CapÃtulo 17 - Desertar
- Desculpe ter colocado você nessa fria. - Maritza disse, cabisbaixa, sentada num banco ao lado de Sam, estavam algemadas uma na outra com uma algema biométrica, fazia frio dentro do furgão verde.
- Eu não posso ir para a prisão. - Sam esforçava-se para manter um fio de calma.
- Provavelmente irão soltar você logo, eles querem a mim, eu sou a fugitiva.
- Eu estou ajudando na sua fuga, e roubei dois carros.
- Negarei tudo isso quando me perguntarem.
- Eu não posso ir para a prisão... Eu não posso... - Sam balançava a cabeça nervosamente, com as mãos unidas no colo, trazendo a mão esquerda de Maritza também.
Viajaram por cinco horas, sem receber nenhuma informação adicional, sem imaginar para onde estavam indo, seus comunicadores haviam sido confiscados, assim como suas bagagens.
Por volta das dez da noite, as portas do grande carro foram abertas, e a dupla foi conduzida até um escritório, não parecia um local militar, e os guardas que as conduziam pareciam policiais, e não soldados do exército europeu.
Foram atiradas numa sala sem móveis, ainda algemadas, ficaram sentadas no chão, olhando ao redor, tentando entender o que acontecia. A porta fechou-se, e um dos homens atendeu uma ligação já do lado de fora.
- Já estão comigo. - O homem respondeu ao comunicador.
- As duas?
- Sim, senhor.
- Tem certeza que foram elas?
- Tenho sim, senhor. Elas estavam circulando por Winnipeg perguntando pelo Circus.
- Qual o nome delas?
- Segundo as IDs que encontrei, uma se chama Connie Stevens, a outra Samantha Cooper.
- Samantha Cooper? Essa eu conheço. - A voz do outro lado riu.
- Continuarei fazendo guarda com meus homens, até o senhor chegar.
- Ótimo, quero cuidar da tenente Samantha pessoalmente.
Sam ouviu a conversa, com calafrios percorrendo seu corpo, só podia ser Elias do outro lado da ligação.
- Merd*... - Sam desesperou, esfregou as mãos no rosto.
- Ai, minha mão está presa na sua, lembra? - Maritza reclamou.
- Maritza, estamos muito mais ferradas do que eu imaginava, e eu ainda mais.
- Por que?
- Não é o exército, nem polícia, é o cafetão do bordel que estávamos procurando, ele que está por trás disso, e pode acreditar que esse desgraçado vai transformar nossas vidas no pior pesadelo possível, ele é um enviado do demônio, você não faz ideia do que ele é capaz.
- Você está me apavorando, Samantha. - Maritza dizia em pânico, arregalada.
- Temos que sair daqui antes que ele chegue.
- Primeiro temos que soltar essas algemas, não quero ficar presa a você.
- Essa algema é biométrica, abre com digital ou com chave criptografada, essa tira é feita de uma liga que não arrebenta de jeito nenhum, não temos como abrir isso, temos que fugir agora e depois arranjamos alguém que programe uma chave para abrir isso.
- Fugir por onde?
Sam olhava ao redor, era uma sala comum, de algum prédio comercial, tinha apenas uma porta onde provavelmente algum guarda tomava conta, e uma pequena janela no alto, estreita e comprida.
- Vamos ter que passar por essa janela. - Sam apontou para o alto.
- Não vamos passar, nem deve ter dez centímetros.
- Tem uns vinte. Me ajude a quebrar o vidro e arrancar a estrutura.
- Como? Não trouxe ferramentas nem escada.
- Somos Borg, nós temos obrigação de nos virar! Venha, fique embaixo, você vai ser minha escada.
- Mas estamos algemadas.
- Eu sei, erga seu braço o máximo que puder, por sorte é o meu esquerdo que está preso.
- É, no meu direito, que ótimo. - Resmungou.
- Maritza, você não imagina o que esse homem vai fazer com a gente, se apresse, por favor!
- Ok, ok.
Maritza de ajoelhou, ajudando Sam a se erguer até alcançar a janela, tinha apenas a mão direita livre para agir e se segurar. Alguns murros na janela e cortes na mão depois, finalmente arrebentou o vidro.
- Já conseguimos passar? - Maritza perguntou, estava se desequilibrando.
