Capitulo 1: O Diagnóstico Inesperado
Emily sentia-se invencível. Aos 31 anos, ela havia conquistado uma carreira brilhante, escalando rapidamente os degraus da hierarquia corporativa. Construiu, com trabalho árduo junto a sua sócia, sua própria empresa de arquitetura. Sua dedicação e determinação valeram-lhe o título de workaholic, mas para ela, era apenas o preço a ser pago por alcançar o sucesso. As noites de sono perdidas, os finais de semana sacrificados, tudo era justificado pelas suas ambições profissionais.
Em uma tarde de outono, enquanto Emily se encontrava imersa em um projeto importante, seu celular tocou. Era Jéssica, sua melhor amiga de infância e médica pessoal, cobrando-lhe seus exames anuais de check up, além de um encontro de amigas na cafeteria do bairro para colocar a conversa em dia. Elas combinaram e marcaram para quarta-feira todos os procedimentos dos exames no hospital regional em que a médica trabalhava e o encontro para o próximo final de semana.
Dois dias depois, já na quarta-feira, dia dos exames, Emily compareceu pontualmente às 8 da manhã ao hospital, conforme previamente marcado pela amiga para os exames necessários. Fez exames de sangue, ultrassom, tomografia, tudo que a médica solicitou. Quando foi liberada já era mais de meio dia. Retornou a sua casa para almoçar e logo foi rumo ao escritório em que era sócia com Aline para trabalhar. Mesmo dona, nunca tirava mais tempo que o necessário, sempre trabalhando geralmente mais de 10 horas por dia, até mesmo aos finais de semana.
Emily continuou sua rotina normal de trabalho intenso, só parando tarde da noite todos os dias, até a chegada do sábado à tarde, quando havia combinado com Jéssica de se encontrarem no café às 16h00. A amiga ficou responsável por pegar todos os resultados dos exames e combinaram de verificarem tudo no encontro marcado.
As duas amigas se abraçaram calorosamente quando se encontraram naquela tarde ensolarada. Jéssica parecia diferente, e Emily notou um semblante triste em seus olhos que nunca antes havia percebido.
"Como você está, Jess? Há quanto tempo não nos vemos!", disse Emily, tentando animar a amiga.
Jéssica forçou um sorriso, mas Emily percebeu que havia algo mais profundo acontecendo.
"É verdade, faz tempo. Eu queria ter te ligado antes, mas... bem, as coisas mudaram, Emily. Eu descobri algo que preciso compartilhar com você", respondeu Jéssica, parecendo um pouco nervosa.
Curiosa e preocupada, Emily encorajou-a a contar o que estava acontecendo.
"No seu check-up completo, os resultados não foram bons. Encontramos uma doença rara, Emily", Jéssica finalmente revelou, surpreendendo a amiga.
O coração de Emily parou por um instante, incapaz de acreditar no que ouvira. Ela olhou nos olhos de Jéssica, buscando desesperadamente por uma piada, uma brincadeira de mau gosto, como ela sempre lhe fazia, mas tudo que encontrou foi uma profunda tristeza.
"Isso... isso não pode ser verdade, Jess. Deve haver algum erro, vamos fazer mais exames, buscar tratamentos alternativos, qualquer coisa!", Emily sugeriu, sua mente em um turbilhão de emoções.
Jéssica sacudiu a cabeça suavemente, a tristeza se transformando em uma aceitação resignada.
"Os exames são confiáveis, Emily. Busquei várias opiniões médicas. Infelizmente, não há uma cura conhecida para essa doença e você tem mais 6 meses de vida apenas. Eu só quero que você saiba, para que possamos passar o máximo de tempo juntas."
Ao escutar 6 meses de vida, Emily ficou petrificada, em um estado de choque profundo. As palavras da amiga ecoavam em sua mente, misturadas com sentimentos de medo, tristeza e uma urgência desesperada de viver. Lágrimas começaram a correr pelos seus olhos sem parar.
Jéssica preocupada, foi perguntando se ela estava bem, mas como poderia com uma notícia dessa?
“Emily? Me responde, Emily! - Se desesperou a amiga.
