POV MARCELA

       Cheguei a Cyber por volta do meio dia, me tranquei em minha sala e dei ordens para que Alice não deixasse ninguém passar por aquela. porta. Minha cabeça latej*v* e eu só conseguia pensar em duas pessoas, Sandro e Beatriz. Passei a manhã inteira tentando compreender os rumas que minha vida tinha seguido, o que eu fiz pra merecer tudo isso, e só tinha uma culpada, eu mesmo, as minhas escolhas.

-Marcela! Precisamos conversar. – Jaqueline entrou em minha sala sem ao menos bater na porta.

-Mas que porr*, eu pedi para que não fosse incomodada. – Me levantei irritada e Alice entrou logo atrás com cara de assustada. – Alice eu devia demitir você por isso.

-Marcela, me desculpe. – Minha secretaria dizia desesperada.

-Alice nos dê licença, Marcela só está tendo um dia ruim. – Jaqueline disse calmamente e minha cabeça latej*v*.

-Que caralh* você quer aqui Jaqueline? – Me servi um uísque e aquela era minha primeira refeição do dia.

-Você já foi mais receptiva, sabia? – Ela estava sentada com as pernas cruzadas e com cara de paisagem. – Só vim ver como você está meu amor.

-Hoje eu estou com zero de paciência Jaqueline. – Me sentei e senti o uísque descer quente pela minha garganta. – Se veio assinar nosso acordo, ótimo. Mas se veio só pra me irritar me dê licença, por favor.

-Você anda tão tensa. – Jaqueline rodeou minha cadeira e se posicionou atrás de mim, e levou as mãos em meus ombros. – Precisa relaxar meu amor, anda com muita coisa na cabeça.

-Jaqueline... – Confesso que ela sabia exatamente o que fazer para me deixar menos tensa e massagens em meus ombros eram provas disso.

-Relaxa, é só uma massagem. – Ela apertava meus ombros de forma com que meus músculos ficassem menos tensos. –  Ainda sou eu Marcela, a mulher com quem você se casou.

-Jaqueline, a mulher com quem me casei nunca me trairia, nunca seria essa pessoa que você se tornou hoje. – Ela encostou o queixo no meu ombro e suspirou.

-Amor, você nunca vai me perdoar? – Dei um sorriso sarcástico. – Foi um deslize, se você soubesse o tanto que eu me arrependo. Enfim, apenas vim ver como você estava, e dizer que sinto sua falta todos os dias.

        Jaqueline virou minha cadeira e colou seus lábios nos meus, eu não reagi, mas a imagem de Sandro e Bia veio em minha mente e eu levei minhas mãos em sua cintura. Eu não sei exatamente o que eu sentia com aquele beijo, mas eu sentia algumas coisa.

-Vamos jantar juntas hoje? – Jaqueline descolou nossas bocas e fez um carinho em meu rosto. – Podemos ir ao restaurante que você gosta, vamos nos dar uma chance.

-OK Jaqueline, agora se você puder me deixar trabalhar. – Ela me deu mais um beijo rápido e saiu.

       Passei a mão no rosto irritada comigo mesma, até quando eu suportaria aquilo? Até quando eu conseguiria resistir? Peguei meu telefone e fiz a ligação que eu precisava fazer.

POV BEATRIZ

        Estava deitada na minha cama e minha mente rodava em um loop infinito. As palavras de Jaqueline não saiam da minha mente e eu me sentia como um gato encurralado. As lágrimas rolavam livres pelo meu rosto e eu só queria entender o motivo das pessoas serem tão gananciosas. Minha mente vagava por todos os momentos em que vivi com Marcela, a viagem para Nova York, o dia em que passamos no bangalô de Melissa, o jantar no restaurante de Petra, tudo isso deixava meu peito ainda mais apertado. Marcela se declarou pra mim e eu não tive reação nem mesmo para responder.

      Pensava estar tomando a decisão certa, eu já tinha me decido, só precisa encontrar a forma certa de fazer o que eu tinha pra fazer, mas eu faria e sei que tudo ficaria bem um dia, principalmente com meu coração. Coração esse que pertence a Marcela.

Flashback on:

      Depois que Lívia saiu do meu apartamento eu só sabia chorar, a sensação de impotência era horrível e eu jamais quis que Marcela saísse prejudicada na nossa relação, eu estava me apaixonando por ela, era algo que já estava enraizando em meu peito.

     Estava sentada com as mãos na cabeça pensando no que eu faria. Eu tinha muito medo do que poderia acontecer com meu futuro, eu batalhei muito para chegar até aqui, eu larguei minha família no interior para conquistar meu espaço no mercado e deixar isso ser destruído não estava em meus planos de jeito nenhum.

       Precisava pensar, minha cabeça parecia querer explodir então resolvi dar uma volta pelas ruas do meu bairro, andar a noite sempre me ajuda pensar. Peguei minhas chaves e desci, a brisa fresca da noite batia em meu rosto e os meus pensamentos tentavam se encaixar no lugar. Meu sentei em um banco na pracinha que tinha ali e fiquei esperando um milagre divino para os meus problemas. Digitei uma mensagem para Marcela e ela tentou me ligar, mas não tinha condições de conversar naquela hora, ela concordou e eu decidi que ela e eu precisávamos conversar. Guardei o celular e no mesmo momento senti uma mão tocar em meu ombro e eu me virei assustada.

