Final Feliz? Parte - ||
Final feliz? - Parte 2
* * *
. . .
**** 7°Mês
A barriga tinha dobrado de tamanho.
"São gêmeos, Amor. Só não deu pra ver o sex* ainda" --Me mandou mensagem toda animada no escritório.
Dois. Já tinham toda sua atenção. Parecia que ela nem havia notado meu afastamento, não "dormíamos juntas" há séculos. Não conversávamos sobre nada mais. Chegava do trabalho e ela já estava dormindo, saía de manhã antes dela acordar.
** **Certa noite em que havia chegado de viagem, tomei um banho e uma garrafa de vinho branco, enquanto olhava a caixa dos berços encostadas em um canto. Tínhamos combinado de montar juntas, agora parecia ser há séculos..
Me deitei devagar para não acordá-la, seu cheiro impregnado em meu nariz.. Senti quando tentou se aconchegar em mim, embora eu estivesse morrendo de saudades, sua barriga estava gigante, me afastei assim que a senti (foi automático). Demorei a dormir.. de novo. Acordei ainda mais cedo, fui entrando no banheiro e.. ela estava lá, me encarando. Os olhos verdes que tanto amo, estavam tristes... olheiras.
--Desculpa, não notei que estava aí.. -- Falei abaixando a cabeça e dando meia volta.
--Micaella! Micaella.. --Sai. Fugi.
** ** Alguns dias depois..
Empresa..
--Filha?! Filha?! --Falou meu pai entrando em minha sala. Só levantei uma sobrancelha. -- Tudo bem por aqui? --Assenti. --E a Raíra? Com aquele barrigão deve estar te pedindo um monte de coisas, não? Carregar aquelas duas bençãos não deve ser fácil.. --Nem me mexi. --Ainda mais quando a pessoa que era pra ajudar, te deixa na mão.
--Isso é o que ela fala pra VOCÊS? --Retruquei.
--Raíra? Coitada! Faz de tudo pra ninguém perceber que está sozinha nisso. Nina com toda certeza nem desconfia. Mas nós notamos já há algum tempo.
--Como esperavam que eu reagisse? --Explodi. --Ela nem me contou sobre essa nova inseminação, nem perguntou se eu ainda queria! Agora eu que tenho de me desculpar?
--Micaella! O processo de criar uma criança é maravilhoso.. Compensa tudo.
--É.. você sabe muito sobre isso! --Falei com raiva! Pegando minhas coisas para sair.
--Sei que teria dado tudo para acompanhar o seu crescimento! --Passei pela porta. --Só volte para assinar suas férias! --Escutei ele falando de forma séria. Onde iria me esconder se saísse de férias?
Sai meio sem rumo, querendo fugir. Minha Mãe mandava uma mensagem atrás da outra, queria almoçar comigo em casa (na minha casa). Pronto. Com certeza esse negócio de férias era coisa dela também.
** **
Em casa..
Assim que cheguei, através das vidraças, me deparei com Raíra andando de lingerie, distraída. Sorri automaticamente. (Foi a primeira vez que a vi com a barriga de fora, estava mais linda, se é que é possível. Meus olhos lacrimejaram). Ela seguia para o quarto nem me viu, fiz questão de a olhar escondida. Adentrei, tirei o salto devagar, o casaquinho, comecei a me dirigir para cozinha, mas ouvi gemidos de prazer vindos do quarto. O sangue começou a ferver, coração na garganta. Fui correndo até o quarto (parecia mais distante que o normal). As pernas trêmulas de raiva. Entrei devagar e me deparei com uma das cenas mais maravilhosas, no mínimo. Yaya estava completamente nua, apertava um seio e se tocava tentando se penetrar, mas a barriga enorme não facilitava. Seu quadril se movimentava sem parar. Me aproximei fascinada. A boca seca. Toquei em sua perna, ela se assustou, puxou um lençol, mas continuei subindo com o toque. Sua respiração estava descompassada, quase lá.. Se segurando, mas com cara de brava..
--Deixa eu.. "te ajudar".. --Sussurrei. Ela não estava em "condições" de recusar. Apertei sua coxa, subindo devagar (aproveitando o momento), mas ela tinha urgência. Continuou tentando se tocar, assumi o lugar de seus dedos, seu clit*ris estava bem entumecido, fiz menção de o sentir com a boca, mas ela impediu segurando meu cabelo com força. (Castigo, pois sabia que eu amava). Me puxou, arrancando minhas roupas, literalmente. Me beijou com raiva, eu sorri introduzindo dois dedos, comecei as estocadas bem devagar com medo de a machucar ou os bebês.
