São Paulo

 

Laísa acordou um pouco sonolenta por causa dos sedativos. Assim que abriu os olhos viu Júlia dormindo ao seu lado.

-- Jú! - Ela chamou calmamente.

-- Oi amor acordou? Como está se sentindo? - Júlia sentou-se na cama olhando a esposa com atenção. - A febre cedeu. - Disse tocando na testa da esposa.

-- Estamos em casa? Em São Paulo? - Laísa olhou a sua volta reconhecendo o quarto.

-- A gente voltou para nossa casa Laísa.

-- Não isso não podia ter acontecido. - Laísa agitou-se. - Eu tenho de voltar preciso por aquela mulher na cadeia!

-- Laísa calma, me escuta! - Júlia segurou seu rosto e o virou para si. - Quando fiquei doente precisando de ajuda, apoio, você ficou do meu lado e não me abandonou. Agora me deixa fazer o mesmo por você. Deixa-me cuidar de ti, te ajudar a sair desse caminho de destruição que está seguindo.

-- Mas Jú eu tenho controle. - Laísa disse com os olhos cheios de lágrimas.

-- Não meu amor, você não tem controle nenhum sobre isso. - Júlia acariciou seus cabelos. - Por favor, me deixa te ajudar!

-- Você não vai me deixar? - Laísa a olhou com os olhos angustiados.

-- Não, eu vou ficar do teu lado, vou te ajudar a superar tudo isso e voltar a ser a minha promotora de justiça linha dura. - Júlia abraçou a esposa fortemente.

 

*******

 

Em Porto Alegre no Sul do país, Veridiana chegava ao restaurante para mais um dia de trabalho, estava desanimada com tudo que acontecera nas últimas horas.

-- Eu vou ficar um pouco no escritório, tenho de falar com alguns fornecedores. - Veridiana disse para seu assistente indo para sua sala.

Cabisbaixa ela entrou na sua sala e sentou à mesa ligando o computador. Pensava porque mais uma vez Júlia entrara em sua vida, senão era para ficar? Porque resolvera ficar ao lado de Laísa e não dela, que até um rim lhe doara? Mas ela também não sabia disso. Veridiana pensava nisso tudo quando abriu seus e-mails e viu uma mensagem de Júlia para ela.

Ficou em dúvida se devia ou não abrir, não queria mais desculpas esfarrapadas ou mesmo se iludir com uma relação que nunca aconteceria.

Resolveu ler o e-mail e ver o que aquela mulher que lhe deixava marcas de amor profundo em seu coração tinha a lhe dizer.

 

     

 

De: Júlia Stefanni

Assunto: Abrindo o coração

Data: 15 de maio de 2011 01:52

Para: Veridiana Pisanski

 

 Veri,

Sei que talvez nem leia este e-mail, pois está muito decepcionada e magoada comigo.

Mas preciso te dizer que não amo a Laísa e que ficarei ao lado dela apenas até ela se recuperar do vício das drogas.

Depois que ela estiver bem quero te procurar para nos acertarmos e sermos felizes como sempre deveria ter sido.

Desde que a conheci aquela noite durante aquele jantar de premiação, que não tenho outra pessoa em meu coração. Você ocupa meus pensamentos dia e noite.

Não quero amar outra pessoa. Saiba que sempre te amei. Óbvio que tive meus momentos que tentei te esquecer, mas foi uma luta perdida, pois nunca consegui deixar de ama-la.

Por isso peço que me entenda, ela precisa de mim agora, assim como eu precisei de alguém ao meu lado quando fiquei doente e foi ela que esteve lá ao meu lado. Entenda que não tem nada a ver com amor e sim com retribuição, agradecimento, reconhecimento.

Veri eu amarei sempre você, nunca se esqueça disso e por favor compreenda minha atitude e não me rejeite quando voltar a te procurar.

Te amo.

