34 por Luciane Ribeiro
Festa
EVE
Ela ficou na minha frente, evitei qualquer tipo de contato com ela desde o término. Ver seu rosto e seu sorriso sínico, trouxe à tona todos os sentimentos reprimidos que eu mantinha sobre ela.A raiva ,decepção ,tristeza. Senti uma dor forte na cabeça e fiquei tonta. Minhas mãos começaram a tremer, pensei ser uma crise de ansiedade ou algo assim, fechei meus olhos para me sorrir. Nesse momento Talita entrou na cozinha. Recuperei o controle quando ela falou de Helena. Sim!Eu estava ali por ela, não era hora de me distrair com o passado.
-Estou atrapalhando alguma coisa?
-Nada, Tata!
-Procurei Helena ,pela casa toda e ainda não a encontrei.
-Oii!Quem é você?
-Sou Talita, amiga da Evelyn e da Helena! Quero saber onde ela está!
-Elas a trancaram naquele quarto.
-Só estamos dando privacidade para ela e nossa amiga. Lamento que ela tenha escolhido outra e não você Evelyn!
-Isso mesmo,Lu!Porque vocês não bebem algo enquanto esperam? Sei fazer uma ótima mula de Moscou...Talita,não é mesmo?
-Vocês têm quinze anos ?Essa versão de Meninas Malvadas não cai bem para mulheres da idade de vocês. Abram logo a droga da porta ou meu namorado policial vai acabar com a festinha.
-Humm!Adoro mulheres de sangue quente!Me chamo Ingrid, se um dia se cansar do seu namorado ,me liga. Vou adorar mostrar que não são só os policiais que sabem usar uma gema.
-Parem meninas, chega de provocações! Vou abrir a porta.
Quando Luana destrancou a porta, Helena saiu cambaleante e um pouco confusa. Assim que me viu ,ela veio apressada até mim.Se sentou no meu colo e me abraçou. Tatiana saiu logo depois, não parecia nada feliz. Ao contrário de Ingrid ,Luana e Laura. Tati era uma mulher muito correta e séria. Nosso relacionamento só havia terminado porque ambos tinham o coração ainda preenchido por outra pessoa.
-Não se preocupe, Eve. Não aconteceu nada entre nós naquele quarto. Ao contrário de minhas amigas.Eu sei respeito os sentimentos dos outros e ficou claro que Helena ama você. Tchau Helena ,foi um prazer te conhecer. E foi um prazer te rever Valentina.
-Espera Tati!
-Vocês passaram dos limites. Essa festa já deu pra mim.Peçam desculpas para a Helena.
-Não vai embora! Desculpe pela brincadeira!
-E acho melhor vocês pararem de beber,já estão sendo babacas.
Luana tentou falar com Helena, mas ela não quis conversar. Mesmo bêbada ela tinha ficado sentida por ter sido trancada no quarto com a Tatiana. Nós íamos para a Casa Verde, mas Helena insistiu em ir para a casa dela. Nos sentamos no sofá enquanto Talita procurava roupas e toalhas para que ela tomasse um banho. Nesse curto espaço de tempo ela começou a cochilar, fiquei com medo dela cair,então pedi que se deitasse. Seus olhos se encheram de água novamente.
-Helena...o que foi?
-Promete que não vai embora?
-Eu prometo.
Como alguém conseguiria ignorar aquela carinha?Me deitei no sofá e puxei ela para se deitar comigo,ela se ajeitou .Fiquei fazendo carinho em seu rosto até que ela adormeceu. Peguei no sono logo em seguida também. Sequer vi Talita nos cobrir e ir embora. Para um casal que estava "terminando". Estávamos muito próximos uma da outra.
Na manhã seguinte,acordei assustada ao ouvir um grito. Como em todas as manhãs, leve um tempo para me situar e onde estava ,me lembrei que estava na casa dela. Helena parecia confusa e envergonhada ao me ver. Entrei na cozinha e comecei a fazer perguntas para Talita para tentar entender e se lembrar dos acontecimentos da noite passada. Eu não queria, mas acabei de ouvir toda a conversa entre as duas. E agora eu estava irritado ,não apenas com ela ,mas principalmente com Luana e meus exs ,que me tinham pintado como uma grande cafajeste.Na tarde do dia anterior Talita me abriu os olhos para as inseguranças dela. Se eu queria que ela acreditasse que eu a amava e que não queria mais ninguém além dela, eu precisaria arrumar um jeito de provar. Mas antes eu preciso contar meu lado da história de tudo que falaram sobre mim e meus relacionamentos. Depois que Talita foi embora, pedi para Helena se sentar ao meu lado no sofá. Ela veio um pouco sem graça. Provavelmente ainda estava envergonhada por ter ficado bêbada. Trazia duas canecas bem cheias de café. Se sentou toda dura no sofá, como uma criança que sabe que está prestes a levar uma bronca.