--Acho que perdeu o jeito.. --Sussurrou arqueando uma sobrancelha. Introduzi mais um dedo, ela colocou sua mão sobre a minha (incentivando). As estocadas estavam cada vez mais fortes conforme seu corpo pedia. Estava delicioso. Yaya estava totalmente solta, me arranhava com força, ch*pava, mordia e falava coisas me desafiando. Tentei adiar, mas seu corpo se contraiu todo com alguns espasmos, mordeu meu lábio (bem forte) e senti meus dedos encharcados, os lambi. Saudade. "Molhei" sua perna em seguida.
Assim que se recuperou, se cobriu (escondendo seu corpo de mim). Notei a mágoa em seu olhar. O telefone tocava, levantei pegando um roupão.
** **
Minha Mãe chegou trazendo um carrinho duplo de bebê e outras sacolas com coisas. Ela ligou avisando, só deu tempo de eu tomar um banho.
--Tinha prometido esse carrinho há anos luz. --Já chegou assim. --Como estão as coisas por aqui? --Me abraçou. --Não s.. --Yaya apareceu. Minha mãe logo se virou e foi até ela.
--E meus netinhos? Ou netinhas? -- Falou colocando a mão sobre a barriga de Raíra.
--Estão bem, Dona Yasmin. --Respondeu com a voz baixa.
-- Apesar da outra mãe.. --Completou. --Não que mereça esse título! --Falou me olhando séria. -- Raíra arregalou os olhos. -- Sim, escondeu bem, Menina. Mas nós notamos. Bom, agora ela estará em casa e poderá dar a atenção devida para vocês. -- Revirei os olhos. --Pelo menos contou que só falta assinar as férias, Micaella? -- Yaya deu um sorriso triste.
--Mamãe! --Yaya apenas fechou a cara pra mim e saiu da sala. --Eu ia cont..
--Mesmo? E quando voltaram a conversar?
-- ...
--Não te criei pra ser omissa, Micaella! Nunca imaginei que chegaria a isso. Vejo o que essa menina faz pra te acobertar e você continua agindo como uma adolescente mimada ou os que se "machão"!
--Mas ela que não me cont.. --Tentei justificar.
--No início foi isso, mas, e agora? Sabe o que me parece? Medo. E, ciúmes da "sua mulher". Toda atenção indo para as crianças. Não sabe qual o seu lugar. --Abaixei a cabeça sentindo um embrulho no estômago. --Filha?! Não é feio errar, mas insistir no erro, sim. Aquela menina está realizando um dos sonhos dela, ter a família que sempre sonhou.. com você! Mas ela também está com medo.. Principalmente por não te ter ao lado dela no trajeto. --Foi como um tapa na cara. --.. E, sex* não é pedido de desculpas, Filha. --Falou levantando meu rosto com carinho. Minhas lágrimas eram rios. Fui atrás da Raíra.
** **Cozinha..
Seu corpo estava tenso, seus olhos vermelhos e com um copo d'água na mão. Com certeza havia chorado escondido. Meu coração apertou imaginando o sofrimento que infligi a ela, só pensando no meu lado.
--Raíra.. eu.. --Engoli em seco. --Me perdoa? --Ela me olhou. --Não sei o que eu estava pens..
--Cê ainda me Ama, Avatí? --Perguntou séria.
--Claro que Amo! Amo mais do que tudo nessa vida. Me desculpa.. chegar a ter que perguntar isso. --Falei com as lágrimas rolando. Ela se aproximou limpando minhas lágrimas. Segurei suas mãos e as beijei.
--Nos duas erramos. Devia ter te avisado sim.. Não me evite mais.
--Me desc..
--Não preciso de pedidos de desculpas, Micaella! Preciso de você por completo. Aqui! --Me beijou com carinho. --Lembra quando me falou pra sempre dizer o que sinto? Vale pra você também. --Sorri sem graça. -- Hoje tava te esperando pra resolver de vez.. Te vi chegando mais cedo.. --Sussurrou me abraçando e retribui com saudade. Então ela me viu.. sorri.
