O sol pintava em dourado o quarto quando Stella acordou, Yasmin não estava mais ao seu lado, lhe restou espreguiçar o corpo, descendo para o alojamento principal com sua mochila, queria tomar um banho quente, trocar de roupa, sonhando com um café da manhã reforçado.

Por um bilhete deixado na portaria, soube que a Madre Superiora havia saído com os alunos e a outra professora para uma cidade vizinha, iam participar de uma competição entre escolas e só voltariam a noite. Levantou os ombros num tanto faz, tirando as roupas para entrar no chuveiro de água quente.

Virou o pescoço, ouvindo o estalo seco no pescoço, encostou as palmas das mãos na parede, tentando relaxar. Os olhos estavam fechados quando sentiu que um corpo lhe abraçava por trás.

- Yasmin, não...por favor... – Mas já era tarde, a aluna mordeu seus ombros deixando que a língua serpenteasse pela sua nuca.

- Eu sei que você quer...

- Eu não posso.

Mas a aluna parecia não escutar, virou o corpo de Stella beijando sua boca, para em seguida escorregar até o sex* tão ruivo quanto os seus cabelos. Passou a língua devagar, sentindo o gosto da professora descer por sua boca. Olhou para cima, vendo que a outra estava entregue, rebol*ndo, de olhos fechados, sorriu. Stella ajeitou a perna para facilitar que Yasmin lhe tomasse, em busca do orgasmo que tanto sonhava. A aluna parou uns instantes, recebendo um grunido contrariado, sinal que deveria continuar.

- Rebola, vai gata, você está quase lá...

- Eu não devi...

Mas, a aluna já tinha escorregado os dedos junto com a língua, fazendo com que Stella soltasse um gemido mais alto. Não demorou e gozou. Cheia de desejo, encostou a aluna na parede, e sem maiores floreios, encaixou a boca em seu sex*.

- Agora você vai ter o que sempre desejou, sua garotinha atrevida.

Yasmin gozou várias vezes, de todas as maneiras possíveis.

- Quero mais...

- Chega menina, não percebe que está desfalecendo?

Os dias passaram rápido, e o Acampamento Beija Flor ficou no passado. Irmã Benedita havia se aposentado, e uma empresa conhecida comprou a escola, Stella era considerada a melhor professora, conhecida pela reputação ilibada e a inteligência incomum. Era final do último bimestre, a professora andava pelas carteiras falando de Paulicéia Desvairada, deixando os alunos sem fôlego com sua performance atraente.

- Está fundado o Desvairismo. Este prefácio, apesar de interessante, inútil. Aliás muito difícil nesta prosa saber onde termina a blague, onde principia a seriedade. Nem eu sei. E desculpe-me por estar tão atrasada dos movimentos artísticos atuais. Sou passadista, confesso. Ninguém pode se libertar duma só vez das teorias-avós que bebeu...

Quando passou pela carteira de Yasmin, sentiu que a aluna roçou a pontinha do dedo em sua coxa. Pela primeira vez em muitos dias lhe dirigiu um olhar, seus olhos azuis bailavam em tristeza, acentuando as olheiras negras que cresciam.

No término da aula, Yasmin se aproximou trêmula, como uma drogada que precisava do veneno para seguir vivendo.

- Stella...precisamos conversar.

- O que você quer?

- Me dá uma chance vai, não sei viver sem você.

- Ah, mas, sabe, eu não existia na sua vida antes, portanto, vai seguir sem mim. Já disse milhões de vezes que você não me interessa mais, é passado Yasmin, me esquece. Que saco! Mania que as pessoas tem de ficarem agarradas ao que foi bom. Escuta, você ainda não entendeu que foi só sex* e nada mais?

- Egoísta! Vou contar a Madre Superiora que você me pegou no acampamento sem o meu consentimento. Ela não é mais a diretora daqui, mas continua sendo sua tia.

- Isso, mente, vai, conta para a Irmã Benedita que eu aviso a sua mãe que está andando por aí com uma turminha barra pesada de outra escola, e usando sei lá o quê...esqueceu que sua mamãezinha é minha aluna em escrita criativa?

- Eu só fiz porque não aguentava de dor, como viver sem ter você depois de tudo o que tivemos?

- E acha mesmo que vou ficar contigo assim? Está a pura imagem da decadência menina. Ficamos, foi ótimo, delicioso, goz*mos muito, e só. Supera menina, e deixa de usar porcaria, cada dia que passa está mais feia.

Yasmin enxugou as lágrimas com as mãos, já ia saindo quando viu que Pietra, uma loira estonteante, líbero da seleção de vôlei da escola apareceu na porta.

- Stella, é... você pode tirar aquela dúvida que estava ontem?

- Claro, com licença Yasmin, e não esqueça o conselho que te dei. Te cuida – A porta da sala foi trancada, a aluna sabia que deveria ir embora, mas, suas pernas impediram que saísse, ficou parada até escutar.

- Stella, que delícia, continua...amor.

O problema é que Yasmin não seguiu os conselhos da professora, ao contrário, afundou cada vez mais nas drogas, até morrer um dia de overdose. No velório as pessoas se reuniram em volta do caixão, a menina estava levemente maquiada, suas olheiras e marcas haviam sumido, mais parecia que estava dormindo de tão bonita.

A mãe se aproximou de Stella, segurando em um dos seus braços para dizer baixinho, se esquivando do marido:

- Você não fez com a minha filha o mesmo que fez comigo, não é? Como você sai da minha vida e com ela não leva o vazio que sua falta faz?

- Escolhas, cada uma com as suas. Com licença Cassandra, preciso ir, se cuida, afinal tem uma filhinha mais nova, que pelo visto vai ser tão deliciosa quanto você e Yasmin, pena que não terei tempo de experimentar.

Cassandra olhou a filha de treze anos, observando a professora ir embora sorrindo. Stella chegou rápido até o outro lado do cemitério, agachou para olhar a lápide onde estava escrito Jane Doe. Sorriu, ao mesmo tempo em que falou baixinho.

- Me vinguei de tudo o que a família Flores fez pra ti Melissa – Falou, depois se embrenhou entre as lápides para nunca mais ser vista em Fortaleza.

Fim do capítulo