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Uma Noite Encantada por Enny Angelis

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Palavras: 10741
Acessos: 638   |  Postado em: 17/01/2025

Capitulo 1

 

Ayane percorreu o olhar pelo espaço, observando as pessoas a seu redor, sorriu em cumprimento de algumas delas. Passeou com os olhos na direção dos dançantes e o deteve intrigada, dando toda sua atenção para uma pessoa do outro lado do salão. Havia uma mulher em pé com ambas as mãos nos bolsos da calça branca, enquanto mantinha o olhar fixo em sua direção. A encarou por alguns instantes, ela tinha uma presença física marcante, tanto na postura altiva quanto na elegância fina, o terno feminino em um branco impecável e o chapéu também branco com um detalhe preto em volta, lhe davam uma personalidade moderna e única, notou, em estranha sensação, absolutamente, ela não era dali, deduziu, devia ser alguém da cidade, era comum naqueles dias.

-- Desculpa. -- Ouviu uma mulher pedir ao ver que sua filha puxava sua saia.

-- Tudo bem. -- Ayane sorriu carinhosa fitando a criança que não tinha mais que dois aninhos. -- Oi lindinha. -- Disse fazendo um carinho nela que, sorriu em retribuição e em seguida saiu com a mãe.

-- Fofa!? -- Seu amigo sorriu após assistir a cena.

-- Amei a decoração desse ano, ficou linda. -- Ela ouviu outra amiga comentar.

Era noite de São João, como sempre a festividade daquela época já acontecia desde o dia anterior e, tanto a natureza ao redor, quanto a visão do céu, davam a festa e ao local coloridamente decorado com bandeirinhas e balões, um aspecto acolhedor e muito alegre. Ayane amava aqueles momentos, era quando fugia da rotina, além de ser um jeito diferente de encontrar com os amigos para um momento feliz.

-- Ficou linda mesmo. -- Ela concordou admirando em volta e aproveitando buscou o mesmo lugar que tinha lhe prendido o olhar anteriormente, mas para sua decepção, estranhou esse fato, a bela mulher não se encontrava mais lá, a procurou em outras direções, mas sem sucesso, não saberia dizer por quanto tempo retribuiu à aquele olhar, mas sabia que aquilo era novidade para ela, quase nunca conseguia retribuir olhares de estranhos, ainda mais tão intimidadores como aquele de instantes.

-- Que foi? -- Seu mais fiel amigo indagou-a a tirando de seus pensamentos.

-- Nada. -- Ela sorriu o fitando. -- Preciso tomar algo. -- Falou já levantando-se ao lembrar de sua sede.

-- Quer que eu vá comprar? -- O mesmo rapaz questionou gentil.

-- Não, tudo bem. -- Ela sorriu sincera e seguiu para a barraca das bebidas optando por um refrigerante. 

Saboreava o líquido gelado quando novamente seus olhos encontraram com os olhos da outra mulher. Ela estava um pouco mais perto que dá outra vez, no rosto uma expressão mais suave, mas não menos dominante e, não desviava o olhar em nenhum momento, pelo contrário mantinha-o firme em si. Ayane, como sempre, optou por encarar a lata vermelha em suas mãos, na verdade, foi obrigada a fazer aquilo, o olhar da outra a incomodava, tanto quanto, lhe despertava uma curiosidade, parecia um imã chamando pelo seu... E nessa vontade incontrolável levantou o olhar e para sua surpresa a outra mulher lhe mostrou um sorriso alvo, automática, Ayane retribuiu o singelo gesto para logo vê-la acenar levemente a cabeça no que lhe pareceu uma despedida, logo a deixando encarar apenas o espaço vazio enquanto seus sentimentos eram os mais confusos possíveis. Ainda tentou a seguir com o olhar, mas devido ao movimento das pessoas a perdeu de vista, balançou a cabeça em negação, estava dando importância demais para uma desconhecida, resolveu esquecer e voltar para junto dos amigos.

Assim que virou-se, Ayane prendeu a respiração em paralisia diante do que viram seus olhos, estes praticamente colidiram com os olhos negros brilhantes bem a sua frente. A outra a encarava a um curtíssimo espaço dela e diferente da última vez, Ayane não conseguia resistir a aqueles olhos. Eles pareciam duas estrelas brilhantes que ofuscavam seus mais simples raciocínios e movimentos. Sentiu um aperto no peito, este parecia querer explodir, algo lhe faltava, notou, para imediatamente lembrar que era o ar, precisava respirar, concluiu soltando imediatamente a ar dos pulmões e suspirando novamente em busca de sua sobrevivência, literalmente, refletiu, e este pensamento lhe despertou um riso espontâneo.

-- O que fez a moça rir bonito assim? -- A estranha indagou-a.

-- Oi? -- Investigou em reflexo. -- É... hum... -- Parecia uma idiota sem conseguir articular uma frase direito. -- Desculpa. É que... -- Ayane iria explicar, mas explicar o quê? -- Deixa pra lá. -- Riu sem graça desviando o olhar, finalmente, suspirou. -- Saltos aqui? -- Indagou ao notar aquilo, e arrependeu-se de imediato por achar uma pergunta tão desnecessária, não tinha nada a ver com as escolhas da outra, lembrou.

-- Bem, depois que a gente domina as pernas nessas coisinhas aqui, fica fácil. -- Advertiu mostrando os saltos nos pés.

-- Difícil. -- Ayane apenas sorriu em compreensão, só alguém bastante ousada para usar saltos naquele chão desnivelado ou uma pessoa como ela... diferente? Pensava ainda de cabeça baixa olhando um canto qualquer, sentiu-se uma ingênua por estar agindo daquela forma, então ergueu a cabeça e viu a outra mulher lhe mostrar pela segunda vez o sorriso que, descreveu como inteiramente sedutor, mas que pensamento era aquele? Se perguntou tentando não parecer tola demais diante da estranha a sua frente.

-- Eu gostaria de uma dessas bebidas...  -- Sorriu ligeira demonstrando interesse pelo refrigerante.

-- Ah, esse eu comprei bem aqui. -- Ayane respondeu simpática mostrando a barraca de vendas logo atrás de si.

-- O que me sugere? -- Indagou olhando-a.

Ayane foi pega de surpresa, mas pensou por alguns instantes em avaliação.

-- Eu sugiro o mesmo que o meu. -- Disse se referindo ao refrigerante, sorriu.

-- Perfeito! -- A mulher concordou e com uma naturalidade que Ayane achou absurda, viu a estranha tomar o objeto de sua mão e com extrema calma sorver alguns goles do refrigerante de forma despudoradamente sensual, enquanto a fitava nos olhos descaradamente e, a seguir, a devolveu mantendo um sorriso singelo nos lábios. Não soube por quanto tempo ela ficou em transe absoluto mediante aquele ato, o olhar penetrante e misterioso, o sorriso cativante ao extremo, tudo lhe era surreal, belo, um convite explicito e esplendido para o desconhecido, sentia-se totalmente atraída por tudo naquela mulher, era estranho, confuso, e ao mesmo tempo arrebatador e fascinante, não sabia explicar.

Então, optou apenas por manter sua atenção na latinha em suas mãos, revezando entre bebericar enquanto mantinha o olhar fixo em algumas pessoas que dançavam. No entanto, sua atenção estava totalmente voltada para a mulher a seu lado, a qual fazia um esforço enorme a avaliando de soslaio, já havia notado que encará-la de igual para igual era impossível, primeiro por ela ser mais alta que ela mesmo sem os saltos, segundo que aquele olhar, assim como, toda aquela mulher era intimidadora.

-- O que é bom aqui? 

Escutou-a indagar quebrando o silencio entre elas, rezou para ela não ter percebido seu leve sobressalto repentino. Ayane, não soube o que dizer de imediato, o que ela queria saber exatamente? Questionou-se, mas o olhar ainda inquisidor da outra não lhe deixou escolha, a não ser, oferecer alguma coisa em resposta. 

-- Eu gosto das comidas, das bebidas, do colorido do lugar, da grande fogueira, das músicas, das pessoas dançando. -- Narrou enquanto gesticulava sem olhá-la especificamente.

-- Nunca tinha experimentado nenhuma dessas bebidas ou comidas locais. -- A mulher lhe confessou mostrando de novo um sorriso atraente. -- E eu realmente gosteis dessas músicas animadas. -- Ayane, foi tirada de seu torpor pela voz da outra bem mais próxima dela, em surpresa, literalmente, arrepiante a olhou em agrado, fora impossível conter aquela vontade. -- Sabe dançar?

-- Digamos que eu enrolo. -- Sorriu a fitando por um instante. -- Eu não sei o seu nome. -- Ayane lembrou.  

