Ele era considerado um dos rapazes mais bonitos da escola e sempre ficava com as meninas mais bonitas, mas nunca ficou com Hellena, pois sabia de meu amor por ela e respeitava isso. Todas com quem ele saía, invariavelmente, perguntavam:
– Por que você é amigo daquela chata da Cristiane? Não entendo isso! Essa sua amizade acaba com a sua imagem, sabia? E...
E ele não permitia que elas continuassem falando. Quando isso acontecia, elas nunca mais voltavam a ficar com ele, pois deixava claro que se não podiam aceitar a sua melhor amiga, aquela que considerava uma irmã, então não havia espaço para elas em sua vida.
Ao contrário de mim, Hellena tinha dezenas de amigos e os que não eram seus amigos o desejavam ser. Ela era linda, eu era um patinho feio. Ela sempre muito habilidosa em tudo que fazia, eu sempre desengonçada e atrapalhada. Ela sempre rodeada de gente, eu sempre sozinha ou com o Rick. Ela sempre alegre, eu sempre triste e pensativa. Todos a amavam, ninguém me queria. Até mesmo minha família tinha dificuldade em aceitar meu jeito de ser. Éramos uma o oposto da outra. Em tudo contrastávamos e eu a amava e ela não sabia, até aquele dia...
Era a última semana de aulas. Depois dela, a turma iria se separar definitivamente, alguns iriam fazer faculdade, outros trabalhar, ir embora da cidade procurar dar um outro rumo as suas vidas. Enfim, iriam viver da maneira que lhes agradasse. No meu caso, pretendia ir embora, entrar numa boa faculdade, conseguir um bom emprego, talvez fazer novas amizades, encontrar alguém que me amasse...
Eu tentava me iludir e, além de mim, só o Rick sabia os reais motivos de ter insistido tanto com meus pais para ir embora quando terminasse o ensino médio. Não suportava mais ama-la, saber que ela sequer me notava e que jamais me corresponderia. Decidi então, partir e tentar ser feliz em outro lugar. Tentar esquecê-la.
Naquela quarta-feira acordei preocupada. Na verdade, mal havia dormido. Meu diário havia sumido no dia anterior. O havia procurado em todos os locais possíveis, mas não havia sinal dele. A angústia e o medo de que alguém lesse os meus segredos mais íntimos começaram a me dominar. A contragosto, me permiti ir para a escola.
Encontrei Rick no caminho e seguimos juntos.
– Cris, relaxa! Você deve ter guardado junto com algum de seus livros e não se lembra. – Disse ele tentando me acalmar.
– Para, Rick! Eu o perdi, é um fato. O que me angustia não é tê-lo perdido, mas o medo de que alguém o leia e descubra meus sentimentos por Hellena. Já imaginou? Nunca mais iria conseguir olhar para ela e...
Chegamos à escola no momento exato em que era dado o sinal para o início das aulas. Como sempre, a turma foi entrando às pressas na classe, alguns rindo e brincando, outros em silêncio. Foram se acomodando em seus respectivos lugares e se dando conta de alguns papéis sobre as carteiras.
Assim que sentei na carteira e olhei os papéis, empalideci. Sobre todas as carteiras se encontravam cópias das páginas do meu diário.
Comecei a tremer descontroladamente.
Todos os rostos começaram a se voltar para mim, alguns com olhares acusadores, outros rindo e ainda tinha os olhares de nojo. Mas, o pior de todos os olhares, foi o que recebi de Hellena. Um olhar indecifrável, mas que deixava transparecer um pouco de surpresa e pena.
Pena! Isso era tudo que eu menos queria ver em um olhar dela para mim.
Rick pegou minha mão e me puxou em direção a porta.
– Vem. – Ele disse, mas alguns garotos nos barraram a passagem.
– Calma, aí! Onde pensam que estão indo? – Perguntou um deles. Seu nome era Diego, na ocasião era o namorado de Hellena.
Diego subiu em uma cadeira e começou a ler, em voz alta para a turma, tudo o que havia conseguido pôr em palavras sobre meus sentimentos por Hellena. Por longos minutos, em que Rick tentou chegar até ele para impedi-lo de continuar, mas foi barrado por alguns garotos, Diego debochou de minhas palavras e do meu amor. Rindo, ele desceu da cadeira e foi até Hellena.