--Vejo que a "ordem" foi restaurada. Quase.. --Disse minha mãe dando uma piscadela para Yaya. Eu ainda chorava.. --Vamos almoçar pra celebrar?
****Fui buscar nosso almoço em um pequeno restaurante ali perto, caminhei para espairecer (parar o choro, mas as lágrimas insistiam). Estava aquele dia bem calmo, sabe? Ouvia crianças brincando na praça, as nuvens passeavam devagar pelo céu, as folha viajavam vagarosamente até repousarem no gramado da praça. Poucos carros transitavam, um Chevette azul me chamou atenção, dois homens dentro dele me olharam sorrindo, senti um calafrio na espinha. Acelerei o passo. Enquanto esperava o pedido, se fez aquele silêncio diferente, sabe? Comecei a ficar meio inquieta. Mão no bolso, esqueci o celular em casa. Precisava conversar melhor com Yaya pra essa agonia passar. Me desculpar direito. O que eu estava pensando!! Peguei o pedido e apertei o passo pra casa. Ouvi um burburinho se formando, assim que cheguei na esquina do condomínio, vi a "multidão". O Chevette azul batido no poste. Uma mulher toda de preto com capacete estava sentada no chão ao lado de uma moto caída, parecia atordoada. No centro da multidão, próxima a calçada, havia alguém caído. Comecei a correr, larguei as coisas no chão, abrindo espaço pra passar e me ajoelhei chegando perto. Meu corpo todo sacudia, trêmulo. Aquela cena de horror (Pra mim). Um ferimento aberto em sua coxa, algumas escoriações pelo corpo, saía sangue pela boca, mas ainda sorriu pra mim. Os dentes brancos, agora avermelhados.
--Amor? Amor? --Segurei sua mão e tentava limpar o sangue que escorria de sua boca. Alguém dizia "Não mova ela". "Era pro carro ter acertado em cheio"
-- ..Os bebês.. A moto.. --Tentava falar, mais sangue saía. Sirene. A "ambulância" chegou rápido, pensei.
"Se afastem, se afastem!"
Uma "socorrista" se aproximou injetando (uma agulha/seringa enorme) algo escuro em Yaya. No início seu corpo relaxou (até sua expressão), fiz carinho em seu rosto, sorrimos. De repente, Yaya ficou séria e começou a se debater. A "socorrista" me olhou sorrindo, aquele mesmo sorriso macabro.
"Lembranças de Frank" --Sibilou a falsa socorrista se afastando. Eu tentava segurar Yaya, parecia um pesadelo. Outras mãos pareciam segurá-la. Uma confusão se formava tentando pegar as falsas socorristas.
A polícia chegou com a ambulância verdadeira. Já foram imobilizando o pescoço de Yaya e detendo os falsos socorristas. Havia sido tudo planejado! Frank!
Pelo meu estado de nervos, não pude ir na ambulância com ela. Alguém enfiou um papel em minha mão. Minha Mãe me puxou para dentro do carro dela, mas não ouvia o que ela falava nem o que estava a minha volta. Minhas mãos e roupas estavam ensaguentadas, antes o sangue fosse meu.
** **Hospital..
A sala de espera estava muito mais fria do que eu me lembrava. Meus pais não saiam do meu lado. "Vai dar tudo certo, se Deus quiser", "Nina já está subindo (da praia)", "Foi tudo tão rápido. Ela atendeu o telefone e saiu correndo..", "Frank fugiu, né", "Armou tudo isso, certeza", "Como ela tá?". Assim que Carmen me abraçou, voltei a chorar. "Vamos se limpar, meu Bem?","Precisa trocar de roupa", neguei. Nenhuma notícia. Quando Leo me abraçou notei Nina chegando aflita com Breno. Correu e me envolveu em seus braços, se afastou olhando minhas roupas.
--Desculpa, Nina.. desculpa.. A Mari.. Mari não pode me ver.. assim.. Desculpa --Comecei a esfregar minhas mãos na roupa. Nina segurou minhas mãos.
--Eu não a trouxe. Respira, respira, Mika. Vai dar tudo certo. --Du se aproximou, estava abatida (talvez pela Yaya), sorriu calma com um pedaço de pano molhado, e começou a limpar meu rosto, depois minhas mãos. Tirou sua blusa de moletom e Nina a ajudou me vestir.