- Não, tenho que arrancar essa estrutura metálica que divide a janela ao meio.
Maritza balançou, e Sam acabou pulando no chão.
- Preciso que você aguente mais um pouco, vai dar trabalho arrancar isso. - Sam pediu, as duas já estavam suadas e cansadas.
- Posso tentar?
- Vai lá.
Sam agachou e Maritza subiu, só podia usar a mão esquerda, e não conseguiu nenhum avanço por longos minutos.
- Esquece, pula daí!
- Vou tentar mais um pouco, o metal já está afrouxando.
Vozes masculinas foram ouvidas ao longe, e o bater de portas.
- Elias chegou. - Sam disse, em pânico. - Pula daí agora!
- Tá bom, que nervosinha.
Sam novamente montou em Maritza, usava o impulso do corpo para balançar e tentar arrancar o metal.
- Não vai dar, não vai dar certo, Sam, estamos fritas, ele já está aqui. - Maritza estava quase chorando.
As vozes se aproximaram, pareciam no corredor.
- Material de primeira? - Uma voz masculina perguntou no início do corredor.
- De qualidade, senhor.
- Que sorte, vou cobrar o dobro no primeiro mês.
Finalmente Sam arrancou, caindo no chão, derrubando Maritza.
- Vá primeiro! - Sam ordenou a Maritza, já em posição de apoio.
Maritza pulou e passou com dificuldade pela janela, se arranhando. Puxou Sam, que conseguiu elevar-se com os braços, e também pulou a pequena janela. Mas caíram em outra sala.
- O que é aqui? - Maritza perguntava olhando ao redor.
- Uma piscina. O que você acha que é? Procure uma saída!
- Aqui atrás, é uma janela para a rua. - Maritza constatou, e tentava abrir a tranca.
Sam puxou Maritza pela algema, pegou distância, e se atirou contra a janela, a espatifando.
- Pule! - Sam bradou, tinha um pequeno corte na testa.
As duas saíram correndo pela rua lateral do prédio, chegando numa avenida larga e deserta, todo o lugar parecia deserto, inclusive os prédios e casas.
- Onde estamos? - Maritza perguntou, respirando rápido, haviam entrado no saguão de um prédio vazio.
- Sei lá, seus implantes de geolocalização devem funcionar melhor que os meus, que mal me dizem a hora certa.
- Ãhn... Ok, ok, vamos lá, eu ainda não sei usar isso direito.
- Ative gesticulando em frente aos olhos.
- Isso eu sei. Espera, vamos ver, aqui é... Hum, aqui é, é uma cidade.
- Vamos lá, Maritza.
- Sua testa está sangrando.
- Está? - Sam passou a mão na testa, a olhando. - Não foi nada.
- Estamos na divisa entre o território americano e o canadense, mas do lado canadense. Tem um lugar povoado do outro lado da fronteira, seis quilômetros na direção nordeste.
- Já do lado americano, certo?
- Isso. Vamos para lá?
Sam já respirava mais devagar, ainda pensava nos próximos passos, estavam sem nada, apenas com as roupas que trajavam, a jaqueta verde escura de Sam estava com um rasgo e respingos de sangue.
- Em primeiro lugar precisamos ficar em segurança em algum lugar fechado, depois temos que pensar nas possibilidades de voltar para casa. Vamos caminhar até essa cidade, lá poderei comprar um comunicador, e pegar um quarto de motel barato para nos escondermos por algumas horas.
- Eles ficaram com tudo nosso, como você vai pagar?
- Minha ID biométrica está gerenciando as contas bancárias de Theo, posso pagar com minha digital.
- Ótimo, então podemos pegar um bom hotel, não acha? Preciso de um bom banho e roupas, eles ficaram com nossos pertences e comunicadores.
- Ritz, não inventa, motel barato não olha na nossa cara, não pede identificação, não grava nossa movimentação, por isso vamos para um motel bem pulgueiro, entendido?
- Você que manda. - Maritza limpou o sangue na testa de Sam com a manga de sua blusa vermelha.
Por volta de uma da madrugada, finalmente as duas entravam num quarto de motel simples, onde havia apenas uma cama de casal e um criado mudo.
- Eu vou ter que dormir com você. - Maritza se dava conta.
- Só vamos tirar um cochilo, eu preciso voltar para San Paolo o mais rápido.
