Sophia

O professor Carlos era um fofo. Já o conhecia há algum tempo e, apesar de não curtir muito a linha de pesquisa dele, amava seu jeito de conduzir as coisas. Estava pensando em aceitar sua proposta dentre as que me fizeram, afinal, tinha que decidir hoje e só havia mais uma aula: Marcela.

Como ela podia ser tão deslumbrante? Os olhares masculinos em sua direção não eram nada discretos e ela conseguia se manter neutra a todos eles. Dava sua aula com discrição e competência, isso era inegável. Confesso que senti certa tristeza quando o sinal tocou. Ela já estava rodeada de alunos, como sempre, e eu tentei passar discretamente por eles. Provavelmente estava chamando alguns para seu projeto anual e eu não queria atrapalhar. Porém, ouvi a professora me chamar:

- Sophia, preciso falar com você. Tem um minuto?

- Tudo bem. – falei baixo, crente que iria levar alguma bronca.

Quando o último aluno puxa-saco deixou a sala, Marcela começou:

-Andei olhando suas notas em anos anteriores, além de avaliações de comportamento e trabalhos e...

- Olha - a interrompi – sei que a senhora não simpatizou muito comigo e, acho que isso às vezes acontece, mas... por favor, não tente usar seu poder aqui dentro para me prejudicar, não tenho nada contra sua aula, até admiro seu trabalho, só...

- Calma, calma. Posso ser cruel, mas jamais usaria minha influência para prejudicar uma aluna exemplar como você. Acho que começamos mal naquele dia. Mas, aproveitando que você afirmou gostar da minha pesquisa, gostaria de te convidar para trabalhar comigo esse ano. Aceita?

O quê? O que foi isso? Dona Frozen sendo educada e querendo minha parceria?

-Bom, eu estava pensando em aceitar a proposta do professor Carlos, mas tenho que admitir que você me atrai muito...

Seus olhos brilharam e percebi que ela segurava o riso. Só então notei a besteira que falei:

-Quer dizer... sua pesquisa me atrai.

Ela sorriu e piscou:

-Isso é um sim, então?

-Claro. – sorri, ainda constrangida.

 -Perfeito, então iniciamos amanhã às cinco da tarde.

-Ok.

Já ia me retirando da sala, quando me virei e disse sem pensar:

 -Sabe, professora, você fica muito melhor quando sorri, longe daquela arrogância de sala de aula.

Ela fechou o semblante:

- Não pedi sua opinião sobre como devo me comportar, garota.

Nossa, ela só podia ser bipolar. Assenti positivamente e me retirei. Que mulher!

Fim do capítulo