Capítulo 18
Última Noite de Amor - Capítulo 18
As duas ficaram se olhando de maneira profunda. Seus rostos estavam bem próximos, um centímetro de distância, talvez.
-- Você é muito linda Isabel... -- falou com uma voz rouca próxima ao rosto dela, que a fez arrepiar-se.
Isabel ficou tão surpresa que não teve reação.
Alexandra colocou a mão no seu pescoço e foi puxando bem devagarinho, quase em câmera lenta, até que suas bocas ficaram a milímetros de se tocarem.
-- Alexandra, não se atreva -- ela falou baixinho quase suspirando.
A empresária mordeu os lábios e olhou no fundo dos olhos dela. Sua respiração estava acelerada e pode sentir que a de Isabel também.
-- Eu sei que você quer o mesmo que eu -- roçou seus lábios nos dela fazendo procurar sua boca sem encontrá-la -- Eu sinto.
Quando olhou para os lábios dela, Isabel não conseguiu se conter. Mordeu delicadamente e molhou os lábios com sua própria língua. No momento em que a boca de Alexandra a tocou, Isabel fechou os olhos e mergulhou naquele beijo. As batidas de seu coração ecoavam por todo o seu corpo. O hálito da empresária era quente. Os lábios dela se encaixavam possessivamente nos dela, fortes, exigentes.
O beijo ficou mais intenso, Alexandra começou a passar sua mão pelo corpo de Isabel. Pela cintura, quadril e coxa, fazendo a garota soltar alguns gemidos de prazer. Quando a empresária colocou sua mão por dentro do sutiã dela, acariciando seus seios de forma delicada, ela reagiu ao contato de maneira brusca, a empurrou e se afastou para longe.
-- Vamos parar com isso, Alexandra. Isso é uma loucura -- seus olhos castanhos brilharam, e ela colocou as mãos no cabelo para ajeitar a tiara.
-- Você estava gostando do beijo tanto quanto eu -- ela disse respirando ofegante e sorrindo maliciosamente.
-- Você me agarrou, sua sem vergonha. Eu não sou lésbica. Não sinto a menor atração por mulheres -- ela falou baixinho, quase com sentimento de culpa.
-- Há tá, conta outra... -- Alexandra falou ainda a encarando com os olhos verdes faiscando.
Simone entrou no quarto e Alexandra calou-se de imediato.
A enfermeira sentiu que alguma coisa incomodava Isabel, e se ela não queria falar, teria que perguntar.
-- Tudo bem Isabel? Aconteceu alguma coisa? Você parece nervosa.
-- Como assim? -- ela tentou disfarçar -- Não aconteceu nada. Só preciso me ausentar por algum tempo. Pode ser?
A voz dela era firme e Simone resolveu não insistir no assunto.
-- Claro. Sem problemas.
Isabel chegou à sala ainda com a respiração ofegante. Por que estava tão excitada?
Desejou envolvê-la em seus braços durante o beijo. E esse desejo a deixou chocada. Ela atiçava um fogo que há muito não sentia. Talvez nunca.
Ela uma garota de programa, que já teve vários relacionamentos e vários casos, nunca viu uma coisa parecida como aquela mulher. Nunca se imaginou assim, louca de desejo como estava agora por causa de um beijo.
Justo, Alexandra? A crueldade em pessoa. Isabel tocou nos seus lábios e lembrou-se do beijo, de repente ficou corada e com calor.
-- Ufa! -- suspirou fundo e se jogou no sofá.
-- Se você quiser eu verifico a sua pressão -- Tatiana sentou na poltrona a sua frente com a maior cara de debochada que só fez intensificar o rubor no rosto de Isabel.
-- Não entendi -- ela sabia que seu desconforto estava evidente e que Tatiana, com sua personalidade maquiavélica, estava adorando aquilo tudo.
-- Você está muito vermelha e nervosa. Temo que sua pressão esteja alta.
Ela disfarçou o constrangimento e respondeu o mais descontraidamente quanto foi possível:
-- Até parece que você não conhece a Alexandra. Ela às vezes me deixa louca de raiva.
Tatiana achou graça e não pôde evitar uma risada.
-- Alexandra é perigosa Isabel. Ela tem a capacidade de ser várias mulheres ao mesmo tempo e ainda assim todas diferentes entre si. Um dia a menina brincalhona, outro dia uma mulher séria, depois uma velha rabugenta. Vai saber? Ela não muda de personalidade, ela só mostra todas as mulheres que vivem dentro dela.
-- Eu Já tive a honra de conhecer a todas.
-- Se apaixona em um dia e esquece em outro -- concluiu -- Ainda bem que você é a hétero das héteros, né Isa? Caso contrário, estaria preocupada.
Isabel deu uma tossidinha como se estivesse se desengasgando e mudou de assunto.
-- Quando que você vai começar a investir na Simone?
-- É justamente sobre isso que quero falar com você -- baixou o tom da voz -- Estive pensando em...
