POV CATARINA

Acordei com minha mãe e o Cadu entrando no meu quarto com um mini bolo nas mãos e cantando parabéns. Me sentei na cama e minha mãe me abraçou primeiro.

-Feliz aniversário, meu amor. – Minha mãe beijava meus cabelos. – Que você continue essa mulher talentosa e incrível, eu não poderia ter uma filha melhor.

-Obrigado mãe. – Ela me soltou e Cadu me abraçou.

-Parabéns maninha, que você conquiste todos os seus sonhos. – Abracei meu irmão apertado. – Eu te amo, e torço pela sua felicidade.

-Obrigado Cadu, eu também te amo. – Meu irmão e eu sempre fomos muito grudados.

-A mamãe e eu te compramos um presente. – Ele foi até a sala e voltou com uma caixa grande nas mãos. – Espero que você goste.

Abri a caixa e um sorriso enorme preencheu meu rosto, era uma máquina de costura que eu estava namorando a algum tempo, era o que eu precisava para continuar a costurar os meus croquis.

-Espero que eu ganhe um vestido. – Minha mãe sorria junto comigo.

-Eu amei, obrigada. – Abracei os dois juntos e fiquei feliz por tê-los ao meu lado.

Passei a manhã inteira sendo mimada pelo meu irmão e minha mãe, recebi algumas ligações de alguns tios e do meu pai, Laura também me ligou me desejando felicitações e disse que mais tarde passaria por aqui. Até esperei a ligação de Theodora, mas provavelmente ela esqueceu, tentei não ficar pensando muito e fui curtir meu dia. Laura apareceu em minha casa logo após o almoço e me trouxe um presente.

-Feliz aniversário amiga. – Nos abraçamos apertado. – Desejo que você conquiste tudo que deseja, que você tenha muito sucesso.

-Obrigado Laurinha.

-Trouxe pra você. – Ela me entregou o embrulho.  

-Não acredito, amiga isso é incrivel. – Laura me deu um kit de desenho para croquis. – Eu amei.

-Que bom que você gostou amiga, espero que esse seja apenas o começo da sua carreira. – Laura era uma das pessoas que mais me incentivava no meu sonho.

-Vou criar muitos desenhos. – Falei sorrindo e abracei minha amiga novamente.

Laura passou o dia comigo, minha mãe preparava sua famosa torta de morangos que eu amava, o dia estava sendo incrível, mas ainda faltava algo e o fato de Theodora não ter me mandado nenhuma mensagem me deixou pra baixo.

-Estou te achando tristinha amiga. – Laura e eu estávamos na cozinha picando alguns morangos. – Aconteceu alguma coisa?

-Não, só estava pensando. – Suspirei e Laura se aproximou. – É que a Theo não me deu parabéns ainda.

Laura deu um sorriso e negou com a cabeça.

-Ela deve ter esquecido. – Dei um sorriso de lado.

-Mas ela disse que viria. – Eu queria muito que ela viesse. – Ela deve ter algo mais importante pra fazer, tipo sair com a Isis.

-Isso me cheira ciumes. – Eu estava com um pouco de ciúmes, mas Laura não precisava saber.

-Ciúmes? Claro que não Laura. – Me virei pra pia e continuei picando algumas frutas pra fazer uma salada.

-Sei. – Laura era ligeira, então logo tratei de mudar de assunto.

Comecei a falar sobre a faculdade, precisava esquecer que Theodora me esqueceu. Laura me falava como a faculdade estava um saco quando a campainha tocou, provavelmente deve ser a nossa vizinha que sempre vinha jogar canastra conosco. Continuei a fazer a minha salada e nem me importei muito, até que aquela voz rouca me fez levar um grande susto. Theo entrou com aquele sorriso lindo dela e meu coração bateu de forma acelerada, ela foi até Laura e a abraçou.

-Cadê a aniversariante do dia? – Ela soltou Laura e veio até onde eu estava com os braços abertos.

