Por Mariane:

 Estava deitada em minha cama esperando a resposta do Henrique sobre o que deveria ser um encontro de casais, mas virou uma social entre amigos, enfim, é o que temos para hoje. Com a demora para adquirir a resposta, acabei me perdendo em meus próprios pensamentos, e acabo lembrando do café mais cedo, ver a Luna tão intima da minha mãe e do Eduardo, até parecia que ela era a filha deles, quando dei por mim, já havia chamado o Eduardo de pai, não que eu não o considere como pai, considero muito, mas sempre mantive distância pra não me machucar caso um dia ele nos deixe.

 Ela ria em forma de provocação, isso me tira dos trilhos! Desde quando éramos adolescentes, a intocável Luna, sou boa em tudo e nada me abala! Garota petulante.

 Em um misto de raiva e ansiedade, recordo-me do incidente da escada, ela estava tão apressada que não conseguiu medir as passadas, por um breve momento a vi vulnerável, por um momento ela não tinha todo o equilíbrio do mundo, eu a estava equilibrando. No entanto, quando seus olhos cruzaram os meus, senti tudo que eu sentia quando éramos adolescentes, aquele frio na barriga, aquele maldito frio na barriga, que me faz parecer uma idiota perto dela, odeio me sentir assim! E outra vez ela volta para sua posição de intocável.

“- Mariane, você pode avisar ao tio Edu que estou saindo com um amigo? “

Na minha cabeça veio tantas perguntas, como assim, amigo? Ela não chegou ontem? Mas como ela estava me encarando, apenas acenei que sim. A curiosidade me tomou e eu fui até a janela olhar a sua saída. Ela abraçou um homem muito bonito, um abraço muito demorado pra dois amigos, e ele abriu a porta do passageiro pra ela entrar! Que amigo abre a porta pra amiga entrar? E como ela fez esse amigo? Tinder? Será que o amigo é algum tipo de namorado?

 Eu não queria pensar sobre isso, mas era inevitável, os pensamentos brotavam em minha mente, até que o cel vibrou

 

Henrque:

Consegui adicionar seus nomes!

Podemos sair as 21:40h, você vai querer carona?

 

Me:

Fechado!

Vou sim!

 

 Ótimo, festa e diversão, perfeito para não pensar em problemas ou em pessoas problemáticas!

 A noite o Henrique veio me buscar e depois fomos buscar os outros, o Jerson, o Rodrigo e a Marcela.

 

 Jerson _ Eu adoro as sociais do Fabricio, sempre com muitos gatos!

Henrique _ O único gato que você precisa ver sou eu, seu safado.

Jerson _ Para que você também adora admirar a beleza daquelas obras de artes! Todos aqui, não mintam.

 Henrique rir e concorda com o que o namorado fala!

Rodrigo _ eu prefiro admirar as meninas.

Henrique_ Vish, vish, Mari! Vai deixar.

Eu _ Ele pode admirar quem ele quiser, melhor assim, que me da liberdade pra admirar os boys também.

 

Jerson levanta a mão pra eu bater e pisca pra mim.

 Jerson _ é isso ai, my friend!

 Marcela _ Vocês casais são uma gracinha rsrsrs, hoje eu vou mais que admirar 😊

 

 A Marcela é a solteira que pega geral no off, se deixar ela entra mesmo, inclusive quando a gente se conheceu ela investiu pesado em mim, ela é muito bonita, devo admitir, mas eu sou hétero.

 Chegamos á festa ás 22:30 e já estava bombando, nos acomodamos razoavelmente perto do Dj e logo o Robson que é amigo do Fabricio chegou, ele nos foi apresentado e se mostrou muito simpático. Eu bebi algumas tequilas com o Jerson, o Rodrigo estava bem grudento essa noite, o que já estava me incomodando, eu queria curtir, queria beber e me divertir.

 - O que ta rolando? Uma hora você quer que eu defina o que temos, na outra você quer se a indefinição, complicado entender!