--Minha blusa da sorte, Lora. Depois devolve, hein.. --Disse me dando um olhar doce e uma apertada no queixo antes de sair correndo.
Nina me abraçou apertado ao mesmo tempo em que perguntavam sobre os familiares de Raíra.
"Realizamos um parto as pressas, foi difícil, mas graças a força de Raíra, conseguimos. Os bebês são fortes e saudáveis, apesar de prematuros, estão na UTI neonatal para observação." --Vibraram e se abraçavam. Ótima notícia, sim, mas..
--E minha esposa? --Perguntei aflita, me aproximando.
--O quadro em geral não é positivo. --Nina apertou minha mão. --Conseguimos conter a hemorragia. Mas, infelizmente, seu corpo não está reagindo bem, ainda não sabemos que substância foi injetada. Ela segue em cirurgia. Assim que possível trago mais informações.
Carmen conseguiu mais informações (amigas da época de estágios).
"Ao que parece essa substância se alastra fácil. Já está em todo sistema nervoso. Os órgãos estão falhando.", " Sinceramente, não sabem de onde ela tirou forças para o parto. Assim que viu as crianças, sorriu e desmaiou.", "Farão testes para saber se é algo contagioso. Enquanto isso a manterão em isolamento."
** **Horas mais tarde, o doutor informou que eles fizeram tudo que podia ser feito. Agora era esperar ela acordar, se acordasse.
** **Os dias se arrastavam, o quadro era o mesmo. Elas até se distraiam indo ver os recém nascidos. "Um menino e uma menina, Mih!", "O sonho dela", "Casalzin", "Puxaram pras duas. Como é possível?", "Óvulos? Um de cada?"
Não havia os visto ainda, embora a vontade fosse grande (um sentimento diferente crescia). Eu não saía do hospital há semanas (uma das funcionárias me deixou tomar um banho rápido há alguns dias) até que Nina me convenceu a ir tomar um banho em casa, Yaya estava estável, mas sem sinais de que iria acordar. Os gêmeos receberam alta, enfim. Carmen me levou até em casa, evitei olhar o lugar onde tudo aconteceu em frente ao condomínio. Lembrei da moça da moto.. A moto preta.
--A Rafa mandou mensagem, deve estar pra chegar o vôo dela.. Somos tão próximas que até esqueci. --Desdenhou Car.
--Que bom. --Não levei muito a sério porque a Rafa tinha a vida bem corrida e era enrolada com um ser mais chato do que ela. --Conhece alguém que pode vir limpar aqui? Hoje! --Perguntei entrando no banho. Só deu tempo de tomar um banho rápido, pois o celular começou a tocar. Nina! Corri cheia de sabão para atender. Yaya tinha acordado, fizeram exames, estava indo para o quarto.
** **Quarto - Hospital
Escutei a conversa vindo do quarto, entrei com o coração na boca. Aqueles olhos esmeralda estavam parados me encarando, assim que entrei. Sempre intensos. Linda! Suas olheiras estavam bem, bem maiores que o normal, seu rosto muito pálido e mais magro. Seu pé tremia sem parar. Me deu um sorrisinho tímido. Seus lábios secos, meio escurecidos, assim como sua gengiva, como se tivesse tomado um açaí bem forte. Linda mesmo assim.
--Demorou.. --Falou baixinho. --Cê tá mais linda, Avatí.. --Falou tentando colocar o cabelo atrás da orelha. Quem estava no quarto saiu falando em pegar algo pra ela, inclusive Mari que havia chegado há dois dias. Nina apertou minha mão com um olhar enigmático.
--Esperou eu sair pra acordar, Senhorita? --Falei lhe dando um beijo na testa, segurando as lágrimas. --Está com frio, meu Anjo? --Ela estava fria. Fez que não com a cabeça, ainda sorrindo. O pé não parava.
Fiz carinho em seu rosto e me aproximei para beijá-la na boca, ela virou o rosto. Tinha pequenos espasmo de quando em quando..
--Não, Avatí. --Falou com os olhos tristes. --Não precisa me beijar assim, estou.. nojenta. --Falou baixinho tampando a boca. Segurei seu queixo.
--Tu é linda de todo jeito, Guria! --Peguei suas mãos. -+Quando vai entender isso? --A puxei para um beijo apaixonado. Me deitei ao seu lado. --Te Amo muito, muito, muito, sabia? --Ela sorriu contornando meu rosto e eu passando a mão em sua barriga/cintura. Ficamos assim por algum tempo sem dizer nada.
