Capítulo 11
Última Noite de Amor -- Capítulo 11
Da janela do avião Isabel olhava para aquele mar, que mesmo camuflado por uma névoa pesada, era para ela a visão do paraíso. Que saudade que estava do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar, do Maracanã e de toda a orla de areia e de prédios.
No instante em que o avião vindo de Angola, tocou o solo Brasileiro, mais precisamente no Rio de Janeiro, Isabel soltou o ar, aliviada.
-- Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo -- dizia ao seu coração que batia descompassado.
Ela desceu a escada do avião feliz e sorridente, ignorando o calor que parecia sugar todo o seu oxigênio.
No saguão do aeroporto, Isabel olhou para o relógio em seu pulso e depois olhou para os lados. Podia até parecer neura, mas não se sentia segura em nenhum lugar.
Olhou desanimada para a quantidade de pessoas que aguardavam por um taxi. Alguns espertinhos enfiav*m-se para dentro do carro, furando a fila sem o menor constrangimento.
Quando enfim conseguiu entrar em um, fechou os olhos e sentiu uma sensação relaxante de segurança.
Isabel estava tão cansada da viagem, que o caminho do aeroporto até o seu apartamento em Madureira foi longo apesar de ser apenas uma hora de distância.
-- Pode parar aqui mesmo. O prédio é aquele ali do outro lado da rua -- Isabel pagou a corrida e saiu do carro.
-- Obrigado, moça -- o motorista falou gentil.
Quando estava atravessando a rua, viu dois homens conversando. Estavam encostados em um muro fumando. Usavam gorros e roupas surradas. Todos os dois eram grandes e encorpados.
Um deles olhou para o lado, levantou os braços e berrou:
-- Até quando ainda vamos ter que esperar por essa vagabunda?
Isabel olhou na direção da pessoa com quem o grandalhão falava e gelou: Era Bob. Tentou correr de volta para o taxi sem ser vista, mas não foi possível.
Por alguns instantes Bob ficou sem ação tentando colocar os pensamentos em ordem.
-- Chefe -- o grandalhão interviu -- Não é a garota?
O cafetão foi chamado à realidade e saiu correndo em direção a Isabel com os capangas atrás dele.
-- Moço...moço... - Isabel batia desesperadamente na janela do carro -- Abre, por favor.
O motorista mesmo assustado abriu a porta para ela praticamente pular para dentro. Quase gritando de alívio, ela viu o homem, sem esperar explicações, engatar a marcha e sair cantando pneus em direção a rodovia.
Olhou para trás e viu Bob e os capangas entrarem correndo em um carro. Em questão de minutos os bandidos estavam no encalce do Fiat Grand Siena do taxista.
-- Acelera...acelera - Isabel gritava com todas as suas forças.
No Hospital.
Simone e Tatiana estavam no quarto preparando Alexandra para ir para casa.
-- Isso é loucura, você sabe disso, né.
-- Claro que sei, mas vou fazer o que? A tal da Janaína é uma teimosa de primeira.
-- Bem...sorte a nossa, que vamos fazer o pé de meia. O natal tá garantido -- Tatiana deu um soco no ar, comemorando como se tivesse marcado um gol.
-- Verdade, eu vou conseguir deixar as contas em dia e ainda vou poder adiantar dois meses de aluguel. Abençoada Alexandra -- Olhou para a garota que naquele momento dormia profundamente -- Acho melhor aplicarmos um sedativo nela.
-- Também acho, Mone, assim não teremos problemas durante o transporte.
-- Fica aqui com ela, Tati, eu vou pedir para o doutor prescrever a medicação.
-- Aonde está a sua amiga Rosangela?
-- Não sei... se não veio até agora é bom que nem venha. Não quero mais ela na equipe. Já começou mal -- Simone falou brava. Havia convidado a amiga enfermeira, mas já estava arrependida.
Na recepção.
-- Eu vou na ambulância -- Valentina insistia em algo que Janaína não aceitaria de maneira alguma.
-- Vai nada. Se quiser vá no seu carro.
-- Eu tenho o direito de ficar ao lado dela o tempo inteiro. Afinal, sou a sua noiva -- mostrou as alianças no dedo como se fosse um troféu.
-- Isso não lhe dá o direito de quebrar normas -- Janaína falou e virou-se para a recepcionista -- Por favor, os papéis da alta hospitalar para mim assinar.
