A noite caiu depressa e a madrugada parecia se estender mais do que devia para as mulheres da mansão Miller.

Vagar pela casa em meio a escuridão não era opção apenas de uma e assim todas perambulavam pelo enorme casarão.

 

Xena permanecia em seu quarto, e na varanda com visão para o enorme jardim atrás da mansão,ela contemplava as estrelas que mal se viam no céu..ou tentava.

Estar diante daquela visão que a envolvia da noite a faziam pensar em todo o seu trajeto ate ali e de certa forma lamentava o que ouviu de Anna sobre sua filha e isso a enchia de ódio.

 

Diferente dela, Gabrielle procurava nos livros da biblioteca um alivio de suas preocupações e ao encontrar um livro para se entreter ela saiu daquela sala em busca de um local para tal atividade e já com alguns passos a loira deparou-se na sala de estar com algo que chamou sua atenção.

atraída ao sofá Gabrielle encontrou Anna e Cath deitadas,algo que a fez de imediato parar e fixar seu olhar a elas com tamanha surpresa.

Mesmo Anna mantendo seu semblante pensativo Cath a fazia companhia deitada ao seu lado no conforto de um dos braços de Anna a lhe aquecer.

 

Manteve seu olhar ate ver Olivia chegar a sala e por elas passar despreocupada com o que via o que a deixou mais confusa do que estava.

 

Gabrielle—Olivia...eu..perdi alguma coisa quando estava congelada?

 

Olivia—ah esta falando daquilo ali?(rs) é um carma na minha vida.

 

Gabrielle—você...não se importa delas ficarem juntas??

 

Olivia—temos um acordo e como já esta de noite ela não fara nada alem de dormir.(rs)

 

Gabrielle—vocês são realmente estranhos aqui no futuro.

 

Olivia—elas são amigas e sei que Anna não é suicida.faço dela picadinho se tentar algo mais com essa garota.

 

Gabrielle—(rs) essa é a Olivia que conheço.

 

Com o adormecer de Cath sobre seu ombro Anna fez o minimo para não acordar-la e depois de muito cuidado em seus movimentos ela a deixou descansar em seu sofá com mais comodidade sem o aperto em que estavam e já a se erguer ela reparou no olhar das duas mulheres sobre ela.

 

Anna--...que foi?--aproximando delas Anna perguntou curiosa pelos olhares.

 

Gabrielle—nada.(rs) apenas admirando seu cuidado com esta garota.

 

Anna—ah qual é?

 

Olivia—é muita bondade nessa criança.

 

Gabrielle—se isso a faz bem..ainda mais sozinha do jeito que ela deve estar se sentindo não a nada de mal nisso.(rs) enquanto William estiver longe dela fico feliz por isso.--avançando seus passos em direção as escadarias Gabrielle apenas ouviu os passos acelerados da jovem a lhe seguir o que chamou sua atenção a virar.

 

Anna—Gabrielle...sei que Xena esta com raiva de mim mas tenho que falar com ela.

 

Gabrielle—foi um choque para ela Anna...escutar tudo aquilo de repente quando o que ela mais queria era ver Eve.não compreendo como podemos mudar nossa historia Anna se sempre ela se repete no final...espere o amanhecer.quem sabe não achamos uma solução para isso.--lamentando ver a jovem tão desolada daquele jeito Gabrielle subiu os degraus deixando Anna e Olivia mais do que pensativas.

 

Anna—Gabrielle tem razão!tenho uma teoria do porque isso acontece mas ainda tenho minhas duvidas.

 

Olivia—mostra pra mim.

 

No laboratório Anna ativou seus computadores e com ajuda de um holograma ela tinha tudo que precisava para explicar Olivia sobre sua teoria.

 

Anna—considere nossa linha do tempo e nela minha máquina. nela podemos voltar e explorar o passado da forma que quisermos mas como tudo no mundo nossas atitudes carregam também conseqüências. quando William levou todas aquelas maquinas para o passado e conectou todas ao presente ele não estava apenas criando uma passagem direta para lá mas também puxando a nossa realidade sem falar que foi um plano de péssimo mal gosto.

 

Olivia—concordo.lembro bem as ondas temporais que se formaram por aqui.

 

Anna—enfim..o que Calli esta fazendo e ate mesmo o que Miguel preza é simples de entender.se alteramos algo totalmente no passado criamos uma nova linha do tempo que segue assim como a nossa só que diferente da original tudo seguirá de acordo com a nova escolha feita.

 

Olivia—um universo paralelo.

 

Anna—exatamente.a partir deste ponto criado fica difícil saber se ainda existiria vestígios delas aqui em nosso tempo MAS é fácil resolver esse problema.

 

Olivia—como?

 

Anna—choque de universos.

 

Olivia—(rs) qual é?não pode estar falando sério!unir dois universos que se separaram?!!

