Depois de algumas horas as modelos chegaram no hotel em Salvador, só tiveram tempo de tomar banho e ir para o evento, o primeiro de cinco que seriam realizados.

- Você está deslumbrante Bruna. – Sabrina não tinha olhos para mais ninguém.

- Obrigada, você que está linda. – Bruna retribuiu enquanto Melissa não disfarçava o ciúmes, estava incomodada.

- Vou deixar vocês trabalharem, amanhã nos encontramos a tarde. – Sabrina saiu para resolver alguns detalhes.

- Tá tudo bem? – Bruna percebeu que a amiga estava estranha.

- Quando você parar de soltar galanteios para essa mosca morta, aí sim eu vou ficar bem. – Melissa não se controlou. Bruna não respondeu nada, pois foram interrompidas por alguns fotógrafos que estavam no local, as duas eram literalmente as estrelas. No fundo, Bruna adorou aquele ciúmes, mas tinha que se controlar, não deixaria tudo fugir do controle mais uma vez.

***

- Dorme aqui hoje? – Luna pediu para a surpresa de Brenda que respondeu com um enorme sorriso.

- Claro que durmo, mas vai ter algum problema? – Se preocupou, pois o ap era de Melissa e Bruna.

- Está tudo bem, não vai ter problemas, pedi um favor para Amanda e ela vem buscar o Jonny daqui a pouco. Vai ser bom para ele e o Gael.

- Quem é você e o que fez com minha Luna? – Brincou.

- Eu só acho que está na hora de ficarmos um pouco sozinhas. – Sorriu em um gesto sincero, cheio de amor.

***

Andressa

   Eu não conseguia abrir meus olhos completamente, sentia tanta dificuldade, tudo estava escuro, senti o chão frio na minha pele. Senti um arrepio percorrer meu corpo quando lembrei de tudo. Minha pele estava doendo, com toda certeza meu nariz estava quebrado, a dor era inexplicável. Levantei-me com tanta dificuldade, procurei por um interruptor e me assustei vendo meu reflexo no espelho, eu estava jogada no banheiro e trancada naquele ambiente minúsculo e sujo. Meu rosto estava inchado, meu nariz realmente estava quebrado, cheio de sangue, meus olhos estavam roxos, eu sentia tanta dor nas costelas, não consegui conter meu choro. Tudo doía tanto, e minha mente voltava para cada agressão que sofri. Como esse monstro estava solto? Será que se eu tivesse ficado com ele, tudo seria diferente? Naquele lugar, cheia de machucados, senti exatamente o que Luna e Amanda passaram. Só queria ir pra casa, mas estava presa, era inútil gritar, tinha que respirar e pensar em como sairia dali.

Narrador

- Será que aconteceu alguma coisa? Já está de noite e ela não deu notícias. – Carla estava preocupada.

- Vamos tentar ligar pra ela. – Liz falou pegando o celular e ficou desanimada ao ouvir a caixa postal, provavelmente estava descarregado.

- Você acha melhor esperarmos?

- Meu bem, eu também estou preocupada, mas melhor esperarmos mais um pouco. – Liz concluiu. As duas mulheres intimamente começavam a sentir um estranho incomodo.

***

- Agora somos eu e você. – Brenda falou toda romântica encarando Luna. Amanda havia passado para buscar Jonny e tudo estava correndo bem.

- É para eu ficar com medo? – Luna brincou.

- Se eu fosse você, teria muito medo. – Entrou na brincadeira, foi se aproximando segurando a outra pela cintura para colar seus corpos. – Eu vou te amar tanto, mas tanto, que você vai implorar pra eu parar. – Falou baixinho mordiscando a orelha de Luna que se arrepiou toda, sua intimidade pulsava de desejo.

- Quem disse que vou implorar para parar? – Provocou. Brenda beijou aquela boca linda com tanta vontade que Luna soltou um gemido involuntário. As duas não se desgrudaram um só segundo, foram para o quarto aos beijos.

- Nossa, você é tão linda. – Brenda vislumbrava aquela mulher. Luna não conseguia falar nada, estava tão envolvida naquele momento que só queria ser amada, queria que aquele momento fosse eterno.

   Brenda não perdeu tempo, beijou cada parte do corpo de Luna sentia o relevo da pele arrepiada, o tesão aumentava a cada instante, a cada toque. Aquele momento era de descobrimento, duas mulheres viajando uma no corpo da outra, entre gemidos e pedidos de mais e mais.

***

- Por que você não falou comigo a noite toda? – Melissa estava incomodada, irritada, sufocada. Durante todo o evento Bruna mal tinha olhado para ela.

- Estávamos trabalhando. – Respondeu secamente enquanto se dirigia ao banheiro, fechou a porta tirando sua roupa. Precisava urgentemente de um banho e descanso.

- Eu sei que estávamos trabalhando, não sou cega. Mas parecia que eu nem existia, nem parece mais que somos amigas. – Sua irritação só aumentava.

- Mel, por favor, podemos falar sobre isso amanhã? Você não está cansada? – Não tinha forças e nem queria discutir, só pensava em proteger seu coração.

- Eu quero falar hoje Bruna, já chega. – Falou com raiva quase derrubando a porta do banheiro.

- Melissa, o que é isso? – Bruna sentia seu peito arfar ao ver que a outra estava completamente nua.

- Isso é a sua mulher pedindo pra tomar banho com você. – Mel não aguentava mais aquela situação, queria Bruna de todas as formas.

- Você nunca foi minha de verdade. – Bruna tentava resistir, Melissa entrou no box olhando aquele corpo com fome, desejo, amor.

- Eu quero você Bruna, quero ficar com você, não penso em mais nada, só você. Entenda isso de uma vez, fica comigo? – Melissa tinha medo da resposta, mas tinha que perguntar de uma vez por todas. Bruna olhava aqueles olhos como alguém olha atentamente um enigma tentando desvendá-lo, já não tinha mais como voltar atrás, amava aquela mulher e ver ela ali, pedindo para ficar com ela, tinha derrubado todos os muros.

   Nada foi falado, Bruna não respondeu com palavras, mas com gestos. As duas modelos selaram seu amor com um beijo quente, urgente, apaixonado, sentiam a língua uma da outra enquanto a água do chuveiro caia nos seus corpos. Se amaram intensamente ali, naquele lugar, e se amaram muitas vezes durante aquela noite, as duas adormeceram quase fundidas em uma só.

***

   O dia amanheceu preguiçoso, Luna e Bruna trocavam carinhos na cama e não pretendiam levantar-se tão cedo, Amanda iria ficar com as crianças até mais tarde, então o ap era só delas por algumas horas. Bruna e Melissa não dormiram nem três horas e tiveram que se levantar para inicia mais um dia de trabalho, o clima entre elas era incrível, como se tivesse só elas duas no mundo todo. Liz e Carla amanheceram agitadas, não conseguiram esperar mais nem um minuto, assim que acordaram, foram direto para a delegacia, a cada hora que passava, a preocupação aumentava.

***

- Eu amooooooo praia tia. – Jonny estava animado, ele, Gael, Gabriel e Amanda estavam indo para a praia, o sol daquela manhã estava lindo.

- Praia, praia, praiaaaaaaa – Gael cantarolava.

- Pelo menos eles vão gastar energia. – Gabriel brincou.

- Essa energia acho difícil ser esgotada. – Amanda sorriu.

- Amor, fico feliz que está tentando se distrair, eu sei que é muita coisa pra suportar. – Gabriel foi amoroso.

- Com você eu consigo aguentar qualquer coisa. – A cada dia que passava, Amanda descobria um amor nunca antes sentido por alguém.

***

   Depois de quase duas horas, Liz e Carla saíram da delegacia com a promessa que o caso iria ser investigado. Liz não omitiu nenhum detalhe, falou de Tiago e Carla complementou com os últimos acontecimentos e os atos de agressão do rapaz. A polícia sabia onde procurar primeiro, mas naquele momento já era tarde demais.

***

- Onde, onde estamos indo? – Andressa falava com dificuldade.

- Não te interessa, prefiro você calada e quietinha. – Tiago amarrou as mãos da mãe e tapou sua boca com fita, logo depois Andressa foi jogada na mala como se fosse um saco de lixo.

   Tiago ligou o carro arrancando com tudo deixando um rastro de pneu no chão.

***

   Fazia 30 minutos que a polícia havia invadido aquela casa e tudo que conseguiram encontrar foi rastros de sangue no banheiro e em alguns locais da casa. Naquele momento, um alerta foi emitido

***

- Eles são tão lindos juntos, as vezes fico pensando em como o mundo é tão pequeno e como o universo funciona ao nosso redor. – Gabriel conversava com Amanda, o casal estava sentado numa barraquinha quase na beira do mar enquanto observavam Gael e Jonny brincando sentados na areia.

- Isso me faz lembrar que Melissa tem o mesmo sangue que eu, tô torcendo pra ela não surtar. – Amanda toda vez que pensava nisso, ficava nervosa.

- Calma amor, vocês vão conseguir conversar e ela vai entender. – Falou amoroso.

- Não sei amor, queria que a Carla falasse logo e reunisse todo mundo.

- Uma coisa de cada vez, lembra que também tem o Tiago.

- Nem me fale, fico toda arrepiada só de pensar. – Naquele momento Amanda sentiu uma angústia inexplicável. Mal sabia eles que Tiago estava observando de longe. Havia contratado uma pessoa para vigiar Amanda enquanto arrumava suas coisas. A pessoa foi paga, sem perguntas e sem identificações.

***

   Liz estava pálida, desligou o celular e perdeu a cor. Carla tentava descobrir o que aconteceu, mas agora o objetivo era acalmar a amada. Depois de alguns minutos respirando fundo, Liz contou que a polícia estava suspeitando que Andressa foi sequestrada por Tiago, mas tudo não passava de uma suspeita. Carla sabia que aquilo tinha acontecido, sabia como a amiga era, provavelmente tinha ido tirar satisfação com o filho e acabou em maus lençóis.

***

- Não mova um dedo vadia. – Tiago foi tão sorrateiro, o casal e as crianças caminhavam até o estacionamento e quando chegaram perto do carro foram abordados pelo agressor. Tudo foi muito rápido, Tiago conseguiu render Amanda colocando uma arma na sua cabeça.

Amanda

    Eu não conseguia mover um dedo por conta própria, sentia meu pescoço sendo arrochado e algo frio na minha testa. Vi o desespero de Gabriel pedindo e gritando CALMA muitas vezes. Tudo parecia um pesadelo, como aquele homem tinha achado eles? Como? O medo, o desespero percorriam meu corpo inteiro.

Narrador

- Meninos entrem no carro. – Gabriel falou para proteger as crianças.

- Nada disso, Jonny meu filho, entra no carro. – Tiago ordenou, havia parado seu carro trancando o do casal.

- Não quero, não quero. – Jonny estava com medo.

- JONNY SÓ VOU FALAR MAIS UMA VEZ, ENTRA NA DROGA DO CARRO. – Tiago ficava cada vez mais alterado. – Presta atenção seu bostinha. – Falou para Gabriel. – Ou você coloca os dois no meu carro, ou eu mato essa desgraçada aqui e depois mato você. De toda forma ELES VÃO ENTRAR NO CARRO E EU VOU SAIR GANHANDO. – Estava transtornado. Gabriel torcia para alguém aparecer no estacionamento, mas não tinha um pé de gente ali.

   Para Tiago tudo aconteceu em segundo, para os demais mais parecia um século. Gabriel obedeceu colocando as crianças no carro, mas antes prometeu baixinho para Gael e Jonny que tudo ficaria bem. Os meninos estavam tremendo de medo e as emoções foram demonstradas com choros. Amanda soluçava, implorava, mas nada iria adiantar. Tiago a jogou no chão, entrou em seu carro e saiu.

Fim do capítulo