Whitout me por Kivia-ass
Eu fiquei com medo!
POV CATARINA
Até tentei me concentrar em outras coisas, mas estava difícil não pensar em Theodora, tentei ligar, mandei mensagem, mas não obtive respostas, ela estava chateada e era compreensível, então só me restava esperar. Coloquei Luna na cama e fui pro meu quarto, minha mãe me desejou boa noite e pediu que eu confiasse em Deus. Estava deitada distraída, quando meu telefone tocou, corri na esperança de ser Theo, mas era Malvina, atendi no segundo toque com o coração na mão.
-Precisamos conversar. – A voz de Malvina preencheu meus ouvidos. – Eu quero me desculpar pela forma rude em que te tratei, te espero amanhã no ateliê.
Malvina encerrou a ligação me fazendo suspirar, pelo menos o meu emprego não estava comprometido, talvez Malvina tenha repensado sobre tudo o que eu disse. Tentei desligar minha mente e acabei pegando no sono.
O dia amanheceu nublado, acordei sentindo algo estranho, um aperto no peito. Alcancei meu celular na esperança de uma resposta de Theo, mas não havia nada, guardei o celular e fui acordar minha filha.
-Já tá acordada, meu amor? – Entrei no quarto e Luna já estava se preparando para ir pra escola. – Bom dia meu bem, bom dia Katia.
-Oi mamãe. – Ela me deu um beijo no rosto. – Tia Theo tá no seu quarto?
-A tia Theo não veio ontem, meu amor. – Luna fez uma carinha de decepção.
-Por que ela não veio mamãe, você ligou pra ela de novo? – Minha filha estava irritada e sentou na cama com os bracinhos cruzados. – Tô querendo falar com ela uma coisa.
-Que coisa? – Perguntei curiosa.
-Só vou falar "pa" ela. – Luna pulou da cama e foi se aprontar.
Balancei a cabeça e Katia sorriu pra mim, pedi que elas não demorassem, iria deixar Luna na escola e partiria pro Ateliê, eu estava nervosa, quero saber o que Malvina quer falar pra mim.
-Bom dia filha, tá melhor? – Minha mãe beijou meus cabelos.
-Oi mãe, ela ainda não me atende. – Suspirei chateada. – Eu não quero que ela fique com raiva de mim, mãe.
-Ela não vai, espere um pouco. – Me sentei com os cotovelos apoiados na mesa. – Theo vai te ouvir.
-Tomara, Luna não para de perguntar por ela. – Minha mãe abriu um sorriso e minha filha desceu segurando a mão de Kátia.
-No fim tudo se ajeita. – Acenei com a cabeça.
Tomando café em silêncio, eu ainda sentia um aperto no peito, não sabia explicar o que era, mas uma sensação de que algo ruim iria acontecer, tratei de não pensar no pior e terminei meu café.
-Hoje Luna não tem aula na parte da tarde, dona Catarina. – Katia chamou minha atenção.
-Eu busco ela, não sei se o Ramires vai estar disponível pra buscá-la. – Ela acenou e eu subi pra me aprontar, minha mae se ofereceu pra levar minha filha na escola pra mim, e eu aceitei.
{...}
Em poucos minutos eu entrava pelo prédio da Malvina's, cumprimentei os funcionários na entrada e subi até o andar da minha sala. Fabiana me encarava de forma curiosa, provavelmente ela deve ter ouvido algo ontem, dei os ombros e apenas cumprimentei com a cabeça.
-Bom dia Cat, como está? – Alessandro colou em mim.
-Bom dia, estou bem. – Dei meio sorriso. – Alê, me lembre que às onze eu preciso buscar minha filha na escola.
-Ramires está de folga hoje? – A voz de Malvina soou atrás de nós. – Por qual motivo ele não pode buscar a Luna?
-Eu achei que, depois de ontem... – Malvina me interrompeu com a mão e me mostrou a sala.
-Alessandro, só nos interrompa se for caso de urgência. – Meu assistente assentiu e eu segui Malvina até minha sala.
