Capitulo 7 - Sophia
Sophia
Tudo deu errado. No fim da aula, saí para tomar um café no centro de São Paulo, com meu carrinho usado. Eram quatro e meia da tarde, estava tranquilamente indo em direção à faculdade, até que meu fusca simplesmente quebrou no meio da avenida. Tive que esperar o seguro chegar e ainda pegar um ônibus lotado. Para completar, choveu. Cheguei ensopada no laboratório e bem atrasada. Assim que abri a porta tentei me desculpar mas fui ofendida de uma forma que nunca imaginaria. A professora, dentre outras coisas, me chamou de irresponsável e mimada. Como assim? Eu dava umas aulas particulares para conseguir um dinheiro, estudava que nem doida, lutava para me bancar sozinha e ela, sem me ouvir, alega isso?
Saí rápido daquela sala e fui à biblioteca. Não queria que ela me visse chorar compulsivamente. Droga! Agora estava sem carro, molhada e, provavelmente, expulsa do grupo de pesquisa mais cobiçado da faculdade. Além disso, seu olhar frio sobre mim me desestruturou. Não sabia explicar porque me importava tanto com ela, com o que sentia em relação a mim...
Acabei adormecendo na mesa da biblioteca e, quando acordei, já eram quase onze da noite.
Que beleza! Corri para o ponto de ônibus na esperança de que algum passasse logo, mas isso não aconteceu. A faculdade já estava fechando e eu sozinha na calçada. E, então, quando eu achava que nada podia piorar, um carro preto de luxo para na minha frente. Pronto, iria ser sequestrada. Tentei me mexer, mas meus pés não respondiam. Caramba! Já não era o suficiente para um dia só? Em poucos segundos tentei lembrar se carregava algo de valor... apenas meu celular, livros e uns vinte reais. Menos mal. De repente, o vidro do passageiro se abaixou e pude ver quem dirigia: Marcela. Ela me encarava de forma irônica:
-Tá esperando um ônibus? Acho que assim vai ser meio difícil ir embora tão cedo...
Eu não estava acreditando...que cara de pau.
- Não se preocupe professora, num dia tão cheio de decepções, perder um ônibus é quase reconfortante.
-Quer carona?
O quê? Será que ela estava me zoando?
-Não, prefiro esperar.
-Deixa de ser teimosa, garota. Entra no carro...
-Jamais.
-Tem medo de mim?- ela disse, levantando a sobrancelha.
-Não – falei, decidida – tenho pena por você ser alguém que não escuta o próximo e tira conclusões precipitadas. Ofende a todos gratuitamente e usa sua autoridade para conseguir o que quer!
Senti certa...tristeza em seu olhar:
-Olha, Sophia, sei que está com raiva. Mas acredito que não tenha me escolhido para trabalhar com você por acaso e sim porque gosta da minha pesquisa. Por isso, te peço que me deixe te oferecer um jantar como um pedido de desculpa, enquanto você me conta o motivo de seu atraso hoje, ok?
E agora? Não esperava essa atitude dela. Minha razão dizia para que eu negasse e fugisse dali, mas...meu coração me implorava para aceitar o convite. E eu? Entrei no carro, claro.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 15/08/2023
Sofia a mulher te esculacha e você vai aceitar essa desculpa esfarrapada.

GMS
Em: 15/08/2023
Autora da história
Pois é!
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