Júlia

 

 

Júlia Stefanni

Volleyball player

 

O e- mail surpreende Veridiana que fica muito tocada e emocionada com o que lê. Mas mesmo assim é difícil para ela aceitar que Júlia lhe ame tanto como diz amar, mas estar ao lado de outra mulher, e uma mulher que lhe manipula e a controla do jeito que bem entende, e ela não vê isso ou se recusa a ver.

Não respondeu ao e-mail preferiu o silêncio e ver o que Júlia faria dali em diante.

 

*********

 

Seis meses depois...

 

Laísa observava a esposa que voltará a treinar oficialmente para o time Paulista.

A volta dela foi comemorada pelas colegas e dirigentes do time. Seu treinamento era aumentado pouco a pouco para que ela não tivesse nenhum problema de saúde ou mesmo físico.

Ela terminou o treino daquele dia e foi falar com Laísa que a acompanhava sempre que podia nos treinos.

Vestindo short preto, camiseta regata preta e top branco por baixo, Júlia se aproximou-se da esposa secando o suor com uma toalha.

-- Oi amor, chegou há muito tempo? Não a tinha visto. - Júlia a beijou de leve nos lábios e colocou a toalha enrolada em volta do pescoço.

-- Faz uns vinte minutos. Tinha audiência no fórum e dela vim direto para cá. - Laísa estava recuperada do vício das drogas. A dedicação de Júlia fora essencial para ela se recuperar.

Nos primeiros meses foi bem complicado, ela teve muitas crises de abstinência, mas Júlia foi firme e juntas superam está fase e outras que tiveram bem difíceis também.

Em meio a isso tudo Júlia conseguiu voltar aos treinos e hoje às perspectivas que ela volte à quadra o quanto antes, são bem otimistas.

-- Vamos para casa? Quero descansar um pouco. - Pediu Júlia.

-- Está se sentindo bem? - Laísa já ficou preocupada. Havia permitido que a esposa voltasse aos treinos apenas porque os médicos lhe disseram que era permitido. Mas ainda não se sentia à vontade com ela treinando novamente.

-- Eu estou ótima, apenas quero descansar. - Riu Júlia da preocupação da esposa. - Vou tomar uma ducha para tirar o suor e já volto.

Laísa assentiu com um gesto da cabeça e saiu para a rua para fumar um cigarro. Este vício ela não largara ainda.

 

-- Oi Laísa. - Cumprimentou Renata aproximando-se.

-- Oi Renata. - Laísa estava escorado no seu carro um Aston Martin DBS conversível, cor prata, conhecido mundialmente por ser o carro de "James Bond" e já ter aparecido em mais de um dos filmes do agente secreto.

-- A Júlia está voltando à velha forma. Acho que logo ela já vai poder jogar uma partida, pelo menos um set ou dois. - Renata contou animada.

-- Com certeza vai. Ela é esforçada e voltar às quadras é o grande sonho dela. - Laísa tragou seu cigarro.

-- E você está melhor? - Renata a olhou fixamente.

-- Estou ótima.

-- Fisicamente você está espetacular. Linda e sexy como sempre. - Elogiou Renata mordendo o lábio.

Fazia tempo que Júlia havia comentado que Renata se assumira bissexual. Na verdade ela sempre desconfiou, mas nunca a especulou sobre o assunto. Achava que esse tipo de assunto devia ser resolvido pela própria pessoa, sem pressões.

-- Deixa a Júlia te escutar falando isso. - Repreendeu Laísa.

-- Ela sabe que te acho gostosa, nunca escondi isso dela, ao contrário sempre que a vejo aqui nos treinos comento que se você me desse bola com certeza eu não deixaria você escapar. - Renata sorriu cheia de charme. - Quem sabe você experimenta? - Ofereceu-se colando seu corpo no de Laísa e colocando sua perna entre as dela ousadamente.

-- Oque é isso Renata? - Júlia estava parada olhando a cena. - Perdeu a noção foi?