-- Me chamo, Yara. -- Revelou a presenteando novamente com o gesto mais singelo, natural e tão embriagador quanto o olhar. -- Ayane, correto? -- Yara sorria a olhando enquanto deu um passo tomando a frente.

-- Sim... -- Ela concordou surpresa a seguindo na caminhada, não lembrava de ter dito seu nome a ela, no entanto, como desde o começo, Yara já a intrigada apenas com um olhar, e no quão incalculável era o esforço que tinha que fazer para ser normal diante dela, como ela soube era o de menos, pensava.

-- Pode não parecer, mas eu sou bem sociável. -- Yara falou de repente obtendo total atenção de Ayane. -- Então foi fácil saber seu nome. -- Sorriu. 

-- Está aqui por algum motivo em especial? -- Ayane indagou sem esconder o fato de que estava curiosa sobre a mulher a seu lado.

-- Sim. -- Yara afirmou. -- Todos temos motivos para estar em algum lugar, uns especiais outros nem tanto, mas sempre existe um motivo, não acha? -- Sorriu moderadamente.

-- Bem, isso é verdade... -- Ayane proferiu aborrecida com sua pergunta. -- De onde você é? -- Queria saber mais sobre ela. -- Não é daqui, tenho certeza. -- Afirmou sincera.

-- Por que acha que não? -- Yara rebateu demonstrando interesse. 

-- Ah, sei lá! -- Ela confessou parando e encarando-a em um sorriso. -- Esse seu jeito me confunde. -- Completou um tanto sem jeito, desviando sua atenção para o lado o que fez Yara sorrir.

-- De onde viemos ou de onde somos, não é prioridade, o importante é quem somos agora. É isso que devemos ter em mente sempre. -- Yara argumentou tomando a frente novamente.

-- Mas isso não seria conhecer alguém pela metade? -- Ayane questionou em conflito. -- Saber de onde uma pessoa é, o que passou para chegar até certo ponto, faz parte da vida dela e isso é importante, pelo menos pra mim é. -- Completou sincera a acompanhando nos passos.

-- Não falei que não era. -- Yara disse com calma, como tudo que fazia. -- Por que saber onde tal pessoa nasceu ou onde ela mora é tão necessário pra você?

Ayane ficou a pensar naqueles questionamentos, não sabia o que dizer, eram importantes? Agora não tinha mais certeza de nada, Yara a embaraçava.

-- As pessoas se prendem a coisas desnecessárias ao invés de aproveitar o momento -- Yara continuou despertando a atenção de Ayane novamente. -- Do que adianta eu saber onde tu moras, como conseguiu chegar na vida que tem hoje, se não der valor aos detalhes presente em você nesse exato momento? -- Indagou-a e continuou sem esperar resposta. -- Se eu os perco, jamais saberia que o teu sorriso é lindo, que você desvia o olhar a cada instante que se sente intimidada ou insegura com alguma coisa ou alguém, que és carinhosa com cada criança que vê, que é simpática e atenciosa com cada pessoa que lhe dirige a palavra ou um simples sorriso?

Ayane estava deveras surpresa com as observações de Yara, em poucos minutos ela notará tudo aquilo nela? Podia jurar que Yara lhe conhecia mais que ela própria.

-- O momento presente é o mais importante que temos, Ayane. Ele determina tudo em nossa vida, ou grande parte dela. Se dou atenção ao momento e em quem está a minha volta agora, as outras respostas virão com naturalidade, muitas das vezes sem sermos questionados ou questionar. -- Yara finalizou serena.

-- Nossa! -- Foi somente o que Ayane conseguiu expressar mediante a tudo que ouviu e aos milhares pensamentos que povoavam sua mente... Yara apenas sorriu, conseguiu notar. -- Você gosta de branco? -- Questionou para uma leve gargalhada de Yara.

-- Você gosta de perguntar não é? -- Yara deduziu mantendo um sorriso frouxo nos lábios.

 Ayane apenas sorriu de forma encantadora, encarando aquela mulher misteriosa e ao mesmo tempo atraente.

-- Só em momentos especiais. -- Yara sorriu de lado a fitando tão profundo.

-- Você fica bem. -- Ayane falou seguindo um instinto que não sabia que tinha.

-- Você também fica muito bem assim! -- Sorriu agora verdadeiramente sedutora.

Ayane, teve que olhar-se para verificar o que vestia, estava tão absorta que não conseguiu lembrar, só então viu sua saia longa em estampa floral e a blusa curta mostrando ligeiramente sua barriga, sorriu genuinamente encabulada. Para ela, já era como se aquela mulher a despisse a alma de tão penetrante que era aquele olhar infindo e brilhante, e sua peça de cima da roupa ainda facilitava aquela invasão.

-- Obrigada! -- Conseguiu articular.                                                                      

Yara mal se movia, atinou, seus gestos eram simples e extremamente contidos, dando a ela uma elegância formidável, e aquele seu olhar era suficientemente constrangedor tão quanto era cativador. Não conseguia explicar sua atração descontrolada e sua curiosidade por aquela pessoa a seu lado. Nunca se sentira daquela forma por ninguém. Desvendá-la era sua maior vontade no momento, e de todas as formas possíveis.

-- Não sei se reparou, mas é noite. -- Ayane, lembrou com um sorriso irônico, se referindo ao chapéu.

A outra mulher abriu um sorriso mais à vontade com aquela observação. -- É? Nossa eu pensei que aquela bola redonda brilhante ali fosse o sol, desculpa. -- Rebateu dramatizando enquanto mantinha um sorriso escondido através dos lábios carnudos, perfeitamente, contornados por um tom rosado natural.

-- As pessoas notam rapidamente, ainda mais vestida desse jeito. -- Argumentou.

-- Toda de branco? -- Yara indagou.

-- É branco? Oh, nem notei. -- Ayane, resolveu devolver a brincadeira de instantes atrás a fazendo rir. -- Mas eu ia dizer formal demais. -- Completou sincera. -- Desculpa... -- Admitiu tímida

-- Não precisa se desculpar. -- Yara advertiu sincera.

-- É... -- Disse em pensamentos e sem que percebesse gesticulou com a cabeça rindo em negação.

-- Posso saber o que é engraçado?

Ayane ouviu-a indagar, como ela conseguia fazer aquilo? Era tão óbvia assim? Se perguntou sentindo o coração palpitar. -- Existe uma lenda por aqui. -- A olhou calma revelando o seu pensamento de instantes. -- "A lenda do Boto Rosa", onde nessas épocas de festas, em noite de lua cheia, o boto, um animal parecido com o golfinho faz uso de poderes mágicos, se transforma em um homem muito bonito, ele aparece nas festas vestido todo de branco e chapéu na cabeça, seduz a mulher mais bonita e a leva para fundo do rio, a engravida e vai embora. -- Ayane narrou calmamente a lenda que ouvia desde criança.

-- E você acredita nisso? -- Yara indagou mantendo seu olhar fixo no dela. Ayane riu fitando o chão, deu de ombros pensando em uma resposta. 

-- Não necessariamente acredito nem desacredito... Eu nunca vi, só ouço as histórias. -- Olhou a outra mulher a seu lado e sorriu. -- Então é complicado explicar, é uma lenda, mas tem gente que acredita e que diz já ter passado por isso, acho particularmente e, sinceramente, eu acredito que isso é uma desculpa para explicar o inexplicável, ou seja, a óbvia pulada de cerca. -- Confessou para em instantes depois seus ouvidos serem presenteados pela sonora e deliciosa gargalhada da outra mulher sem resistir a seguiu também, só que de forma mais contida... -- É difícil acreditar, mas também é impossível, simplesmente, não acreditar. Somos pessoas de muitas crenças e costumes. -- Ayane confessou buscando o olhar de Yara, estava começando a se acostumar com as sensações provocadas por ele.

-- Eu notei isso mesmo. -- Yara constatou segurando seu olhar no dela por alguns instantes em seguida o desviou olhando em sua volta. -- Aqui por exemplo, é tudo tão colorido, tão alegre e animado, cheio de vida, há personalidades e peculiaridades em cada canto, cada pessoa e cada detalhe... Seu lar é empolgante e belo. -- Afirmou em um olhar sincero.

-- É, eu gosto daqui. -- Ayane sorriu, compartilhava daquela opinião.

-- Ayane!? -- A mesma escutou uma voz conhecida a chamar, virou vendo seu amigo acenando de longe e aos pulos a chamava, riu em negação acenando de volta para ele, e a seguir notou que Yara não estava mais a seu lado. Não escondeu a decepção ao vê-la seguir em direção às demais pessoas ali perto, suspirou enquanto a acompanhava com o olhar, não deixando de notar o quão ágil ela era naqueles saltos, como ela conseguia? Se perguntava vendo-a sumir de sua visão, suspirou pesarosa.