Na noite anterior enquanto eu aguardava Helena dormir. Fiquei pensando em tudo o que aconteceu entre nós desde o dia em que nos conhecemos. É engraçado como só entendemos algumas coisas depois que nos tornamos adultos. Se eu tivesse percebido que minha felicidade na hora de estudar com ela já era amor.Eu nunca teria feito o que fiz e com certeza não teríamos levado tanto tempo para ficarmos juntos. Depois de morrer e voltar passei a ver o tempo de forma diferente. E agora eu não queria perder nem um segundo sequer da minha vida. Eu queria Helena mais do que tudo. E estava disposto a lutar com unhas e dentes para continuar ao seu lado. Pensei muito e tomei uma das decisões mais loucas de toda minha vida. Assim que o dia amanheceu, peguei o celular e liguei para minha avó,eu exclusivamente da ajuda dela com uma coisa que seria necessária para o que eu pretendia fazer. Conversamos por aproximadamente 45 minutos, ela tentou entender e ter certeza de que eu não estava louca.
-Tem certeza disso?
-Tenho!
-Você acaba de voltar à vida.Essa é uma decisão muito séria.Não está agitado por impulso?E se você se arrepender depois?
-Não vou!Mesmo que não dê certo ,vou me sentir em paz por ter tentado.A vida é curta vovó ,agora eu sei bem o quanto...
-Eu sei...mas isso...é...
-Vovó ,a senhora está me deixando nervosa. Vai dar tudo certo. Nossos sentimentos serão testados, mas tenho fé que venceremos no final.
-Bem!Se tem certeza ,vamos em frente, falarei com seus pais e resolveremos tudo.
-Obrigada vovó!
Minha mãe me ligou vinte minutos depois, deu um sermão sobre responsabilidade afetiva e coisas do tipo. Depois comecei a falar sobre o que pretendia fazer para realizar meu desejo. Depois que finalmente consegui desligar o telefone comecei a duvidar se estava mesmo fazendo a coisa certa. Essa dúvida começou a me preocupar até ela se sentar ao meu lado no sofá.
-Helena, sei que as coisas ficaram balançadas entre nós. Tenho consciência que colaborei para que você se sentisse inseguro. Eu desviei ter ido mais devagar quando comecei a falar dos meus planos, afinal nós ainda nem começamos a namorar oficialmente e você ainda está tentando se encontrar nesse mundo. Estava tão empolgada e ansiosa que queria o que você queria. Quais seriam os seus próximos passos nessa nova vida. Eu quero estar ao seu lado e te ajudar a se libertar cada vez mais, mas para isso, você também tem que querer.
-Como vou saber que não vai gostar de mim como aconteceu com as outras?
-Sobre meus relacionamentos passados. Ingrid não queria relacionamento, ela só queria sex* e eu dei exatamente o que queria. Fiquei com raiva porque eu disse a ela que não queria alguém só para a cama. A Laura, nós terminamos porque ela teve atitudes que consideramos inaceitáveis. Ela deixa o ego e a ambição sendo maiores da sua ética e empatia. Quanto a Tati, imaginamos ter dado certo, mas ela, assim como as outras, não era o que eu buscava.
-O que você tanto buscou? Todas elas são lindas, bem sucedidas, extrovertidas. Eram apaixonados por você. O que mais você queria? Talvez seja algo que eu também não possa te dar.
-Me dê a sua mão! E feche seus olhos. Mantenha-os fechados até eu falar para abrir. Certo?
-Certo!
-Em cada beijo, eu queria sentir o que senti quando te beijei pela primeira vez, em cada sorriso eu buscava seu jeito de sorrir, quando eu te dava uma bala de caramelo. Em cada pele que eu tocava, eu queria sentir a textura e o cheiro da sua. Não consigo ficar com ninguém. Porque é você que eu sempre quis e para você que eu quero entregar meu coração e dividir minha vida. Coloquei um anel no seu dedo. Helena abriu os olhos e ficou olhando para mim.
-Isso é um pedido de namoro?
-Não !Estou pedindo você em casamento de novo! Aceita casar comigo?
Fim do capítulo
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