- Você não esta definindo nada com esse grude, continuamos indefinidos, não, minto, somos amigos que se pegam!

- E isso não é bom?

- Não, não quando você não quer ser cobrado, mas quer cobrar!

- Okay

 

 Ele falou isso e fixou os olhos na entrada da festa o que fez com que eu virasse pra ver o que estava acontecendo, quando vejo ela entrando, simplesmente linda, a pele branca em contraste com aquele vestido preto, seus cabelos longos jogados de lado, o andar tão sensual e despretensioso, agarrada naquele homem, o homem que foi buscá-la. Todos olham pra eles, mesmo que de canto de olho e ela parece tão alheia a isso, é como se não se importasse, ou nem notasse isso! Eles vão até onde esta o Dj eles conversam e depois eles ficam juntos com um grupinho e eu não consigo parar de olhá-la, com a cabeça outra vez cheias de perguntas! Quem é aquele cara que a segura como se ela fosse dele? O que eles fazem aqui? Eu só queria um pouco de distância dela e a encontro aqui! Então ela me nota, enquanto leva um copo de bebida á boca, ela me encara sem pudor algum, olha de cima a baixo e outra vez me vem o frio na barriga. Rodrigo toca a minha cintura e só então percebi que havia prendido a respiração.

 - Tudo bem, meu amor?

- an – anran, tudo bem sim.

- Certeza

- Absoluta!

Ele me da um selinho, quando olho pra ela, ela já esta conversando com alguém.

 O que esta acontecendo comigo? Estou voltando a ser adolescente? Não me permito isso!

 Quando éramos adolescentes eu sentia esse frio na barriga, o Edu pediu pra ela me ensinar a cavalgar, mas quando subi no cavalo que ela se sentou atrás de mim, fui tomada por um frio na barriga, o que eu acreditava ser medo! Quando ela pegou em minha mão pra me ajudar com as rédeas do cavalo, elas estavam suadas e meu coração levemente acelerado, eu fugi, não queria mais que ela me ajudasse, implorei ao Edu que ele mesmo me ensinasse, pois eu tinha medo de ir com a Luna, e quando aprendi, não ia muito longe, pois sentia as mesmas coisas quando ficava sozinha com ela, então cavalgava só próximo a casa. Tudo está voltando...

 Depois que ela entrou naquela sala, eu não consegui curtir a festa como estava curtindo, todos falavam nela e no homem que depois eu descobri ser o irmão do Fabricio, irmão gostoso e pegador, informação que me incomodou, pois na minha cabecinha esse cara estava usando a Luna e mesmo que eu não gostasse dela, pelo Edu eu tinha que de alguma forma proteger ela.

 Mais tarde no quente da festa, o Fabricio aparece no nosso grupinho, cumprimenta a todos e apresenta a Luna a todos como amiga do irmão e agora amiga dele. Na minha cabeça ele estava apresentando a cunhada. Quando ele chega no meu nome...

“- A Mariane eu dispenso apresentações, já nos conhecemos!”

 O Rodrigo então me olha confuso e a Marcela chega mais perto e comenta...

 - Por que não disse que conhecia uma gata dessas?

- Ela não é pra você, Marcela! Hetero!

 

Ela não falou nada, mas deu toda a atenção do mundo pra Luna, eu tentei ao máximo não dar atenção pra isso, ignorar por completo a existência dela naquela festa, mas chegou um momento que foi impossível, Marcela estava tão intima na conversa com Luna e do nada elas saíram, eu tentei, juro que tentei, mas tinha alguma coisa me consumindo, uma vozinha dizendo, vai lá! E bem, o álcool não me ajudou muito naquele momento.

 

 - Rodrigo, você pode buscar um drink pra mim?

- Claro, meu amor!