 

Anna—essa é a lógica por trás do pedido de Calli e dos anjos!todo universo paralelo alternativo um dia já foi parte desta linha original e mesmo que ele se separe por uma escolha diferente ele também pode se unir novamente a principal linha refazendo os primeiros passos!(rs) é por isso que podemos interagir com a Conquistadora e com Gabrielle rebelde.porque uma vez elas já pertenceram a essa realidade.

 

Olivia—realidades interrompidas por William.

 

Anna—sim!!é exatamente isso mas pelo que eu entendi a Conquistadora foi algo descoberto por ele e meu pai..algo bem mais antigo....creio que Hércules deva saber de algo mas o nosso foco aqui é em nossas escolhas!não podemos mudar tudo completamente por isso seremos cuidadosas daqui pra frente...

 

Olivia—como em um campo minado...torça para não pisar em uma mina.isso foi brilhante Anna.

 

Anna—eu sei.

 

****

 

Entrando na caverna gélida Ares deparou-se com o vazio e os caixões secos lhe fizeram derrubar o cantil cheio da pura agua do monte Olimpo tamanho foi sua surpresa.

 

Ares—assim...reinicia a guerra.--desmaterializando Ares viajou em segundos a Roma e nos aposentos de Lívia ele surgiu já a sua procura pelo quarto vazio.

--Lívia!!Lívia!!!--ansioso Ares gritou avançando pelo espaço com passadas rápidas e inquietas ate encontrar a mulher saindo de uma das camaras de banho enrolada em sua toalha.

 

Lívia—eu ouvi da primeira vez Ares...o que foi??esta branco..parece que viu um fantasma!(rs)

 

Ares—você....ficou aqui o dia todo??

 

Lívia--...(rs) que pergunta é essa?!passei o dia resolvendo alguns empecilhos que dificultavam minha viagem a Grécia amanha.quero levar meus soldados a Athenas.(rs)...soube que Eli estará por lá.

 

Ares—e o que esta pensando em fazer?ouvir suas palavras de amor?

 

Lívia—não...estava pensando em uma cabeça em uma bandeja de prata.(rs) toda essa historia de amor me dá vontade de vomitar.suas palavras engrandecem o espirito de pobre e inocentes vitimas das guerras, almas que poderiam muito bem servir a Roma como escravos que deveriam ser.

 

Ares—interessante...(rs) não esta fazendo isso para fugir do seu casamento com Octávio está?

 

Lívia—não tenho motivos para isso.a proposito não quer vir comigo??

 

Ares—tentador...mas tenho alguns assuntos para resolver.

 

Lívia—você??Ares deus da guerra recusando tal pedido??(rs) espero que isso valha mesmo a pena.

 

******

 

Anna—então,o que faremos primeiro??

 

Xena—iremos a Roma.eu quero ver isso com meus próprios olhos.

 

Anna—certo.iremos as três.OLivia você fica aqui.

 

Olivia—ok.

 

Passando pelo portal o trio mal pousaram os pés em Roma e a princesa guerreira já partia pela rua solitária forçando Anna e Gabrielle avançarem os passos para deter-la.

 

Anna—o que pensa que esta fazendo?!--colocando-se a frente de Xena Anna a impediu de continuar resultando em um olhar irritado da morena a ela.

 

Xena—eu preciso ver minha filha!

 

Anna—você vai mas se aparecer desta forma vai assustar-la e vai fazer Roma inteira nos caçar!!e quer saber eu não to afim de ter minha cabeça cortada!!

 

Gabrielle—Anna tem razão Xena.não importa se ela é uma tirana se você aparecer de uma vez a ela dizendo que é sua mãe ela não vai acreditar.

 

Anna—entraremos na casa de Octávio e não chamaremos atenção de ninguém.

 

Xena—(rs) olha só você...me ensinando meu trabalho.

 

Com todo cuidado e com a ajuda da noite elas entraram facilmente na casa e nas habitações de Livia encontrando a mulher a dormir em sua vasta cama.

 

Coberta por alguns lençóis ela encantou Xena e um sorriso em seu rosto se fez presente naquele momento.

Sua vontade era de ficar ali e esperar-la acordar mas Anna e Gabrielle já estavam atentas aos seus movimentos.

 

Anna—não toca nela.--falando o mais baixo possível Anna chamou a atenção de Xena a sua mão nervosa e inquieta para tocar naquele cabelo solto de Lívia sobre o travesseiro.

 

Xena--..eu não vou.

 

Anna—se ela acordar vai nos matar!

 

Gabrielle—fala sério Anna.ninguém é tão ágil assim ao acordar.(rs)

 

Na cama Lívia parecia ter um sono leve e mesmo que suas vozes estivessem o mais baixas que conseguiam falar ela acordou bruscamente e sentando-se em sua cama tinha em mãos uma faca como companheira.