De repente, ela saiu do transe e do choque e foi de encontro a médica, a abraçando com força.
"Não posso acreditar nisso... Não sei como vou lidar com isso, Jess", sussurrou Emily, com a voz embargada.
"Você é forte, Emily. Eu sei que pode ser difícil, mas eu estarei aqui. E prometa que vai lembrar de cuidar de si mesma, ok? Você trabalha demais, e precisa aproveitar a vida", disse Jéssica, com um carinho maternal.
Naquele momento, o mundo de Emily virou de cabeça para baixo. O sucesso profissional e a carreira brilhante que ela tanto almejara de repente pareciam vazios e sem sentido. Agora, ela precisava enfrentar a triste realidade em que estava inserida.
Após ouvir a notícia avassaladora sobre sua doença incurável e o prognóstico de apenas seis meses de vida, Emily totalmente perdida, ainda em transe com o diagnóstico inesperado, despediu-se rapidamente e sem jeito de Jéssica, partindo pegar seu carro para ir embora.
No automático, ela se encaminhou lentamente até sua casa, o coração pesado e a mente tumultuada, sem nem ver de forma consciente as sinalizações de trânsito e o caminho percorrido, e milagrosamente chegou sã e salva em casa. Porém, encontrava-se totalmente perdida em pensamentos e na vida, sem ideia alguma do que fazer a partir de agora.
Diferentemente de todos os dias quando no estado normal, em que era ativa e nunca parava, ao chegar, sentou-se no sofá e ficou olhando sem fixar em nada especificamente, perdida no tempo e no espaço. Olhando ao redor como se visse o lugar pela última vez, uma determinação surgiu em seu interior, e ela sabia que não podia continuar vivendo da mesma forma.
"Eu não posso desperdiçar esses seis meses como tenho feito com o resto da minha vida", pensou Emily consigo mesma.
Um barulho externo a despertou, tirando-lhe do transe, quando por fim, uma ideia surgiu, iluminando sua vida. Provavelmente daqueles filmes trágicos de doenças inesperadas, ela decidiu-se a também fazer uma lista de coisas para fazer antes de morrer.
Movida por um impulso indomável, Emily pegou uma folha de papel e caneta e começou a escrever freneticamente, desenhando e esboçando as ideias que surgiam rapidamente pela mente. Rabiscou vários rascunhos, várias listas de coisas que ela sempre quis fazer, mas nunca teve coragem ou tempo para realizar. Colocou no papel vários itens:
1. Viajar para lugares exóticos e desconhecidos.
2. Fazer um salto de paraquedas e sentir a adrenalina correr em minhas veias.
3. Aprender a tocar um instrumento musical.
4. Fazer trabalho voluntário e ajudar os outros.
5. Roubar um beijo de uma desconhecida.
6. Reencontrar pessoas queridas e fortalecer laços de amizade.
7. Experimentar comidas e culturas diferentes (...)
A lista continuou a crescer, refletindo os desejos mais profundos e verdadeiros de Emily. Aquelas palavras escritas no papel representavam sua busca pela verdadeira felicidade e realização, algo que o trabalho e a carreira não conseguiram proporcionar completamente.
Consertava uma lista, tinha novas ideias e refazia. Foi fazendo até dar-se por satisfeita. Orgulhosa de sua decisão e mais relaxada quanto a notícia recebida anteriormente, Emily foi tomar um longo banho e logo resolveu arrumar as malas. Sua primeira parada seria uma viagem em que começaria a colocar sua lista em prática, realizando todos os seus desejos e todas as coisas que sempre desejou fazer, mas nunca tivera tempo ou coragem antes.
Com a lista em mãos, Emily tomou uma decisão ousada. Ela sabia que precisava abandonar sua vida e seu emprego para partir em uma jornada de autoconhecimento e autodescoberta. Ela estava determinada a viver intensamente os seus últimos meses.
Fim do capítulo
Olá a todas! Essa história já está em andamento avançado. Postarei 2 capítulos na semana. Espero que apreciem. Dúvidas, sugestões, problemas, estou à disposição.
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