Toda vez que paramos para pensar no futuro, não temos a noção de qual rumo ele pode tomar sempre arquitetamos planos e mais ideias que podem ser apenas mais algumas linhas que não irão sair de um simples pedaço de papel.
O que aconteceu comigo, não sei explicar foi tudo tão rápido quando me vi era dona de 5 grandes produtoras de vinhos, claro que com grande esforço conquistei meus objetivos, mas nem sempre foi assim.

Já passei por diversas humilhações, chacotas goz*ções isso ainda criança, bom é o que acontece quando se é uma criança diferente, tudo bem que eu era o desastre em pessoa, mas poxa e aquela parte de amar o próximo como a ti mesmo, dentro de anos sendo alvo de afrontas acabei criando uma concepção em relação as pessoas  e isso se resume em   “ interesses ”, ou seja se você tem acaba se tornando importante, graças a Deus que tenho repelente contra pessoas oportunistas mas nem sempre posso expulsar todas sou educada também.

Essa semana me deparei com uma situação que me pegou de surpresa, agora estou aqui diante do espelho vendo toda minha vida diante dos meus olhos, tendo que encarar a realidade que tanto fugi, o pior foi ter jurado que nunca mais ia colocar os pés naquela cidade outra vez depois de tudo que passei.

Agora me vejo tendo que não só ir como permanecer lá por um tempo indeterminado.

Algum tempo no passado...........

Na cidade da serra gaúcha em Bento Gonçalves, aonde a principal atração é o turismo gastronômico, capital nacional do vinho No Vale dos Vinhedos, os praticantes do enoturismo.

Morávamos perto de um parreiral, meu pai trabalhava na colheita, a infância como a adolescência já dizia tudo ne bem pobrinha   não me envergonho pois são fases da vida que temos que passar para termos a consciência deque realmente o trabalho edifica o homem.

Papai trabalhava muito para ter pouco que dava apenas para a comida com o tempo e a tecnologia chegando nossa situação foi melhorando um pouco, mas infelizmente essa não era o suficiente para cobrir cuidados com a saúde aonde acabou que  a doença do meu pai se gravasse mais esse que não resistiu e veio a falecer deixando eu e minha mãe sozinhas, o que ganhávamos  não era o suficiente para manter a casa, com isso comecei a trabalhar cedo  na época que papai trabalhava ele sempre me ensinava sobre a vindima que é a colheita, fui conversar com o dono do vinhedo , de inicio ele não queria expliquei que precisávamos depois de muito conversar ele aceitou que eu trabalhasse meio período, então estudava no período da manha e trabalhava de tarde.

-- mãe você viu meu uniforme ? ;-- gritei

--meu Deus Mariana ta pra nascer alguém mais  desleixada com as coisas que você ;-- mamãe

-- calma mãezinha linda eu apenas deixei de baixo da cama ;

--por esse motivo eu não achei e não lavei;

-- MMÃ ta brincando comigo ne;

-- ........;

-- mas está suja; -- disse fazendo beiçinho

-- não posso fazer nada minha filha você sabe que sem ela você não entra;

--.......;

Me troquei  com aquela vontade de estudar que ninguém imagina , já estava até vendo,  se  normal eu já era zoada assim então nem se fale,  sabe quando você já se acostuma com a rotina,  eu nem levava mais em consideração , até entendo me olhando no espelho  vejo uma garota magrela desengonçada  meus cabelos eram bem curtos no pescoço bem loiros puxei papai que era alemão , já estava com 15 anos enquanto a maioria  da minha idade  estava aproveitando as melhores coisas eu tinha que aceitar minha dura realidade.

Assim que cheguei no colégio fui recepcionada por meu único amigo o Carlinhos pois e até nisso a situação era difícil, ajudávamos um ao outro pois partilhávamos os mesmos problemas seus pais assim como ele trabalhava no vinhedo acabamos estreitando as relações entre  famílias.