- Como?
- Você me deu uma sugestão ontem.
- Dei?
- Roubar um helicóptero.
Maritza arregalou.
- Eu não estava falando sério.
- Eu sei que você já foi co-piloto de helicóptero de rondas. - Sam disse, puxando Maritza para o banheiro, pela algema.
- Co, você disse certo, eu fui co-piloto, eu nunca pilotei um pra valer.
- Eu sei um pouco, você sabe um pouco, vamos nos virar, só precisamos chegar até algum país da Nova Capital, e torcer para que não nos abatam em voo.
- Os radares nos pegariam, e mandariam jatos não tripulados para nos derrubar.
- Eu sempre gostei dos filmes de ação, será uma experiência interessante. - Sam lavava as mãos e rostos com dificuldade, por conta da mão unida à Maritza.
Maritza recostou-se no azulejo ao lado da pia, pensativa e cansada.
- No que está pensando? Tem outra sugestão? - Sam interpelou, enxugando-se.
- Não consigo pensar em nada, eu só queria sair daqui, quero estar longe do exército e desse cafetão demoníaco.
- Tem uma tela aqui no quarto, vamos usá-la para fazer pesquisas e analisar possibilidades, ok? Eu vou tirar você da Zona Morta, prometo.
- Eu nem posso tomar um banho e dormir um pouco.
- Por que não?
- Porque estamos presas.
- O que que tem? Tomamos banho e dormimos juntas várias vezes no exército.
- Mas agora é diferente.
- Por que?
- Porque você virou lésbica.
- Ah Maritza, não estou com cabeça para essas asneiras... Se quiser tomar banho, tome, se não quiser, que se dane.
Sam a puxou para o quarto, onde interagia com a tela, tentando falar com alguém em casa.
- Lê? Sou eu.
- Onde você está? É para te buscar no aeroporto?
- Não, estou numa cidadezinha na divisa na Zona Morta, deu tudo errado, fomos sequestradas por homens do Elias, mas fugimos, agora estamos aqui num hotel traçando nossos próximos passos.
- O que você vai fazer?
Sam suspirou pesadamente, sentando-se na cama de frente para a tela.
- Como ela está? - Sam perguntou.
- Dormindo, mas perguntava por você de cinco em cinco minutos, ela está meio grogue por conta da tonelada de remédios que está tomando.
- Eu vou dar um jeito, nós vamos descansar um pouco agora, mas amanhã cedo vou tratar de sair daqui. Diga à Theo que tivemos problemas com a documentação falsa de Maritza, mas já estamos cuidando disso, ok?
- Tá bom, eu estou indo para casa agora, mas Meg está aqui ao seu lado, vou deixar o recado.
Após mais algum tempo pesquisando na tela, decidiram ir até um aeroclube de pequeno porte distante 350 quilômetros dali, e alugar um helicóptero, sem informar a pretensão de seguir para a Nova Capital com ele, o que seria proibido.
- Ok, eu vou tomar banho, mas como vou tirar o casaco e a blusa? - Maritza respondeu, ficando de pé.
- A gente se vira, tira até onde puder.
- Você não vai dar em cima de mim, vai?
- Mesmo se eu não tivesse namorada, e mesmo se você também fosse lésbica, eu nunca flertaria ou daria em cima de você.
- Por que? - Maritza perguntou revoltada, tirando as roupas.
- Porque não, porque não sinto nenhuma atração por você.
- Você não me acha nada atraente? Me acha feia por acaso?
- Acho você um bucho. - Sam caiu na gargalhada.
- Pois saiba que várias mulheres já deram em cima de mim, ok?
- Nenhuma mulher te quer, Ritz, você é chata demais.
- Engano seu, se eu quisesse poderia ter ficado com um monte de mulheres. Ok, fique aqui fora, com o braço para dentro do box.
- Você engordou? - Sam disse com um risinho sacana.
Maritza apenas lançou um olhar fulminante para ela, e tomou seu banho.
Enquanto isso na mansão de vidro, o sono agitado de Theo foi interrompido pela entrada de Marcy no quarto, parecia preocupada.
- Theo? Desculpe te acordar, mas tem um moço lá na portaria, ele quer falar com Mike ou Sam, ele insiste, os seguranças querem saber o que devem fazer com ele.
- Hum? Que moço? - Theo virou-se sonolenta.
