Ainda na Asa Norte...

- Bianca o que você quis dizer com remedinho?

- Mamy nem me chamou de filha (carinha triste).

- Mocinha não venha com essa carinha e me fale o que quis dizer?

- Lêeeeeeeeeeeeeeee.... socorroooo!

- Paula eu estava gostando de ver a carinha de vítima da Bianca, porém ela é totalmente inocente. Ontem na casa da Poliana a Dra. Rafaela levou um remédio para dar a D. Sonia e me chamou para pedir que eu colocasse o mesmo no seu chá ou em um suco antes de você deitar porque queria que você dormisse bem e eu concordei, assumo minha culpa em gostar de você e querer o seu bem estar.

- Uhruuu... mãeee ela gosta de você.

- Bianca quer que eu diga algo incriminador para sua mãe eu sou capaz de criar um caso agora.

- Nossa! Eu só repeti o que você disse.

- Conheço suas intensões mocinha. (Letícia falou com um olhar fatal a Bianca)

- Pronto agora tudo eu sou mocinha. (carinha emburrada)

(risos)

- Filha quer ser velhinha...

- Então Dra. Letícia, se uniu contra sua amiga, combinou com minha ex-mulher de me dopar e alega que foi tudo por uma boa causa?

- Contra não. Eu apenas quis que a minha amiga pudesse descansar e principalmente pudesse dormir bem. O dia ontem foi muito agitado para todas nós.

- Estão as duas perdoadas por hoje. Eu me assustei com a forma que Bianca falou, e Rafaela sabe bem o que faz, além de ser uma excelente médica.

- Mamy’s eu não fiz nada! Eu nem sabia disso até acordar primeiro que a senhora hoje.

- Você está com o hábito de deixar a Letícia sem graça e não posso permitir. Afinal ela é minha amiga e merece todo nosso respeito.

- Eu só repito o que ouço. (carinha emburrada).

- Filha já percebeu que ás vezes me chama de Mamy e outras de mãe. Sobre repetir eu lhe digo que deve pensar antes de falar.

- Certo vou pensar antes. E sobre a forma que lhe chamo é porque sei que é minha mãe biológica e acho estranho te chamar de mãe por ter a minha de coração, então fico confusa. Independente é minha mãe e é a Mamy.

- Paula ela não tem o juízo muito certo não. Melhor fazer uma avaliação na cabecinha.

- Lê eu sempre te defendo e você agora quer me colocar contra minha Mamy.

- Estou brincando mocinha e vamos lavar a louça logo, venha jovem.

(risos)

- Eu vou para o escritório meninas.

- Certo Mamy.

- Paula da uma olhada nos e-mails do escritório, ontem eu não consegui ler todos, pedi para o Dr. Pedro olhar mas ele não me repassou nada.

- Ok. Vou verificar e fazer umas ligações.

Bianca estava secando a louça e perguntando a Letícia sobre o gostar dela pela sua Mamy, Letícia logo disse que iria chamar a Dra. Paula para colocar a filha na linha e a mocinha disse que poderia chamar e ela ia continuar a conversar.

Sem ter como fugir ela disse que não sabe bem o que sente e que nesse momento Paula quer resolver sua vida e não pensa em se relacionar. Bianca disse que dá pra ver de longe o brilho no olhar dela quando está com a mãe e que só mesmo a mãe dela pra não ver.

Confesso a você que admiro minha Mamy e meus pais sempre me mostraram reportagens de casos em que ela defendeu e conseguiu ganhar mesmo estando tudo contra a pessoa, eu li um em que o marido havia feito à esposa de “laranja” na empresa e ela provou a inocência dela, são muitos casos e vejo como ela te orienta de forma segura quando precisa. Só que não compreendo como não nota esse sentimento.

Lê pediu a Bianca que deixasse sua Mamy se recuperar de tudo que havia acontecido e depois ela poderia até conversar sobre o assunto. Que talvez exista algo ou uma amizade só o tempo poderá responder a todas as perguntas que ela tem sobre esse sentimento, nesse momento o que as duas precisam e de paz e tranquilidade para que a vida siga seu destino. Bianca concordou para deixar Lê tranquila, só que no seu interior tinha certeza que se não fizesse algo sua Mamy não ia perceber o quanto a amiga lhe ama, ela precisa apenas criar situações sem dizer nada e vai planejar como.