– É isso que você quer? – A beijou rapidamente na boca, ela continuava imóvel com os olhos presos em mim que me sentia morrer a cada instante. Ele sorriu divertido ao perceber meu desconforto e ignorou minhas lágrimas, voltando a ler em voz cada vez mais alta:
“Nunca saberei a razão de amá-la tanto, pois tenho plena consciência de que em todos os anos que dividimos a mesma sala de aula, coincidência ou não, sempre estudamos juntas, poucas foram as vezes em que ela me desejou um bom dia ou fizemos uma atividade juntas.
Nunca fomos amigas, nunca o tentamos ser.
No entanto, a amo. A amo mais que a minha própria vida e me parte o coração saber que jamais serei notada por ela. Talvez seja melhor assim, já me dói demais amá-la em segredo, pior seria se ela soubesse, pois sei que jamais me corresponderia...”.
Chorava mais a cada palavra que ele pronunciava. Hellena continuou emudecida com o olhar preso em mim. Nossos colegas riam com gosto. Meus sentimentos, para eles, não passavam de uma piada e isto estava me matando.
Rick teve que bater em dois garotos para que conseguíssemos sair da sala.
Nos corredores foi ainda pior. Quem quer que tivesse feito aquilo, havia deixado cópias em todas as salas. Os alunos estavam todos nos corredores rindo à nossa passagem.
O que aconteceu depois disso foi inevitável. Henrique me levou para sua casa e eu chorei em seu colo até que minhas lágrimas secassem. Como a cidade era pequena, não demorou muito para que todos os moradores soubessem do meu amor por Hellena. O mais difícil foi enfrentar os meus pais e ver a decepção em seus olhos. No fim, acabaram se conformando, afinal, não deixaria de ser sua filha eles me aceitando ou não.
Não voltei mais para escola e evitei sair de casa durante todas as férias, em parte, por medo de encontrar Hellena e receber outro olhar de pena que me magoou profundamente.
Quando o fazia, recebia alguns olhares atravessados, piadinhas, xingamentos, entre outras coisas. Henrique, que já era uma das pessoas mais importantes da minha vida, tornou-se minha força, o meu pilar de sustentação.
De Hellena nada soube e nem a tinha visto até uma tarde quando ouvi algumas meninas conversando na rua. No dia seguinte, iria embora para a capital do estado. Minhas malas já estavam prontas, já havia me despedido de alguns familiares e foi voltando da casa de um deles que decidi me sentar ali e me despedir silenciosamente daquela cidade pequenina e insignificante que, no entanto, foi meu lar e, apesar dos acontecimentos e hostilidades, eu amava.
Havia adiado a data de minha partida por causa da festa de aniversário de Rick, pois ele fazia questão da minha presença, embora soubesse que seria doloroso para mim. Ele insistiu muito e, como o amava como a um irmão, acabei cedendo.
Estava sentada em baixo de uma árvore na calçada na metade do caminho para minha casa. Aproveitava aquele momento para me despedir daquela cidade, guardando seus cheiros, seus sons e vista. Sentia tudo fluir em mim como o sangue em minhas veias, preenchendo meu coração com a saudade.
Como o tronco da árvore em cuja sombra me abrigava era muito grosso, fiquei encoberta e longe das vistas das garotas. Todas haviam sido minhas colegas de classe e reconheci suas vozes quase que imediatamente, mas não dei muita atenção ao que diziam até que ouvi o nome de Hellena ser pronunciado e, logo em seguida, o meu.
– Vocês vão à festa de aniversário do Henrique? – Vitória, uma morena de estatura mediana, sorriso um tanto quanto debochado e olhos um pouco puxados, perguntou.
Samara e Angélica, gêmeas idênticas, de olhos grandes e cílios longos, cabelos tingidos de ruivo, responderam quase que em uníssono:
– Claro que sim.
Samara perguntou em seguida:
– E você?
– Mas é claro que sim! Não perderia essa festa por nada! – Riu.
– Por que tanta animação? Pensei que você e o Henrique estivessem meio brigados desde que ele te deu o fora.