 

O quarto escuro e a luz da lua adentrar pela varanda mexendo as cortinas brancas em uma dança suave pelo ar com a força do vento nada lhe davam sinais de tal susto ao acordar.

ela se viu sozinha mas uma estranheza lhe fazia duvidar disso.

 

Erguendo-se de sua cama cuidadosa, Lívia parou alguns passos a frente de sua cama.

Não vestia nada mais nada menos do que suas peças intimas e uma túnica branca por cima de pura seda que de tão fina se tornava transparente mas que também lhe cobria ate suas coxas.

 

Fora do alcance de visão de Lívia,Anna,Gabrielle e Xena se mantinham escondidas do lado de fora da varanda e para a princesa guerreira, ficar ali sem provocar nenhum barulho qualquer era o mais angustiante no momento, sendo forçada a superar sua saudade pelo bem do grupo.

Já Anna tinha em mãos uma de suas adagas e próximo a entrada para a varanda do quarto ela estava preparada caso Lívia atacasse ou percebesse as intrusas que eram ali.

Ao ver que a situação complicava-se Gabrielle pulou sobre a mureta da varanda e logo atrás dela Xena a seguiu quase obrigada por Anna a pular.

 

Foi questão de segundos depois do pulo de Anna ao jardim para Lívia checar sua varanda e sem encontrar ninguém ela saiu do seu quarto mais do que irritada com esse sentimento de vigia sobre si.

 

Anna—o que foi aquilo??

 

Xena—ela é minha filha e não pode negar esse direito a ela Anna!!ela precisa saber da verdade!

 

Anna—(rs) enquanto estavam congeladas eu vigiei essa mulher tempo o suficiente para ver o quão intima ela é de Ares...lembra-se quando era apenas você e ele?...ela não é mais sua garotinha.

 

Xena—então mostra pra mim!porque ate agora não vi nada.

 

Ouvindo a voz exaltada da mulher dentro da casa e aumentando cada vez mais com seu aproximar o trio escondera-se entre os arbustos bem cortados do jardim e com as fracas luzes das tochas ao redor as tornavam vultos na escuridão despercebidos.

De repente ela surgira na cozinha encontrando-se com um cozinheiro fazendo pão sobre uma das mesas e graças ao grande janelão aberto a alguns metros o trio podia assistir como ela reagiria já que pelo seu jeito nervoso, ela ainda permanecia armada com sua faca chamando completamente a atenção do cozinheiro.

 

--a senhora sente-se bem??--perguntou ele prestativo deixando de lado sua massa para atender sua senhora.

--esta branca como neve.beba um pouco de água.vai lhe fazer bem.--preparando um copo cheio ele entregou a mulher que parou e bebeu e ao entregar o copo novamente ao homem ela reparou bem em seus passos a se afastar dela.

 

Lívia—para onde pensa que vai??!coloque o copo na mesa.--direta ela falou e surpreso ao ouvir aquilo o homem em sua hesitação e medo tremia levando o copo ate a mesa de madeira a dois passos dele.

 

Lívia o fitava sem demonstrar nenhuma reação e a espera do movimento do cozinheiro ela com o seu olhar forçava-o a pousar o copo sobre a mesa e um neste momento seus olhos se fecharam.

 

Passaram-se segundos e um alivio o invadiu.

Conhecia bem os ataques de Lívia e o quanto era fácil irritar-la e pelo visto aquele não era um desses momentos.

Ate que ao abrir seus olhos ele viu a lamina da faca de Lívia sobre seu pulso que com um movimento preciso cortou sua mão.

 

Livia—tinha alguém no meu quarto!!!quantas vezes eu tenho que dizer para ninguém entrar em meus aposentos, quantas!!?--em sua raiva Lívia apenas ouvia em meio a suas reclamações o cozinheiro desesperado a sangrar e seus gritos de dores nem ao menos incomodavam seus pensamentos em entender o que havia acontecido em seu quarto.

--eu não quero saber de choro por aqui!limpe essa bagunça e avise aos guardas da casa para encontrar o culpado de me acordar senão voltarei aqui e farei um par para minha coleção!amanha viajarei para a Grecia e esse tormento arruinará meu sono por isso shiiiiiih silêncio.--mesmo sofrendo em dores o homem controlou-se e contendo seus gemidos ele a viu partir satisfeita com o fim do escândalo que ele havia feito.

 

Anna—precisa de mais uma prova?--perguntando baixinho e direta Anna encontrou no olhar de Xena o espanto e o congelado choque com a verdade que a paralisou.

 

********

 

Acordando com a falta de Anna ao seu lado,Cath sentou-se no sofá já dando de cara com Olivia sentada em outro móvel ao seu lado.

Ela permanecia pensativa e com os olhos a fitar o nada demonstravam a Catherine todo o seu receio de uma situação complicada.