-- Aya!? -- Junior a despertou já ao lado dela. 

-- Que foi? -- O olhou um tanto irritada.

-- Que foi digo eu. Vai para aonde? -- Ele indagou curioso.

Foi somente após a indagação do amigo, que ela fora se dar conta de onde encontrava-se, olhou em volta, estava afastada cerca de uns dez a quinze metros do espaço demarcado e decorado onde circulavam as pessoas e acontecia a festa, havia somente um casal conversando ali próximo, como fora parar ali sem perceber? Perguntou-se ainda confusa.

-- E então? -- Ele insistiu em uma resposta a tirando de sua confusão.

-- Eu só estava... espairecendo. -- Advertiu ainda procurando por Yara, logo se decepcionando, pois não a viu em lugar nenhum. O que lhe causou uma sensação estranha e diferente, jamais sentida de forma tão clara e rápida, antes, estava atraída por Yara? Uma mulher, uma estranha? Perguntou-se. Não podia ser, refletiu, estava somente deslumbrada por uma pessoa tão diferente dela e de seu povo, estava confundindo as coisas, concluiu.

-- Aqui tá chato, vamos voltar pra lá? -- Seu fiel amigo a chamou.

-- Não, acho que vou descer lá na praia. -- Ayane falou olhando o caminho que a levaria ao local, queria distrair-se pois sua estranha e descontrolável sensação ainda era latente.

-- Não! -- Ele negou de imediato. -- Está escuro e não quero que vá sozinha.

-- Que escuro, Junior? Olha esse clarão. -- Ayane riu abrindo os braços mostrando o lugar de fato iluminado. -- E gosto de ir lá.

-- Você fala que essa época te faz sair da rotina. -- Ela ouviu o amigo dizer, mas apenas sorriu. -- Mas sempre faz as mesmas coisas. -- Ele completou posicionando-se a seu lado.

-- Eu gosto!

-- Eu sei... Só vim ver se estava bem. -- Ele avisou.

-- Estou bem, pode ir beber todas agora. -- Sorriu, já sabia que ele a procurara para se certificar daquilo, amava-o como irmão.

-- Certeza? -- Ele abriu um sorriso largo.

-- E tu ainda diz que eu que não saio da rotina. -- Ela disse em observação o fazendo gargalhar.

-- Mas eu diferente de ti, não amanheço na mesma cama. -- Advertiu e ambos gargalharam.

-- É... -- Ela proferiu em acordo, seu melhor amigo estava certo.

-- Vai ficar bem?

-- Como sempre. -- Ayane, afirmou em um sorriso.

-- Tá. -- Ele sorriu e a beijou com carinho. -- Cuidado. Te vejo amanhã.

-- Até. -- Ela ficou assistindo-o se afastar... Por consequência, olhou pelo lugar em que havia perdido Yara de vista, sem sucesso, ampliou seu campo de visão a procura da mesma, mas para seu desapontamento, não teve sorte. Estranhava o fato de querer tê-la por perto, a impenetrabilidade daquela mulher lhe cativava de um jeito que não sabia compreender e nem explicar, aquele olhar dela era simplesmente um lugar que se perderia facilmente, era infinito de todas as formas. No mistério, na doçura, na fascinação, nos sonhos, na realidade...

Suspirou conformada, aquela noite estava especial, seu coração estava leve, e incrivelmente diferente das outras, se sentia calma e inexplicavelmente feliz, apreciou o céu, as estrelas brilhavam mais lindas do que nunca, amava observá-las, era uma beleza incompreensível, lhe trazia paz, mas nenhuma delas tirava a beleza maior da lua cheia e brilhante a seus olhos, o satélite natural parecia estar tão próximo da terra naquela noite, para ela que era uma amante da natureza, em especial a beleza da lua e seu clarear, sorriu deslumbrada, simplesmente lindo, comprovou, em seguida se livrou da lata de refrigerante agora vazia em sua mão, e tomou o rumo da beira do rio, não muito longe dali.

Naquela época do ano, o rio baixava dando oportunidade para as praias que surgiam tornando mais linda a paisagem daquele lugar. Os bancos de areias rodeados pela água doce eram completamente clareados pela luz do luar, lhe trazia uma sensação de paz e felicidade, era uma beleza indescritível a seus olhos, então apenas se permitia sentir.

-- Perfeito. -- Ela proferiu em um sorriso ao chegar onde queria. 

Fechou os olhos erguendo a cabeça e por um tempo se permitiu sentir o vento lhe tocar o corpo em uma caricia fria e maravilhosa, constatou e sorriu. Ao fundo ouviu o som de uma música que adorava e, deixando-se levar pelo embalo da vontade deixou seu corpo corresponder aos estímulos das batidas da música. Seus pés automáticos e ritmados arrastaram-se para frente e para trás, alternados, pegou sua saia e a levantou levemente, seu corpo já bailava sensual e ágil, além de amar aquele ritmo ela o sabia dançar muito bem, seus gestos eram precisos e perfeitos, em seus lábios um sorriso leve e adorável e de olhos fechados ela se deixava levar...

Era a primeira vez que fazia aquilo, estava surpresa com o fato, no entanto, não podia negar que estava adorando um outro momento diferente naquela noite. Embora estivesse no mesmo lugar e submissa a fazer as mesma coisas, para ela não estava nada igual aos anos anteriores, pelo contrário, estava sendo tudo extraordinariamente diferente. E aquilo era a prova disso rodou deixando o som de seu riso ecoar pelo ambiente, para prontamente o reprimir mediante ao que seus olhos avistaram à metros de si...

Uma silhueta já conhecida por ela estava parada a observando. Yara estava encostada em uma estaca, mão esquerda no bolso da calça branca e com a direita segurava os saltos, Ayane a encarava ainda perdida e sem reação. Yara mantinha um leve sorriso de canto nos lábios, era nítido que gostava do que via... E de modo algum de retesou ao saber que fora descoberta ali por Ayane. Pelo contrário, Yara mantinha a mesma posição enquanto a observava ali a encarando. A sombra do chapéu não permitia Ayane ver os olhos que tanto a fascinavam e incomodavam, vai ver era por isso que ainda a fitava sem interrupções, pensou.

-- Não tinha te visto. -- Finalmente confessou em um sorriso tímido, levou uma das mãos aos cabelos, o arrumando um pouco, pois o leve vento os balançava.

-- Continue. -- Yara pronunciou ainda imóvel.

Ayane não escondeu sua surpresa, não sabia o que fazer, normalmente não tinha vergonha de dançar, mas naquele momento aquela sensação lhe apossava por completo.

-- Ah não! -- Riu nervosa. -- Foi só uma brincadeira de momento. -- Afirmou.

-- Desejo que continue...

Ayane ouviu suave e doce ao mesmo tempo em que viu Yara dar alguns passos e sair da leve sombra logo parando a sua frente, agora podia ver perfeitamente os olhos fascinantes, ela estava tão próxima que Ayane sentira falta da sensação da distância de instantes atrás e pela segunda fez aquela noite fora obrigada a prender o ar. Era tão mais fácil encará-la quando estava longe, observou, mas sentindo mais necessidade que vergonha ela se permitiu mergulhar naqueles olhos enigmáticos na maioria das vezes, mas que estranhamente naquele momento se mostravam interessados em tudo que ela poderia oferecer. De repente, o fato dela ter a seguido até ali e tão espontaneamente lhe pedir para dançar parecia natural, sorriu em estranhamento interno. Dançaria para ela? Uma estranha mulher cujo o olhar lhe atraia tão intensamente...

-- Por favor... -- Yara insistiu em um sussurro.

Ayane ouviu os lábios articularem aquilo, entretanto não foi isso que a convenceu e sim o pedido quase gritante que viu naqueles olhos perfeitos. Como aquilo era possível? Ela não sabia... A ideia de atender aquele pedido quase exigência de uma mulher praticamente desconhecia, num lugar como aquele era um pouco assustadora, mas não o bastante para fazer Ayane mudar de ideia.

-- Eu danço! – Ayane pode ver o sorriso ser mostrado com sutileza. – Mas você terá que dançar comigo. -- Desafiou um tanto maliciosa e suspirou forte quase gem*ndo ao sentir as mãos de Yara lhe tocar a cintura, a quentura daquela pele junto com o calor do momento os fizeram-na fechar os olhos em um prazer nunca antes despertado... Então apenas levantou a barra da saia as prendendo junto com suas mãos ao quadril e em seguida os abriu decidida e viu Yara lhe mostrar um sorriso deslumbrado.