Vitória riu alto. Não gostava muito dela afinal. A achava metida e arrogante, mas nunca questionei os motivos de Rick terminar o namoro com ela.
– Bem, nós nos falamos, sim. O suficiente para ele me convidar para a tal festa. Ainda gosto dele, é verdade. Mas o motivo de querer ir à festa é outro.
– E qual seria? – Angélica perguntou curiosa.
– Ah, eu quero ver se a idiota da Cristiane vai à festa depois que todo mundo descobriu que ela é afim da Hellena! Coitada! Além de feia de doer e metida a CDF, ainda tinha aspirações de namorar a Hellena. – Gargalhou e me senti o mais insignificante dos seres.
Parei de prestar atenção na conversa delas no momento em que avistei Hellena vindo em minha direção. Meu coração, aos pulos, parecia querer sair do peito. Meu rosto começou a arder e minhas mãos a tremer. Ela se aproximou devagar, os olhos fixos em mim. Parecia tão incomodada quanto eu. Parou diante de mim e disse um “Oi” quase sussurrado que comecei a responder, quando ouvimos Samara, também rindo, perguntar a Vitória:
– Por que você não gosta da Cristiane? Que foi que ela te fez?
Como Hellena veio pelo lado da calçada em que me encontrava, elas não a viram se aproximar. Ela também pareceu surpresa ao ouvir a pergunta e, calada, pôs-se a escutar a resposta de Vitória.
– Que foi que ela me fez? Nada! Ou melhor, quase nada.
– Como assim?
– Ela foi responsável pelo Henrique ter terminado nosso namoro. Eles estavam sempre juntos, ela ligava e ele logo me deixava para ir atrás dela. Cheguei a brigar com ele por causa dessa amizade, disse coisas horríveis dela. Falei tudo que estava entalado em minha garganta a respeito dela e ele terminou comigo por isso. Se ela não fosse tão feia, poderia jurar que ele é apaixonado por ela. E, até ler o diário, jurava que ela era louca de amores por ele. Imaginem a minha surpresa ao descobrir que aquela idiota é totalmente apaixonada pela Hellena!
Meu rosto ardeu mais e meus olhos cruzaram com os de Hellena que estava tão ruborizada quanto eu.
– Até ler o diário?
– Sim. Eu li o diário dela inteirinho.
– Mas, só encontramos algumas páginas àquele dia. Como você pôde ler o diário se... Não me diga que foi você!
– Isso mesmo! – Riu.
– Mas, como?
– Uma tarde fui até a casa do Henrique pegar um casaco que havia esquecido lá. A mãe dele disse que ele havia saído com a filhotinho de cruz credo para ir até a padaria, mas que eu poderia entrar e procurar. Fui até o quarto dele pegar o casaco e encontrei a mochila dela. A curiosidade bateu e comecei a olhar a mochila. Quando encontrei o diário pensei que encontraria ali a prova de que ela era apaixonada por Rick, mas o que descobri me surpreendeu e me deu uma ideia. Já que ela havia sido a culpada pelo fim do meu namoro, resolvi me vingar. Tirei cópias de algumas páginas do diário e, alguns minutos antes dos portões do colégio serem abertos, pulei o muro dos fundos e entrei nas salas deixando as cópias. Assim, quando todo mundo chegou... O resto vocês já sabem. Me diverti muito vendo aquela idiota receber o que merecia.
Já não conseguia conter as lágrimas. Hellena me abraçou em silêncio, enquanto ouvíamos a revelação de Vitória. Escondi meu rosto em seus cabelos, triste e decepcionada com tudo aquilo. Me perguntava silenciosamente a razão de inspirar tanto ódio em alguém a quem jamais fiz mal. Sufoquei um gemid* dolorido. De certo modo, estava feliz por estar nos braços de Hellena naquele instante, mesmo sabendo que o motivo disso era a pena que ela sentia de mim.
– Eita, Vitória, você é terrível. – Samara afirmou rindo.
– Quero morrer sua amiga. – Angélica completou. – Mas, poxa, pensei que você fosse amiga da Hellena. Essa história toda também prejudicou muito ela. O pessoal fez tanta piadinha com a coitada, isso sem falar naquele arranca rab* entre ela e o Diego que culminou com o fim do namoro deles.
