Capitulo 24
– Dorme aqui hoje?
– Outra vez? – Sorriu com a própria pergunta – Desse jeito vou acabar achando que quer que eu mude para cá.
– Até que não seria uma má ideia, – limpou os lábios de Tina com um guardanapo que estava próximo a si – assim as outras deixam de ficar atrás de você.
– Assim me sinto uma criancinha, não sei nem limpar meus próprios lábios.
– Você tem cada ideia. E então, aceita o meu convite?
– Claro! Adoro dormir fora de casa, – conteve o riso, esperando o tapa que não demorou a vir – isso dói, mulher. Que agressiva. – Abraçou a professora, dando um beijo suave em seus lábios.
– Culpa sua, quem manda ficar me irritando. Se eu sonhar que você anda dormindo em outros braços que não sejam os meus, eu te mato.
– Fiquei com medo agora. – Gargalhou – Melhor eu ir embora enquanto ainda posso.
– O palhacitos que você comeu estava delicioso, não é!
– Quero saber porque você está emburrada, estava brincando. – Abraçou a namorada, que lavava a louça, apoiando o queixo em seu ombro – Parece que não me conhece. A única mulher que me encanta é você.
Virou nos braços de Tina, segurando suas bochechas.
– Já pensou em casar?
– Nunca. – Melissa a olhou sentida – Ao menos até antes de conhecer você. – De uns tempos para cá até que fico pensando nisso. Mas, minha namorada é uma mulher moderna, creio que não aceitará casar tão cedo.
– Já perguntou para ela ou não tem coragem? – Lançou um olhar desafiador para a médica.
– Acho que estou confusa, – puxou a namorada para um beijo, voltou a falar ainda beijando o pescoço da professora – está mesmo me pedindo em casamento?
– E se eu estiver, o que vai fazer? – Perguntou segurando os ombros da namorada que lhe fazia cócegas com os beijos no pescoço.
– Aceitar, eu acho.
– Mentira! – Gritou, apertando o pescoço da namorada. – Casa comigo?
– Mas assim, do nada. – Gargalhou nervosa.
– Sabia que você era frouxa! – Tentou sair dos braços da médica que a segurou, apertando-a em um abraço.
– Não me teste, mulher! Qualquer dia chego com minha mudança em sua porta, quero ver o que fará.
Melissa estava pronta para responder, mas o celular da namorada tocou perto de si, vendo a foto e o nome que apareceram na tela do celular, sorriu entregando o aparelho.
– Oi mãe! – puxou Mel, que tentava fugir, para mais perto de si.
– Filha, estou esperando você trazer a sua namorada aqui. Seu irmão estará na cidade no final de semana, e eu e seu pai, queremos saber se podemos marcar alguma coisa com vocês. Assim, ela conhece todos de uma vez. – Sorriu com a afirmação da fala temerosa da mãe – O que acha?
– Acho ótimo, mãe. Inclusive, já deveria ter conversado contigo, sobre a minha vontade de apresentar você e o papai aos meus sogros. Acha que podemos fazer isso já no fim de semana?
Melissa acompanhava a conversa surpresa, tudo bem que a mãe de Valentina quisesse conhecê-la, mas daí aceitar fazer isso tão rápido, e ainda com a família dela inteira junta, era muita informação para processar.
– Claro, será um prazer abrir as portas da nossa casa para a família da sua namorada. Além do mais, será bom para todos, dessa forma, não existirá grandes constrangimentos.
– Pode deixar, dona Márcia. A Mel está aqui comigo, pedirei a ela para avisar aos pais. O que acha de um almoço no sábado?
– Perfeito para nós. Combina com sua namorada e seus sogros e me avisa, assim preparo tudo.
– Amor, minha mãe quer saber se podemos almoçar lá no sábado? – Perguntou sorridente, sem pôr a mão no alto-falante do aparelho, deixando Melissa constrangida.
– Claro, pode marcar com ela. Mesmo se os meus pais não puderem comparecer, estarei lá.
– Ouviu, dona Márcia? Tudo confirmado. Amo você, manda um beijo para o papai.
– Vou esperar vocês. Se cuida filha, te amo. Manda um beijo para sua namorada, tchau.
No dia seguinte Melissa e Valentina saíram de casa juntas, quem as via juntas jamais imaginaria que passaram quase um ano “brigando” para enfim conseguirem acertar o passo da relação.