Ayane girou se pondo de costa para ela e como se quisesse presenciar aquele momento com maior maestria a natureza se encarregou de dar uma ajudinha. O vendo que vinha da mesma direção do local da festa soprou mais forte trazendo consigo o batuque mais alto da sedutora melodia e foi nesse embalo que os quadris de Ayane iniciaram um rebol*do ritmado e lento.

Sob a luz de um céu profundo Yara desfrutava daquele momento encantada, seus olhos estavam mergulhados em um mundo distinto. Ayane dançava com maestria sedução e a outra mulher apenas se dava ao desfrute de assisti-la extasiada. Os olhos brilhantes viajavam pelo encanto corporal dela, pelo imã penetrante do olhar de Ayane que sempre se perdia nos seus quando se encontravam... Naquele bailado Ayane parecia lhe seduzir de uma forma sem volta. Ela era a telespectadora e como tal Yara observou-a desfilar se pondo de frente pra ela olhos se namorando a todo instante, e em um movimento escorregou lentamente milimetricamente próxima, e sem sequer tocá-la provocou uma ebulição enigmática por todo o seu corpo seguindo até seu sex* que pulsou latente e era exatamente ali que estava o rosto de Ayane, provocante, delirante, enquanto seus olhos cravavam o seu, parecia querer lê-la ou provoca-la, e em instantes que pareceram uma eternidade ela subiu de volta em um balançar, sempre de acordo com a música, os olhos também dançavam, perseguiam e provocavam os seus, notou os tendo agora próximo aos seus para logo se perderem em um girar rápido da mulher, se afastando tão rápido quanto voltava. Ayane sorriu a olhando de volta agora a um metro longe, um abismo para quem estava tão próximo a segundos, Yara notou. E então a observou guiar suas mãos pelos quadris pegar a saia e reergue-las juntas em frenética sintonia com o balançar dos toques ouvidos, e assim envolveu os cabelos e rodou, um giro para que logo os olhos se encontrassem em sorrisos, e quando se perdiam Yara buscava conforto no corpo que a rodeava em um doce balançar...

O cheiro dela se fez tão forte quanto a quentura ao senti-la colidir tão repentina ao seu corpo de costa para si. Em um esfregar provocante delirante, estava perdida, numa vontade de tocá-la e assim o fez, ambas as mãos pousavam firmes sobre o abdômen dela, agora delirava com os cabelos liberando um instigante perfume e o corpo arrepiando com o ardente aquecer daquele toque. E assim elas ficaram por um demorar de segundos para só então deixarem os dois corpos rebol*rem na mesma frequência da música e dos desejos. Desceram e subiram aos soar da flauta hipnotizante. Ayane buscou os olhos de sua parceira, os dela já lhe fitavam em expectativa, sorriu tendo seus braços abertos e erguidos por ela em uma coreografia perfeita, girou ficando de frente, os mesmo olhos já lhe aguardavam latentes e famintos. Se afastou em mais um rodopiar dançante, voltou em olhar sedutor, deixando sua mão pousa sobre a nuca da mulher agora a seu lado. Em vontade e estímulo Yara também fez o mesmo com a sua mão sobre a nuca da mulher e juntas elas giraram, caminhos opostos que seguiam um mesmo desejo permitindo aos olhos vidrados momentos apaixonados. As mãos e corpos em transe enfeitiçado trocaram de posição agora em um giro ao contrário, na mesma sincronia. Pararam, os olhos na mesma ousadia e em constante querer elas permitiram os corpos grudarem, agora de frente, Yara levou suas mãos para a cintura de Ayane a segurando firme e delicada. Ayane em expressão misteriosa e sedutora permitiu que seu corpo curvasse ao máximo para trás, Yara a segurou com olhos observadores, e com os lábios suplicante também curvou-se de encontro a ela, beijou demoradamente aquela barriga exposta e subiu o olhar em busca do outro que com sua ajuda embriagante voltava a postura de pé, bailaram indo e vindo juntas, perfeitas até o último acorde do som, que cessou... A vontade daqueles corpos em desfrutar de um prazer maior era arrebatadora, quase que descontrolada, contudo, bem diferente do que seus pensamentos, desejos e corpos gritavam em acordo mútuo, o que veio a seguir fora tão calmo quanto a água plana daquele rio. Um sorriso doce se formou em ambos os lábios das mulheres que em um abraço frouxo curtiram a brisa leve enquanto os olhos se encaravam fixamente na tentativa de compreender aquele momento ou simplesmente desfrutar um pouco mais dele.

-- Por que veio para cá?

Foi a frase que quebrou o silêncio arrebatador entre elas. E como quebra de um encanto e decepção de Ayane, aos mãos da mulher ainda considerada misteriosa aos seus olhos deixaram seu corpo tão rápido quanto tinham chegado, suspirou ainda tentando fazer sua respiração e coração voltarem ao ritmo normal. 

-- Eu gosto de ter um tempo sozinha sabe? -- Ayane confessou encarando sua inquisidora por um instante, logo desviando o olhar para a água a frente delas. O reflexo da lua nela dava uma beleza maior, sorriu admirada e como que voltando a seguir um de seus velhos rituais ela sentou-se ao chão de arreia fofa e levemente gelada e pela primeira vez aquela noite foi Yara quem a seguiu em um ato, sentando a seu lado.

-- Então quer dizer que eu estraguei esse momento. -- Yara comentou olhando a mulher a seu lado, mas apenas o perfil do rosto de Ayane. -- Desculpa.

-- Não! -- Negou de pronto deixando seu olhar mergulhar no da outra. -- Quero que fique. -- Foi definitivamente uma súplica e não conseguiu acreditar no que acabara de fazer, apenas suspirou voltando a olhar o rio e um sorriso espontâneo se formou em seus lábios. -- Eu amo a lua. -- confessou serena agora sem desviar os olhos da luz brilhando sobre a água. – Em especial a lua cheia. – Disse agora voltando o olhar para o céu ao horizonte.

-- Eu também amo a lua cheia, é quando me sinto livre por algumas horas. -- Foi a vez de Yara confessar também admirando-a. -- O que tem de tão especial no que você ver? -- Yara questionou sinceramente interessada.

-- É só olhar... -- Ayane afirmou gesticulando a cabeça mostrando o local.

-- Diga. -- Ela insistiu.

-- Pra mim é a natureza da forma mais natural e pura de se ver. -- Suspirou fechando os olhos, não precisava olhar para saber exatamente como era a visão a sua frente, talvez porque já tinha observado o suficiente para ter tudo em mente ou simplesmente porque tudo ali lhe era simples e familiar e então assim ela permaneceu e continuou. -- Eu amo como o brilho da lua reflete por toda a extensão da água, é como se a luz buscasse desvendar todos os mistérios presentes em suas profundezas, mas ao mesmo tempo não conseguisse tais respostas, é como se todo o brilho ali presente também fosse capaz de ofuscar todas as verdades e, assim, ambos vivessem um dilema dramático e fascinante por algumas horas. -- Suspirou resignada, sinceramente ela não conseguia entender a própria paixão pelas coisas mais simples, coisas que ninguém dava nenhuma atenção, mas ela simplesmente amava, observou deixando seus olhos abrirem e buscarem a mulher extremamente silenciosa a seu lado.

Ayane a fitou num misto de admiração e curiosidade, de olhos fechados a outra mulher ainda fitava a céu, seu rosto era tão belo, perfeito, o chapéu lhe dava um ar moderno e atraente, combinava com seu rosto que ali de perfil lhe era uma obra prima. Era prazeroso a olhar, notou, mas logo sentiu os olhos negros brilhantes encararem os seus, sentiu seu coração disparar de imediato, aquela retina parecia lhe estudar até os pensamentos, se não fosse sobrenatural demais, tinha certeza que a outra mulher poderia ler sua mente só com aquele olhar, sentiu receio mesmo sabendo que era impossível, então desviou o olhar.

– Ou talvez seja somente eu imaginando coisas onde não tem. – Confessou ainda em um olhar perdido sobre as águas claras. -- Como o meu amigo diz, são coisas que apenas eu gosto de tanto que é um saco. -- Ayane disse sorrindo sincera buscando o rosto da mulher a seu lado.

-- Não. -- Yara discordou também a olhando. -- Você narrou com tanta emoção e propriedade que eu fechei os olhos tentando me permitir a ver tudo isso através dos teus olhos, do jeito terno e único de como você ver. -- Confessou em um olhar de fato admirado sobre ela.

-- Nossa! -- Riu sem crer. 

-- Pode não acreditar, mas eu conheço bem esse lugar que você narrou com tanto esmero. -- Yara voltou sua atenção a praia a frente delas e logo depois a imensidão de água. -- Esse lugar tem suas belezas, guarda muitas coisas boas, porém, assim como todo lugar esse também tem seus mistérios, essas águas encobrem muito perigo, um mundo que só quem conhece entende. -- Sorriu a fitando e abriu mais ainda ao notar que Ayane a olhava numa mistura de admiração e receios.