– Hellena e eu nunca fomos muito amigas, mas não era minha intenção prejudica-la. Apenas aconteceu. E, se querem saber, me sinto realizada por ter me vingado daquela ridícula.
Nesse momento, Hellena afrouxou o abraço e se afastou de mim. Seus olhos negros fixaram os meus por alguns segundos, e estavam marejados. Então, ela saiu do nosso abrigo permitindo-se ser vista por elas.
– Então, você acha divertido brincar com os sentimentos alheios, Vitória? – Questionou e pude sentir a raiva em suas palavras.
As três se voltaram para ela, assustadas por sua aparição repentina e seus olhos se arregalaram mais ao me verem surgir logo atrás dela, ainda enxugando as lágrimas.
Hellena se adiantou em sua direção e eu não vi ou ouvi mais nada daquela conversa, pois havia me afastado correndo e tentando segurar as lágrimas que teimavam em molhar minha face. Entrei em casa às pressas e me trancafiei em meu quarto para chorar. Só saí de lá porque Henrique ameaçou arrombar a porta caso não saísse para ir à festa com ele.
– Para, Rick! Já estou saindo.
Escancarei a porta e saí. Ele me encarou por um segundo no qual deixou claro seu desagrado pelo confinamento voluntário.
– Até que enfim!
Me analisou com seriedade.
– Hum, gatinha!
Revirei os olhos para ele e o empurrei para o lado a fim de obter passagem para o corredor.
– Você ainda não aprendeu a mentir. Agora, vamos logo!
Vestido azul marinho com detalhes artesanais nas alças formando um pequeno V até a altura dos seios, sandálias cor de madeira com salto de cinco centímetros, brincos e colar também artesanais, presente do Henrique para mim. Era assim que me trajava.
Ele, praticamente, me arrastou até sua casa.
Amava Henrique, mas estar ali era torturante para mim. Todos fingiam me ignorar, mas me observavam de rab* de olho. Alguns cochichavam e riam olhando para mim, outros, simplesmente faziam questão de esbarrar em mim e me olhar de cara feia, na tentativa de me impor seu desagrado. Mas, a maioria dos presentes estava mais interessada em dançar. Permaneci sentada ao lado da janela, observando a lua que brilhava solitária no céu escuro, assim como eu entre tantas pessoas.
Olhei para o meio da sala, Rick já estava na terceira cerveja e segunda ficante da noite. A garota se pendurava no pescoço dele como se fosse um náufrago a uma boia de resgate. Ele olhou para mim e, por um instante, nossos olhares se cruzaram. Largou a menina da vez e veio sentar-se ao meu lado.
– E, então?
– E, então o quê? – Respondi.
– Em que tanto pensa?
– Em nada. Apenas observando a lua.
– Sei. Caso você não tenha notado, estamos em uma festa. Que tal dançar um pouco? – Sorriu e me estendeu a mão.
– Não, Rick. Já é deprimente estar aqui com todos esses olhares acusadores a me espreitar e você ainda quer que eu me humilhe mais dançando contigo?
– Quer dizer que é humilhação dançar com o seu amigo? – Soou ofendido.
– Não é isso! Mas, confesse, me fez esse convite porque está com pena, não é mesmo?
Ele bem que tentou desviar o olhar e negar, mas era evidente.
– Te amo, cara, mas não tente fazer isso novamente. É ainda mais doloroso vindo de você.
Ele encolheu os ombros, arrependido.
– Desculpe, só queria te ver alegre em uma data que é importante para mim.
– Tudo bem. – Dei de ombros. – Se quer dançar, irei dançar, mas só vou porque o aniversariante é o meu melhor amigo e eu sou a única garota da festa com quem ele não dançou ainda.
Ele sorriu e me arrastou para o meio da sala onde todos se acotovelavam embalados pelo som de uma música de sucesso na época.
Vi, com desprazer, que Diego, agora ex-namorado de Hellena, também estava na festa.
– Por que você convidou esse babaca do Diego? – Questionei.
Rick se afastou um pouco para mirar meu rosto. Era muito mais alto que eu e senti seus músculos, definidos pelo trabalho na fazenda do pai, se tencionarem.
– Desculpe. Meu pai é amigo do pai dele como você sabe. Apesar de ter me recusado, o meu velho, me obrigou a convidá-lo. Disse que fomos criados como irmãos e, apesar de gostar muito de você, não há motivo para tomar suas dores. – Ele estava completamente sem graça.
Respirei fundo. De fato, seu pai tinha razão. O problema de Diego era comigo, não havia razão para Rick não o convidar.
– Relaxa. – Falei tentando sorrir. – Vamos só ignorá-lo e curtir a sua festa.
Ele sorriu em assentimento e me puxou para mais perto. Mas, Diego não tirava os olhos de mim, enquanto esvaziava outro copo do que me pareceu ser cerveja. Desviei o olhar do dele e vi Hellena. Ela acabara de entrar na festa, linda em um vestidinho preto quase sem decote na frente, mas que deixava parte de suas costas nuas. Cabelos soltos, os cachos tocando-lhe a cintura. Um sorriso discreto nos lábios. Prendi a respiração quando seus olhos se fixaram em mim.
Diego foi ao seu encontro. Estava bêbado. Segurou o braço dela com força e começaram a discutir. Palavras que, pela expressão em seus rostos, eram duras e com o intuito de ofender e ferir. Ele começou a apertar seu braço com mais força, pois a expressão de dor no rosto dela tornou-se evidente. Ela gritou com ele, um grito que foi abafado pela música alta.
Aquela cena já estava começando a chamar a atenção dos convidados que lentamente paravam de dançar ou beber para observa-los. Meu coração batia descompassado de angústia por ela.
– Rick. – Falei em seu ouvido, ele estava de costas para eles, por isso ainda não havia visto o que acontecia.
– Oi. – Respondeu.
– Ajude a Hellena.
– Como assim? – Se afastou para mirar um olhar confuso em mim.
Parei de dançar e o fiz voltar-se para a direção deles. Imediatamente, ele caminhou até eles e afastou Diego dela. Alguém parou a música e me aproximei do círculo de pessoas que já estava sendo formado em volta deles.
– Que é isso, cara? Me larga! – Diego berrou.
– Não vou largar coisa nenhuma. Não esqueça que você está na minha casa e não quero confusão aqui.
– porr*, tô conversando com a minha namorada e você não tem o direito de se met*r!
– Eu não sou mais sua namorada, Diego! Me deixa em paz!
– Ah, não! Não sou mais, só porque você quer! Que é? Prefere essa daí?
Ele apontou para mim e todos os rostos se voltaram em minha direção, mas o único que vi foi o de Hellena que ficou ruborizado.
– Você é um idiota! Não sei como não percebi isso antes! – Ela deu às costas e foi embora.
Diego ainda esperneou e tentou se libertar da prisão que Rick lhe impunha passando os braços em volta de seu corpo, imobilizando seus braços. Mais dois rapazes se adiantaram para ajudar Henrique que empregava todas as suas forças na tentativa de impedi-lo de sair atrás de Hellena.
Aproveitando-me da confusão fui atrás dela.
Estava preocupada com ela. Não sabia o que diria, apenas queria saber se estava bem. Assim que virei a esquina a avistei encostada a uma árvore, estava chorando. Aproximei-me temerosa de sua reação à minha presença. Mas, para minha surpresa, ela me abraçou, enterrou seu rosto em meu ombro e chorou por longos minutos.
Não vou mentir, estava de coração partido por ter a garota dos meus sonhos chorando em meus braços, mas, por outro lado, me encontrava feliz por ser em meus braços que ela estava chorando.
Ela parou, afastou-se, enxugou as lágrimas, me olhou com doçura e pegando minha mão começamos a caminhar. Nenhuma palavra foi dita. Nenhum som quebrou o silêncio que havia entre nós àquele momento e me permiti curtir aquele momento sentindo o calor da sua mão na minha e a carícia da brisa que nos alcançava.
Chegamos ao portão de sua casa.