Eu estava ansiosa, mas independente de qualquer coisa, eu iria aguentar as consequências, se eu tivesse que sair do ateliê, eu sairia de cabeça erguida, tenho certeza que eu sou capaz de enfrentar tudo e todos pra ficar com Theodora, eu não sou mais aquela menina medrosa.
-Sente-se. – Malvina apontou a cadeira e se sentou na minha frente. – Catarina, você sabe que eu nunca fui uma mulher de meias palavras, e agora não seria diferente, primeiramente eu te devo desculpas.
-Malvina. – Tentei falar, mas ela me impediu.
-Me deixe falar. – Acenei com a cabeça e ela suspirou antes de prosseguir. – Você sempre foi uma das poucas pessoas em quem eu confiei, você sempre esteve ao meu lado independente de qualquer coisa, posso dizer que foi graças a você que eu me ergui quando aquele desfile me jogou na lama, e hoje em dia, você mantém o meu império de pé, que tipo de pessoa eu seria se não reconhecesse isso?
-Não foi fácil ouvir que fui enganada, eu não aceito não saber das coisas, você e Theodora estavam juntas, bem nos meus olhos, mas eu estava tão dentro da minha bolha, que nem ao menos reparei isso. – Malvina me encarava intensamente. – Sabe Catarina, eu sempre quis que Theo seguisse os meus passos, sempre imaginei que ela assumiria isso tudo aqui, que me daria vários netos, mas eu vi que isso não iria acontecer, isso era o meu sonho, não o dela, eu fui a mãe mais egoísta do mundo, pensei só em mim, e hoje minha filha me odeia.
-Eu não quis trair sua confiança. – Falei em um fio de voz.
-Eu ainda confio em você, mesmo me sentindo enganada. – Malvina ainda mantinha sua pose arrogante. – Gael conversou comigo ontem, ele me fez perceber duas coisas, uma é que se eu quero o amor da minha filha, eu preciso aceitar ela como ela é, preciso apoiá-la, preciso amá-la acima de tudo, Theo não pode deixar de ser quem é, só por eu não concordar.
-A segunda coisa que ele me fez perceber é que não mandamos no coração, eu ainda o amo, e eu o perdi, e eu não quero que minha filha sinta o mesmo que eu sinto. – Eu a encarei sem entender direito o que estava ouvindo. – Gael sempre vai ser o amor da minha vida, eu o deixei partir, pensei só em mim, e pelo que ele me disse você é o amor da vida de Theodora, não vou permitir que ela te perca, não por minha causa.
-Theo está com raiva, não sei se ainda estamos juntas. – As palavras saiam da minha garganta de forma cortante,
-Ela te esperou por oito anos. – Malvina segurou minha mão. – Ela está com raiva, mas tenho certeza de ela vai perdoar você, não foi culpa sua, era um erro meu.
-Theo é um ser humano incrível. – Sorri pra mulher na minha frente. – Tenho certeza de que ela vai repensar e pode perdoar você.
Malvina deu os ombros e continuamos ali conversando, ainda estava sem entender o que estava acontecendo, era surreal ver Malvina pedindo pra eu ir atrás de Theodora. Ela pediu para que eu contasse como aconteceu, como Theo e eu nos apaixonamos, passei a contar desde o início e nem vimos o tempo passar, ela prestava atenção no que eu dizia, e eu até vi alguns sorrisos em seu rosto.
-Cat. – Alessandro bateu na porta de forma aflita. – Ramires te ligou algumas vezes, mas ele não conseguiu falar com você.
-Aconteceu algo? – Me levantei rapidamente.
-Ele foi pegar a Luna na escola, mas parece que ela não está lá. – Meu coração parou de bater por alguns segundos.
-O que? E onde está minha filha? – Alessandro balançou a cabeça e eu peguei minha bolsa saindo logo em seguida.
-Catarina, calma. – Malvina vinha logo atrás. – Eu vou com você, ela deve estar em algum lugar da escola.
Eu já não ouvia mais nada, apenas queria encontrar minha filha, meu corpo todo estava trêmulo, e eu não conseguia nem raciocinar direito. Entramos no primeiro taxi que parou na rua, Malvina pediu que o motorista fosse o mais rápido possível e em poucos minutos eu chegava na escola da minha filha.