-- Desculpa Jú eu perdi o controle. Desculpa. - Disse se afastando envergonhada.

-- E você Laísa o que me diz? - Júlia vestia um short branco, top preto, tênis Nike preto, os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e ela usava um boné do time.

-- Ela que estava se oferecendo, eu nem dei bola para ela. - Laísa que estava de óculos escuros, o retirou do rosto e olhou a esposo nos olhos. - Eu te amo e só você me interessa.

-- Acho bom! - Júlia abraçou a esposa. - Vamos que eu agora além de cansada estou com fome também. - Riu e seguiu para sua moto uma Kawasaki XZ-10R na cor verde, com 2001 cavalos, que pode chegar a 209,9 cavalos de potência com algumas modificações

-- Vai à frente então. - Laísa entrou no carro e já sabia que teria uma competição com a esposa. Isso sempre acontecia quando ela ia busca-la nos treinos.

 

A corrida dentro dos limites de velocidade da cidade foi vencida obviamente por Júlia que pilotava muito bem.

Assim que entraram no apartamento com Júlia rindo muito da cara de emburrada da esposa por ter perdido a corrida.

-- Então pode começar a pagar a aposta. - Disse Júlia atirando-se no sofá ainda rindo.

-- Certo dona Júlia, eu pago a aposta. - Laísa caminhou até ela e tirou seus tênis começando a massagear seus pés. - Está do seu agrado madame? - Brincou.

-- Quero mais para cima. - Júlia provocava a esposa que subia as caricias por suas pernas e coxas. - Ah, assim está bem melhor!

-- Então eu aprendi umas técnicas novas de massagem. - Contou Laísa enquanto já acariciava a barriga da esposa.

-- Novas técnicas, é? - Júlia a olhou cheia de desejo.

-- Vou te mostrar. - Laísa começou a despir Júlia calmamente, aproveitando para tocar-lhe o corpo sempre que podia.

-- Está me deixando louca assim! - Júlia se contorcia toda aos toques da esposa.

-- Fica quieta minha linda. - Laísa se despiu rapidamente e pegou Júlia no colo a levando para o quarto e logo para o banheiro. A banheira de hidro estava cheia.

-- Planejou tudo? - Júlia perguntou ao ver o local todo decorado com pétalas de rosas vermelhas e velas acesas.

-- Nossos empregados são ótimos, me lembre de aumentar os salários deles. - Disse Laísa ainda com a esposa no colo. - Agora deixe-me continuar lhe demonstrando minhas novas técnicas. - Ela colocou a esposa dentro da banheira e entrou logo em seguida.

De posse de uma esponja Laísa encheu-a de sabonete líquido e com um jeito muito provocativo começou a esfregar o corpo de Júlia que estava de frente para ela.

Laísa ensaboou seus seios, sua barriga e desceu para seu sex*. Abandonou a esponja e com a mão começou a acariciar lhe o seu sex*. Júlia arqueava o corpo para trás forçando o contato com a mão que agora lhe penetrava com os dedos.

-- Aaaah! - Júlia gemia alto.

Com jeito Laísa intensificou a penetração. Tirava e colocava os dedos no sex* de Júlia, a fazendo gritar de prazer.

-- Isso minha linda! - Laísa a penetrava com uma das mãos enquanto a outra ela acariciava os seios de Júlia fortemente. Sentia que a esposa logo goz*ria e então tirava os dedos e os colocava de volta. Levando Júlia a implorar para que a deixasse goz*r.

-- Por favor, me deixa goz*r!

-- Só mais um pouco minha linda. - Laísa continuava a colocar e a tirar os dedos do sex* de Júlia, que mal se aguentava para goz*r. - Agora minha goz* para mim!

Júlia não esperou ela pedir mais uma vez, se entregou as sensações daquele orgasmo intenso que sua esposa lhe proporcionara.

-- Então aprova minhas novas técnicas? - Laísa perguntou ainda vendo a esposa tendo espasmos pelo corpo.