-- Que normas são essas? -- Valentina insistiu.
-- Na ambulância só vão as enfermeiras.
-- Quem criou essa norma boba?
-- Euzinha -- Janaína bateu no peito -- Está decidido, Valentina, por favor não insista.
-- Só podia ser coisa da sua cabeça -- bufou -- Você faz isso só para me provocar.
Simone se aproximou das duas carregando uma mala de viagem na mão.
-- Com licença, a Alexandra está pronta, Janaína -- colocou a mala pesada no chão.
O celular de Valentina tocou e ela saiu de fininho.
-- Finalmente -- Janaína levantou as mãos ao céu -- Não aguento mais esse ambiente frio e branco.
-- Essa é a minha bagagem. Alguém poderia colocar no carro para mim?
-- Claro -- Janaína fez um sinal para Van Damme e ele se aproximou -- Por favor, leva a mala da Simone lá para o carro.
-- É pra já -- O guarda-costas pegou a mala e saiu porta a fora.
-- Olá, meus amores -- Valéria entrou andando rápida, quando chegou perto delas, deu um beijo na bochecha de cada uma -- Então? A chefinha vai ou não vai para casa? -- disse ela olhando para Janaína com um sorriso bobo no rosto.
-- Vai -- Janaína retribuiu com um sorriu leve, depois se virou para Simone -- Pode busca-la. Eu vou na frente com o Van Damme, preciso ajeitar algumas coisas lá no apartamento.
-- Pode deixar que eu e a Tati resolvemos tudo por aqui.
Valéria deu um passo à frente e interrompeu a conversa.
-- Posso ir com você? Gostaria muito de ajudar em tudo o que estiver ao meu alcance.
Janaína ficou olhando para a garota parada à sua frente, com aqueles olhos de por favor, "deixa", e teve vontade de rir dela. Mas não o fez, simplesmente concordou.
-- Tudo bem. Então vamos. Aguardamos vocês lá. Simone.
Na saída do hospital, Janaína e Valéria deram de cara com Valentina parada na porta com o celular na mão.
-- O que você faz aqui? -- Perguntou séria para a irmã.
-- Eu a convidei -- Janaína se antecipou em responder -- Ela está indo comigo para o apartamento.
-- É isso aí -- Valéria amou a atitude de Janaína.
Valentina ficou mais dois segundos parada na porta, guardou o celular e, ainda séria, olhou ao redor disfarçando o constrangimento.
-- Nos encontramos lá, então -- disfarçou e saiu em direção ao carro.
As duas ficaram ali parada na porta do hospital, olhando Valentina se afastar.
-- Sua irmã é intragável.
-- Concordo plenamente -- Valéria colocou as mãos nos bolsos e sacudiu a cabeça de um lado para o outro.
O taxista dirigia em alta velocidade, concentrando toda a atenção na estrada. Só tinha em mente: Fugir. Vez ou outra olhava no retrovisor para conferir a distância. O velocímetro já acusava 100 km/h, o carro estava em alta velocidade. A paisagem maravilhosa do Rio, agora se transformara em borrões.
-- Para onde vamos? -- Perguntou com os olhos esbugalhados.
Isabel engoliu a saliva umas três vezes antes de responder.
-- Hospital do Leblon -- foi o primeiro lugar que pensou. Lá ao menos poderia pedir ajuda a Simone.
-- Os desgraçados estão colados em nós novamente -- disse olhando no retrovisor.
Isabel olhou para trás e seus olhos se arregalaram de pavor, um dos bandidos estava com uma pistola apontada na direção deles.
-- Mais rápido...mais rápido... -- berrava desesperada.
No hospital.
A maca de Alexandra impossibilitava que as portas do elevador se fechassem. Tatiana soltou a maca e colocou as mãos na cintura:
-- Será que dá para você largar esse uniforme e me ajudar com essa maca? Sozinha tá difícil.
-- Desculpa, desculpa - jogou o jaleco e a tiara sobre Alexandra e puxou a maca com as duas mãos, desobstruindo e fazendo as portas começarem a se fechar.
-- Que tanto você olha para esse uniforme, que mais parece aquelas fantasias erótica de enfermeira sexy? - Falou com uma cara de quem não gostou do modelito.
-- Exagerada. Pois eu achei bem bonitinho - debochou da amiga.
