RISCOS por lorenamezza
CAPÍTULO 3 A REGRA DO JOGO
O olhar de incredulidade se formou em Carrie.
- Bom dia! Desculpe, eu te conheço? - fingiu não conhecê-la, olhou para Susana imediatamente.
- Essa é Cameron. A arquiteta que te falei. - falou com certa empolgação.
Carrie apenas a olhou, enquanto Cameron preferiu se silenciar.
- Susan poderia vir à minha sala por favor. - sua voz demonstrava irritação.
- Cameron por favor, vá para o RH e leve seus documentos enquanto converso com ela. - Susan seguiu a sócia até sua sala.
Assim que entrou em sua sala, Carrie bufou, passou a mão pelos cabelos, se jogou em sua cadeira.
- Ela é a arquiteta que você falou? Aquela? - apontava para a porta como se mostrasse alguém que não estava ali.- Você não pode contratá-la.
- Porque? O que tem ela? O currículo dela é ótimo, veio bem recomendada. Qual o problema?
- O que ela fazia antes de se formar? No que trabalhou? Você buscou informações?
- Claro! Puxei ficha na polícia, pedi exame toxicológico como fazemos sempre. Não estou entendendo. Você me deu carta branca para escolher alguém. O que tá pegando.
Carrie se viu num beco sem saída e com medo de contar a verdade, mentiu.
- Não fui com a cara dela, sei lá. Não me parece confiável.
- Você não é assim Carrie! Por favor. Me dá um voto de confiança. Preciso de ajuda para que possamos terminar os projetos.
A arquiteta se calou por um segundo, se viu vencida.
- Tudo bem! Você tem razão. Ela vai trabalhar com você, se acha que está tudo bem. Desculpa.
- Obrigada! Vou para minha sala e começar os trabalhos com ela. Qualquer coisa estaremos à disposição.
Sozinha em sua sala, Carrie não conseguia tirar da cabeça o encontro com Susan. Mais calma ela começava a processar o encontro. Seu coração acelerou por um instante. Lembrou da noite em que a conheceu e de seus beijos.Falou sozinha:
“ Isso não pode acontecer. Se alguém descobre que ela é stripper e garota de programa, perco meus contratos.”
Respirou fundo, pegou o telefone.
- Janice por favor! Entre em contato com os Hecks. Diga que vou passar mais tarde no escritório deles.
- Sim senhora.
- Ah e se alguém me procurar, diga que não volto mais hoje. Vou resolver umas coisas.
- A senhora está bem? Você saindo mais cedo. - se espantou a secretária.
- Não tem nada demais, vou continuar a trabalhar, só que não aqui. Com os acontecimentos, preferiu sair do escritório. Juntou alguns documentos, seu laptop foi sentido ao elevador.
Entrou e ficou lendo algumas mensagens, nem percebeu que outra pessoa entrara junto com ela. Assim que ele começou a descer, levou um susto com a voz ao seu lado.
- Que susto! - arregalou os olhos.
- Você não lembra de mim né? - Cameron parou quase que de rosto colado com o de Carrie.
C Carrie pode sentir o perfume da mulher, quase sem querer olhou para o pequeno decote que ela exibia, nada demais, apenas um botão desabotoado. Aquele cabelo preso num coque bem feito, aqueles olhos Ah aqueles olhos que pareciam devorá-la. Voltou a si.
- - Você está falando da noite em que fez o programa com os ingleses? - a olhou com desprezo.
- O que? Não era isso. - Cameron cortou a frase a olhando sem entender. - Porque está dizendo isso?
- Porque será? Eu vi a hora que a senhora Goldfarb lhe deu o dinheiro para o programa e depois ela mesma falou que estava tudo certo com o programa. Cameron se calou, enquanto Carrie continuou.
- Não me importa o que fez. Dei um duro danado para manter meu nome, depois que meu ex marido foi pego com pessoas como você. - destilou sua fúria. Espero que isso tenha acabado.
Cameron não acreditou na frieza de Carrie.
- É isso que você pensa de mim?
- Não importa o que penso, só não quero meu nome na lama.
- Não se preocupe senhora Miller! Seu nome está seguro. - a mulher frisou com uma fala forte “seu nome”.
A porta do elevador se abriu, Carrie saiu rapidamente enquanto Cameron ainda processava a conversa nada amistosa.
No carro Carrie se descontrolou e chorou copiosamente, era a primeira vez que sentia algo tão forte por e com alguém, mesmo sendo uma discussão. Nem quando se separou de Liam se viu com os nervos à flor da pele como naquele momento. Se acalmou antes de dirigir, refez a maquiagem e partiu, aliás trabalhar a fazia esquecer de tudo, inclusive seus sentimentos.
