Capítulo só sorrisos e sem gatilhos, espero que gostem.
Capitulo 1 - uma luz na escuridao
Com a morte do Coronel Justiniano e seus asseclas, o braço dos militares pesou forte em cima da resistência, muitos companheiros, além de inocentes foram exterminados pelas patas dos cavalos, pelos fuzis e nos porões da Ditadura, enquanto isso os jovens continuavam a luta de forma corajosa, enfrentando os medos por seus ideais, contra armas, prisões e torturas. Apesar da dureza dos dias, a época ajudou na formação de uma intelectualidade ativa que chorou, cantou, escreveu e se manifestou através de múltiplos discursos, criticando arbitrariedades, denunciando o regime e levantando o povo contra o sistema opressor.
Entre muitas ideias, a mais audaciosa missão da resistência MR-8, onde passei a atuar desde que entrei na luta contra a ditadura, seria o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. De início nos refugiamos no Sítio Renascer em Teresópolis, com o objetivo de traçar estratégias, a ideia era negociar com o governo brasileiro a liberdade do embaixador em troca de quinze presos políticos, além da veiculação em rede nacional de um manifesto que denunciava a ditadura militar instituída.
A companheira Janine foi escalada na missão de levar consigo um pequeno grupo de mulheres para tomar o sítio habitável, além de mim, Vanessa, Heloísa e Anna foram escaladas, e em um dia nublado partimos para o sítio de Teresópolis onde ocorreria a fatídica reunião.
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- Ai, ninguém tem uma fita cassete com umas músicas para animar?. – Falou Janine olhando as integrantes do grupo pelo espelho do retrovisor. A loirinha de cabelos curtos cortados a moda moptop esticou o braço entregando a fita e sorrindo.
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- Espero que goste companheira.
- Obrigada He-lo-i-sa – Respondeu pronunciando todas as sílabas de forma suave, haviam combinado de usarem os nomes reais quando estivessem sozinhas e a sensação dessa pequena liberdade era deliciosa. – Janine riu alto ao escutar os primeiros acordes da fita k7, revirando os olhos cor de mel para cantar junto.
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Você
Precisa saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa saber de mim
Baby (Baby)
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- Essa é a música animada?. – Falou rindo ainda mais alto e mostrando os dentes alvos, em seguida olhou para o banco de trás dirigindo a palavra a mim – e você gringuinha?, Maire, não é?, não fala nada?, fica parada ai, parece uma estátua, respira mulher, estaremos a salvas no sítio, não precisa ter medo.
- Sou econômica nas palavras quando não tenho muito a dizer.
- Saquei, é do tipo intelectual.
- Deixa ela... – Respondeu Vanessa franzindo a sobrancelha.
- Ah, entendi, estão juntas...eu e Anna também, saca?.
- Hum...
- Nossa gente, não precisamos amarrar a tromba, somos resistência, e Helô, põe uma coisa mais animada, pô, vamos morrer de tédio até o sítio.
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Soy loco por ti, América
Yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Martí
Que su nombre sea Martí
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Continuou cantando enquanto balançava os ombros, sorri no banco de trás, ao constatar minha intuição ao ler a sua mente estava correta, de todas ali, Jannine era a mais tensa e medrosa, não gostava de pegar em armas, considerando o sequestro do embaixador arriscado demais, tinha receio que os militares voltassem atrás com a palavra, o que de certo ocasionaria não apenas a morte de vários companheiros, como também a do americano.
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Eu não sou uma assassina, nunca verei uma morte injusta com bons olhos, espero que tudo acabe bem. – Pensou, mas, não ousou verbalizar o pensamento, e seguiu cantando.
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Soy loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca de Latinoamérica
Y el cielo como bandera...
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- É desse tipo de animação que estou falando... – Sorriu aberto para balançar o corpo ao som dos acordes da próxima música, “Pata, pata”, canção dançante afro-pop popularizada pela cantora sul-africana Miriam Makeba.
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- Adoro essa música meninas, anima qualquer uma bicho, escuta o som... “Saguquga sathi bega nantsi Pata Pata”.
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Depois de acomodados os mantimentos no sítio, e com os quartos organizados, o pequeno grupo voltou ao Rio de Janeiro em busca de novas instruções, ficando apenas eu e Vanessa para terminar a limpeza do espaço. Com o entardecer, uma forte chuva trouxe consigo a falta de luz. A humana saiu tateando no escuro, voltando com uma vela na mão, sentou no cantinho na cama enquanto esticou o corpo para pingar a lágrimas de cera em um pires acomodado na mesinha de cabeceira. Me olhou de forma atenta, estava deitada, sem a menor preocupação de imitar pequenos traços de humanidade, percebi que a seus olhos, parecia uma estátua rígida, com as pernas cruzadas parecendo não me importar com a escuridão. Ela pensou por alguns segundos, tentando encontrar as palavras certas para me aconchegar de algum jeito antes de falar.