No escritório da boate, Janaína tentava sem muito êxito, continuar tocando os negócios de Alexandra.
-- Nós precisamos fazer um balanço. Desde o acidente da Alexandra, as coisas estão abandonadas -- Gustavo colocou uma pilha de papel sobre a mesa -- Essas contas precisam ser pagas, Janaína. Você precisa visitar as outras casas e se inteirar de como os gerentes estão prestando contas ao contador. Se é que estão -- olhou para Janaína e balançou a cabeça -- Você está me ouvindo?
-- Para ser bem sincera, ouvi, mas não estou muito interessada -- levantou, foi até a janela e afastou as persianas para olhar o movimento lá fora -- Apesar de cursar administração, não tenho a menor vontade de tocar os negócios.
-- Então porque não passa essa responsabilidade para outra pessoa?
-- Estou pensando em colocar tudo nas mãos do Ramon e do André.
-- Você não pode fazer isso -- contestou um pouco alterado.
-- Por que não? -- foi sentar-se na poltrona mais afastada -- Eles são ótimos funcionários, supercompetentes e responsáveis.
-- Não estou contestando a competência deles. Não tenho dúvidas sobre isso. O que estou tentando dizer é que temos uma hierarquia a seguir.
-- Hierarquia? -- Janaína deu uma risada -- Me poupe Gustavo.
-- A Valentina é a noiva da Alexandra. Na sua desistência, ela quem teria que assumir os negócios.
-- Lá vem você de novo com esse papo -- disse Janaína com uma expressão irritada -- Que tanto você quer trazer essa mulher para à frente dos negócios da Alexandra. Hein Gustavo? -- mais irritada ainda, ela se virou e foi na direção de uma mesa onde estava a sua bolsa.
-- Não me entenda mal, Janaína. Só quero fazer as coisas pelo lado correto.
-- E você acha correto colocar essa mulher, praticamente uma estranha, para cuidar da fortuna da Alexandra? Você é maluco, o que? -- colocou a bolsa sobre o ombro enquanto direcionava-se a saída da sala -- Não quero mais ouvir você falar no nome dessa mulher. Estamos entendidos?
Gustavo não falou nada, apenas balançou a cabeça que sim.
Janaína saiu da sala com uma cara de poucos amigos. As palavras de Gustavo a tinham deixado irritada.
Passou pelo salão principal da boate com passos firmes sem olhar para nenhum lado. Valéria assim que viu Janaína, chamou-a pelo nome uma vez, mas como não foi ouvida, correu atrás dela e no limiar da porta a deteve.
-- Jana, espera um pouco -- segurou o braço dela enquanto a encarava, parecendo pensar no que falar -- Não vai embora assim, sem falar comigo. Dá-me a impressão que eu não significo nada para você.
Janaína sentiu um nó no estômago.
-- Desculpa Valéria. Hoje está tudo muito tumultuado -- falou sem jeito -- Mas eu quero conversar com você. Pode ser amanhã?
-- Pode ser sim -- Valéria abriu um sorriso largo.
-- Amanhã podemos almoçar então?
-- Claro, amanhã -- ela concordou feliz.
Isabel retornou ao quarto de Alexandra. Exceto por uma surpresa inicial, ela tentou não demostrar qualquer tipo de atitude que transparecesse o seu desconforto diante dela. Desviando o olhar, andou pelo quarto e parou ao lado de Simone.
-- O que você achou? -- A enfermeira perguntou entusiasmada.
-- Poxa Alexandra. Nem parece que você está tão deprimida e catatônica -- falou debochada -- Você está muito bem.
-- "Você está muito bem"? Ela está é linda! Reconheça.
Realmente. Alexandra estava linda. Usava uma camiseta verde com uma estampa enorme na frente e uma bermuda jeans.
Isabel pensava como ela conseguia ser tão simples e ao mesmo tempo tão linda e perfeita.
Essa mulher a atingira de um jeito que a perturbava muito mais do que queria admitir, até para si mesmo. Foi inundada por um acesso de desejo ao vê-la assim, tão próxima e tão bonita.
-- Aonde você pensa que vai assim tão arrumadinha? -- Isabel sentou na cama e afastou uma mecha de cabelo do rosto de Alexandra, num toque gentil, atraindo o olhar verde dela.
-- Ela não vai sair -- Simone catou algumas roupas que estavam em cima da cama -- Na verdade teremos visita.
-- A noiva cadáver? -- olhou para Alexandra sorrindo debochada.
-- Não. A psicóloga que havia iniciado o tratamento lá no hospital vai continuar a trata-la aqui, a partir de hoje.
-- Humm, que interessante.
-- Fica com ela Isabel. Vou esperar pela Cibele lá na sala. Ela já deve estar chegando -- olhou no relógio e saiu do quarto.
Alexandra continuou muda.
-- O que é Xanda bipolar. Está bicuda por quê? -- Isabel deu um tapinha no ombro dela.