- Ele disse que se chama John, e é irmão de Mike.
Theo acordou completamente com essa informação, tentou erguer-se um pouco, caindo. Meg elevou um pouco a cabeceira, a ajudando a se ajeitar.
- O que ele quer?
- Ele insiste em falar com um dos dois, já dissemos que nenhum deles está em casa, mas ele quer falar com alguém.
- Não acredito que esse... Esse projeto de satã mandou a família me intimar. - Theo dizia revoltada, de forma confusa.
- Eu o vi pela tela, o menino não me pareceu ameaçador, deve ter uns dezoito anos e é um magricela.
- Sam já está aqui?
- Não, ela está com problemas na documentação de Maritza. - Meg respondeu. - Mas deve chegar amanhã.
- Ok, vamos ver o que ele quer, confirme a identidade e mande para cá, mas avise para que seja acompanhado o tempo todo por dois seguranças.
Minutos depois um garoto que lembrava Mike, porém de menor porte e com ares nerd, entrou no quarto, com dois seguranças.
- Quem é você? - O garoto, que parecia agitado, perguntou de bate pronto.
- Eu que pergunto, quem é você que ousa perturbar minha madrugada?
- John, eu já confirmei vinte vezes para esses brutamontes.
- Ok, John, pode tentar se acalmar? Caso não tenha percebido, isso aqui é uma UTI.
- Onde está Mike? Ou Sam?
- Mike não mora mais aqui, e espero que esteja bem longe. Foi ele que mandou você me intimidar?
- Intimidar? Eu não falo com ele há semanas, eu só quero um lugar para passar a noite, ou alguma ajuda financeira dele, porque estou sem nada, gastei todas as economias na viagem, eu não como nada desde ontem.
- Ele não sabe que você está aqui?
- Não, eu achei que ele morasse aqui, foi o que Sam me disse uma vez. - John se aproximou do leito, sendo impedido pelos seguranças. - Hey, me soltem!
- Tudo bem, fica apenas um segurança, sentado no sofá. E você, garoto, pegue essa cadeira, sente aqui do lado.
- Obrigada. Quem é você?
- Theo. - Estendeu a mão à frente. - Essa é minha casa.
- Ah, eu sei quem é você, Sam me contou que estava morando com uma amiga em San Paolo.
- É, eu sou essa amiga.
- Você é cega? Você parece não enxergar.
- Eu não enxergo.
- Mas vai voltar a enxergar, não vai?
- Não sei.
O garoto deu uma boa olhada ao redor, estranhando aqueles equipamentos todos.
- Por que você dorme aqui? Você é doente?
- Não, só estou me recuperando de um acidente.
- Você tem os olhos bonitos.
- Obrigada, John. Infelizmente não posso dizer o mesmo, mas devem ser verdes como de Mike, certo?
- Não, castanhos. Posso chegar mais perto?
- Pode. Você não vai tentar me matar ou algo parecido, vai?
- Por que eu faria isso? Você parece uma pessoa inofensiva.
- Porque seu irmão me odeia, eu expulsei ele daqui.
- Mike é um chato, fica dizendo como eu devo ser ou o que devo fazer.
Theo deu um sorriso satisfeito de lado.
- Chato, mas você veio pedir ajuda a ele.
- Na verdade eu conto mais com Sam do que com ele. Você também a expulsou daqui?
- Não, ela está viajando, deve chegar amanhã, da Sam eu gosto. - Theo sorriu.
- Eu tenho como falar com ela? Não tenho comunicador.
- Não sei, acho que ela está meio ocupada nessa viagem, você quer pedir ajuda a ela?
- Quero. Será que ela me emprestaria algum dinheiro para me virar nos próximos dias?
- Do que você precisa, uma cama e comida? Eu posso conseguir para você.
- Mesmo eu sendo irmão do Mike?
- Você não tem culpa, só azar.
John riu.
- Ele vai ficar possesso quando descobrir. - O menino mexia as mãos cruzadas no colo de forma nervosa.
- Descobrir o que?
- Que eu fugi de casa.
- Fugiu? Seus pais não sabem onde você está?
- Não, eu peguei minha mochila e comprei passagem só de ida para o Brasil.
- John, isso não se faz, seus pais devem estar preocupados. Meg, me alcança um comunicador?