 

Quando Rodrigo saiu eu fui por onde eu as vi saindo, cheguei na parte interna e não vi ninguém, só algumas pessoas que já estavam indo embora, quando ia voltando para entrar pra festa, avistei as duas, sentadas tão próximas, iniciando um beijo, um beijo, isso me incomodou bem mais do que deveria, como assim um beijo? Um milhão de coisas se passaram por minha cabeça! Por que elas estão de beijando? Ela não namora o irmão do Fabricio? Relacionamento aberto ou ela está traindo? Mas ela não estava com ele? Ela não é hetero? Será que a marcela ganhou no papo? Quando me dei conta estava eu lá, furiosa por todos esses questionamentos que eu tinha, interrompendo o momento das duas.

 

- Mas que po##@ é essa Luna?

 

 Marcela se assusta e se afasta bruscamente de Luna, mas a ela se mantém calma.

- Do que você está falando Mariane?

Marcela _ Eu vou deixar vocês a sós para se resolverem.

Ela sai e nos deixa, Luna sentada e eu em pé de braços cruzados a encarando.

 - Iai, pode me explicar o que aconteceu?

 

Naquele momento, naquele exato momento me dei conta do quanto eu estava sendo idiota, o que eu deveria dizer a ela? Se nem eu sei o que aconteceu comigo. Ela me encara profundamente como se tentasse desvendar meus pensamentos, outra vez aquele frio na barriga bate. Não, não, não, não, eu não vou ficar como uma idiota aqui! Quando eu ia falar qualquer coisa pra sair dali, Rodrigo chega.

 

- Nossa te procurei, você sumiu, ta tudo bem?

- Esta sim, amor!

Falo olhando pra ela.

- Aqui esta seu drink.

Ele me entrega o copo

- Obrigada!

- Oi Luna, tudo bem?

Ela acena que sim.

- Aceita um drink?

Ele pergunta já entregando para ela.

- Vou lá buscar outro pra mim, já volto.

 

Não vai, não, não, não.. e outra vez ficamos a sós.

 - Seu namorado?

- Amigo!

 

Como assim, amigo? Tenho quase certeza que é o álcool!

 

 - Você vai falar o que eu fiz, ou vai continuar enrolando? Eu ainda quero apreciar o resto da festa!

 Ela bebe do drink me encarando com aqueles olhos âmbar. Eu fiquei em silêncio e diante do meu silêncio ela levantou e se aproximou.

- Se não for falar, vou me retirar.

Eu bebo uma grande quantidade do drink, a sua proximidade me deixa com falta de ar. Todo o sentimento de raiva se dissipou, mas eu não quero admitir que me excedi na minha reação. Como consertar isso?

- Estava preocupada com você!

- Não entendi a preocupação!

 Ela fala cada vez mais próxima, quase certeza de que ela estava me testando.

- Sei lá, tenho com que me preocupar? Afinal, você não é daqui e saiu a tarde com um homem misterioso, chegou aqui com ele como um casal e agora estava beijando a Marcela escondida. Devo me preocupar?

 - Não estava escondida e a pergunta que fica é: Desde quando tu te preocupas comigo?

- Desde quando você saiu de casa com um homem estranho em uma cidade que você não conhece.

- Mariane, eu não sou criança!

 A voz dela estava mais sexy que o normal, ela se aproximou um pouco mais, nossos corpos quase se tocam, ela colocou a mão em minha cintura. Olhou nos meus olhos, minha respiração descompassada, não conseguia ver mais nada em minha volta. Ela fala baixinho ao meu ouvido...

- Agora eu tenho que voltar, Mateus deve está... preocupado!

 Ela da um beijo lento em minha bochecha, pegando no cantinho da boca, naquele momento o frio na barriga se misturou com uma excitação incomum aqueles lábios macios, tão próximos dos meus, tão suaves, eu senti um desejo de mais, senti vontade de beijá-la! Entretanto ela se afastou.

 

- A propósito, como você me ignorou a noite toda não tive a oportunidade de dizer, mas você está deslumbrante! Seu “amigo” é um sortudo.