-- Não estou a fim de falar -- resmungou bicuda.
-- Há fala né. Pode fazer a pergunta que quiser. Eu respondo todas.
Alexandra sorriu.
-- Sendo assim... Qual é o tempo máximo que aguenta sem sex*?
-- Alexandra...
-- O que te deixa excitada?
-- Alexandra...
-- Você acha que sex* anal pode ser prazeroso como disse a Sandy?
-- Chega! - levantou da cama e sentou na poltrona.
-- Você não respondeu nenhuma das minhas perguntas.
-- Também... Isso são coisas que se pergunte a uma garota? Pensei em perguntas inteligentes e não safadezas.
-- Tá certo. Então... Se os homens são todos iguais, por que as mulheres escolhem tanto?
-- Sei lá...
-- Por que as mulheres abrem a boca quando estão passando algum creme no rosto?
Isabel bufou.
-- Por que quando você para no sinal vermelho, tem sempre alguém no carro do lado com o dedo no nariz?
-- Chega! Meu Deus como você é insuportável Alexandra, parece que... - ficou muda quando viu Simone e uma moça, que imaginou ser a tal da Cibele, paradas na porta.
-- Desse jeito ela não voltará a falar nunca -- a psicóloga fez o comentário olhando de cara feia para Isabel.
-- Fique sabendo que...
-- Isabeeelll -- Simone bateu três palminhas -- Essa é a Cibele, a psicóloga da Alexandra.
-- Hum -- a garota só resmungou.
-- Agora se me dão licença, vou conversar com a fisioterapeuta -- Simone saiu deixando as duas em um clima nada amistoso.
A moça deixou Isabel de lado e concentrou sua atenção em Alexandra.
-- Olá meu amor. Como tem passado?
Alexandra olhou para Isabel e deu um sorrisinho safado.
-- Comigo por perto você terá uma evolução maravilhosa.
-- É só você continuar a vir para as sessões com esse decote, que ela vai evoluir para um tipo raro de Pokémon. O Pokédex: Aquele que tem quatro braços.
-- Como você tem coragem de falar da minha roupa estando vestida com essa fantasia comprada em Sex Shop do Paraguai.
Alexandra estava roxa segurando o riso. Ver Isabel toda bravinha tentando demarcar o território era divertido demais.
-- O meu uniforme até que é bem comum e simplesinho. O que deixa ele sexy, é o conteúdo -- falou olhando para as belas unhas.
A psicóloga revirou os olhos.
-- Não vou cair na sua provocação.
-- Acho bom. Já se passaram dez minutos de sessão...
Isabel entrou na cozinha bufando.
-- O que é isso enfermeira do amor? -- Tatiana estava parada em frente à geladeira escolhendo o que comer.
-- Que ódio! -- Isabel se jogou na cadeira.
-- A dona bipolar te incomodou de novo?
-- Aquela psicóloga idiota me tirou do sério.
-- Aquela gostosa tira qualquer um do sério, Isa.
-- A Janaína deveria proibir aquele tipo de roupa. É falta de ética trabalhar vestida daquele jeito. Ela está praticamente com os seios de fora. E a bunda então...
-- Isa...
-- Sinceramente eu teria vergonha de trabalhar assim. Nem eu que sou uma garota de programa ando assim. Quando vou me encontrar com meus clientes...
-- Isa...
-- Visto uma roupa...
-- ISABEL! -- Tatiana elevou o tom de voz.
-- Aiii... O que foi?
-- Surtou é? O que é isso? Respira criatura -- a enfermeira estendeu um copo de água para a amiga -- Toma e se acalma.
Isabel bebeu toda a água em um gole.
-- Não estou nervosa. Só estou indignada.
-- Mas não mesmo. Você vai me contar agora o que está rolando, porque estou achando muito estranho...
-- Hó de casa... -- alguém falou da sala.
-- Entra aqui Gustavo. Estamos na cozinha -- Tatiana falou fazendo uma careta de nojo.
-- Gustavo? -- Isabel colocou a mão na cabeça e empalideceu.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:

Mille
Em: 06/12/2015
Bel com ciúmes da Alex, e a Tati que não tem nada de boba já pescou que tem coisa ai.
E Gustavo querendo que a Janaína coloquei a Valentina para administrar o patrimônio da Alex, uma opção que ela descarta. Tomara que a Valéria abra os olhos dela para realidade.
Como será que a Bel fará para o Gustavo não vê-la, muito emoção e sempre deixando nossa imaginação criar asas
Bjus
Olá ótima semana para você
Pode ser virtual, pode ser pessoal...
Não importa!!!
O carinho do amigo é sempre real.
Não importa se nunca nos vimos frente a frente,
mas somos leais e coerentes.
Resposta do autor em 08/12/2015:
Olá minha querida amiga de coração. A amizade é como as estrelas. Não às vemos toda hora, mais sabemos que existem e mesmo distante se faz presente sempre! Bjã.
[Faça o login para poder comentar]

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]