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- Desculpe a demora, demorei para achar a vela.
- Não tenho medo do escuro, aliás, não tenho medo de quase nada.
- Pode falar, não precisamos ser fortes o tempo inteiro, sabia?.
- Você não faz a menor ideia do que eu seja, não é?, talvez por isso se exponha tanto.
- Eu sei, é uma infiltrada do governo militar, mas, eu acredito no seu bom coração, sinto que jamais nos entregaria.
- Ah, quem dera fosse isso querida. Sabe, gostaria de ser mais direta, menos teatral, talvez, mas, não faz muito o meu estilo, o fato é que tem particularidades minhas que não entende, sabe a minha idade, por exemplo?.
- Escutei falando a companheira Janine que tem vinte cinco, não é?.
- Sim, há trezentos anos tenho essa idade. A propósito, podemos deixar essa conversa para mais tarde?, para o seu bem, preciso sair para caçar, estou faminta.
- Não precisa, temos provisões aqui para mais de três meses.
- Minha linda, esse não é bem o tipo de banquete que me apetece, mas, esse...
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Me aproximei de forma rápida, da maneira mais inumana que consegui, minha figura pareceu quase diáfana com a velocidade, passei então, o dedo na jugular de Vanessa, sentindo o sangue pulsar com o meu toque, permitindo que meus dentes projetassem, só então a loira entendeu o que de fato era a mulher por quem estava apaixonada, levantou-se rápido, mal sentindo as pernas, tremendo me mostrou a cruz que ostentava no peito, o que me fez rir alto.
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- Isso é ficção querida.
- Mas, como?...eu vi....você não tem problema com o sol, nem brilha como o Edward, aparece em espelhos...
- Hahahahah...ficção novamente, de tudo que sabe sobre vampiros, a única coisa que faz sentido é que me alimento apenas de sangue, é verdade que a claridade incomoda um pouco as minhas retinas, mas, nada que um bom óculos escuros não resolva.
- Espera, não se aproxime, deixa que me acostume com essa informação.
- Preciso ir, não se preocupe, eu volto.
- Maire...
- Sim?.
- Eu sei que jamais me machucaria.
- E como pode ter tanta certeza?.
- Está apaixonada por mim.
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Sorri e saltei a janela, aceitando minha condição de imortal...
Fim do capítulo
Desculpem a demora, a pandemia me trouxe uma gripe muito forte.
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florakferraro
Em: 28/06/2021
Deixou as cenas mais intensas para o final, não é?. Maldade Sá kakakakaka
Fiquei na curiosidade de saber mais desse casal.
bjus
thaloren
Em: 28/06/2021
Sabrina,
Acho que a vampira estava precisando de um amor verdadeiro para se aceitar e ser feliz, não sei porque essa pressão por cenas de sexo, o envolvimento delas vale muito a pena.
Estou na curiosidade de saber como termina esse conto.
bjim
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Gabriella Herculano
Em: 28/06/2021
óinn só eu fiquei toda derretida com esse final inacabado, elas são fofas demais amiga, e a vampira até se aceitou. O que o amor não faz?. Estou na expectativa pelo final, se vai rolar ou não é contigo kkkkk.
Amiga, isssssxfriou pra kct, vou te buscar para um café.
bjssss
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Lara Lefevre
Em: 28/06/2021
Sabrininha,
Antes de falar da história, preciso dizer que amei o repertório musical desse capítulo, dá vontade de criar uma playlist só com as músicas de suas histórias, todas de acordo com a época, parabéns pelo cuidado e com a pesquisa que sei que faz a cada conto que cria.
Quanto ao capítulo de hoje, achei incrível a forma com que Vanessa descobriu e aceitou a condição de Maire, além de ser um momento divertido, e como mencionou, suave.
xero.
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StellaGB
Em: 28/06/2021
Autora, como deixa o final em aberto?, isso é maldade, sabia??, fiquei imaginando as duas rolando na cama, e Maire simplesmente sai para se alimentar? kkkkk, mas, espero a tão esperada cena na próxima vez. Espero que esejas bem, e bah, que continue escrevendo. A propósito, amei o capítulo.
beijo
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