Tentei, debilmente, falar algo. Queria aproveitar aquele momento para lhe confessar meu amor olhando em seus olhos. Mas, nenhum som saiu de minha garganta. Ela ergueu sua mão e acariciou minha face, depois se curvou e me deu um beijo no rosto, mas tão próximo a boca que ao se afastar nossos lábios roçaram levemente. Isso foi o suficiente para me fazer sentir nas nuvens. Abriu o portão, pronunciou um tchau e tudo que escapou de meus lábios foi:
– Adeus.
Fim do capítulo
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lucy
Em: 20/03/2016
acho que o silêncio de Helena pode significar várias coisas....
adorei o cap. enfim Cris descobriu quem fez isso com ela, quem
sabe agora, cabe uma vingança por parte dela rs seria bom de ler kkkk
bjs xau
Resposta do autor em 20/03/2016:
De fato, o silêncio dela tem vários significados, mas só um interessa a nossa amiga Cris. rs...
Beijos!
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Ana_Clara
Em: 13/03/2016
Uau, isso foi muitíssimo triste! Como pode existir pessoas tão ruins? Que horror p que fizeram com a Cris no colégio. Este capítulo me fez realmente ver que a maldade humana já transcendeu todos os limites da bondade. Apesar de ser ficção, isso é realmente o que acontece hoje em dia.
Resposta do autor em 15/03/2016:
Ah, Ana, você disse tudo.
O que é divertido para alguns, pode ser muito doloroso para outros. Às vezes, é inocente, mas, na maioria das vezes, é pura maldade mesmo. Não gostamos de alguém pelo jeito que fala, jeito que anda, se veste; daí, começamos a brincar e as brincadeiras deixam de ser apenas isso.
O que nos falta, na realidade, é empatia. Nos falta a capacidade de se por no lugar do próximo e entender seus sentimentos.
Beijo.
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Luciana
Em: 06/03/2016
Tempos atrás me lembrei dessa história mas não me recordava o nome.
Amoooooo.. e queria rele-la. Hj me deparo com ela aqui.. isso é bom demais
pra ser verdade.. rsrs.. autora como sempre suas histórias meche com os meus
mais variados sentimentos em menos de 15 min..kkkkkk Continue assim.. perfeita como sempre.
Beijos...
Resposta do autor em 06/03/2016:
Luciana,
Estou encantada com suas palavras. Agradeço de coração o carinho e espero continuar sempre revolver seus sentimentos de forma positiva e gostosa.
Beijos!
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perolams
Em: 06/03/2016
Apesar de ser um grande amigo, Henrique foi insensível ao pedir que Cris fosse à festa, ficar presa num ambiente cheio de pessoas hostis. A única coisa boa que ela tirou disso foi ter ficado próxima de Hellena pelo menos por alguns minutos. Ansiosa pelos próximos!
Resposta do autor em 06/03/2016:
As vezes pensamos estar fazendo o bem e acabamos por magoar a quem amamos, flor.
Pode ter sido insensibilidade do Rick, mas tenho certeza de que ele só queria o bem da Cris. ;)
Beijos e obrigada pela companhia!
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AlRibeiro
Em: 06/03/2016
Estou debulhada em lágrimas sim ou claro? Emocionei de verdade com o capítulo.
Se rola reciprocidade eu não sei, mas a Hellena parece tocada com a situação
E moça, é muito bom vê-la novamente por aqui com mais uma história que irá tocar meu coração (na verdade já tocou).
Aguardando a continuação ansiosamente :D
Resposta do autor em 06/03/2016:
Olá, querida Al!
Então... Não posso contar se rola ou não uma reciprocidade, mas acho que deu para notar a razão da Cris se apaixonar por ela, não? É uma moça de bom coração.
Encantada por conseguir tocá-la dessa maneira, linda. Isso me deixa muito feliz, pois é tão dificil conseguir. Palavras muitas vezes são apenas isso, mas quando elas te trazem sentimentos elas ganham vida.
Espero continuar te conquistando assim.
Beijos.
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Chris V
Em: 06/03/2016
Aí, fiquei achando que rola uma reciprocidade aí, porém, o medo de ambas cansou estragando tudo. Será?
beijos
Resposta do autor em 06/03/2016:
Kkk...
Se eu te contar, estragarei o seu prazer em descobrir. Mas, o próximo capítulo poderá responder sua pergunta por si mesmo.
Um beijo carinhoso, linda.
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