O que se deseja
2.7 Desideratum
O desejo prevaleceu contra qualquer defesa que Diana pudesse erguer contra à sua entrega. Com seu corpo ardendo pela ânsia de estar inteira se dando a Rosana mais uma vez, a loirinha não demorou em investir no passeio de suas mãos pelas pernas da cantora expostas naquele microvestido. O toque de Diana elevou a excitação de Rosana para um nível avassalador, assim, a cantora empurrou a loirinha contra o balcão da cozinha, erguendo o corpo franzino de Diana sobre o móvel em seguida jogou seu próprio corpo sobre o corpo da fotógrafa deslizando sua língua pelos seios túrgidos de Diana que Rosana se precipitou em deixa-los à mostra e ao alcance de sua boca.
As mãos habilidosas de Diana rapidamente se desfizeram da calcinha de Rosana por baixo do vestido, e toda aquela excitação era evidente também pela umidade que brotava do seu sex*. Os movimentos voluptuosos alternados com beijos, arranhões, carícias e mordidas atiçaram ainda mais as duas que deixaram escapar gemidos ofegantes até a súplica de Rosana:
- Te quero tanto Diana, me faz goz*r vai...
Como se aquela súplica fosse uma ordem Diana provocou, massageando o clit*ris de Rosana até senti-lo edemaciado entre as pontas dos seus dedos. Friccionou aquele lugar inchado e encharcado, se deliciando com a expressão de prazer no rosto de Rosana que despiu Diana totalmente depois de ter seu vestido arrancado pela loirinha.
- Roça em mim Rosana... Vem...
Rosana atendeu ao pedido de Diana, e roçou seu sex* encharcado no sex* da fotógrafa. O contato entre as duas foi ganhando ritmo e intensidade, e culminou com o ápice simultâneo, derramado por entre as coxas das duas.
Ainda sentindo espasmos pelo corpo, Rosana se aconchegou nos seios de Diana ofegante.
- Está tudo bem Rosana?
- Está tudo ótimo, maravilhoso.
Diana sorriu, acariciando os cabelos de Rosana.
- Eu sei que a pergunta está fora da ordem dos fatos, mas, o que você veio fazer aqui a essa hora?
- Orgasmo delivery, você não pediu?
Diana gargalhou.
- Manhatan reserva mesmo serviços imprescindíveis não é? – Rosana disse encarando Diana
- Com uma qualidade indiscutível também.
Selaram com um beijo o que estava subentendido, antes de Diana insistir:
- Você que é a profissional em decifrar sentimentos emoções da alma humana, especialista da “psique” pode me explicar o que está acontecendo conosco?
Diana perguntou afagando o rosto de Rosana.
- Nossa! Acha mesmo que psicologia é tudo isso? Pensei que você só me julgasse uma intrometida por profissão.
- Isso também! Bem lembrado.
- Você vai aguentar essa intrometida na sua vida?
- Depende das vantagens que terei... Esse delivery, por exemplo, terei direito?
- Esse recurso é ilimitado.
Rosana respondeu com um sorriso malicioso.
- Então, acho que dá pra te aturar sim.
- Aturar é? Esperava mais de você!
Diana ficou séria e continuou acariciando o rosto de Rosana e disse:
- Você é tão importante pra mim, tão especial... Tenho medo de te magoar, estragar tudo entre nós. Mas, o que estou sentindo é tão forte, tão inesperado... Não consigo administrar isso.
- Diana, eu não uma menina frágil inocente. Todos nós corremos riscos quando nos envolvemos com alguém. Nós somos adultas o suficiente pra administrar isso não acha?
- Não sei Rosana. Nunca fui muito boa em administrar relacionamentos, sentimentos.
- Você não namorou ninguém depois da Natalia não é?
Com um gesto Diana confirmou.
- Não acha que está na hora de se abrir para outra pessoa Diana?
Diana desviou o olhar a fim de fugir da indagação incômoda de Rosana.
- Ei... Olha pra mim. – Rosana segurou o rosto de Diana. – Eu sei que essa ferida ainda está aí aberta em seu peito. Eu não posso te dar garantias que posso curá-la, mas eu quero muito ficar ao seu lado tentando sanar essa dor com todo sentimento que tenho por você. Respeito você e a história que você teve com a Natalia, mas, você já fugiu demais desses fantasmas, é hora de encarar o presente, e eu estou nele.