Bianca começou a falar dos pais, disse que sonhou com eles só que nesse momento seu pai avisou que precisa fazer um teste antes de voltar para casa.

- Quando sua Mamy terminar no escritório você conversa com ela e marcamos um teste, eu também quero ver meus pais, tem dias que dá uma saudade que chega a doer.

- No meu caso eu fico sempre preocupada com a doença da minha mãezinha, só que ela disse que eu preciso viver e curtir a vida no lugar dela, mamãe sempre disse que vai partir cedo e que eu serei a responsável por usufruir do universo as melhores coisas que ele possa me oferecer e com a promessa de ser feliz por ela.

- Que coisa linda Bianca.

- Só que não é fácil saber que ela vai partir.

- E ela já tentou de tudo?

- Já, o problema foi que se espalhou quando ela estava em um mestrado fora do país e achava que o que sentia era por estar muito corrida e nem imaginou que pudesse ser um câncer, foi muito rápido.

- Eu sinto muito.

- Vou ligar pra ela depois, nunca vi uma mãe ficar tão feliz por saber que estou bem com outra mãe. rs

- As mães tem uma sabedoria que nós nunca saberemos se não formos mães também.

(...)

No escritório...

Paula organizava uns papeis e anotou umas informações que precisaria decidir com um cliente e seu telefone tocou.

Era o pai de Bianca que perguntou se ela estava sozinha porque precisava conversar apenas com ela, na hora o coração de Paula gelou, pensou logo na mulher dele, e era sobre ela mesma, ele falou que precisa preparar Bianca para partida da mãe, combinou das duas fazerem um exame e em alguns dias irem tomar um chá na casa deles para ela ver a mãe, avisou que sua esposa quer falar com a filha e quer falar com a Paula também.

Os dois conversaram um pouco e ela deixou a visita marcada só pediu para levar a Letícia porque ela poderia ajudar. Depois desligou e foi ligar para Dra. Claudia que pediu para Paula voltar suas sessões de terapia online porque assim poderia ajudar mais a Bianca.

Não demorou para Bianca bater na porta e a Mamy dar um abraço gostoso, ela logo disse que iria fazer mais café da manhã só pra ter mais afeto. Paula disse que ela era uma boba que sempre ia ter afeto, só que sua Mamy sempre foi mais fechada e está aprendendo agora a amar junto com ela.

Bianca logo chamou Letícia e disse que era o motivo da alegria e das mudanças afetivas de sua Mamy.

Paula falou sobre o exame com as meninas que já queriam fazer e conseguiram marcar para parte da tarde, Letícia foi para casa porque precisava de roupa e também passou no escritório onde deixou os documentos para um dos advogados dar entrada na certidão de óbito da Mônica e tomar as providencias necessárias para que Paula pudesse ficar legalmente liberada do casamento sendo viúva agora.

Na Asa Sul

Rafaela

- Baby anda logo meu amor eu preciso voltar a tempo de ligar para Sofia.

- Já estou aqui, vamos amor da minha vida.

- Eu não sei o que faria sem você na minha vida Baby...

- E nem precisa saber por que eu cheguei para ficar.

- Baby você acha que meu irmão vai ficar bem?

- Claro meu amor, vamos confiar que Deus vai fazer o melhor a ele e a sua cunhada.

As meninas foram buscar umas roupas de cama e roupas para Sofia, as lojas estavam entregando só que o prazo não daria e Rafaela quis pegar tudo e lavar antes da sobrinha chegar. Ela vai trazer as roupas dela só que a terapeuta disse que seria bom criar um ambiente diferente e coisas diferentes para ela não ficar pensando nos pais, Rafaela contou que eles faziam desfile quando iam comprar as roupas e os calçados e que seria bem complicado pra ela nesse primeiro momento. Cecília ia se encarregar de fazer uns lanches diferentes e dentro do que os avós sabiam que ela comia. Mesmo os pais melhorando ela não ia poder voltar porque com a pandemia não receberiam ela saindo do Brasil, eles que poderiam vir e nesse caso Rafa ia preparar o apto dela.