-- Fala como se entendesse e soubesse o que tem lá. -- Ayane constatou com certo receio.

-- Não tenha medo, você mora aqui, eu não, então tem mais propriedade do que é perigoso ou não por aqui, assim como quem. -- Explicou em um sorriso leve. -- Assim como você me fez ver tudo isso com os seus olhos. Eu achei que deveria mostrar a você o meu ponto de vista. -- Esclareceu sincera.

-- Nada mais justo. -- Ayane não escondeu o quão deslumbrada estava naquele momento, então sorriu.

-- Você me fez ver coisas que nunca havia reparado, a natureza realmente é dívida... Absolutamente divina. -- Yara falou explicitamente mirando os olhos de Ayane, fato que a fez desviar os seus.

– Mas e você por que está aqui? -- Ayane indagou deveras interessada.

-- Porque você está aqui! -- Advertiu mantendo o olhar, olhar esse que Ayane buscou surpresa. -- A mulher mais linda da festa está aqui, então é o lugar que eu quero está. -- Afirmou.

Ayane literalmente abriu levemente a boca, a outra confessara com uma voz segura e sedutora enquanto aqueles olhos penetrantes lhe atingiam tão fundo fazendo-a arrepiar-se por completo, que pensara está sendo tocada por eles em todos os pontos mais sensíveis de seu corpo. 

-- Ob... Obrigada... -- Sussurrou incontrolavelmente envergonhada desviando o olhar para longe dos da outra. -- Mas eu não quis dizer exatamente aqui onde estamos e sim em um lugar tão rural. -- Riu tímida, mas sem encará-la.

-- Eu vim para a festa, comer, beber, me divertir, conhecer pessoas... -- Respondeu mantendo seus olhos fixo em Ayane.

Ayane suspirou forte, mais pesado até do que de fato gostaria, não conseguia entender as respostas dúbias da mulher a seu lado, era frustrante não conseguir com que ela lhe tirasse as dúvidas e alcançasse algo que de fato fosse concreto e compreendido por ela. Queria mais que um rio de confusão em sua cabeça, mas suas indagações não surtiam efeito algum, notou, estava tentando a tempos e sem sucesso, talvez no fundo a outra tivesse mesmo razão, ela deveria parar de indaga-la e simplesmente aproveitar o momento, decidiu voltando o olhar para a mulher a seu lado, esta, matinha a visão para o horizonte, parecia absorta a ela, observou... E em um ato mais automático do que pensado, Ayane estendeu sua mão em direção ao chapéu, queria ver os cabelos por ele escondido.

-- Cuidado, cabocla! -- Ayane assustou-se ouvindo ao mesmo tempo em que teve sua mão presa pela da outra com agilidade, suspirou resignada, lógico que Yara não a deixaria tirar aquele chapéu.

Yara a fitou firme, Ayane também confrontou-a com seu olhar, enquanto sentia sua mão presa na dela, havia gentileza no toque e somado aquele ato, sentia um prazer indescritível ao se permitir encarar os olhos de um negro tão brilhante e profundo, sempre lhe provocando a sensação de que ela poderia lhe desvendar os mais íntimos segredos ao mesmo tempo que ofuscava os próprios, era uma inundação de sensações que inexplicavelmente adorava estar, profundamente perdida naquele infinito mistério. Quem era aquela mulher? Era impossível não formular perguntas. Essa e tantas outras povoavam seus pensamentos. 

-- “Eu venho de um mundo

que tu não conheces...”

E de novo como se decifrasse seus pensamentos, Yara proferiu deixando sua voz ecoar por aquela curta distância entre elas e lhe invadir tão profunda quanto era seu olhar sob ela.

-- “do onde, do quando,

do nunca, talvez…

Eu venho de um rio

perdido em teus sonhos,

um rio insondável

que corre em silêncio

entre o ser e o não ser.

Eu venho de um tempo

que os homens não medem,

nenhum calendário

registra os meus dias.

sou filho das ondas

que gem*m na praia,

sou feito de sombras

de luz, de luar

e trago em meu rosto

mandinga e mistério

e guardo em meus olhos

funduras de um rio.”

Aquilo era um poema, Ayane compreendeu ao reconhecer aquelas palavras ritmadas, já o havia lido algumas vezes, sempre o achara lindo, mas naquele momento sendo declamado de forma tão proprietária, tão entregue, tão fascinante e tão única de se ouvir, de sentir... Era a primeira vez. Era como se cada palavra roucamente lhe penetrasse a pele, lhe banhando a alma em sensações extremamente deliciosas, concluiu, enquanto ainda era mantida presa, de corpo e alma à Yara.

-- “Sou sempre o que anseias que eu seja!

– teus ais, teus segredos

tua febre e teu cio…

Se em noites de lua

sentires insônia

e a fome de sex*

queimar tuas estranhas,

a sede de beijos

tua boca secar

e em brasa teu corpo

meu corpo exigir,

contigo estarei

na rede de encanto

cativo nas malhas

da teia do amor...”

Ayane não soube dizer em que momento havia fechados os olhos tão perdida naquelas palavras que pronunciadas por Yara a embriagavam em uma viagem delirante de prazer e sôfrega de uma necessidade que desistira de entender, ela precisou abrir os olhos buscando os da outra, fora tão incontrolável como se dependesse daquilo para viver.

-- “E quando teus olhos

fitarem meus olhos...”

A ouviu dizer, assim que seus olhos miraram os dela a um curtíssimo espaço, mas em um abismo brutal perante seu mais sincero desejo.

-- “e quando meus lábios

teus lábios tocarem...”

Não podia negar que sua boca estava seca na mais pura vontade de ser beijada por aquela mulher. E como se ela ouvisse seus pensamentos sentiu os lábios de Yara roçarem os seus e pela primeira vez fechou os olhos não por timidez, mas sim, em cobiças avassaladoras que para seu desespero nunca eram atendidos. Yara simplesmente a fazia ir de um extremo ao outro em questão de segundos.

-- “só então saberás

quem sou e a que vim.

Somente

a minha lembrança

permanecerá

boiando nas águas,

barrentas, confusas

de tua memória

cansada, febril…

– Foi sonho? – foi fato

ninguém saberá!…”

Yara sorriu e como se ainda recitasse o poema agora de forma corpórea desviou o olhar ficando a observar os bancos de areia logo a diante, a areia era inteira iluminada pela lua assim como a água que sabia estar morna e então levantou-se calmamente.

-- Já vai? -- Ayane indagou com certa aflição, não queria que ela fosse.

-- Venha!

Yara lhe estendia a mão em elegância mantendo nos lábios um sorriso fascinante e no olhar um mistério que a atraía sem explicação. Então ela simplesmente tomou a mão de Yara, toque este que não passou despercebido pela sua pela, tocá-la era um delírio prazeroso a maciez a quentura era gostosa de sentir. Yara apenas sorriu apertando ternamente sua mão a fazendo acompanhá-la... E em um silêncio confortável elas caminharam até a margem encontrando a junção dela com a areia da praia e seguiram por alguns metros sobre a areia fofa até alcançarem o rio.

Ayane observou Yara se posicionar a sua frente e lhe presentear com mais um sorriso sedutor, em seguida levou ambas as mãos aos botões do tecido branco passando a desabotoa-los, aquilo estava sendo de uma ousadia tão inesperada que ela simplesmente assistia em curiosidade e deleite a outra deixando a peça cair na areia e logo passando a retirar a camisa.

-- Você não está querendo entrar na água né? -- Ayane questionou receosa.

-- Porque não?  -- Yara sorriu. -- Vamos? -- Convidou deixando a camisa aberta passando a desabotoar a calça.

-- Eu... -- Sussurrou perdendo completamente a voz ao notar o colo nu entre os seios de Yara, sentiu seu coração palpitar descompassado a medida que seu rosto iniciava uma ardência ficando cada vez mais forte ao desejar que Yara tivesse feio com aquela camisa a mesma coisa que tinha feito com a peça anterior. -- Nem pensar! -- Ayane recusou em um lapso de sanidade verbal e corporalmente quando virou dando a costa para a outra mulher.

-- Vai mudar de ideia.

Ela ouviu a outra dizer atrás de si enquanto ainda tentava inutilmente acalmar seus instintos aflorados.

-- Ah, não mesmo!