--fala Carlinhos;

-- meu Deus Mariana você foi atropelada?; -- falou apontando para minha roupa.

-- antes fosse assim teria um motivo digno ;

-- você não tem jeito né;

Fomos caminhando até a classe logo quando entro já sinto olhares sobre mim seguido por risadinhas e bochichos, sentei e assisti a aula.

No recreio enquanto a maioria tinha lanche eu e Carlinhos íamos para um lugar mais afastado dividir o nosso lanche, já tinha terminado e fui para o banheiro estava em uma cabine quando escuto entrar um grupo de meninas e começaram a comentar de diversas coisas até que escuto meu nome.

-- nossa como pode né gente eu acho que ela não pode ficar mais feia e a bichinha vai lá e quebra o recorde kkkkkk;

-- ai nossa ela é fedida kkkkkk ;

-- acho que nunca viu agua ne kkkk ;

-- ai gente menos ne deixa ela pra lá não sei por que vocês implicam tanto com ela, é só fazer  de conta que não existe ;

-- ai vamos que estamos atrasadas

Nunca me importei com os comentários que recebia todos esses anos, mas essa última surgiu efeito avassalador em mim “e só fazer   de conta que não existe “, já podia sentir uma lagrima descer, meu pai o que eu fiz para passar toda essa situação, fui tomada por um desgosto não tinha mais ânimo para voltar para a aula e fiquei ali sentada no vazo sendo banhada por minhas lagrimas.

Escutei a voz de Carlinhos me chamando estranhei pois estava no banheiro feminino.

-- Mariana? ;--

-- oi...;-

-- estava dormindo  ne ;--

-- antes fosse, ei o que você esta fazendo aqui deixa o inspetor  te achar ;

-- então sai logo dai né ;--

Sai com aquela cara inchada que logo foi percebida por ele.

-- te bateram de novo ? ;--

-- com as palavras sim, dessa vez  eu não esperava;--

-- ei calma  vamos que o vinhedo tem o poder de arrancar toda essa dor , vamos;--

Sai do banheiro e fomos caminhando ate a saída , sinto um empurrão.

-- ei taturana esta atrapalhando meu caminho;-- disse passando

--calma amiga não liga pra ele;--

Hoje estava difícil em, sai voando com Carlos  fui direto trabalhar  acho que só ali  nada podia me atrapalhar, era aonde eu me desligava do mundo, amava cultivar cada ramo ,aquele lugar tem o poder de arrancar minhas energias negativas, me fechei no meu mundinho quase o dia todo, estava ali toda linda pelo menos por dentro.... enfim fui conversar com as uvas  e senti um tremor no chão não demorou para dois cavalos passarem,  me chamou atenção e fiquei observando ,  vi  uma  menina descer  e escutar a explicação de um homem, a confesso que fiquei curiosa com informação e me aproximei um pouco,  reparei que quem explicava  era meu patrão.

Conforme fui me aproximando vi que era Heloisa  claro como não deduzir que era a filhinha mimada do seu Luiz Bernardo.

Pois e mimada ao extremo , além disso ainda andava com aquele bando de lagartixas maléficas um dos apelidos que dei a elas.

Os tempos foram passando vi que Heloisa começou a frequentar todos os dias os parreirais,  nao entendia como podia ser tão diferente do colégio nem parecia a mesma,  me surpreendi um dia em que eu derrubei algumas ferramentas ela foi pronta para me ajudar , vai entender essas criaturas.

Nos tempos que se passavam eu nao ganhava muito mas dava para ajudar minha mãe,  e o que sobrava eu nao gastava vivia uma vida regrada pois tinha um sonho de cursar o superior desejava ser enófila, mas para isso tinha que guardar muito dinheiro.

Ja estava no meu ultimo ano do colegial e esse sonho cada vez mais longe, eu estava ali perdida em meus pensamentos ate que viro e vejo um senhor de idade me encarando com um olhar enigmático.