Os dias passaram de forma tranquila, quer dizer, um perrengue ou outro em meio aos dias da médica e da professora, nada que fugisse a vida real. As mulheres estavam empolgadas para o almoço com as famílias no final de semana, almoço este que já tinha mudado de lugar “n’s” vezes, mas no fim das contas Valentina convenceu a mãe que a princípio seria bom aceitar que o evento se desse no restaurante dos pais de Melissa, dessa forma manteriam a atenção voltada só para se conhecerem.
Melissa por sua vez estava temerosa, Paula havia voltado a mandar mensagens, embora já tivesse bloqueado a moça e falado com todas as letras que estava comprometida a mulher não parava de comentar suas fotos nas redes sociais, embora a tivesse bloqueado do seu perfil pessoal não podia fazer o mesmo com o perfil da academia. Mas estava evitando que postassem fotos dela por lá há alguns dias, por hora estava tudo controlado, precisava conversar com Valentina sobre aquela situação, mas não queria levar desconfortos a ela até que o almoço acontecesse.
O sábado chegou ensolarado, as mulheres decidiram dormir cada uma em sua casa, assim conseguiriam chegar acompanhando os seus respectivos pais ao tão esperado evento.
– E então preparada para o grande momento? – Claudinho perguntava à irmã enquanto saía do carro.
– Não, mas vamos sem preparação mesmo – sorriu passando a mão no rosto para enxugar o suor que insistia em escorrer por sua face.
– Irmãzinha, relaxa. Dará tudo certo, – sorriu faceiro – ou não. Nunca saberemos.
– Filha.
Foi tirada dos seus pensamentos com seu pai a chamando.
– Sim, papai.
– Não sabia que seu sogro era dono do Caipirês. Foi aqui que conheceu a sua namorada?
– Não.
– Sim. – Melissa que viu o momento exato em que a moto da sua amada estacionou na frente do restaurante e aguardou que encontrasse seus pais, foi ao encontro da sua amada. – Walter, tudo bem? – cumprimentou o sogro com um beijo no rosto.
– Não entendi.
– O que você não entendeu querido? – A mãe de Tina se juntou a eles sendo cumprimentada por Melissa.
– A Tina estava respondendo ao Walter que não tínhamos nos conhecido aqui. E eu afirmei que o nosso primeiro encontro se deu aqui.
– Agora estou sem entender também.
– Cunhada, se não for pedir muito, poderia explicar esse impasse, como pode ver a minha irmã parece não estar muito bem. – Cláudio sorrindo a cumprimentou com um beijo no rosto. – Você é ainda mais linda pessoalmente que por fotos.
– Muito obrigada, Claúdio. Nos conhecemos aqui, a Liv nos apresentou, mas a Tina não lembra de ter sido apresentada a mim neste dia, logo, para ela esse capítulo da nossa história não existiu. – Sorriu abraçando a cintura da amada sussurrando ao seu ouvido – Amor, tá tudo bem, calma, você está gelada, não vai passar mal, por favor.
– Estou tentando me manter o mais firme possível, – passou a mão na testa – mas não paro de suar frio.
– Olha, então os nossos convidados chegam e você nem para nos chamar, hein, dona Melissa.
Silvana e Sérgio cumprimentaram os pais de Tina e os foram conduzindo para o interior do restaurante, tirando a médica daquele pequeno desconforto inicial onde ela não conseguiu nem apresentar a própria namorada aos pais.
– Amor, como esse almoço pode dar certo se nem consegui abrir a boca para te apresentar a eles.
– Tina, calma. Você só está um pouco nervosa.
– Um pouco cunhada, eu diria que a Valentina está perto de ter um piripaque, – gargalhou sob o olhar de repreensão da irmã.
– Cláudio, não faz assim com ela, – acariciou o rosto da mulher a sua frente – ela tá nervosa, tá tudo bem meu amor, nada de ruim pode acontecer aqui, relaxa.
Os ânimos de Tina estavam mais calmos quando ela viu entrar por uma das portas laterais uma Mônica séria indo em direção a mesa que estavam, engoliu a seco abaixando levemente a cabeça pedindo ao universo que a mulher parasse em qualquer outro lugar que não fosse naquela mesa.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: