POV BEATRIZ 

Marcela saiu do meu apartamento furiosa, não era pra menos, eu estaria do mesmo jeito. Eu não consigo me lembrar o que aconteceu ontem, a única pessoa que poderia me dizer o que eu fiz estava ali parado na minha frente de cueca. 

-Gustavo, o que aconteceu ontem? - Perguntei com as mãos na cabeça sem encara-lo, eu estava com medo da resposta. 

-Ué Bibi, você não se lembra? - Ele perguntou e eu neguei com a cabeça. - Você deu uma exagerada no champanhe, acho que você estava irritada com alguém e acabou bebendo demais. 

Eu me lembro que vi Marcela e Jaqueline juntas, mas eu sei que não era real, Marcela não voltaria com ela sem me dizer nada, na verdade eu confiava nela. 

-E como você veio parar aqui? - Perguntei tentando entender o motivo.

-Você não estava se sentindo bem e eu te trouxe pra casa. - Gustavo dizia com a maior calma do mundo. - A gente acabou se beijando e você não me deixou ir embora. 

Olhei incrédula pra ele, não posso acreditar que eu tinha feito isso. Eu raramente bebia  pra ficar bêbada, eu nunca bebi assim pra perder a memoria. 

-Fizemos algo além de nos beijar? - Gustavo sorriu de lado e um frio percorreu minha espinha. 

-Não, você estava bêbada demais. - Ele se sentou ao meu lado e me deu um beijo na bochecha. - Mesmo sendo difícil me segurar, você estava impossível. 

Suspirei tentando me acalmar, pelo menos isso eu não teria que me preocupar. Apesar de achar super estranho eu estar com tanto álcool no corpo. Mas esse agora era o menor do meus problemas, preciso tentar me explicar pra Marcela. Vou esperar ela se acalmar um pouco e vou atrás dela, ela tem que me ouvir. 

Gustavo se vestiu e se despediu, ele disse que tinha um compromisso e que eu ligasse caso precisasse de algo. Gustavo estava tranquilo demais, não questionou o que Marcela estava fazendo ali e eu também não perguntei o motivo, tudo estava estranho demais naquela manhã. Tomei um banho, minha cabeça estava doendo tanto que parecia que iria explodir, Bernardo chegou e eu contei o que tinha acontecido me permitindo derramar algumas lágrimas nos braços do eu amigo.  

-Amiga, você tinha que vir pra casa justo com aquele idiota? - Bernardo fazia um cafuné nos meus cabelos enquanto eu contava tudo que me lembrava da última noite. 

-Se eu pelo menos me lembrasse como eu cheguei em casa Bê! - Sequei meu olho e dei uma fungada. - Marcela não vai querer me ouvir, você precisa ver a fúria que ela estava. 

-Eu imagino, mas espere ela dar uma acalmada, e tenta conversar. - Me sentei na cama ao lado de Bernardo. - Vocês tem um  plano pra destruir a Jaque naja. 

Sorri de leve com o apelido que ele colocou em minha ex chefe. Eu tinha contado a ele tudo que Marcela e eu estava fazendo, e contei também a parte que só eu sabia. 

-Vou ligar pra ela, preciso contar o que Jaqueline está fazendo. - Alcancei meu celular e disquei o numero de Marcela. 

A ligação não completou e eu tentei o aplicativo de mensagens, Marcela havia bloqueado meu numero, tentei em outras redes  socias e descobri que ela bloqueou em tudo. Suspirei chateada, ela nem ao menos quis ouvir minha explicação, quando Sandro disse que Marcela era cabeça dura eu não imaginava que era assim. Pesquisei outro numero e ele atendeu no segundo toque. 

-Sandro, Marcela está com você? - Perguntei assim que ele atendeu. 

-Bia, eu não sei o que houve entre vocês, mas ela não quer falar com você. - Ele disse com um ar triste. - Ela está aqui sim, e se ela me ver falando com você, ela vai brigar comigo. 

-Sandro eu preciso explicar o que aconteceu. - Falei tentando me acalmar. 

-Bia, prometo te ouvir, mas vou desligar. - Ele falou baixinho. - Marcela está impossível. 

Joguei meu celular na cama, e Bernardo me expendeu os braços me chamando pra um abraço. Não tinha muito o que fazer naquele momento, apenas deixei as lágrimas rolarem. 

Os dias se passaram e Marcela não queria me ver nem pintada, me encontrei com Sandro e expliquei  que tinha acontecido na noite do coquetel, ele ficou meio receoso, mas disse que acreditava em mim e que mesmo Marcela irritada comigo ele daria um jeito de tentar conversar com ela, não voltei na Cyber e minhas coisas foram enviadas por um entregador qualquer. Jaqueline era outra que nem ao menos se preocupou o que tinha acontecido comigo, mas eu juro que o que é dela está guardado, Marcela pode não me querer de volta, mas eu vou conseguir provar que Jaqueline é uma criminosa. Decidi focar no que importa, consegui meu emprego de volta com a mãe de Gustavo, eu seria experta, o de Gustavo também estava guardado, o que ele fez comigo ele irá pagar. 