-desculpa se te assustei minha jovem a86; , mas não tive como deixar de observar a maneira a qual voce trata esses ramos parece que vi amor em seus olhos;--

- ahmm   digo que são minha vida conto as horas para vir aqui velas;--

- interessante, ja pensou em seguir carreira;--

-ah sim apenas sonho pois  isso estaria muito fora de cogitação;--

- uhm nao deveria pensar assim ate o sonho mais impossível pode tornar realidade;--

- obrigado pelas palavras encorajadoras, mas e uma realidade distante meu senhor;--

- ....... ;-- nada disse apenas sorriu e voltou a caminhar entre a plantação.

Aquele pensamento me atordoou a noite toda, no dia seguinte estava um bagaço ou seja mais do que já era, tomei um café e fui esperar o transporte, podia estar ali mas minha mente divagava nas palavras daquele velho homem.

Ja no colégio como sempre minha rotina de tortura ate que hoje estava mais calmo , ou talvez eu estivesse aérea  demais,  ja era o intervalo dessa vez como tinha saído correndo nao consegui pegar algo para comer e resolvi buscar  um lanche,  afinal hoje era meu dia de levar se eu não comesse Carlos  ficaria com fome também.

Estava na cantina fazendo meu pedido assim que pego o lanche me viro e trombo com tudo em alguém na minha frente , causas do efeito  tomei um banho dei um banho  na galera toda que estava junto, o pior nao foi isso a melhor parte e que quando vejo  e justo a gangue das lagartixas maléficas  e a menina que trombei nem mais nem menos que Heloisa a própria  .

- não acredito, olha so que voce fez sua vadia;--

- eu não vi desculpa;--

-olha só meu tênis de marca todo manchado de suco;--

- só não faço você pagar outro por que sei que uma miserável sem teto;--

-ridícula;--

- isso e para você ficar esperta; -- e prestar atenção aonde coloca esse pé de pato;--

Vocês acham que elas apenas falaram e saíram todas cheias de moral,         não meus amigo cada uma que estava com um copo na mão me banharam com aquele liquido, fui alvo de zombaria pois ainda jogaram coisas em mim.

Minha reação,  raiva nervoso vontade de pular no mar e nunca mais ver esses seres humanos terríveis  sai correndo  fui ate uma extremidade do lado de fora e pulei o muro, nao fui direto para casa pois a única coisa que pensei foi no vinhedo.

Entrei direto e me escondi no meio da plantação e deixei toda aquela tristeza se exalar pelos meu poros ja não cabia em mim desfaleci em um sono.

Quando acordei quase borro as calças de tão grande o susto que levei quando vi aquele velho ali sentado me olhando.

- uhm vejo que a guria acordaste;--

- uhm... So estava tentando afastar meus pensamentos;--

- tão jovem e sem vida ;--

-...... ;

-vejo que foi premiada com bebidas hoje;--

Ele estava sendo muito simpático então resolvi compartilhar minha vida com ele contando tudo que já tinha passado, ele apenas sorria e balançava a cabeça.

- Mariana né , minha filha você já pensou que existe um mundo fora do Brasil cheios de oportunidades ;--

- para falar a verdade as únicas coisas que me permito pensar sao em colocar o pao em cima da mesa  para ajudar minha mãe;--

-venha  comigo  amanhã   as onze horas estou voltando para Itália, deixe me lhe ensinar tudo que sei vejo que tem amor pelo cultivo assim como eu;--

-  ....... Como vou deixar tudo,   nao tenho muito  e alem do mais tem minha mãe ela precisa de mim;--

- sua mãe não ira passar mais necessidade faço questão de amparar ela enquanto voce estiver fora;--

- eu não sei ...... E muita informação;

- ótimo faça assim depois do seu expediente irei te levar em casa e conversarei com sua mãe;--

- bom ... Ah ..eu;

- não diga nada apenas pense... ; ;

Fim do capítulo