Disse, mas não estava convicta daquela frase, Ayane constatou levando uma das mãos aos fios que balançavam insistentes diante de um vento mais intenso naquela parte da praia, suspirou profundamente na tentativa de acalmar seu corpo e pensamentos, ato totalmente falho pois junto com o vento sentiu também o cheiro da outra mulher, nunca antes sentido tão forte daquela maneira. Em uma tentativa inútil de fugir daquela prisão aromática fechou os olhos e prendeu a respiração tentando a todo custo se esconder daquele perfume que a penetrava tão intensamente a embriagando por completo e levando a loucura total seus mais íntimos receios...

Em um reflexo desesperador e arrebatador ao mesmo tempo, ela abriu os olhos desesperados, assim que, sentiu as mãos de Yara tocar sua pela desnuda na região da cintura, ao mesmo tempo sentindo o corpo dela colidir ao seu por atrás, não precisava ver para saber que a outra estava completamente nua, e essa constatação fora tão instantânea quanto o ato automático de seus pulmões se fechando em paralisia. Literalmente, sentiu a quentura dela invadir o seu corpo, fechou os olhos novamente apertando-os tão forte como se com aquele ato pudesse controlar a ardência que originava onde as mãos de Yara estavam e se espalhando tão rápido feito fogo em contato com algo inflamável... de repente todas as sensações se foram, tão rápido quanto tinham se manifestado. Tudo era surreal demais, constatou, sentindo toda sua força se esvair pelo vento, levando para longe todas as energias que a mantiveram de pé até ali...

Notando sua evidente batalha, as mãos de sua estranha deslizaram sobre a região de sua barriga a apertando em um toque firme e com delicada sutileza a puxando mais contra seu corpo, lhe oferecendo conforto para logo a seguir ser invadida em outra onda real de pânico, ao sentir as mãos ágeis da mulher atrás dela subir pelo seu ventre trançando um caminho quente até seus seios, e ali repousando as palmas ardentes de desejos, seu coração bateu tão forte com aquele ato que a obrigara liberar o ar dos pulmões lhe devolvendo a vida enquanto inconscientemente também libertava um sôfrego gemido. Suspirou, simplesmente se permitindo desfrutar, aquela posição vulnerável não a envergonhou, pelo contrário, definitivamente desejava aquele toque e completamente perdida nele desejava que não acabasse.

-- Sua pele é incrível.

Ouviu o sussurrar de Yara ao seu ouvido lhe provocar um arrepiar desgovernado, como se ainda fosse possível externar seus anseios de alguma outra forma. Ledo engano, notou sentindo as mãos ágeis e firmes deslizando para cima o tecido daquela região, em concordância silenciosa e necessária Ayane apenas se deixava levar, se permitindo a tudo que a outra podia lhe proporcionar... Pensamentos sobre o que deveria fazer ou reagir simplesmente evaporaram.

-- Você tem um sabor tão doce.

Ouviu sentindo os lábios de Yara serem pressionados atrás em seu pescoço a provocando lentamente e precisa.

Quando Ayane pensou que iria ter um fôlego lento para apreciar os toques suaves das mãos sob sua pele desnuda, Yara começou a explorar a região de sua nuca distribuindo ch*padas suaves, ativando ali o ponto onde desencadeava uma pulsação frenética que percorria todo seu corpo. E como se quisesse seguir aquele rastro imaginário com as mãos, sentiu ela as descer provocantes em uma carícia pelas laterais de seu corpo até a região dos quadris, onde as deteve num passeio de força moderada ainda por cima do tecido, fato que fizera Ayane praguejar internamente por atrapalhá-la sentir o calor das mãos da outra de forma mais intensa. Um sorriso tomou seus lábios naquela constatação, nunca havia chegado nem perto de fazer algo nem parecido como aquele antes, lembrou enquanto suas pernas tremiam quase ao ponto de fazê-la desabar.

– Você está com frio? -- Yara questionou-a.

Que descarada! Ayane pensou. Aquilo seria uma boa explicação para a tremedeira em que seu corpo estava, constatou. Mas não era frio, definitivamente aquilo não era frio.

-- Não! -- Negou tão imediato que sentiu está confessando seu mais íntimo dos pecados, entretanto, não se importava, nem um pouco. Na verdade uma grande parte dela, se não toda, queria ser tocada daquele jeito, lenta, insinuante, provocante, insistente, delirante...

E assim, com uma suavidade torturante para ambas as mulheres Yara levou seus dedos ao minúsculo pingente metalizado na parte de trás da saia de Ayane abaixando-o o suficiente para que ela pudesse cair por terra completamente, deixando-a exposta a brisa, a luz, ao calor e ao seus olhos famintos de desejo... Esquecendo totalmente a suavidade Yara levantou suas mãos ávidas ao redor da cintura da mulher a sua frente e a puxou prendendo contra si, seus dedos sedentos pareciam brigar por toda a extensão da pele por onde alcançava, de um jeito forte, faminto quase furioso...

Ayane deixou sua cabeça rolar para trás contra a outra que a recebia voluptuosa, sentiu uma angústia se acumulando em seu pescoço onde Yara respirava forte e descendo por toda sua costa pesadamente, alcançando seu centro o fazendo pulsar com tanta força e lhe fazendo deixar escapar um gemido.

"Não!" Fora seu suplico pensamento ao sentir falta do corpo moreno que se afastara intempestivamente, para num instante seguinte se prender num só fôlego quando sentiu a última peça de roupa em seu corpo ser deslizada pela extensão de suas pernas. Ainda tentou visualizar aquela cena, porém não soube distinguir nada além das batidas oscilante de seu coração que parecia ecoar pelo espaço.

Em um movimento nada sutil sentiu seu corpo ser girado, e assistiu aqueles olhos, agora faiscantes, encontrarem os seus a observando e a desvendando... E parada ali na sua frente, contradizendo tudo que fizera a instantes atrás, numa sutileza sem comparação, Yara sorriu, e em mesma calmaria tomou as mãos de Ayane e as levou até seu pescoço, em um pedido silencioso para que a mesma segurasse ali e em ágil intensidade o espaço entre elas foi novamente preenchido, quando Yara a levantou em firme facilidade, fazendo-a passar ambas as pernas ao redor de sua cintura. Tão rápido e urgente quanto o ato, foi o gemido que Ayane deixou escapar, e em desejo e súplica ela agarrou-se ao corpo quente de sua estranha amante...

Demorou alguns instantes para que Ayane situasse seus olhos dando a eles o privilégio de contemplar a verdadeira extensão daquela beleza exótica de mulher.

– Deus, você é linda! -- As palavras saíram da boca de Ayane ao mesmo instante em que deixava seus olhos registrarem no mais íntimo de seu existir, a visão daquela mulher a sua frente.

A luz do luar estava claramente lhe presenteando com aquela visão, a pele dela era insistentemente brilhosa, os cabelos negros brilhantes balançavam em uma sintonia perfeita com o vento, era um bailar tão sereno e oscilante que pareciam liberar uma melodia pelo espaço, o rosto contrastava entre uma expressividade verdadeiramente delicada e encantadora, os olhos negros sol emanavam um brilho tão profundo, revelando uma doçura calma, e os lábios pareciam descrever uma maciez saborosa, era uma magnífica obra de mulher! Um sorriso malicioso se desenhou em seus lábios sedentos, tudo naquela mulher, e naquela noite lhe faziam ter a certeza de que tomara a decisão certa em estar ali, e então, por vários perfeitos segundos na escuridão dos olhos fechados, sentiu seu corpo ser mergulhado nas ondas delirante de um prazer interminável... O beijo era a combinação perfeita entre suavidade e firmeza, um som dependente daquela maciez incontestável ecoou por entre o dançar dos lábios, vibração que ateou fogo por ambos os corpos, elas queriam sentir todos os sons daquela melodia delirante... Contudo, em necessidade mutua a avidade daquela dança aos poucos fora dando espaço a uma suavidade provocativa até sentirem os lábios ecoar em um abismo.

Ayane estava tão alheia a qualquer outra coisa que não percebeu o exato momento em que seus corpos foram submersos na água, e diferente daquele fato, ela não precisava ver o rosto da mulher a sua frente para saber que ela estava a observando, inexplicavelmente, conseguia sentir os olhos ardentes de Yara sobre si, desvendando-a por inteiro apenas com um olhar, suspirou sôfrega, sentindo o calor ardente das mãos dela lhe acariciando o corpo.

-- Esse lugar não parece ser muito seguro. -- Ayane observou quando finalmente abriu os olhos avaliando a mansidão de água ao redor e ouviu Yara rir sonoramente. -- Que foi? -- A olhou em inquisição.

-- Você está nua a sós com uma estranha e o seu medo é da água? -- Yara observou a fazendo refletir.