Depois de resolver tudo na rua elas voltaram e ligaram para Sofia, conseguiram fazer uma vídeo chamada com ela e com os avós, deu tudo certo e a pequena ficou feliz.

Cecília marcou de ir visitar Vitória no outro dia na hora do almoço e elas iam levar mantimentos e contar que em breve ela teria uma amiguinha para conversar, que por enquanto seria por vídeo chamada e em breve iam brincar juntas.

A visita foi uma festa, os administradores desenharam círculos no pátio e as crianças ficavam dentro deles com o lanche que as meninas levaram e com música para elas se divertirem. A assistente social disse que misturar alimentação com música não era o mais adequado, porém Rafaela como médica disse que em meio a essa pandemia tudo que trouxesse mais alegria a elas não iria fazer mal porque ia alimentar aqueles corações.

A assistente comentou que um menino foi deixado na porta do abrigo e que ele tem família só que por estarem sem comida a mãe deixou ele para não passar fome. As meninas choraram com a situação e logo Rafaela foi buscar sua maleta para examinar o Pedro que as crianças já chamavam de Pedrinho.

Rafaela verificou que estava abaixo do peso e pediu para localizarem a família que elas iriam se responsabilizar pela alimentação e o que fosse necessário, não era justo ele longe dos pais por não ter o mínimo de dignidade, elas ficam revoltadas com esse auxílio emergencial, não tem critérios e muitas pessoas que não precisam recebem enquanto outras estão com fome e com risco de adoecer por não conseguir trabalhar e se manter.

Rafaela fez um cardápio diferenciado para Pedro e Cecília se encarregou de fazer as compras para entregar na casa do menino que depois de duas horas conversando contou o bairro que mora.

(...)

Na volta para casa às meninas conversavam sobre como o país estará em dois ou três meses se não for encontrada uma forma de acabar com o vírus e as pessoas voltarem a prover seus lares. E o pior de tudo é que as coisas que pareciam se resolver com a vacina, infelizmente não estão perto de acabar, onde achávamos que tudo estaria se resolvendo nesse momento, não está e parece que a doença está mais perto de nossas famílias, as duas se preocuparam com os pais que estão longe e são mais frágeis pela idade, pelas limitações de saúde.

Até o final do ano as duas se organizaram para ajudar famílias só que depois, elas não sabem como será. Muitos bancos, muitas lojas ajudaram e nem o hospital foi terminado, como é triste ver que nossa capital parece queimar todo dinheiro arrecadado.

Cecília fez reunião com os organizadores do projeto que criou e a resposta foi à mesma no inicio da semana, até o fim do ano tudo certo, depois não teremos mais condições.

A ideia agora é divulgar para arrumar um substituto para cada doador do projeto e torcer para dar certo.

Após refletirem sobre o momento as duas resolveram ligar para os pais de Cecília e ter uma conversa bem gostosa, eles são ótimos para fazer as meninas esquecer da vida. Aliás, o pai de Cecília pediu o dote para Rafaela que levou um susto.

- Como assim meu sogro lindo? – Que dote é esse?

- Minha futura nora, eu espero, precisa dar o dote à família da noiva.

- Eu também sou noiva.

- Gostei paizão, cobra ela mesmo.

- Sobre o seu dote é seu pai que deve cobrar da minha filha.

- Como assim, eu estou sendo chantageada, é isso?

-Talvez esteja eu preciso comprar um sofá novo porque com todo esse tempo em casa o meu ficou meio velho sabe, nada melhor que usar seu dote para um sofá, uns vinhos e o que der mais.

- Rafa acho que você vai ter que arrumar um extra a noite para dar tudo que seu sogro quer.

- Baby você concorda com ele?

- Claro meu amor, ele é meu pai me criou e sou filha única, acho que ele está certíssimo.

- Sogra amada me defenda!

- Querida nora eu devo ser cumplice do meu marido sempre, coisas que o casamento exige.

- EU QUERO MEUS PAIS!!!! SOCORRO!!!!

(risos)

Fim do capítulo