-- Nossa amor essa você se superou! - Júlia a abraçou carinhosa. - Vem vou te retribuir tamanho prazer. - Ela alevantou-se da banheira e a levou a esposa pela mão para o quarto.

Deitando Laísa sobre a cama ela retribui tudo que a esposa lhe dera na banheira.

-- Eu adoro quando me ama dessa forma Júlia, sinto você tão próxima, me querendo, me amando intensamente. - Laísa recuperava do orgasmo que tivera.

-- É fácil fazer amor com uma pessoa tão linda e gostosa como você. Seu corpo é divino Laísa! Desde que te vi aquela vez na academia não pude deixar de desejar possuir este corpo. - Júlia acariciava o corpo da esposa.

-- Ah Júlia, como me faz feliz! - Laísa se colocou sobre o corpo da esposa. - Vou te mostrar o que senti quando te vi na academia aquele dia. - Ela começou a beijar a esposa na boca cheia de desejo.

-- Ah, assim você me mata! - Disse Júlia já sentindo o desejo aflorar em seu corpo. - Mas eu adoraria morrer assim. - Riu se entregando a esposa.

 

***********

 

Veridiana andava comprometida no trabalho e seus esforços já davam retorno. Ela começara a trabalhar para festas particulares de grandes celebridades e milionários da capital gaúcha e até para fora do estado.

Com isso já juntara um bom dinheiro, que pretendia comprar a outra parte do restaurante e reformá-lo transformando-o em um local moderno e refinado.

-- Veridiana sua ex está na televisão. - Informou Tereza sempre solicita.

Veridiana nada falou, apenas foi para seu escritório e ligou a tevê à procura de Júlia. Assim que localizou o canal, se sentou para assistir.

Era uma entrevista de um canal de esportes que acompanhara um dia na vida de Júlia, após a volta a rotina de treinos depois da doença que quase lhe tirara a vida.

Na reportagem Júlia aparecia na academia malhando, no clube treinando com suas colegas de time e em atividades pessoais como siando para jantar com sua companheira como dizia a repórter.

Júlia aparentava boa saúde, seu corpo já voltara a ser cheio de curvas, mas o que irritou e magoou profundamente foi quando a reportagem acompanhou a entrevista coletiva que ela dera para falar de suas voltas as quadras.

Veridiana já vira está entrevista coletiva, mas está reportagem mostrou os bastidores dessa coletiva.

E foi neste momento que ela viu o jeito entrosado e apaixonado de Júlia e Laísa. O tempo todo trocando caricias e carinhos, como duas boas mulheres apaixonadas uma pela outra.

Aquilo anojou Veridiana de tal modo que chegou a vomitar. Tereza percebeu que ela passava mal e a aconselhou a ir para casa.

Mas antes de sair encontrou uma cliente que há tempos tentava seduzi-la.

Gabriela Bressler é uma morena de um metro e oitenta, que há alguns dias atrás jantou no restaurante e acabou conhecendo Veridiana e se encantando com ela.

Desde então ela vem várias vezes no mês jantar no restaurante e tenta convencer Veridiana a sair com ela ou ao menos beber um drinque com ela.

Por causa de Júlia que prometera em pouco tempo retornar, Veridiana recusava suas investidas, mas está noite talvez Gabriela estivesse com sorte.

 

-- Oi minha chef predileta. - Saudou Gabriela ao ver Veridiana aproximando-se de sua mesa.

-- Oi minha cliente chata e insistente. - Veridiana disse com um discreto sorriso.

-- Senta e me acompanha em uma bebida?

-- Eu aceito a bebida, mas não aqui.

-- E onde seria? - Gabriela ao olhou contente.

-- Vem comigo e te prometo que não se arrependera. - Veridiana estendeu à mão a morena que aceitou a mão estendida com um sorriso de orelha a orelha.

 

Fim do capítulo