--Olha as mamães de chamego.. --Nina surgiu na porta com um dos bebês no colo e minha Mãe com o outro. A turma vinha atrás com comida. Rafa tinha mandado mensagem para minha mãe, estava no aeroporto (mesmo), mas teria que passar primeiro no hospital em que ela iria trabalhar. Notícia surpresa.
--Amor? --Me chamou. --Traz aqui pertinho? --Meu coração estava na garganta. Nina me salvou e levou os dois bebês.
--Melhor eu, pois.. a Mika é um desastre, Yaya. --Sorriu.
--Ela vai aprender.. --Falou Yaya chamando Mari para subir na cama também. Car e meu pai tiravam fotos.
As lágrimas corriam por seu rosto, assim que os pegou. Nina ficou de prontidão para pegar, se necessário.
--Nossos filhos são lindos, Avatí. --Os olhava encantada. --Lindos! --As lágrimas corriam até o queixo. --Receberam alta hoje, né.. Queria poder ir pra casa com vocês.. --Falou baixinho. --Pensa em um nome pra ele que eu penso pra ela. --Falou me olhando. Assumi o lugar da Mari na cama (depois de um empurrãozinho de Nina). Marcela Aiyra Abaeté e Albuquerque. E..? Dois nomes.. --Me olhou ansiosa.
--... Marc.. --Ela fez que não. Eu sabia que ela não gostava de nomes iguais, sorri. --Lean? Leonardo? Hum.. Kauê Leonardo? --Ela sorriu. Único nome indígena que lembrei o significado.
--Kauê Leonardo Abaeté e Albuquerque.. --Suspirou cansada. Falou coisas em dialetos e em Guaraní, os beijou. --Amo muito vocês pra todo sempre. Sempre.. A con.. conexão. --Nina a ajudou segurar.
--Minha Menina.. --Colaram as testas e falaram mais coisas em Guaraní. Nina se emocionou pegando os bebês.
--Hey.. Trouxemos umas comidas aí que nunca ouvi falar, Pocahontas.. --Car falou pra quebrar o gelo.
--Resumindo é peixe, mandioca, umas frutas.. ou legumes que nunca vi e.. açaí. Amo açaí. --Disse Leo.
--Tudo que você gosta, Dinda. A tia daqui faz de tudo! --Elas começaram amizade com uma manauara descente de índigenas que trabalhava na recepção do hospital.
-- Maravilhoso, Yaya. "Mojeca", Curimatã (ovas), tucupi... Um pouco de Jambu, pimenta, tudo na medida. Quer experimentar? --Yaya sorriu assentindo, parecia bem cansada. Senti uma pressão no peito.. Angustia, ansiedade, não sei. --Nina colocou um pouquinho de cada em uma tigela e me entregou.
--Abre o bocão, Amor. Peixe e açaí, parece.Acho que nunca fez essa aqui pra mim. Parece afrodisíaca.. igual a ti.. --Pisquei pra ela que Sorriu e sibilou um "Boba". Não comeu quase nada.
** **Nina e minha Mãe levaram os bebês para não me lembro onde (não me lembro de muita coisa... na verdade), Leo foi encontrar Breno, Mari foi junto pra pegar uma roupa para os gêmeos, a pedido de Yaya (Havia saído com Mari e visto há algum tempo). Meu pai precisou correr para empresa. Car foi tomar um chá. Parecia que era pra gente ficar a sós.
--Está tudo bem, Amor?
--Sono. E cê tá bem? --Falou baixinho.
--Vou ficar quando sairmos daqui.. --Ela chacoalhou a cabeça de forma negativa.
-- ..Nossa vida.. girou, mas.. pode ser um giro.. bom.. no final.. A moça da moto? O.. --Suspirou.
--Vou procurar saber mais sobre ela, tá bom? --Ela concordou.
--Pega mais uma.. coberta, por favor, Amor. --Sorriu me dando uma piscadela.
--Não me seduz assim ou.. --Dei um beijo molhado nela.
--Cê num.. tem jeito.. --Sorriu. --Promete.. não esquecer.. o tanto que te Amo e que.. me faz feliz?
--Prometo, se tu prometer! Não quer que te esquento? --Sorri lhe dando um beijinho.