-Oi, não queria te assustar. – Ele me lançou um sorriso animado. – Te vi e logo reconheci que era você.

-Oi Sandro, que surpresa você por aqui. – Ele se sentou ao meu lado.

-Pois é uns amigos marcaram um futebol na quadra ali de trás e só achei lugar para estacionar aqui. – Ele se explicava e eu ouvia. – Mas e você, o que faz tão tarde aqui, e sozinha?

-Precisava esfriar a cabeça. – Sandro me olhou compreensivo.

-Hey, eu sou seu amigo. Se precisar desabafar eu estarei aqui. – Deixei uma lagrima rolar e Sandro me abraçou. – Vem, vou te levar em casa.

        Entrei em seu carro, e seguimos para a minha casa, que não ficava tão longe dali. Sandro a todo o momento certificada se eu estava bem e eu senti que podia confiar nele. Desci do carro e ele desceu junto me acompanhando até a entrada.

-Bia, desde o primeiro dia em que te vi eu senti que teríamos um laço forte. – Ele segurava minhas mãos e eu balançava a cabeça em afirmação. – Quero te dizer que meu ombro sempre estará aqui para você.

-Obrigada Sandro, você sempre aparece nos momentos certos. – Ele me envolveu em um abraço apertado.

-Sou seu salvador. – Sorri com suas palavras. – Mas agora eu preciso ir, e qualquer coisa você sabe que pode me ligar.

         Sandro saiu e eu subi ao meu apartamento, hoje Bernardo não voltaria para casa e o único colo que eu queria aquela noite era o motivo dos meus problemas.

Flashback off:

         Meu celular tocou estridente e assustei saindo dos meus pensamentos. Atendi a ligação e aquilo era o sinal para fazer o que era certo, recusei a ligação e respondi apenas com uma mensagem, o futuro da minha carreira era mais importante, eu lutei demais pra chegar aonde cheguei, eu tenho ambição e nada nem ninguém vai tirar isso de mim. Me levantei e me arrumei rapidamente, eu tinha um compromisso para ir.

-Oi minha linda, que bom que me ligou. – Sandro parou o carro e eu entrei. – Você está uma deusa.

-Obrigada. – Coloquei o cinto e ele arrancou com o carro. – Aonde vamos?

-Você já vai saber. – Sandro sorriu de lado e um frio percorreu na minha espinha.

        Sandro estacionou o carro e abriu a aporta para que eu descesse. Ele era um perfeito cavalheiro e quando ele me fez o convite eu aceitei de imediato, precisava esfriar a cabeça um pouco também, se não eu surtaria. Minha mão suava frio e eu só pensava em uma pessoa.

        Estávamos entrando no restaurante quando um par de olhos castanhos pensou em cima dos meus, os olhos dela como um imã foram atraídos para a mão de Sandro que estava em minha cintura e meu coração disparou nesse momento.  Jaqueline olhou-me surpresa e Sandro agia normalmente.

-Mas olha que surpresa. – Jaqueline disse em euforia.

-Irmãzinha, por que não disse que estaria aqui. – Ele sorria e eu me mantinha calada. – Podíamos ter vindo todos juntos, boa noite Jaqueline.

-Boa noite cunhadinho. – Marcela tinha ódio nos olhos e eu não sabia o que dizer. – Bia, interessante te ver por aqui.

-Que porr* é essa, Beatriz? – Marcela falou entre os dentes e eu senti os pelos do meu corpo arrepiarem. – Era por isso que não podia me ver hoje? Por isso que recusou minha ligação?

-Marcela eu posso explicar! – Jaqueline parecia se divertir com a situação.

-Explicar que você estava se decidindo em qual dos irmãos você daria o golpe? – Ela disse aquilo e me acertou em cheio, nunca tinha visto Marcela ser tão grosseira. – Há quanto tempo você está me fazendo de idiota?

-Marcela eu não vou deixar que você fale assim com ela.

-Cala a porr* da boca Sandro. – Ela empurrou o irmão e eu entrei na frente. - Eu nem sei por que estou te defendendo, você sempre quer o que é meu.

-Primeiramente me respeite Marcela, eu não sou propriedade de ninguém. – Ela deu aquele sorriso irônico e algumas pessoas olhavam curiosas. – E segundo eu não preciso dar golpe.

-Engraçado, há uns dias atrás eu me lembro de você embaixo de mim dizendo que era minha. – Jaqueline fechou a cara e minhas bochechas esquentaram. – Mas sabe de uma coisa Beatriz, você só de margem para que eu percebesse que quem me dá valor é quem sempre esteve ao meu lado.

-Marcela, vamos pra casa. – Jaqueline tentava controlar os ânimos de Marcela. – Isso não é assunto para tratarmos aqui. – Que cadela falsa, eu pensava sozinha.

-Tem razão, vamos embora. Espero que você dois sejam felizes. – Marcela passou por mim me empurrando bruscamente. – E pode deixar que amanhã tiro minhas coisas do seu apartamento. – Ela se virou pra mim com toda raiva do mundo. – E você, saiba que nosso envolvimento a partir de agora, será extremamente profissional.

-Marcela, amanhã resolvemos isso. – Jaqueline saiu puxando a esposa e sussurrou quando passou por mim. – Você é das minhas, garota.

         Sandro olhava meio atordoado e devemos conversar, mas a única atitude que tomei foi abraça-lo e pedir para que voltássemos para casa, não tinha mais pique algum para jantar.

Fim do capítulo