- Isso é uma proposta doutora? Melhor dizendo, Dona Flor?
Rosana sorriu e respondeu:
- Depende da resposta...
- Se você me garantir que será só um marido, eu topo Dona Flor!
Diana se rendeu ao charme de Rosana, e ao desejo mútuo de investirem naquele novo relacionamento que contava com elementos que somente meses de namoro dariam: amizade, cumplicidade e companheirismo.
************
Natalia engoliu seco. Precisou usar de seu talento de argumentação para escolher as melhores palavras para não despertar uma crise no seu namoro.
- Duda, sente aqui perto de mim, vem cá meu bem.
Eduarda hesitou, mas atendeu ao pedido da namorada. Natalia segurou as mãos da empresária e começou a explicar:
- Primeiro, eu não sabia que tinha pronunciado esse nome, nem agora nem outras vezes. Diana foi minha primeira namorada, nos conhecemos na faculdade logo que cheguei do interior, foi muito intenso e muito complicado também.
Procurando a melhor forma de falar da sua ex-namorada, Natalia narrou os fatos que a aproximou e a afastou de Diana.
- Uma novela praticamente, ou seria um romance?
Eduarda disse com os olhos baixos desvencilhando suas mãos das mãos da namorada.
- Duda tudo isso faz parte do meu passado. Há anos não tenho nenhuma noticia dela, nenhum contato.
- Mas ela ainda está na sua vida, acompanhando seus pensamentos, seus desejos, seus sonhos.
A empresária disse ressentida.
- Duda não faz assim. Eu não falei o nome dela intencionalmente, talvez as circunstâncias tenham feito eu me lembrar dela, mas isso é tudo.
- Circunstâncias?
Natalia ponderou o que revelaria a Eduarda, considerando que toda a verdade sobre sua perseguição contra Acrisio, e as semelhanças dela com Diana complicaria ainda mais aquela situação desconfortável.
- É minha querida. Eu me envolvendo de novo com alguém especial que está fazendo eu me apaixonar a cada dia que passa.
A declaração de Natalia pareceu desarmar Eduarda.
- Natalia não brinca comigo. Eu demorei muito a me envolver com alguém de novo, eu fui enganada, traída, tudo que não preciso é estar com alguém que ainda cultiva um amor antigo. Eu gosto muito de você, mas te quero inteira nessa relação, se você não puder estar a altura do que quero em um namoro, é melhor que não protelemos esse relacionamento para evitar mágoas maiores.
Natalia não fugiu do olhar intimidador de Eduarda, segurou o rosto da namorada com as duas mãos e disse:
- Não brincaria com você Duda. A cada dia que passa eu estou mais envolvida, é impossível não se apaixonar por você, e quero muito estar inteira nesse namoro por que não me importa mais o passado, meu presente é você.
O beijo sincero de Natalia abrandou a insegurança de Eduarda, além de enchê-la de esperanças acerca do seu futuro com a promotora.
*********
Surpreendentemente para Diana seu relacionamento com Rosana evoluiu naturalmente para um namoro maduro e muito divertido. Na intimidade que as duas começaram a desfrutar as manias de cada uma se transformaram em mais um ponto de afinidade e humor convergindo para uma rotina nada cansativa, aproximando-as de uma maneira incontestável.
O acaso contribuiu para que Daniela não tomasse conhecimento do novo teor da relação das duas amigas, a colunista viajara para a Europa a trabalho adiando assim tal esclarecimento por parte de Diana e Rosana.
Diana acompanhava praticamente todas as apresentações de Rosana, rendendo-se eufórica ao talento e ao crescimento da carreira da namorada. Como admiradora que era do seu talento, a fotógrafa repaginou o blog de Miss Flower com fotos que beiravam uma obra de arte com uma visão peculiar dos shows da cantora. Graças à opinião da namorada, Rosana investiu nas redes sociais para divulgar suas apresentações e em poucas semanas seus vídeos estavam no ranking dos mais acessados, o que além de aumentar seu público no Light Rock, fez brotar dezenas de convites para outras cidades dos Estados Unidos.
-- Conferindo seu sucesso virtual honey?
Diana perguntou envolvendo a cintura de Rosana, repousando seu queixo no ombro da namorada que se concentrava no notebook sobre o balcão da cozinha.
- Tenho fãs e seguidoras que não querem só me admirar virtualmente, se liga em dona Diana!
- Como é que é? – Diana franziu o cenho aproximando sua visão da máquina.
- Olha só o que @madalaineblair deixou aqui na minha página: “ouvir você cantando me deixa arrepiada imagine se ouvir você sussurrando no meu ouvido”
- Ah eu vou é deixa-la sem ouvido, vamos ver o que vai arrepiar nela!
Rosana gargalhou.
- Não acredito que você está com ciúmes de mim minha loira!
- Só estou cuidando da sua carreira, o que essa sapa, ou melhor, essa bruxa de Blair ou Madalena lésbica está querendo heim? Você é uma cantora séria!
- Ai que coisa mais fofa! Vou te apertar sabia? Vem cá minha namorada ciumenta!
Rosana envolveu seus braços no pescoço de Diana e lhe roubou um beijo delicado e demorado.
- Você me beija assim, só de toalha... Está mal intencionada minha estrela?
Diana perguntou roçando seu nariz pelo pescoço de Rosana.
- Não mesmo! Tenho ensaio, preciso ir agora!
Rosana se desvencilhou de Diana que indignada retrucou:
- Vai vestida assim?
- Claro que não! Vou tirar a tolha.
- Han?
- Não te disse? Estamos ensaiando um número nu, hoje é a estreia!
- Engraçadinha...
- Não acha que eu faria sucesso minha querida?
Rosana provocou. Em um movimento rápido Diana puxou a tolha que envolvia a namorada e abraçou com vigor.
- Esse sucesso eu já reservei só para mim, eu curti, mas não quero compartilhar.
Diana disse empurrando Rosana nua, contra a parede.
- Minha querida, eu estou atrasada, não faz isso comigo...
Rosana já sentia suas pernas bambas, sendo tomada pela excitação despertada pelo corpo da namorada junto ao seu. Captando o desejo ardente da cantora, Diana prosseguiu com suas carícias e beijos até a campainha do seu celular interrompê-la, exatamente a campainha selecionada para a chamada do número de sua mãe e só por causa disso, a loirinha cessou aquele momento para atender ao telefone:
-- Mãe?
-- Oi meu docinho, está tudo bem?
-- Está sim, mas, não estou gostando dessa voz da senhora. Está tudo bem?
-- Estou um pouco cansada, acho que estou ficando resfriada também. Está tudo bem com a Rosana?
-- Sim mãezinha, ela está aqui comigo.
-- Só liguei mesmo para ouvir sua voz minha filha, bateu saudades.
-- Dona Alice! A senhora não está me escondendo nada não é?
-- Claro que não minha filha, vou desligar. Beijo, e eu te amo muito.
-- Também te amo mãezinha.
Apreensiva Diana desligou o telefone.
-- O que houve baby? – Rosana perguntou se enrolando na toalha novamente.
-- Nada... Mas, tive uma sensação ruim falando com a minha mãe.
-- Que sensação?
-- Que ela não está bem, ela está me escondendo algo.
-- Por que você acha isso meu bem?
-- Não sei, eu conheço o tom de voz de minha mãe, ela disse que está cansada, resfriada, que ligou por que sentiu saudades, mas sei que há algo mais.
-- Você tem motivos para se preocupar?
-- Honey, minha mãe é casada com um dos maiores crápulas da face da terra, tenho motivo para me preocupar sempre com ela.
-- Mas você me disse que ele nunca a maltratou...
-- Rosana ele a trata como um bibelô de porcelana, mas minha mãe não é cega e surda, ela conhece o marido que tem, e muitas vezes finge não ver as coisas para não bater de frente com ele, prefere se submeter. As únicas vezes que ela o enfrentou foi por minha causa.
-- Entendo... Vai ver ela só sentiu saudades mesmo minha querida. Há quanto tempo vocês não se veem?
-- Ela passou quase dois meses comigo aqui no começo do ano. Acho que virá após as eleições no Brasil, minha mãe adora o outono aqui.
-- E você não vai ao Brasil?
-- Não tenho nada além da minha mãe para ver no Brasil Rosana.
-- E o resto de sua família? E seus amigos?
-- E ficar sob a vigilância do meu pai? Ele controlando para que eu me comporte como uma boa moça recatada e heterossexual? Não, dispenso essa visita ao Brasil. Longe do meu pai posso ser eu mesma.
-- Não combina com você se submeter assim a ditadura do seu pai que te mandou pra esse exílio.
-- Faço isso por minha mãe Rosana. Ela tem problemas cardíacos, não quero coloca-la na linha fogo entre eu e meu pai.
A explicação de Diana convenceu Rosana, todavia, a loirinha permaneceu apreensiva, angustiada com o telefonema da mãe. Tentou acreditar nas suas próprias hipóteses, certamente Alice falara a verdade sobre seu cansaço, considerando a proximidade das eleições e os resultados das pesquisas de intenção de voto, que revelavam mais uma derrota de Acrisio.
No entanto, aquela incômoda sensação a perseguira nas semanas seguintes, por diversas vezes Diana acordou assustada depois de pesadelos acerca da saúde de sua mãe, sendo acalmada por Rosana, que cientificamente tentava explicar a namorada a razão daqueles sonhos ruins.
A sequência de tentativas frustradas de voltar a falar por telefone com a mãe deixou a loirinha nervosa e nem mesmo a namorada conseguiu diminuir sua preocupação e a própria Rosana trouxe para aquele contexto um dado novo que só aumentou a angústia de Diana.
-- Meu bem, sua mãe comentou com você sobre as investigações que estão fazendo do seu pai em São Paulo?
-- Não minha querida, minha mãe evita falar dessas coisas comigo.
-- Nossa, se essas denúncias forem verdadeiras, seu pai tem mesmo que perder essa eleição!
-- Seja lá do que ele estiver sendo acusado, ele se safa. A falta de escrúpulos dele e da corja de corruptos que ele tem na mão na polícia, política e no judiciário em todos os escalões darão um jeito de livrá-lo de novo, infelizmente.
-- Di, eu acho que agora as coisas são diferentes, e são acusações muito sérias.
-- Bom, se essas investigações forem a causa do meu pai perder as eleições, já é uma grande vitória.
-- Você acha que seu pai seria capaz de tudo isso: trabalho escravo em suas terras, cárcere privado, formação de quadrilha, assassinato?!
-- Honey... Não me faça responder essa pergunta...
Diana fechou o notebook da namorada e beijou sua bochecha na tentativa de encerrar aquele assunto, mas interiormente a loirinha se assustou com o teor daquela notícia e a repercussão na saúde de dona Alice.
-- Di, será que essas investigações são o motivo da sua mãe estar tão abatida?
-- Certamente meu bem. Esses negócios escusos de meu pai sempre fizeram minha mãe sofrer muito, especialmente por que ele envolve meus irmãos nessa sujeira.
A preocupação de Diana e seus pressentimentos tiveram sua confirmação quando a loirinha recebeu um telefonema de sua tia Alda.
-- Diana?
-- Tia Alda?! O que houve com minha mãe?
O telefonema da irmã de dona Alice só poderia ter uma motivação muito séria e Diana sentiu seu peito apertar diante do tom angustiado da tia.
-- Minha querida eu não liguei antes porque só agora consegui seu número.
-- Tia o que aconteceu?
-- Sua mãe não está bem minha querida, venha para o Brasil o mais rápido que você puder.
A voz de Alda expressava a gravidade da situação da irmã. Diana não prolongou a conversa. Imediatamente após desligar o telefone jogou uma muda de roupas na mala e pegou o passaporte com as mãos trêmulas e o rosto já banhado em lágrimas, quando Rosana entrou quarto.
-- Di o que houve?
-- Tenho que pegar o primeiro voo para o Brasil, minha mãe está doente.
-- Eu vou com você.
-- Não Rosana, você tem seus compromissos profissionais aqui, não é preciso.
-- Eu não vou te deixar sozinha nessa! Estamos juntas pra tudo, já disse, vou com você.
Diana encarou o sentimento honesto de companheirismo de Rosana e se rendeu, revelando sua vulnerabilidade naquele momento e se deixou abraçar pela namorada que a acalentou.
-- Não vou sair do seu lado minha querida. Tentei se acalmar, vou ligar para o aeroporto e saber os horários dos voos, e farei nossas malas rapidinho, depois aviso aos meninos da banda, eles vão dá um jeito de arranjar uma substituta por uns dias.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]