 Ela pisca o olho e volta para a festa! Eu? Eu me sento no balanço tentando entender todo aquele misto de sentimentos. O que colocaram naquela porcaria de álcool? Eu estou desejando uma mulher, pior, excitada com um selinho no canto de boca!

 Vejo o Rodrigo vindo em minha direção e ao olhar a porta lembro que ela foi para onde está o amigo dela, será que eles são só amigos mesmo? Eu não estou entendendo mais nada! Levanto-me e vou em direção a porta, passo por rodrigo e pego o drink que está na mão dele e dou meu copo já vazio para ele, bebo tudo, como se aquilo fosse aliviar os sentimentos que eu estava tendo.  

 Ao entrar no salão, ela estava lá dançando com ele, era nítido que o cara é caidinho por ela, se não teve algo ali, só se ela não quis! Sento-me em um sofá que tinha na sala e fico observando-a, ela percebe a minha presença, mas continua a dançar enquanto me olha! Henrique se senta ao meu lado, ele me conhece como ninguém.

- Ela é um pecado na terra.

- De quem você está falando?

- Da mulher que você não tirou o olho desde que ela entrou nesse salão!

Eu olho para ele enquanto bebo meu martini.

- Não sei do que esta falado.

- Da moça que está dançando com o Mateus, se eu fosse ela beberia muita água, da pra desidratar com o tanto que você esta secando a garota.

- Ta ficando louco Henrique, eu sou hétero!

- E qual a relação de vocês duas? O Rodrigo me falou que você estava em uma conversa que parecia ser séria com ela!

- O Rodrigo não sabe de nada e ela é sobrinha do meu padrasto.

- Olha ai um avanço, agora sei de onde surgiu a gata! Rsrsrs a Marcela está muito interessada nela, ela disse que o beijo dela é quente, doce e quente!

 

Respiro fundo e bebo outro gole.

- Ela quase nem beija a garota, já sai contando vantagem! E vocês fofocam muito, não acha?

- Eu acho que você esta com ciúmes, mas é cabeça dura demais pra admitir!

- Eu acho que você bebeu demais!

 

   Não demorou muito os menino estavam se organizando pra ir embora, ficou mesmo só a nata da festa,  Jerson, Marcela, Henrique, Rodrigo, eu, Luna, Fabricio e o amiguinho Mateus, eles se despediram, eu estava com muito sono e o álcool também já tinha batido mais forte.

 - Vamos Mariane?

- Vamos!

Luna_ Pode deixar que ela vai com a gente, é bom que você diminuem a rota!

Henrique_ Certeza?

Luna_ Sim, o Mateus vai ter que ir me deixar mesmo!

Henrique_ Tudo bem pra você Mari?

Acenei com a cabeça, Luna pegou a minha mão e foi atras do tal Mateus, ela foi de mãos dadas comigo até o carro. Mateus abriu a porta e ela me direcionou para entrar.

 -Vem comigo?

- Eu vou com você

- Aqui atrás!

Ela pareceu surpresa.

- Tudo bem!

 

Ela realmente foi comigo e eu coloquei minhas pernas em cima das dela, ela ajeitou o meu vestido pra não mostrar nada, me aproximei mais do seu corpo, coloquei meu rosto em seu pescoço, aquele aroma meio doce e meio amadeirado, excitante! Eu já não estava raciocinando direito, o carro se movimentava, mas não sabia onde estava, nem queria saber, dei um beijo em deu pescoço.

- Não faz isso.

Ela falou baixinho, a voz parecia falhar!

- Não faz o que?

Falei repetindo o beijo no pescoço!

-Meninas, chegamos.

A voz dele me trouxe pra realidade.

- droga!

Murmurei, ela deu um leve sorriso! Ao descemos e ele nos deu tchau, mas claro que não podia ficar só no tchau, deu um abraço em Luna que parecia que não largaria mais, revirei os olhos e fui entrando. Subi direto para meu quarto mas sentei na sala de descanso, esperando por ela acabei adormecendo ali mesmo!

 

 

Fim do capítulo