-- Pensando bem é um tanto contraditório mesmo. -- Era fato que estava com mais medo da água que da mulher a sua frente. Sorriu tímida ao lembrar da cena em que estavam e de tudo que já haviam feito, pela primeira vez mordeu os lábios com aquele pensamento, jamais conseguiria explicar como aquela mulher a dominava e a encantava.

– Essa coisa de você nem ter ideia do quanto é tentadora me impressiona. -- Confessou.  

-- Do mesmo jeito que você vem fazendo comigo. -- Ayane alegou. 

Ao ouvir aquilo Yara a puxou mais para si com ambas as mãos em sua cintura. Ayane acompanhou aquele movimento em expectativa, sentiu o coração bater mais forte. No entanto, as palavras de Yara lhe ecoaram os pensamentos, nunca em toda a sua vida tinha feito algo do tipo, o que deveria fazer? Como deveria agir? Se questionava e instintivamente sentiu medo.

-- Você não está segura, se entregue Ayane, quero você totalmente entregue a mim. -- Yara confessou em sussurros e a virou fazendo ficar de costa para si. -- Apenas sinta. -- Pediu suave próximo ao ouvido dela. Esta, irresistivelmente obediente, fechou os olhos sentindo as mãos firmes da outra lhe tocar o abdômen e lhe puxar colando sua costa em seu corpo, gem*u sentindo os seios dela arderem em sua pele, era possível? Sem querer ser tão presunçosa, prendeu outros gemidos mediante aos beijos e ch*pada distribuídas desde o ombro até o pescoço. -- Esse teu sabor doce me encanta. -- A voz era suave próximo ao seu ouvido. -- O gosto do teu cheiro me alucina. -- Ayane se deixava levar e tudo que almejava era por mais. -- És naturalmente sedutora... -- Sussurrou a tocando com prazer e desejo. Ayane se excitava a cada palavra e toque. E foi definitivamente impossível prender um forte gemido quando as mãos de Yara se espalharam em sentidos opostos, uma em seus seios e a outra em seu sex*.

-- Isso! -- Incentivou-a. -- Quero o teu corpo quente... O teu beijo ardente. O teu cheiro embriagante.

Ouviu-a declarar em sussurros e a virou fazendo ficar de frente para ela. Os olhos cheios de desejo se chocaram em perfeita harmonia sabiam o que queriam, o que precisavam.

-- Deliciosamente linda. -- Yara declarou e a puxou com delicadeza em um beijo ávido. -- Seja minha! -- Suplicou.

Ayane gem*u mais forte quando sentiu os dentes de Yara cravarem suavemente em seu pescoço. E ela, irresistivelmente obediente fechou os olhos aceitando... 

-- Sim, faça de mim o que quiser!  -- Concedeu tomada pelo desejo e entregue ao prazer.

O cheiro forte de um cítrico exótico adentrava suas narinas lhe embriagando os sentidos o corpo e a alma. Era delirante o toque, o sabor do desejo era uma inebriante luxúria, tão grande que dava vontade de prová-la, e foi o que Ayane fez, levou os lábios àquela pele e solveu o sabor daquele cheiro, era viciante, como tudo naquela mulher. Abriu a boca deixando agora os dentes apertar com certa urgência a pele do ombro direito enquanto as mãos buscavam conforto pelo corpo dela. Não conseguia pensar, e ao mesmo tempo, tudo que pensava era que queria exatamente estar ali, daquele jeito completamente entregue à Yara como nunca esteve a ninguém.

-- Você está pronta. -- Yara constatou.

Ayane sorriu, já não se importava mais em entender como a outra a decifrava tão bem. 

E assim, na solidão daquela noite clara, dois corpos acendiam a chama do pecado, doce deleite do pecado. Pecado? Não! Pecado seria não se entregar aos evidentes pedidos nos olhares suplicantes, não provar dos lábios pedintes por beijos, não fazer das mãos garras que devoravam cada espaço dos corpos arrepiados e quentes, pecado seria não experimentar o sabor provocante, o cheiro delirante, lábios suplicantes. 

Dois corpos despidos, banhados pela água do desejo que inundava todo e qualquer vestígio de arrependimento. Corpos que se entregavam tendo como testemunha a lua que brilhava reluzente no céu, luz que testemunhava a beleza dos corpos que se tocavam, da carne que ardia feito brasa na ânsia de um prazer arrebatador e libertador dos mais puros desejos e instintos.

Mais um lamentar dos lábios de Ayane ecoou pela noite, assim que, sentiu sua ardente pele ser repousada na areia fria, despertando um arrepiar provocante intensificando o prazer inebriante dos corpos em êxtase, agarrados a uma vontade incontrolável de sentir, de tocar, de experimentar.

Por um instante Yara se permitiu admirar o corpo sobre a areia. Pura sedutora era a visão que os negros latentes enxergaram, extraordinária era a visão que estimulava todo seu ser, seus pensamentos eram puro desejo e seu corpo latej*v* em pecado, toque-a, era o que a visão lhe ecoava. E em incontrolável desejo permitiu suas mãos firmes apalpar ambos os mamilos, não podendo conter seu próprio gemido. Imediatamente os corpos já estavam colados, seios se encontraram em atritos enquanto as bocas bailavam em um beijo quente na tentativa fúria de aliviar o fogo ardente que queimava ambos os corpos.

-- Quero que lembre de cada beijo. -- Yara afirmou a olhando nos olhos. -- Cada toque. -- Sua voz era firme e sedutora, assim como, sua mão que passeava sobre a coxa de Ayane que gem*u forte sentindo a boca faminta de Yara lhe sugar um dos seios. -- Isso, gem* para mim. -- Disse e deslizou sua língua molhada de um seio ao outro abocanhando-o tão forte quanto o anterior. E Ayane lhe presenteou com um intenso gemido. -- Ouça o seu prazer, quero que lembre dele. -- A voz em pausa sensual, ditando o ritmo era um aperitivo a mais que despertava o tesão de Ayane.

-- Por favor. -- Ela se viu implorando... De repente, todos aqueles toques eram poucos demais para seu desejo que parecia insaciável. Necessitava de mais, muito mais. Seus receios haviam se transformado em pura luxúria, o ápice do prazer era o que mais necessitava, sem demoras, sem pudores e não viu medo algum em implorar por aquilo. Teve a boca capturada mais uma vez, mas nunca igual, cada beijo era sempre melhor, cada vez mais delicioso. Mais um gemido se fez presente em seus lábios para logo sentir Yara abandonar sua boca e descer entre beijos.

Yara apreciava em ch*padas molhadas a pele cheirosa de sua amante, demorou um pouco mais entre os seios que subiam e desciam descompassados, os tocou os ch*pou, e desceu, mordiscou e lambeu o abdômen que parecia dançar em sua boca, após a atenção necessária ali sua boca alcançou o alvo que almejava, buscou Ayane, esta estava perdida em suspiros, sua mão direita buscava conforto entre os cabelos a outra deixava rastros na areia, sorriu voltando sua atenção ao ponto exposto ao seu deleite, sem mais resistência capturou em uma ansiedade o sex* dela em um beijo tão intenso quanto o alto gemido que Ayane proferiu ao sentir a boca daquela delirante mulher em sua intimidade molhada, aberta e entregue ao seu bel prazer. 

-- Você é uma delícia! -- Yara afirmou ainda provando o sabor quente dela. Ayane abriu os olhos a observando mergulhada entre suas pernas, sem forças deixou sua cabeça cair de volta gem*ndo em entrega ao toque devorador da outra mulher... Não havia espaço para mais nada, toda sua alma gritava diante daquele toque em seu eixo monumental.

-- Não! -- Ayane gritou em desespero ao sentir seu centro pulsante ser abandonado. -- Por favor... -- Gem*u suplicante.  

-- Quero que prove o teu gosto. -- Yara pediu tendo agora o seu rosto e boca próximos ao dela.

Obediente, Ayane emergiu seus dedos na nuca da morena, e colidiu seus lábios aos dela, passando a sugá-los, até a última gota de seu gosto não ser mais sentida ali. Já não ligava para mais nada além do corpo sobre ela da boca e mãos que lhe despertavam um prazer nunca sentido e tão aproveitado. Seus sentidos e pensamentos eram todos da outra mulher à espera de toda e qualquer sensação que ela lhe pudesse proporcionar.

Yara guiou sua mão até o quadril da mulher levemente abaixo dela e estrategicamente também ajeitou-se sobre ela. Observou os olhos pedintes, e através deles viu a lua brilhante no céu, igualmente a entrega de Ayane, sorriu sabendo que ela estava pronta. E assim deixou sua mão trilhar um caminho certeiro, e ali mergulhando na fonte de águas quentes, pela primeira vez fora a sua vez de fechar os olhos soltando um gemido sôfrego, contudo, ela os abriu acompanhando a expressão de prazer estampada no rosto de sua amante, enquanto seus dedos bailavam ao ritmo dos gemidos que ecoavam perfeitos e libertos por ela.