Nos envolvemos em um abraço apertado e nossos corações estavam batendo juntos. Aspirei seu perfume que eu amava, Theo sempre andava tão cheirosa. 

-Você veio! – Falei baixinho em seu ouvido.

-Eu não podia deixar de comemorar seu dia com você. – Theo apertou ainda mais o abraço e Laura pigarreou. — Eu trouxe presente.

Theo pegou a sacola em cima da mesa e eu arregalei os olhos, era uma sacola da Chanel, Theodora só pode ser louca

-Eu não acredito? – Abri a embalagem com cuidado. – Theo, você é louca.

-Gostou? – Ela perguntou e eu só podia ser louca se eu disser que não gostei. 

-Theodora, é da coleção nova. – Eu estava com vontade de chorar, pois ela se lembrou que Chanel era minha marca favorita. – Deve ter custado uma fortuna.

-Consegui um desconto. – Não duvido que ela pediu desconto. – E tem mais um presente.

Theodora disse com cara de quem estava aprontando, ela foi até a porta e acenou para alguém na rua, ouvi várias vozes e minha mãe olhou assustada aquela bagunça toda.

-SURPRESA! – Quando eu ouvi todos os meus novos e velhos amigos ali eu não aguentei e passei a chorar. 

-Eu não acredito nisso! – Falei tentando controlar o choro.

-Estava todo mundo com saudades. – Theo disse baixinho e eu a abracei de novo.

Ester, Isis, Edu, Luiza, Mari e Enzo,  estavam ali no dia do meu aniversário, sem se importar com nada, apenas com a minha amizade. Eles disseram que a ideia foi da Theo e minha admiração por ela só aumentava, ganhei vários presentes dos meus amigos.

-Eu acho que minha torta não vai dar pra encher barriga. – Minha mãe colocou a travessa na mesa e todo mundo gargalhou.

-Não se preocupe dona Gê, a Bia tá trazendo o rango. – Theo se pronunciou e minha mãe sorria igual boba, dona Geralda era a maior fã de Theo.

Bia chegou com várias caixas de pizza e um bolo, ela me abraçou apertado e disse que se alguém meter a besta comigo ela e Theodora vão deitar na porr*da. Minha pequena festa surpresa estava melhor do que eu esperava, conversávamos animados e Theo arrancava gargalhadas de todos os presentes. Em determinado momento Manu pegou o violão e começou a tocar as músicas dela, curtimos a vibe e eu amava ver minha amiga cantar.

-Tampinha, quanto você cobra pra tocar em um casamento? – Isis perguntou sorrindo. – Theo e eu vamos te contratar.

-Ih, você nem me pediu em namoro ainda. – Theo respondeu sem graça e eu quase revirei os olhos, Isis era meio pegajosa e eu me sentia incomodada com a relação, talvez por pensar que se ela e Theo namorar,  não vai sobrar muito tempo pra ela dedicar a nossa amizade.

-Theodora é difícil, Isis. –Luiza respondeu olhando pra mim. – Laura me empresta o violão um pouquinho?

Laura passou o violão pra Luiza e a voz dela era incrivelmente linda, Luiza começou os primeiros acordes de caso indefinido do Cristiano Araújo.

Será que alguém explica a nossa relação

Um caso indefinido, mas rola paixão

Adoro esse perigo, mexe demais comigo

Mas não te tenho em minhas mãos

Se você quiser

Podemos ser um caso indefinido ou nada mais

Apenas bons amigos, namorar, casar, ter filhos

Passar a vida inteira juntos

E vai saber se um dia seremos nós

Nenhum beijo, para calar nossa voz

Um minuto, uma hora, não importa o tempo

Se estamos sós

Se você quiser

A gente casa ou namora

A gente fica ou enrola

O que eu mais quero é que você me queira

Por um momento ou pra vida inteira

Ela cantava e eu não conseguia parar de encarar Theodora, era estranho a sensação, ainda mais vendo que ela e Isis estavam completamente envolvidas, Luiza terminou a música e eu saí dos meus pensamentos quando todo mundo começou a bater palmas.