-Tereza, onde está minha filha? – A diretora e algumas pessoas me aguardavam na entrada da escola.
-Senhora Catarina, nós não sabemos. – A mulher estava pálida, e nervosa. – Isso nunca aconteceu, Luna não voltou após o lanche da manhã, e alguns coleguinhas não a viram.
-Você está de brincadeira? – Perguntei raivosa.
-Nós achamos que ela pode ter passado pelo portão durante a entrega que ocorreu mais cedo. – Ramires se aproximou.
-Dei uma volta pelo quarteirão, mas não a encontrei. – O motorista de Malvina também estava nervoso.
-Chamem a polícia, é uma criança que está desaparecida, vocês já deviam ter feito isso. – Malvina deu a ordem e a diretora discou o numero da policia. – Ramires, vamos dar mais uma volta, precisamos achar a Luna.
O homem concordou e entramos no carro, passamos devagar por todas as ruas, eu estava tão nervosa que nem me lembrei de avisar minha mãe, eu nem ao menos sabia onde meu celular estava. Eu só pedia a Deus que eu encontrasse a minha filha, e que ela estivesse bem.
-Cat, nós vamos acha-la. – Malvina tocou meu braço e logo o telefone de Ramires passou a tocar.
O motorista encostou e atendeu o aparelho, apenas ouvi ele dizer que estávamos voltando e meu coração batia apressado.
-Acharam ela. – Ele avisou assim que desligou o aparelho.
Ramires fez o retorno, estávamos bem perto da escola, em cinco minutos já estávamos de volta, desci correndo e quando passei pelo portão, Luna estava deitada no ombro de Theo soluçando de tanto chorar.
-Filha, meu amor! – Minha filha levantou o rostinho e Theo se virou. – O que aconteceu?
-Mamãe. – Ela me deu os bracinhos e eu a peguei deixando as lágrimas caírem. –Eu fiquei com medo.
-Tá tudo bem agora, minha princesa. – Theodora passou a mão nas costas da minha filha.
-Conta pra mamãe o que aconteceu? – Fiz com que Luna me olhasse.
-Eu "quelia" ir na casa da tia Theo. – Luna disse baixinho. – E um dia ela disse que a casa dela era ali pertinho, mas eu não achei mamãe.
-Meu Deus, filha. – Olhei assustada com a explicação.
-Desculpa mamãe, não briga comigo não? – Minha filha se deitou novamente no meu ombro.
-Quando o Arthur me disse que Lunaa estava desaparecida eu enlouqueci, pedi que Isis viesse comigo. – Theo me contava como encontrou minha filha. – Tentei te ligar, mas você não atendia, aí tive a ideia de procurar pelas redondezas. Ela estava a umas três quadras daqui, sentada em uma calçada chorando. Eu juro que eu nunca fiquei tão feliz em vê-la, eu estava quase tendo um treco.
-Obrigada Theo, eu já estava pensando o pior.
A polícia chegou, e Theodora tomou a frente, contou o que aconteceu, Malvina estava receosa, mas ficou ao meu lado, Tereza pediu um milhão de desculpas, e eu entendi que não era culpa exclusiva da mulher, mas pedi que ela tivesse mais cautela. Eu só queria levar minha filha pra casa.
-Filha, nunca mais faça isso, tá bom? – Coloquei Luna no chão e me agachei. – Você é só uma criança, não pode sair sozinha, coisas ruins podem acontecer.
-Me desculpa, mamãe. – Minha filha disse envergonhada.
-Dá próxima vez que você quiser me ver, é só me ligar. – Theo se abaixou também. – A tia Theo, vem te ver na mesma hora.
-Mas você não atendeu a minha mamãe. – Luna disse, fazendo Theodora engolir seco.
-Filha, a tia Theo estava ocupada, e você tem que me prometer que não vai mais fazer isso.
-Tá bom. – Ela balançou a cabecinha. – Mas tia Theo, você vai na minha casa?
Theodora me encarou, encarou a mãe e por último olhou pra minha filha, eu sei que Luna tinha conquistado seu coração, se não ela não estaria aqui, Theo pegou Luna no colo e a abraçou apertado.
Fim do capítulo
Foi só um sustinho
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