Kara Danvers adorava segundas-feiras.

Parece estranho já que é acordado coletivamente  entre  os adultos que as segundas-feiras são os piores dias de todos.

 Simplesmente indiscutível.  

É mais um início detestável de uma semana. É terrível ter que sair de um domingo vagaroso e cair direto no caos de uma segunda-feira. Ela é tão sorrateira que já te derruba as seis da manhã ou ainda mais cedo que isto.

É o despertador que não toca.

O trânsito impossível.

O chefe irritado.

O café que você derrama em papéis muito importantes.  

A ligação que ignora e, olha, só era Oprah Winfrey a maior comunicadora de todos os tempos. E lá se foi para o espaço as suas chances de pular no sofá dela como Tom Cruise fez. Ah, se tivesse ligado em um outro dia...

 É, nada de bom pode acontecer em uma segunda-feira.

Mas Kara Danvers talvez fosse uma daquelas pessoas otimistas demais pra dar um dia que nem se quer foi vivido como perdido, por mais que tenha sido uma droga...

Só que foi a pior segunda-feira de todas e nem Kara Danvers tinha algo de bom para falar sobre.

 Ela havia sido demitida.

Já eram oito horas da noite e depois de jogar a pequena caixa com alguns pertences retirado da sua mesma na cara de Snapper em um compreensível ataque de fúria e ido embora, ela estava golpeando seu saco de boxe. O que ela tinha na sua sala de estar e usava algumas vezes para extravasar.  Talvez visualizasse seu ex chefe ali por que toda vez que desferia um golpe resmungava "filho da puta", "desgraçado", "idiota", "calvo".

Kara não ouviu as batidas tímidas na porta por que estava ouvindo Toxicity do System Of a Down nos fones de ouvido no último volume. Só algum tempo depois quando deu uma pausa para dar alguns goles na garrafinha de água  e deixou um lado do fone cair que ela percebeu.

Estava suando pelo esforço e alguns fios loiros escapavam do seu coque e se aderiam a sua pele escorregadia. Estava sem óculos também e talvez tenha sido só por está distração que aconteceu o que ela chamou mais tarde de "O meu próprio Big Bang".

Ela tirou uma das luvas de boxe para abrir a porta e quando fez isto um garoto que não parecia ter nem dezoito anos completos arregalou os olhos para todas as suas formas firmes e seus músculos do abdômen revelados pelo top que estava vestindo.

- HEY! - Kara estalou os dedos como para se acorda-lo de um transe. - Não tenho a noite toda! - Ela não era rude assim mas aquele dia realmente foi uma provação e Kara só queria ter uma boa notícia ou que acabasse logo.

- Err... - O garoto tossiu nervoso desviando os olhos do abdômen de Kara. - Tenho... Tenho uma entrega pra Srta...

Kara franziu o cenho. Não lembrava de ter encomendado nada mas não o questionou. E pior assinou e recebeu o pacote sem óculos.

 Se tivesse com eles provavelmente veria pra quem era o destinatário, Lena Luthor.

- Uh, talvez eu e você... - Ele ia mesmo tentar suas chances com Kara? -  Sabe, podemos quem sabe...

- Tchau! - Ela se despediu e bateu a porta na cara do garoto.

Kara tomou mais alguns goles de água antes de se sentar no sofá com o pacote escuro no colo. Agitou antes de abri-lo como se para adivinhar pelo baque lá dentro o que era. Como não fazia ideia do que era rasgou a embalagem e um objeto estranho surgiu.

Era colorido em toda sua extensão e felpudo. Tinha uma ponta como uma seta na base que ela deduziu que servia como encaixe mas encaixar aonde?

De repente ela sorriu, é claro. Era um espanador de pó. Ou parte dele. Nunca tinha visto algo assim.

- Que tipo de espanador é este? - Kara desbloqueou seu celular e tirou uma foto. Talvez Alex pudesse ajudar nesta investigação.

No apartamento ao lado sua nova vizinha Lena esperava ansiosamente seu plug anal com as cores do arco-íris chegar.

Fim do capítulo