- Eu não quero falar com eles.
- Não importa o que eles fizeram, eles devem estar apavorados sem notícias sua. Vamos lá, apenas diga que você está bem e em segurança. - Theo estendeu o comunicador no ar.
- Ok, vou ligar. Mãe?
- Onde você se enfiou, garoto? Seu pai está com a pressão nas alturas, quer matar a gente?
- Hey, não quero brigar, só estou ligando para avisar que estou bem, e em segurança.
- Onde?
- No Brasil.
- Está fazendo o que aí? Está com Mike?
- Não, mas estou com Sam, está tudo bem.
- Volte para casa agora.
- Não, eu não vou voltar, avise meu pai que ele vai ter que se contentar apenas com Mike como filho perfeito, eu estou pedindo demissão dessa família.
- Não fale assim, filho, nós amamos você. - A mãe dele chorava.
- Mãe, pare com o drama, eu prometo ligar outras vezes para dar notícias, tá bom? Mas vou tocar minha vida aqui.
Desligou o aparelho.
- Eles parecem bravos com você. - Theo comentou, descendo um pouco na cama.
- Estão sim. Mas eu não voltarei para casa.
- O que aconteceu? Importa em me contar?
- Ah... Eu não sou o filho que eles queriam, entende?
- Eles quem?
- Meus pais, quem mais poderia ser?
- Menino, ela tem lapsos de memória, não seja mal-educado. - Meg o repreendeu.
- Desculpe, eu não sabia.
- Meu cérebro trabalha de formas misteriosas. - Theo disse.
- Por causa do acidente?
- Sim. Por que decidiu fugir agora?
- Porque fiz dezoito anos, e tenho que entrar no serviço militar, mas eu odeio isso, eu quero fazer outras coisas da minha vida, não quero ser o soldadinho honrado que meu irmão é. Eu sou um desgosto, eu sei, mas eles já têm Mike para enchê-los de orgulho, podem viver sem mim.
- Mike não dá orgulho nem à um pé de samambaia, John.
- O que ele fez a você?
- Mike não é o homem honrado que diz ser, muito menos um homem de bem. Ele bate em mulheres, já bateu em mim e na própria noiva, sem contar a má índole, a arrogância, os preconceitos, a hipocrisia.
- Mas Sam também é preconceituosa, ela é bem conservadora, desde criança ela me dá lições de moral pelas coisas erradas que faço.
- Eu sei, mas ela melhorou bastante, está menos preconceituosa.
- Não pensa mais como Mike?
- Não, ela conseguiu abrir a mente, ainda tem muito o que desconstruir, mas você ficaria assustado com o quanto ela evoluiu.
- Será que ela me aceitaria como sou agora?
- Espero que sim. Ela te julgava muito?
- Não era tão ruim quanto Mike, ou meus pais, mas ela me recriminava sim, só que era mais compreensiva. - John fitou o chão, nostálgico. - Uma vez me viram na escola beijando um garoto, e a notícia correu rápido, logo chegou na minha família, e meu pai me bateu, além dos vários castigos que tomei. Sam foi a única que foi legal comigo, apesar de insistir que esse caminho era errado.
Theo deu um sorrisinho.
- Então você gosta de meninos?
- Eu já fiquei com garotos e garotas, eu gosto de tudo, eu preciso escolher um lado?
- Não, você não precisa, continue ficando com quem você bem entender, sem se importar com o gênero, certo?
John deu um riso fungado, cabisbaixo.
- Ok. Sam continua achando isso errado?
- Isso o que?
- Ficar com pessoas do mesmo sex*.
- Acho que não. Inclusive ela está namorando uma garota.
John a fitou espantado.
- Você está falando sério?
- Estou, não é meu cérebro mentindo, é verdade.
- Nossa... Que mudança radical. Você conhece a namorada dela?
- Conheço, Sam não poderia ter escolhido melhor, é uma garota incrível. - Theo riu.
- Fico feliz que ela tenha conhecido outra pessoa, nunca imaginei Sam abandonando Mike, mas sempre achei que ela merecia coisa melhor.
- É, Sam às vezes surpreende. - Theo franziu o cenho. - Sam já chegou?
- Não, você disse que ela chega amanhã.
- Ah, ok. Você está morrendo de fome, não?
- Mortinho.