-UAU Lú. – Ester estava encantada e Luiza apenas acenou com a cabeça.

-Sua voz é incrivel, menina. – Minha mãe também estava encantada.

-Dona Gê, essa otaria vai fazer muito sucesso, pode anotar. – Theo atrapalhou o cabelo de Luiza e ela mostrou língua pra amiga.

Luiza e Laura cantaram mais algumas músicas e ficamos ali curtindo o pequeno show particular, até o Cadu se entrosou com o pessoal e eu estava amando ter todos que eu amo ali no dia do meu aniversário. No meio da noite a campainha tocou e Cadu foi abrir.

-Cat, é o Rafael. – Ele disse revirando os olhos.

-Ai meu são Cristóvão, ninguém merece. – Minha mãe disse impaciente e eu suspirei antes de ir até a porta.

Me levantei sob olhos curiosos e pedi a Deus que Rafael não criasse caso na frente dos meus amigos.

-Oi linda, feliz aniversário. – Ele se aproximou deixando um beijo no meu rosto.

-Oi Rafael, o que faz aqui? – Perguntei ríspida.

-Vim ver você. – Ele tentou me abraçar e eu desviei. – Você não me atendeu, esperei você se acalmar.

-Nós terminamos, Rafael. – Ele balançou a cabeça sorrindo.

-Ah linda, para de graça. -- Novamente ele se aproximou e eu dei um passo pra trás. –Foi apenas uma briga boba.

-Não, você me faltou com respeito. – Falei firme e ele me encarava. – Se você puder ir embora.

-Catarina, estamos te esperando para o parabens. – Theodora saiu lá fora e Rafael ficou confuso. 

-Poxa, tá rolando festinha e você nem me chamou?

-É só para os amigos, ex namorados não estão convidados. – Theodora respondeu nada simpática e eu logo entrei no meio dos dois. – Vem Catarina.

Ela saiu me puxando deixando Rafael com cara de sonso lá fora, sorri com a atitude dela, de fato ela é um furacão e não se importava com nada.

-Que cara chato! – Ela entrou falando alto e minha mãe logo concordou.

Cantamos os parabéns, comemos o bolo e logo a galera começou a se despedir, me fizeram jurar que na segunda eu iria na faculdade e eu dei minha palavra. No fim restou apenas Laura, Luiza e Theo. Elas me ajudaram a guardar todas as bagunças e fizemos isso com várias risadas. Depois de guardar e limpar tudo fomos sentar lá na varanda e ficamos em um papo descontraido.

-O papo está bom, mas eu preciso ir. – Laura se levantou. – Vou ligar pro Fernando.

-Eu levo você, o Ramires está lá fora. – Theo também se levantou.

-Nossa Theo, será que ele não está com fome? – O coitado do motorista estava lá fora esse tempo todo.

-Sua mãe já foi lá levar uma quentinha pra ele. – Ela falou sorrindo e se aproximou. –Gostou da surpresa?

-Eu amei. – Segurei a mão dela. – Você não existe!

Nos aproximamos novamente e nos perdemos em outro abraço, era engraçado como ela me envolvia com um simples abraço, parecia não existir nada ao redor quando nos abraçávamos. Nos soltamos quando ouvimos a risada de Luiza e as duas nos encaravam com uma cara sorridente.

-Vamos Theo, se não você não solta a Cat mais. – Luiza disse debochada e eu senti meu rosto ruborizar.

-Obrigada por tudo, você não existe! – Agradeci novamente e eu desci levando elas até a porta.

-Te espero na segunda, e seu estágio está garantido. – Ela disse me fazendo sorrir. – Malvina tá te esperando.

Ela segurou meu rosto e deixou um beijo estalado em minha bochecha.

-Tchau dona Gê, tchau Cadu. – Elas se despediram me deixando com um sorriso enorme no rosto e meu peito batendo de forma diferente.

Fim do capítulo