Longe dali, Cameron, ainda em processo de ser empregada, pode ir para casa mais cedo. Seguiu rumo ao metrô, onde ainda pensava em como Carrie a encarava.
- Mãe! Consegui o emprego. - ela falava pelo celular.
- Que bom minha filha! E como são todos lá?
- Pelo jeito vai ser difícil mãe. Mas te conto quando chegar. Vou levar uma sopa para comermos. Beijo jajá chego.
Depois de 45 minutos ela chega em casa carregando dois potes de sopa.
Ela morava no número 120 da rua David, em South Amboy, em Nova Jersey. Bairro antigo, classe média, sua casa era a única que ainda não estava reformada. Era branca, ao redor da casa tinha uma cerca branca quebrada, uma pequena escada com alguns degraus quebrados, gramado por fazer.
- Mãe! Cheguei. - Cameron olhava para a cadeira de sua mãe, colocada à frente da televisão. Sem resposta, correu até ela. - Mãe! Mãe! - ela chacoalhou levemente sua mãe. Com a voz fraca ela respondeu.
- Calma, minha filha! Só estava cochilando um pouco. - puxou a filha para um beijo.- Estou bem filha.
- Trouxe a sopa que a senhora gosta. - ela se abraçava à sua mãe.
- Minha filha está carente. O que houve?
- Lembra da mulher daquela festa mãe? Aquela ricaça que dei uns beijos.
- Você quer dizer aquela que você se apaixonou né? - sorriu para a filha.
- O escritório que vou trabalhar é o dela. Eu já sabia né, só achei que nosso encontro seria diferente. - suspirou.
- Ela não se lembrou de você? - Não se lembrou da minha filhotinha linda que arrasa os corações das garotas do bairro. - Cameron se levanta e entrega a sopa para a mãe.
- Você nem gosta de sopa. Obrigada minha filha.
- Ela se lembrou sim. - baixou a cabeça. - Ela me viu recebendo o dinheiro daquela velha, Elsa.
- Você não explicou para ela filha? - a senhora tomava com dificuldade a sopa.
- Ela me tratou tão mal que nem consegui falar. Sempre li notícias dela nas redes sociais, me tratou como. - enxugou algumas lágrimas que começaram a escorrer. - Mas tudo bem. Preciso do trabalho, me formei para isso e esse dinheiro vai ajudar em seu tratamento.
- Minha filha! Você não fez nada errado naquele dia. Você salvou nossa casa. Esquece essa mulher e siga sua vida, se ela não sabe te valorizar. Você é uma filha de ouro. - beijou a testa da filha.
- Obrigada mãe! Como passou hoje? - elas sentaram juntas na frente da tv.
- Passei bem, com poucas dores. O remédio novo está ajudando.
- Que bom mãe. Tudo vai melhorar. -
Sua mãe Glória estava com câncer em estágio 3, com isso Cameron se desdobrava para manter sua casa e sua mãe bem. O novo emprego ajudaria e muito no tratamento e nos caríssimos remédios que a mulher tomava todos os dias.
Após tomarem a sopa, sua mãe adormeceu e a garota resolveu descer a rua e olhar o mar. Sentou-se na areia, sozinha, pensando em Carrie. Como estava enganada sobre ela. Logo sentiu uma mão em seu ombro que a assustou um pouco.
- Nossa Alicia! Você e sua mania de chegar de mansinho.- Cameron brincou.
- Você estava tão encolhida. Não resisti. Mas e aí, chegou cedo hoje. Deu certo lá? - ela se ajeitou ao lado da amiga
- Sim! Consegui o emprego. Mas vai ser difícil trabalhar com ela, sabe!
- Vocês se viram? Ela se lembrou daquele hot de vocês? - Alicia agarrava a garota a fazendo rir.
- Para Alicia! - gargalhou. Se lembrou do que eu não queria. Mas tudo bem, não vou trabalhar direto com ela, então vou fazer o melhor para manter o trabalho. Ah! Aliás, obrigada por ter ido ver minha mãe.
- Que isso! Vocês são minha família. Mas como sabe que estive lá?
- Quem é que deixa resto de suco na geladeira? - esboçou um sorriso.
- Esquece essa mulher e vai ser feliz. Pelo jeito só você se lembra daquele episódio. Afinal ela era casada na época. Você foi um escape. Afinal eles se separam logo depois.
- Sim amiga eu sei. Amanhã vai ser outro dia.
Fim do capítulo
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