- Segurança que está no sofá, leve John até a cozinha, peça para Marcy dar comida a ele até que saia rolando. Depois peça para ajeitarem um quarto para ele, mas não o do final do corredor, esse já está reservado para Maritza.
- Eu vou dormir aqui? Eu não quero dar trabalho.
- Sinta-se em casa, você me parece ser a versão legal da família Philips.
- Eu posso abraçar você?
Desertar: v.t.: ausentar-se; despovoar; fugir do serviço militar; bandear-se;
Fim do capítulo
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lay colombo
Em: 23/01/2016
Gente ainda a salvação pra família Philips adorei o John espero q ele não seja trairinha
Continuo com o pé atras com a Maritza
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lay colombo
Em: 23/01/2016
Gente ainda a salvação pra família Philips adorei o John espero q ele não seja trairinha
Continuo com o pé atras com a Maritza
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patty-321
Em: 23/01/2016
Theo e linda demais. Acolher o irmao do mike. Espero q ele esteja dizendo a verdade e não fazer parte de um plano de mike. Sam foi esperta em fugir do Elias. Verdadeiro demônio esse cara. Maritza com a mente totalmente fechada. Lembra a sam no inicio. Ansiosa p próximo capÃtulo. Bjs cris.
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Leitora89
Em: 23/01/2016
Oi! É a primeira vez que comento aqui. Estou gostando muito da história, li a primeira parte numa batelada só entre natal e ano novo, agora estou tentando controlar a ansiedade para acompanhar capítulo a capítulo! Gostaria de lhe parabenizar! É uma história muito boa, com um ótimo desenvolvimento de personagens, tudo muito bem construído! Virei seguidora assídua! Aguardo os novos capítulos! =)
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Baiana
Em: 23/01/2016
Olha, uma fruta boa no meio do cesto podre do Mike! Será mesmo que a familia acha que o hipócrita é honrado e tals, ou é melhor ter um filho covarde,mau caráter, homofófico e que bate em mulher, do que ter um filho gay?
Não foi dessa vez que o titio Elias conseguiu se vingar da Sam, essa Maritza, sei não viu, acho que ela gostaria de colocar os dois pés no lado colorido da vida kkkkkkk
P.S. O aparecimento do Jonh na casa de Theo, será o motivo que a Mike esperava para tentar invadi a casa?
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Shayenne
Em: 23/01/2016
A cada capitulo fica mais emocionante.Sou fãn da Theo.Como sofre essa mulher...So acho que a samantha merecia levar um belo castigo por ter traído Theo com o otario do Mike.Parabéns autora. bjs
Resposta do autor em 25/01/2016:
Sam também já comeu o pão que o diabo amassou, acho que pagou pelos pecados né? rs
Obrigada, moça!
Bjos
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jake
Em: 23/01/2016
QUANTAS EMOCOES A CADA CAPITULO...NOSSA SAM FOI ESPERTA ...AH THEO VOCE TEM UM CORAÇAO DE OURO,NEM CONHECE O JONH JAH DEU HOSPEDAGEMMM....ANSIOSA PELOS PROXIMOS CAPITULOS....
Resposta do autor em 25/01/2016:
Prometo deixar a história mais calminha nos próximos capítulos, uma fase de calmaria.
Não por muito tempo, claro.
Bjos :)
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Ana_Clara
Em: 23/01/2016
Ainnn, confesso que ultimamente estou com tanto medo das coisas que estão acontecendo que qualquer pessoa que chega perto da Theo eu já imagino coisas ruins. rsrs Bom, gostei exageradamente do John e eu realmente espero que ele seja uma versão boa e honesta do Mike. E sobre a Maritza, caraca, essa mulher necessita de uma boa transa com uma linda mulher, pq eita bicha chata e preconceituosa. Já me encontro sendo dúbia em minha s palavras, afinal alguns capítulos antes estava caindo de amores por essa nova soldado borg. kkkkkk Parece que não é somente a Theo que está tendo lapsos. *__*
Resposta do autor em 25/01/2016:
Todo mundo é um vilão em potencial, então seu medo é justificável. John é um garoto legal, vai ficar amiguinho das meninas, mas tem alguém ali perto delas que vai se revelar vilão em breve.
Maritza é a Sam de ontem, vmaos ter fé de que ela irá evoluir aos poucos.
Bjinhos ;)
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