Mariana Medeiros de Barros é médica, cirurgiã cardíaca, servidora da saúde no Município do Rio e trabalha em dois hospitais particulares próximo de casa. Há 6 meses   perdeu sua mãe pra ironicamente um acometimento cardíaco. Sua mãe era teimosa toda vida e mesmo a filha orientando sobre o tratamento adequado a mesma não cumpria e acabou tendo um infarto que a levou pra outro plano. Mari, como era chamada em casa e por alguns amigos não aceitava o fato de sua mãe ter morrido dessa forma. Sempre pensava: se ela seguisse o tratamento direitinho.... mas enfim, essa era a Vida.

Mariana perdeu o pai muito cedo, ainda era bem pequena, mas lembrava de tudo. Decidiu ser médica exatamente por conta da doença do pai que descobriu tarde e não tinha nada a ser feito. Seu pai faleceu de câncer no pulmão. A família ficou devastada na época.  Mariana era a única menina do casal que tinham mais 3 rapazes. Todos enciumados pois a irmã era a querida do papai. Foi uma infância complicada, sofrendo na mão do irmão mais velho que a agredia e os outros nada faziam e na frente da mãe ele era o santo. Mas Mariana não desistiu, se empenhou em estudar e trabalhar logo cedo. Com 16 anos já trabalhava e continuou estudando. Ela queria ter condições de prestar vestibular pra medicina sem ter que depender do dinheiro de sua mãe que precisou voltar a trabalhar com o falecimento do marido. Mariana foi uma ótima filha para Ilda, ela foi a única que se formou na faculdade, sua mãe nunca verbalizou que se orgulhava, mas dizia pra todos, principalmente em seu trabalho que a filhinha Mari era seu orgulho e do Zé que a acompanhava do céu. Mari soube disso no enterro da mãe.  Ficou muito emocionada quando a antiga Patroa de sua mãe lhe disse isso. Ilda já estava aposentada, mas mantinha contato com a família pra quem trabalhou a vida inteira. Seus irmãos tinham vidas paralelas e quase não estavam presentes na vida de Mari e Ilda. Haviam constituído suas famílias e literalmente cagavam pra mãe e pra irmã nem se fala. Os três não aceitavam o fato dela ser lésbica declarada! Mariana morava sozinha, sempre foi seu sonho, e a mãe na mesma casa onde sempre viveram na Tijuca. Mari sempre ia lá, almoçavam juntas e muitas vezes quando saia do plantão no centro passava por lá e sempre acompanhava a mãe nas consultas e compromissos. Seus irmãos eram uns ingratos, que só apareciam pra pedir dinheiro a mãe. Ela sofria com o distanciamento deles. Mari sentia raiva disso, mas deixava pra lá.  Agora com o falecimento da mãe nada os ligava mais e Mari até preferiu assim. A casa já estava em seu nome e decidiu vender imediatamente e dividiu o valor entre os 4 herdeiros. No banco havia um dinheiro que ela fazia a mãe guardar para emergência que partilhou também entre os quatro e o seguro de vida que havia a mesma coisa. Os três ficaram surpresos quando o advogado que era amigo de Mariana os acionou. Ela pediu ao amigo pra fazer tudo, pois não queria mais nenhum contato com os irmãos. Tudo foi resolvido em 3 meses após a morte da mãe. Mariana ainda sentia a perda, mas se afundou no trabalho, ela amava o que fazia e encontrou ali seu refúgio. 

Fim do capítulo