--Vai logo, Amor.. frio.. --Sorriu mais.
--Mandona.. Te Amo, Linda!! --Falei piscando pra ela.
** **
Uma enfermeira negou mais uma coberta e outra muito atenciosa me entregou o cobertor, bebi um pouco d'água e peguei o doce preferido dela (na máquina). Foi coisa rápida nem cinco minutos, nem cinco.. De repente, começou a sensação de não ter algo fixo para pisar, uma tremedeira interna. "Código Azul quarto 12". -- Não, não, não..
--"Hora da Morte.." --Alguém disse. Aquele "Piiiii" incessante das máquinas
Me vi a chacoalhando, seu corpo inerte e olhos fechados, mãos tentavam me puxar e eu me agarrava a ela.
--Amor? AMOR! Por favor, não, NÃO! Não pode me deixar assim! Raíra! --A beijei. --AMOR, ACORDA! -- Comecei a gritar. --E a ressuscitação? --Senti braços me envolvendo e uma picada. Nina também gesticulava de forma enérgica. Tudo começou a escurecer.
--Shhh.. shh --Minha Mãe me ninava. --Nossa menina foi nos olhar lá de cima.. --Não. Não.
As lágrimas de Nina corriam silenciosas apertando minha mão.
Escuridão.
"Afasta.." Nada.. "Afasta".. "Já faz quase uma hora".. "Vou ter que declarar.. "dar ", "14h56".. "Quando ela acordar..".
--"Hora da morte: 14:56h".
** **
--Amor?.. Avatí?.. --Aquela voz rouca me chamando a 'realidade.'
--Foi horrível, Amor. --Falei a apertando em meus braços.
--O mesmo sonho? --Assenti. Então, Yaya me deu um beijo na testa. --Foi só um pesadelo, Amor. As vezes, cê tem que me achar, mas.. Estarei sempre esperando.. olhando por você. --Sussurrou. --Sempre! ''
E assim eu acordava mais um dia, vazio. Sonhos se confundindo com a realidade. Queria poder sumir daqui. Encontrar o lugar em que ela se escondeu..
Nas semanas seguintes do ocorrido, parecia tudo tão.. Surreal. Não quis voltar para nossa casa, doía demais. Tudo lembrava ela. Tudo.
Realmente não queria mais continuar com aquilo.. Respirar. Para não fazer besteiras, foquei novamente no trabalho. Morei com meus pais alguns dias. Consegui alugar um apartamento mediano, contratei uma babá, fora a Rosa, a mensalista que Car me indicou. Fiz de tudo para não ficar em casa. Bom, pelo menos ficar o mínimo possível. Com isso em 4 meses consegui dobrar os lucros da transportadora.
Sim, eu escutava os boatos, o principal é que eu não ligava para os gêmeos, mas tudo que fazia era para eles terem um futuro garantido. Carinho? Atenção? Minha? Não, eles não precisavam. Não de mim. Precisam dela. Eu não consigo nem olhar para eles direito, pois me lembram muito Yaya. Não conseguia respirar perto deles. Olhar, pegar.. não!
Minha psicóloga recomendou escrever para me expressar/aliviar, mas pra mim já chega! "
... Fim?
--Cheguei em um péssimo ponto da história. --Pensou Rafaela encarando Mika aos prantos.
....
Fim do capítulo
Oiê..
Fim?
A história de Micaella e Raira não teve o final que merecia, devem estar pensando.. ou não. No entanto, não dá pra dizer que foi o final, mas apenas o começo de outra historia. Enfim, o fim.. Mas não com um ponto final.
Muito obrigado a todos que acompanharam até aqui (mesmo que tenha demorado). Agradeço de coração a todxs que tiraram um tempinho para comentar, me motivou a nãodesistir de escrever/postar.. mesmo não levando jeito, peguei gosto.
Conexão 2.0 já foi iniclada, vamos ver no que dá..
Espero que estejam todxs bem..
Um abraço com carinho e um ate logo.. talvez..
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Mille
Em: 30/09/2021
Oi
Menina e eu pensei que estava sonhando kkk
Não queria que a Raysa morresse, chorei viu, mais entendo que as vezes as pessoas partem e ainda com esse fdp do Frank.
Mica precisa acordar e dar carinho, atenção para os filhos, o amor de mãe não é substituto por babá.
Bjus e já aguardando a nova aventura
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