 

Cath—deixe-me adivinhar...esta repetindo em sua cabeça que tudo ficará bem.

 

Olivia—é difícil não fazer isso...se você estivesse lá,visto ela e tudo que fez...--controlando-se em seus sentimentos de ódio ao lembrar Olivia virou seu olhar a garota totalmente descrente do que iria dizer.

--ela não é igual seu pai que vê em todos um obstaculo.ela mata porque gosta disto e ela tortura apenas para ver o quanto você pode suportar-la e implorar a ela para que te mate.--conseguindo ver o terror de suas palavras refletida no semblante de Cath Olivia e a jovem foram atraídas pelo barulho de um novo portal se abrir e do laboratório Xena saiu enojada com o que havia visto.

Subiu as escadarias o mais rápido que pode e da sala de estar todas ouviram o bater da porta.

 

Olivia—e então??

 

Gabrielle—não foi um dos nossos melhores passeios.--seguindo a guerreira Gabrielle subiu as escadarias indo direto ao quarto delas e Anna nada podia fazer com toda aquela reação da princesa guerreira.

 

Anna—eu nunca pensei que ter uma família complicada como essa fosse me dar tanta dor de cabeça.--sentando-se ao lado de Cath Anna ainda tentava tirar a macabra cena de decepamento de sua cabeça.

 

Olivia—agora sabe perfeitamente como seu pai se sentia a seu respeito.

 

Anna—cala a boca.

 

Ouvindo o celular sobre a mesinha a sua frente tocar Anna pegou o aparelho assim que viu no visor o nome tenente, deixando Catherine nervosa com seu rápido movimento e com um pulo as duas se ergueram do sofá cada uma surpresa com a reação da outra.

 

Anna—posso saber porque Ethan esta te ligando??--confrontando-a Anna viu o engolir seco da garota a sua frente.

 

Olivia—essa é uma resposta que eu vou adorar ouvir.

 

Cath—tenho certeza de que é sobre meu pai.

 

Anna—eu odeio Ethan com todas as minhas forças mas uma coisa que tenho que admitir é que ele esta tentando fazer seu trabalho, e se ele esta te ligando em relação a isso só quer dizer que você sabe onde seu pai esta.

 

Cath—Anna temos quase a mesma capacidade intelectual e creio que você já sabe a verdade..agora me dê o celular.

 

Anna—pode me dizer onde ele esta?!--curiosa Anna perguntou.

 

Cath—quem sabe...--com um sorriso no rosto Cath tinha Anna aonde queria.

 

Anna—te dou o que quiser por isso.--impulsiva Anna falou não se importando com as consequências disto.

 

Cath—ate um beijo daqueles que você só dá em Olivia??.(rs)--controlando-se para não aceitar aquela troca na frente de Olivia Anna sabia seus limites ao confrontar aquela escolha.

 

Anna--.....ok!!--aliviando-se pelo fim daquela pressão Anna avançou a Cath e com a proximidade desse encontro de bocas cada vez mais curto Olivia foi rápida o suficiente para tampar a boca da menina enquanto afastava Anna impedindo-a de beijar Cath para sua raiva.

 

Olivia—você é uma tapada mesmo!não precisamos achar William agora porque problemas é o que não nos falta!--tomando o celular de Cath ainda a tocar das mãos de Anna Olivia devolveu a garota.

 

Cath—droga..ela percebeu.--falando apenas para si Cath atraiu a atenção de Olivia.

 

Olivia—enquanto eu estiver por perto você não vai mais enganar Anna.(rs)

 

vendo Cath afastar-se para atender a ligação Olivia sentiu-se vitoriosa pela bela defesa de seu campo de batalha e por isso tinha o mais belo sorriso em seu rosto.

 

****

 

Depois de colocar para fora tudo que mal havia comido Xena ouviu as batidas na porta do banheiro em que estava a lhe chamar.

 

Gabrielle—Xena.faremos algo!quero dizer...sempre temos um plano!--esperando a morena abrir a porta Gabrielle permanecia inquieta com o silêncio do lado de dentro do banheiro ate que a porta se abriu.

 

Xena continuava pálida e ate mesmo enjoada com tudo que havia visto mas em seu olhar ela tinha a certeza do que faria.

 

Xena—ate onde você iria para ajudar-la Gabrielle??

 

Gabrielle—ate te ver feliz ao lado dela.

 

Descendo as escadarias Xena e Gabrielle surpreenderam Anna e Olivia que com sua volta inesperada atraiu seus olhares ansiosos para o que viria a seguir.

 

Xena—sua espada ainda é afiada Anna??

 

Anna—da ultima vez que olhei sim.

 

Xena—ótimo.eu tenho um plano.nós vamos sequestrar Eve.

 

Fim do capítulo