-- Eu não... aguento mais! -- Ayane confessou após reunir forças. Seu corpo inteiro tremia na angústia de um prazer que era retardado mediante o ritmo lento ditado por sua estranha mulher.

-- Talvez sinta uma leve dor. -- Yara afirmou em aviso, sua voz era sempre suave e sedutora, nunca alterava, e em carinho seus olhos encontraram os dilatados de desejos de Ayane.

-- Eu não me importo! -- Ayane fora tão verdadeiramente urgente naquela frase, de fato não se importava com mais nada além de alcançar o auge daquela entrega, que já lhe doía desde o íntimo até as mínimas extremidades de seu corpo, justamente pela ausência de um toque necessário que ainda não tinha.

Em atendimento aquela entrega e ao próprio deleite Yara empurrou seus dedos firmes trilhando lentamente o caminho escorregadio e quente que Ayane lhe oferecia. O som que eclodiu pela noite clara foi a união dos suplicantes e delirantes gemidos de ambas.

Ayane cravou as unhas de ambas as mãos na altura da cintura de Yara, sentindo aquela pequena parte do corpo da outra, literalmente dentro dela, rasgando sua intimidade e a preenchendo de uma forma tão absurdamente arrebatadora, se existia dor, ela com certeza era prazerosa. Em iniciativa de uma busca específica Ayane guiou seu corpo em um balançar apressado dos quadris de encontro ao bailar da mão da outra. Gem*u fundo sentindo seu sex* latejando em resposta daquele vai e vem em seu íntimo, lhe causando as mais diversas sensações, expressadas em seus avassaladores gemidos.

E ao luar a beira da praia, num doce balançar os corpos nus deixavam na areia o desenhar de uma paixão desregrada prestes a ebulição. Resposta que Yara precisava para permitir-se em acompanha-la naquela dança e naquele prazer que se misturavam em completa harmonia diante de seus olhos e da maestria do entrar e sair de seus dedos na fonte daquela mulher entregue a ela... Ali, de olhos fechados e boca levemente aberta, Ayane buscava ar, ao mesmo tempo, em que despejava gemidos fortes. A respiração era intensa e desregulada o coração batendo tão forte que parecia querer lhe escapar do peito. Todo o rosto dela ornavam desenhos doloridos de puro prazer, prazer da carne que ardia feito brasa, originada no seu centro e que tomava conta de todo o seu ser, delírios que em toda sua vida jamais imaginou sentir e que naquele instante, tomavam o seu juízo totalmente perdido no pulsar extasiante do seu sex* e em um instante tudo que havia almejado, finalmente fora alcançado em uma feliz explosão de insanidade e satisfação...

Ainda sentia todos os efeitos daquele ápice alcançado quando percebeu o hálito quente e fortemente pesado de Yara em seu pescoço, ela também parecia apreciar aquele momento, as batidas aceleradas de seu coração denunciavam aquilo, sorriu a recebendo em um abraço terno e quando soube que fora descoberta, ela a fitou e sorriu, e antes que pudesse esboçar qualquer reação sentiu os lábios macios tocarem os seus em uma procura docemente urgente e em instantes iniciando ali uma nova faísca que alastrou-se por seu corpo em um destino certo, e foi esse o caminho que a boca de Yara tomou, saboreando de maneira incompreensivelmente calma e torturante sem a menor pressa de alcançar o seu destino. Ela queria matá-la com torturante demora? Antes de pensar na resposta, gem*u grave, quando sem aviso ou pudor, sentiu seu íntimo ser completamente possuído pelos lábios aveludados de Yara, e em pouquíssimos minutos sentiu todos os seus músculos enrijecerem em um aviso prévio de seu ápice do prazer, entrelaçou seu dedos nos cabelos da mulher cuja a boca se arrastava maliciosa, lambendo e ch*pando as labaredas de seu novo incêndio... E pela segunda vez aquele espetáculo de noite era testemunha do turbilhão de sensações que ela a fez sentir novamente...

 -- Você está bem?

Ayane escutou suave próximo ao seu rosto, enquanto sentia o dedilhar de carinhos das mãos de Yara por seu corpo.

-- Humhum. -- Proferiu completamente sem forças. Não sabia ao certo a quanto tempo estava ali sentindo aquelas doces carícias, mas não se importava, nem abrir os olhos tinha vontade. Um sono profundo a consumia, não estava conseguindo resistir a ele, era inexplicável, constatou ainda na mesma posição. Sentiu um toque dos lábios de Yara nos seus e após isso, um movimentar mais intenso e ágil da mulher a pegando no colo e erguendo-a com facilidade.

-- O que está fazendo? -- Ayane questionou, contudo, por mais que lutasse para abrir seus olhos, uma força estranha a impedia, então, não ousou relutar novamente.

-- Você precisa dormir. -- Foi a resposta tranquila que ouviu dela, mediante um leve balançar do corpo, sabia que Yara caminhava, mas para aonde? Não se importava.

-- Sim. -- Ayane concordou sentindo que Yara havia parado e agora a fazia deitar sobre algo macio, passou levemente a mão e deduziu que eram as roupas delas espalhadas pela areia, sorriu se aconchegando a elas, tinha o cheiro de Yara, sorriu.

-- Durma bem doce menina. -- Ainda conseguiu ouvir claramente a voz dela em seguida um beijo demorado em seu rosto, suspirou sabendo que dormir bem não seria um problema naquela noite. -- Lembre-se de mim! -- Foi o último sussurrar que conseguiu ouvir antes de cair em um sono profundo, leve, calmo, como nunca lembrara ter tido algum dia durante aquele tempo de vida. Como esquece-la? Não havia como! Tudo ficaria guardado para sempre em sua memória. Assim como, aquela mulher, que talvez existisse somente em seus mais profundos pensamentos, vividos aquela noite, uma noite encantada.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

Olá, tudo bem? Quanto tempo né?

Primeiro: Amor meu, Eu te amo!

Esse foi um projeto curto que eu tinha iniciado bem antes mesmo de começar "Duas Vidas, um amor inesquecível" e enfim, aconteceu tantas e tantas coisas que acabei deixando ele de lado e esses dias eu o achei em meu pen-drive e resolvi terminar.

O conto foi inspirado em uma lenda folclórica, abaixo tem algumas coisinhas que eu gostaria que vocês dessem uma olhada, quem não conhece a lenda e nem o ritmo/dança, pode matar a curiosidade e também irá ajudar a entender melhor como foi a dança de Yara e Ayane.

 

O Poema presente neste conto NÃO É DE MINHA AUTORIA. Ele tem como título "Eu, o boto" e é de autoria de Antonio Juraci Siqueira. O poema completo e algumas outras curiosidades sobre a lenda do boto e sobre este ser em si, pode ser encontrado acessando este link: https://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/1799183

O ritmo tema de inspiração para a dança de Yara e Ayane presente no conto foi o "Lundu Marajoara" ao som da música "Negro Sol" de Márcio Macedo.

Música Negro Sol: https://youtu.be/dDop86oFV64?si=yK4L5jhASioHgEZ6

Lundu Marajoara: https://youtu.be/0ngrmAhFQNc?si=FedzJhMkPsuSfipH

Aqui a dança ao som da própria música Negro Sol. A imagem e o som não são os melhores, mas dá para entender legal, quem tiver interesse só dá uma olhadinha no link: https://youtu.be/w9myOkXWrzI?si=ra0IDxdoaSb_cddL

Espero que tenham gostado, estou de verdade enferrujada! 

E quero poder voltar com mais uma coisinha que tenho em mente.

Grande beijo!       

 

 


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Comentários para 1 - Capitulo 1:
Mille
Mille

Em: 18/01/2025

Olá Enny

Li a história em dois dias kkk

E que noite a Ayare teve com o voto que fascinou ela. Nem li a sinopse e já queria o próximo capítulo kkk

Bjus e volta logo com nova história


Enny Angelis

Enny Angelis Em: 21/01/2025 Autora da história
Olá Mille.
Que bom que gostou! Esse conto era só um capítulo mesmo, não tem próximo kkkk
Grande beijo!


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NovaAqui
NovaAqui

Em: 18/01/2025

Menina!

Como é bom te ver aqui novamente 

Muito feliz mesmo 

Adorei o final! Yara é o boto na versão feminina rsrs

Espero que esteja tudo bem por aí 

 


Enny Angelis

Enny Angelis Em: 21/01/2025 Autora da história
Olá NovaAqui!
Muito obrigada pelo carinho.
Fico feliz que gostou.
Por aqui tudo bem e espero voltar logo.
Beijos


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