-- Se a Alexandra ficar babando em cima de você por causa dessa roupa, eu aplico uma injeção letal nela - apertou o botão do primeiro andar - Vamos sair pelo Pronto Socorro?
-- Vamos - confirmou - Você é sempre tão exagerada, né dona Tatiana? - Revirou os olhos sem muita paciência.
-- A Valéria me falou que ela é bem safada.
-- E desde quando eu preciso de uma guarda-costas, Tati? -- falou não aguentando o riso.
-- Só estou avisando - ficou bicuda e mudou de assunto - Pra que está levando esse outro uniforme?
-- Esse uniforme era para a irresponsável da Rosangela.
-- Você vai ter que contratar uma outra enfermeira, não é mesmo?
-- Assim que chegarmos ao apartamento, vou resolver isso. Ainda nem contei para a Janaína que a Rosangela desistiu.
O taxista parou bruscamente em frente ao hospital e abriu a porta para Isabel descer. Antes que ela desandasse a correr, comentou divertido:
-- Meu filme preferido é "Velozes e Furiosos" - gargalhou - Você sabe aonde me encontrar, me procure, quero conhecer a sua história - e saiu cantando pneu.
Isabel olhou para a entrada do estacionamento do hospital e viu o carro preto de Bob em alta velocidade invadindo o local.
-- Droga...droga...droga -- mirou a entrada do prédio e em segundos traçou mentalmente o trajeto mais seguro - Seja o que Deus quiser.
Invadiu a recepção do Pronto socorro correndo. Não deu a mínima para o segurança, muito menos para a recepcionista. Parou em frente a porta do elevador e apertou o botão desesperadamente, por diversas vezes.
-- Vem...vem...vem... - olhava fixamente o 4...3...2...que pareciam em câmera lenta.
Assim que o elevador parou no primeiro andar, a porta se abriu e ela deu de cara com Simone saindo puxando uma maca.
-- Isabel? - A amiga parecia ter visto um fantasma.
-- Simone!!! - Isabel parecia ter visto o seu anjo salvador - empurrou a amiga e a maca de volta para o elevador.
-- Ei...ei...ei - Tatiana forçou para sair - Estamos saindo.
-- Não...estamos subindo - apertou o botão.
-- Isabel, temos que descer...-- Simone segurou o ombro da garota e a encarou preocupada - O que está acontecendo? Você parece nervosa.
-- O Bob, Simone. O Bob está atrás de mim, ele está armado... preciso me esconder.
-- Quem está atrás de você? - Tatiana perguntou assustada.
-- É uma longa história. No momento preciso de um lugar seguro... ele é perigoso.
Simone olhou para Alexandra. Não podia coloca-la em perigo. Tinha que pensar rápido.
-- Veste esse jaleco.
-- O que?
-- Veste esse jaleco, Isabel - colocou o uniforme na mão da amiga - Rápido, não temos muito tempo.
Isabel colocou o jaleco se olhando agora diante do espelho do elevador.
-- Ele vai me reconhecer.
-- Não vai...coloca isso - estendeu a tiara para ela.
-- Já vesti uma fantasia igual a essa a pedido de um cliente médico.
-- Eu não falei - Tatiana queria morrer.
-- Por favor Isa, apura.
Isabel colocou a tiara e ajeitou o cabelo.
-- É, até que você ficou muito bem de enfermeira sexy - Talita comentou e as duas fizeram cara feia para ela - Sou sincera, queridas, essa bunda, esses seios...opinião de lésbica.
Simone chamou a atenção das duas amigas para ela.
-- O plano é o seguinte: Prestem atenção...
Somente quando entrou na recepção do Pronto Socorro é que Bob percebeu que estava em um hospital. O homem já ofegante de tanto correr parou e olhou ao redor. Haviam poucos pacientes aguardando, não seria difícil de encontrar a garota.
-- Vamos nos espalhar. Vocês procuram por aqui, eu vou pegar o elevador e dar uma busca lá dentro. Não deixem de vigiar a saída em nenhum momento.
-- Pode deixar patrão.
Bob caminhava a passos largo em direção ao elevador, mas antes mesmo que alcançasse a porta, uma campainha tocou, transformando o local outrora calmo em um pandemônio.
Era uma corrida de macas e enfermeiros para todos os lados. Bob estava no meio daquela confusão toda, levando empurrões e xingões. Olhava de um lado para o outro e só via gente de branco.