FLASHBACK ON:

No fim da tarde Rafa se encontrou comigo, eu tinha saído sem me despedir e precisava saber o que ela tinha descoberto. A recebi em meu apartamento junto com sua namorada que era delegada. 

-Rafa, eu não faço a mínima ideia de como eu cheguei em casa. - Falei suspirando. - Eu não me lembro de ter bebido pra ficar com amnesia. 

-Bia, o rapaz que estava com você, ele é alguém que você conhece? - Olhei confusa pra Rafa. 

-Sim, ele é meu ex namorado. 

-Bia, ele está metido com coisa errada. Ele é um antigo conhecido nosso, vive metido em briga e com narcotráfico. - Olhei espantada, pois jamais pensei isso de Gustavo. 

-Sim, Joca tem um relatório completo, mas ele se safa sempre, principalmente pelo sobrenome que carrega. - Natália se pronunciou e eu ouvia com atenção. 

-E é ele quem está fazendo a ponte dos cliente de Jaqueline, consegui a informação com um contato próximo a ele. - Rafaela deu um gole no suco e continuou. - Bia, eu não sei como é sua relação com ele, mas nós te aconselhamos fazer um exame, você mesmo disse que não bebe muito e de repente nem ao menos se lembra de como chegou em casa. 

-Você acha que poso ter sido drogada? - Olhei pra elas sem acreditar. 

-Somos da policia Bia, vemos esse tipo de coisa todos os dias. - Natália  disse segurando minhas mãos. - Podemos te acompanhar. 

-Eu farei sim, mas se der positivo eu mesmo quero acabar com a raça dele. - Rafaela suspirou e Nath apenas acenou com a cabeça. 

Saímos as três em direção a clinica, e rapidamente meu sangue foi coletado e eu aguardava o resultado. Eu estava apreensiva, pois eu confiei em Gustavo, não podia acreditar que uma pessoa em que passei meses apaixonada, foi capaz de fazer algo tão maldoso. A enfermeira se aproximou e começou a explicar o resultado do meu exame. Foi encontrado uma alta concentração de Flunitrazepan, mais conhecido como boa noite cinderela, a droga causava travamento no sistema nervoso central, podendo causar amnésia redução dos movimentos psicomotor, podendo causar até mesmo alucinações. Ela terminou a explicação e meu rosto estava banhado em lágrimas, eu me sentia tão exposta, tão vulnerável, mas isso não ficaria assim e Gustavo iria me pagar por me causar isso. 

-Bia, podemos descer até minha sala e fazer um denúncia. -Natália sugeriu, mas eu neguei com a cabeça. 

-Ele vai me pagar quando colocarmos ele atrás das grandes ao lado de Jaqueline. - Limpei minhas lágrimas e pedi que Rafa me deixasse em casa. 

FLASHBACK OFF:

Era um domingo a noite e Lívia e eu estávamos sentadas no tapete da minha sala, mesmo saindo da Cyber ela não deixou de conversar comigo, ela tentava a todo custo saber o motivo da minha saída repentina, eu sempre desconversava, mas Lívia era terrível. Tomávamos vinho e estávamos conversando sobre o flerte dela com Laís. 

-Saímos juntas ontem, ela gosta dos mesmo filmes antigos que eu. - Ela dizia sorrindo. - Aqueles filmes que você detestou. 

-Tá vendo, melhor do que opostos, os iguais são mais interessantes. -Ela sorriu e me empurrou de lado. 

-Marcela disse o mesmo. - Ouvir aquele nome acelerou meu coração, havia dias que eu não tinha noticias dela e a saudade me apertava. - Desculpa, esqueci que não devo pronunciar esse nome aqui. 

-Relaxa. - Dei um gole generoso no vinho. 

-Bia, por que você não me conta o que aconteceu? -Lívia olhava pra mim e eu suspirei pesado. 

-Você gosta mesmo de mim Lív? -Perguntei e ela segurou minha mão. 

-Claro Beatriz, eu não menti quando eu disse que estava apaixonada, e mesmo não sendo recíproco e gosto da sua amizade. 

- Eu também gosto da sua amizade, e antes de contar tudo o que eu tenho que contar eu preciso que saiba que eu não quero destruir seu lar, ou fazer algo do tipo. - Lívia me encarou confusa e eu comecei a narrar o que eu sabia. 

Fim do capítulo