Agarrou um enfermeiro belo braço o fazendo parar.
-- Escuta aqui, meu irmão, o que está acontecendo nesse lugar?
-- Houve um acidente aqui perto, várias ambulâncias estão vindo pra cá trazendo pessoas feridas.
-- Era só o que me faltava - Bob deu um murro no ar.
Um dos capangas se aproximou desiludido.
-- Sinto muito chefe, mas desse jeito vai ser impossível da gente encontrar aquela piranha.
Bob sabia disso. Tanto sabia que saiu dali empurrando todos que estavam em sua frente. Sua ira era enorme. Quando encontrasse Isabel lhe daria uma lição que ela jamais esqueceria.
Fim do capítulo
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Silvia Moura
Em: 12/11/2015
Oi autora linda.... você me espanta com essa sua imaginação...sério mesmo... estou mais tranquila quanto a isabel... começou não é? Agora uqe o olho do furacão vai começar - isabel e alexandra, que encontro será esse? Vidas passadas? E o amor mais uma vez se dará as mãos sem que o fio do tempo se rompa? Nos conte autora, esperando mais um capitulo e sua bela escrita... Irma fraterna de meu coração, nem nos conhecemos pessoalmente e parece que somos amigas há anos, ou há vidas... Que Deus permeei nossos caminhos sempre... beijão e abraço bem forte...
Resposta do autor:
Acredito que seja o que as pessoas chamam de laço invisivel. Um vínculo afetivo que nasce com pessoas que cruzam nosso caminho e, de forma quase mágica, se transformam em uma grande amizade. É uma relação entre iguais, que nos dá grande satisfação de compartilhar experiências.Existem vários tipos de "amigos" e, consequentemente, de amizades. O nosso é espiritual. Por quantas vezes minha querida irmã, durante o nosso sono profundo, nossos espiritos não sairam por aí, por esse mundo de Deus. Que pensamento maravilhoso não é mesmo?Nessa amizade na qual ninguém se impõe, nem se programa, é que se cria um vínculo forte o suficiente para se manter e se prolongar no tempo.Por onde nossos espiritos irão hoje, hein? Sinta-se abraçada minha irmã.
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jake
Em: 11/11/2015
Minha querida escritora ...nossa me sentir em um verdadeiro filme de açao ...que bom que a Isa conseguiu...agora eh soh ficar quietinha dentro da mansao ....essa valentina nao desiste...valeria eh do bem e axo que junto com a minha xara janaina irao descobrir os planos da valentina ...bem que janaina poderia ter uma revelacao em sonho ...do seu amor contando tdo oq realmente aconteceu ....e ai ela junto com valeria conseguiriam desmascarar ...valentina
Resposta do autor:
Olá Jake de Janaína. Achei que fosse Jake de Jakeline. Mas tudo bem, eu me acostumo. Kkkk. Estou achando que ela escapou do Bob para cair nas garras da Alex. Sei não...
Vamos ver... Beijão meu anjo. Não me abandona, hein.
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Juracy costa
Em: 11/11/2015
Não demore a postar sua história é boa
Resposta do autor:
Vou tentar minha querida. É que estou finalizando o conto As Cores do Paraíso, quando terminar lá, consigo acelar esse. Bjã e continue comigo.
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NayGomez
Em: 11/11/2015
Enfermeira sexy kkkkkkk vai ser divertido acompanhar Simone, Tatu e Isa como enfermeira na casa da Alex kkkkkkk... Plis coloca um pouco de comédia quando essas três tiverem juntas pois já amei a Tati.
Resposta do autor:
Com certeza a Tati vai ser a palhaça da vez. Quando estou tentando criar algo sério, lá me aparece uma engraçadinha. Hô sina. Kkkk. Bjs.
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Mille
Em: 11/11/2015
Genial Vandinha, senti num filme de ação com suspense será que ela se livraria dos bandidos??? Como sempre magnífico o capítulo, e graças a irresponsável deu certo a Bel espaçar.
Hum impressão minha ou Valéria está de olho na Janaína.
Bjus linda
Resposta do autor:
A Jana vai ter ao seu lado uma pessoa muito especial, isso te garanto. Uma pessoa que vai ajuda-la da maneira muito bonita e inocente. Você verá uma bela história de amor. Bjs minha leitora vip.
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